Descartes
As substâncias
Segundo Descartes existem três tipos de substâncias:
A - O pensamento ou Res cogitans
Descartes apreende por intuição a certeza do "cogito, ergo sum", isto é, do "penso, logo existo". Descartes sabe que existe, mas interroga-se no sentido se saber que coisa é. Dado que a evidência de que existe lhe é garantida pelo acto de duvidar e de pensar, ele considera ser apenas uma substância que pensa, um pensamento. O filósofo num dado momento afirma que "eu sou uma substância cuja essência ou natureza é o pensamento!"Ao retirar a verdade da sua existência do acto de pensar, tal não significa que se considere existir como homem formado de corpo e de alma. Não tendo ainda nada que lhe garanta a existência do corpo, Descartes define-se essencialmente como uma substância pensante, um pensamento, uma razão, uma alma, ou um espírito. É isto apenas que ele intui, não sabendo ainda se possui um corpo, se há um mundo ou qualquer lugar onde eventualmente possa existir. Existe apenas como "res cogitans", independentemente do corpo, não necessitando de algo material para se afirmar, mas impondo-se evidentemente pelo puro acto de pelo puro acto de pensar. O "res cogitans" é pensar. É no acto de pensar que a alma se funda, é no acto de pensar que o existir se ancora e ele durará todo o tempo em que Descartes puder dizer: "eu penso".
Descartes apreende por intuição a certeza do "cogito, ergo sum", isto é, do "penso, logo existo". Descartes sabe que existe, mas interroga-se no sentido se saber que coisa é. Dado que a evidência de que existe lhe é garantida pelo acto de duvidar e de pensar, ele considera ser apenas uma substância que pensa, um pensamento. O filósofo num dado momento afirma que "eu sou uma substância cuja essência ou natureza é o pensamento!"Ao retirar a verdade da sua existência do acto de pensar, tal não significa que se considere existir como homem formado de corpo e de alma. Não tendo ainda nada que lhe garanta a existência do corpo, Descartes define-se essencialmente como uma substância pensante, um pensamento, uma razão, uma alma, ou um espírito. É isto apenas que ele intui, não sabendo ainda se possui um corpo, se há um mundo ou qualquer lugar onde eventualmente possa existir. Existe apenas como "res cogitans", independentemente do corpo, não necessitando de algo material para se afirmar, mas impondo-se evidentemente pelo puro acto de pelo puro acto de pensar. O "res cogitans" é pensar. É no acto de pensar que a alma se funda, é no acto de pensar que o existir se ancora e ele durará todo o tempo em que Descartes puder dizer: "eu penso".
De há muito observara que, quanto aos costumes, é necessário às vezes seguir opiniões, que sabemos serem muito incertas, tal como se fossem indubitáveis, como já foi dito acima; mas, por desejar então ocupar-me somente com a pesquisa da verdade, pensei que era necessário agir exatamente ao contrário, e rejeitar como absolutamente falso tudo aquilo em que pudesse imaginar a menor dúvida, a fim de ver se, após isso, não restaria algo em meu crédito, que fosse inteiramente indubitável. Assim, porque os nossos sentidos nos enganam às vezes, quis supor que não havia coisa alguma que fosse tal como eles nos fazem imaginar. E, porque há homens que se equivocam ao raciocinar, mesmo no tocante às mais simples matérias de Geometria, e cometem aí paralogismos, rejeitei como falsas, julgando que estava sujeito a falhar como qualquer outro, todas as razões que eu tomara até então por demonstrações. E enfim, considerando que todos os mesmos pensamentos que temos quando despertos nos podem também ocorrer quando dormimos, sem que haja nenhum, nesse caso, que seja verdadeiro, resolvi fazer de conta que todas as coisas que até então haviam entrado no meu espírito não eram mais verdadeiras que as ilusões de meus sonhos. Mas, logo em seguida, adverti que, enquanto eu queria assim pensar que tudo era falso, cumpria necessariamente que eu, que pensava fosse alguma coisa. E, notando que esta verdade: eu penso, logo existo,era tão firme e tão certa que todas as mais extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes de a abalar, julguei que podia aceitá-la, sem escrúpulo, como o primeiro princípio da Filosofia que procurava.
