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quinta-feira, 14 de maio de 2020

Argumento cosmológico






 Argumento cosmológico

"Vários argumentos estreitamente relacionados para a existência de Deus baseiam-se na aparente necessidade de o universo como um todo ter uma causa. Parecem existir três possibilidades. Ou o universo começou a existir por si; ou existiu desde sempre; ou, então, foi trazido para a existência por alguma força ou ser extremamente poderoso. Geralmente, aqueles que acreditam em Deus acham incrível que o universo possa ter chegado à existência apenas por si e igualmente incrível que possa ter já existido durante uma quantidade infinita de tempo. Acreditam que um ser extremamente poderoso, Deus, o deve ter criado. Esta é uma das razões que as pessoas dão com mais frequência para acreditar em Deus".

William Godoy
Ficha de trabalho

1. Por que razão o argumento cosmológico é a posteriori?
2. Qual é a ideia central do argumento cosmológico de Tomás de Aquino?
3. O argumento cosmológico de Tomás de Aquino é logicamente válido. Recordando a matéria lecionada de lógica proposicional, constrói um inspetor de circunstâncias para provar que este argumento é válido.
4. Quais são as principais críticas que se podem apresentar ao argumento cosmológico?
5. Considera que se pode formular um argumento cosmológico que evite alguma das críticas anteriormente referidas? Justifique.

Soluções - Ficha de trabalho

1. Um argumento a priori é um argumento cujas premissas são a priori, ou seja, tem apenas premissas que podem ser conhecidas independentemente da experiência do mundo. Pelo contrário, um argumento a posteriori é um argumento em que pelo menos uma das suas premissas é a posteriori, isto é, pelo menos uma das suas premissas baseia-se em informação sobre como o mundo realmente é. Seguindo este critério, o argumento cosmológico é um argumento a posteriori, dado que tem as seguintes premissas empíricas: existem coisas no mundo e essas coisas foram causadas a existir por alguma outra coisa.

2. A ideia central do argumento é a seguinte: parte-se de factos simples acerca do mundo, como o facto de nele haver coisas cuja existência é causada por outras coisas, para daí concluir que tem de haver uma primeira causa, ou seja, Deus.

3. Para se mostrar a validade do argumento de Tomás de Aquino devemos começar pela construção do respetivo dicionário:
P = Existem coisas no mundo.
Q = As coisas do mundo foram causadas a existir por alguma outra coisa.
R = Há uma cadeia causal que regride infinitamente.
S = Há apenas uma primeira causa que é a origem da cadeia causal.

Com base neste dicionário, a forma lógica do argumento é a seguinte:
P, (P→Q), (Q→(RS)), ¬R S Com esta formalização pode-se construir um inspetor de circunstâncias (ver aqui) e pode-se constatar que não há nenhuma circunstância em que as premissas são verdadeiras e a conclusão é falsa; por isso, o argumento é válido.

4. Pode-se criticar o argumento de Tomás de Aquino pelo facto de cometer a falácia do falso dilema. Isto porque, na premissa 3, além da opção de cadeia de regressão infinita, e da opção de haver apenas uma primeira causa, também se deveria considerar a opção de haver várias primeiras causas diferentes. Além disso, pode-se argumentar que podem existir cadeias causais infinitas. E, por fim, ainda que o argumento fosse bom, não provaria que existe o Deus teísta, dado que a primeira causa não tem de ser omnisciente ou moralmente perfeita.

5. Por exemplo, uma forma de evitar a crítica do falso dilema é argumentar que «Tudo o que começa a existir tem uma causa para a sua existência; ora, o universo começou a existir; logo, o universo tem algum tipo de causa para a sua existência.»

Domingos Faria


                                                Lola

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