Descartes, Discurso do Método
B - Deus ou Res divina
A segunda substância que Descartes fundamenta metafisicamente é Deus; temos, no entanto, uma intuição clara das suas perfeições pelo que convém que nos detenhamos nalguns dos atributos que caracterizam esta substância. Descartes afirma que entende "(...) nome de Deus uma substância infinita, eterna , imutável, independente, omnisciente, omnipotente( ...)." Descartes tem ,assim, um conceito de Deus muito semelhante ao da teodiceia clássica. Deus é visto como uma substância, a única no sentido propriamente dito, porque é a única que subsiste por si mesma. Todas as outras dependem de Deus que as criou e as mantém. Deus é independente, no sentido de ser a causa de si mesmo. Em Deus há como que uma identificação de causa e efeito em todo o sempre, pelo que se concebe como um ser em autogeneração. Deus é veraz, é com base na veracidade divina que há a garantia do conhecimento humano. Se Deus é o autor da nossa faculdade de distinguir o verdadeiro do falso e se nós a usarmos bem, não podemos de modo algum, cair no erro, pois isso seria atribuir o erro à própria identidade divina. Ora, como Deus é perfeito, tem de ser simultaneamente bom e verdadeiro e constitui-se como princípio e garante das nossas evidências. O homem não poderá ter ciência certa se não conhecer aquele que o criou, isto é, Deus. Deus é a entidade criadora. Descartes vê na substância divina um ser omnipotente, criador não só do homem, mas de tudo aquilo que existe. Ressalta, assim, a ideia de Deus como autor não só das coisas existentes no mundo como até das verdades metafísicas, matemáticas e morais.
A segunda substância que Descartes fundamenta metafisicamente é Deus; temos, no entanto, uma intuição clara das suas perfeições pelo que convém que nos detenhamos nalguns dos atributos que caracterizam esta substância. Descartes afirma que entende "(...) nome de Deus uma substância infinita, eterna , imutável, independente, omnisciente, omnipotente( ...)." Descartes tem ,assim, um conceito de Deus muito semelhante ao da teodiceia clássica. Deus é visto como uma substância, a única no sentido propriamente dito, porque é a única que subsiste por si mesma. Todas as outras dependem de Deus que as criou e as mantém. Deus é independente, no sentido de ser a causa de si mesmo. Em Deus há como que uma identificação de causa e efeito em todo o sempre, pelo que se concebe como um ser em autogeneração. Deus é veraz, é com base na veracidade divina que há a garantia do conhecimento humano. Se Deus é o autor da nossa faculdade de distinguir o verdadeiro do falso e se nós a usarmos bem, não podemos de modo algum, cair no erro, pois isso seria atribuir o erro à própria identidade divina. Ora, como Deus é perfeito, tem de ser simultaneamente bom e verdadeiro e constitui-se como princípio e garante das nossas evidências. O homem não poderá ter ciência certa se não conhecer aquele que o criou, isto é, Deus. Deus é a entidade criadora. Descartes vê na substância divina um ser omnipotente, criador não só do homem, mas de tudo aquilo que existe. Ressalta, assim, a ideia de Deus como autor não só das coisas existentes no mundo como até das verdades metafísicas, matemáticas e morais.
Tendo refletido sobre aquilo que eu duvidava, e que, por conseqüência, meu ser não era totalmente perfeito, pois via claramente que o conhecer é perfeição maior do que o duvidar, deliberei procurar de onde aprendera a pensar em algo mais perfeito do que eu era; e conheci, com evidência, que devia ser de alguma natureza que fosse de fato mais perfeita. No concernente aos pensamentos que tinha de muitas outras coisas fora de mim, como do céu, da terra, da luz, do calor e de mil outras, não me era tão difícil saber de onde vinham, porque, não advertindo neles nada que me parecesse torná-los superiores a mim, podia crer que, se fossem verdadeiros, seriam dependências de minha natureza, na medida em que esta possuía alguma perfeição; e se não o eram, que eu os tinha do nada, isto é, que estavam em mim pelo que eu possuía de falho. Mas não podia acontecer o mesmo com a idéia de um ser mais perfeito do que o meu; pois tirá-la do nada era manifestamente impossível; e, visto que não há menos repugnância em que o mais perfeito seja uma conseqüência e uma dependência do menos perfeito do que em admitir que do nada procede alguma coisa, eu não podia tirá-la tampouco de mim próprio. De forma que restava apenas que tivesse sido posta em mim por uma natureza que fosse verdadeiramente mais perfeita do que a minha, e que mesmo tivesse em si todas as perfeições de que eu poderia ter alguma idéia, isto é, para explicar-me numa palavra, que fosse Deus A isso acrescentei que, dado que conhecia algumas perfeições que não possuía, eu não era o único ser que existia (usarei aqui livremente, se vos aprouver, alguns termos da Escola); mas que devia necessariamente haver algum outro mais perfeito, do qual eu dependesse e de quem eu tivesse recebido tudo o que possuía
Descartes, Discurso do Método
C - A Extensão ou Res extensa
No entanto, ele continua a interrogar-se no sentido de averiguar se não poderão existir outras coisas para além de si e de Deus. Descartes averiguando as ideias descobre uma outra ideia, e só uma que se lhe impõe com igual evidência. Trata-se da ideia de extensão. Que esta ideia existe é um facto, mas existirá algo que lhe corresponda fora do pensamento? Mais uma vez, Deus é invocado como garantia da evidência, pois se possuímos a ideia clara e distinta de extensão, ela terá de corresponder a uma extensão real na natureza com a qual se parece. Desta forma, a extensão é a propriedade fundamental da matéria. Todos os corpos materiais e o próprio espaço se reduzem à extensão. Por isso, a extensão é a característica essencial dos corpos. Qualquer corpo consiste unicamente numa substância extensa em comprimento, largura e profundidade.
No entanto, ele continua a interrogar-se no sentido de averiguar se não poderão existir outras coisas para além de si e de Deus. Descartes averiguando as ideias descobre uma outra ideia, e só uma que se lhe impõe com igual evidência. Trata-se da ideia de extensão. Que esta ideia existe é um facto, mas existirá algo que lhe corresponda fora do pensamento? Mais uma vez, Deus é invocado como garantia da evidência, pois se possuímos a ideia clara e distinta de extensão, ela terá de corresponder a uma extensão real na natureza com a qual se parece. Desta forma, a extensão é a propriedade fundamental da matéria. Todos os corpos materiais e o próprio espaço se reduzem à extensão. Por isso, a extensão é a característica essencial dos corpos. Qualquer corpo consiste unicamente numa substância extensa em comprimento, largura e profundidade.
Mas, dado que tentei explicar as principais num tratado que certas considerações me impedem de publicar não poderia dá-las melhor a conhecer do que dizendo aqui, sumariamente, o que ele contém. Eu pretendia, antes de escrevê-lo, incluir nele tudo o que julgava saber quanto à natureza das coisas materiais. Mas, tal como os pintores que, não podendo representar igualmente bem num quadro plano todas as diversas faces de um corpo sólido, escolhem uma das principais, que colocam à luz, e, sombreando as outras, só as fazem aparecer tanto quanto se possa vê-las ao olhar aquela; assim, temendo não poder pôr em meu discurso tudo o que tinha no pensamento, tentei apenas expor bem amplamente o que concebia da luz; depois, no seu ensejo, acrescentar alguma coisa a sobre o sol e as estrelas fixas, porque a luz procede quase toda deles; sobre os céus, porque a transmitem; sobre os planetas, os cometas e a terra, porque a refletem; e, em particular, sobre todos os corpos que há sobre a Terra, porque são ou coloridos, ou transparentes, ou brilhantes; e, enfim, sobre o homem, porque é o seu espectador.
Descartes, Discurso do Método
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