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domingo, 24 de maio de 2020

Deus e o Problema do Mal


Freita by Fernando Brito

Deus e o Problema do Mal

  • Este é um argumento contra a existência do Deus teísta
  • O problema que aqui está em causa é o da conciliação entre a existência de Deus e a existência do Mal no mundo
  • A existência do mal no mundo é um forte indicio contra a existência de Deus
  • A versão mais forte deste raciocínio é designada "argumento probabilístico do mal"
  • Há vários exemplos da existência de mal natural e mal moral no  mundo.
  • O mal moral tem origem nas acções humanas como por exemplo os assassinatos, as torturas e os roubos.
  • O mal natural não tem origem nas acções humanas como por exemplo os terramotos, furacões e alguns tipos de doenças.
  • Para desenvolver uma versão probabilística do argumento do mal, William Rowe (1931 - 2015) serviu-se de exemplos de sofrimento intenso em seres humanos ou animais que, aparentemente, não têm qualquer propósito benéfico.
  • Para explicar este argumento devemos recorrer à distinção entre mal justificado e mal injustificado 
  • O mal justificado é aquele que se não existir leva a que se perca algum bem maior, por exemplo uma má acção que é perdoada ou uma doença que é suportada corajosamente - aqui, se o mal não existir, estamos, ao mesmo tempo, a eliminar o bem maior do perdão ou da virtude da coragem. Neste caso estamos perante males justificados.


  • No caso da imagem (Dilema do Troley) salvar cinco pessoas, matando uma seria um mal justificado (Stuart Mill). Kant, porém, discorda defendendo que toda a vida tem dignidade.
  • O mal não justificado é aquele que, se não existir, não leva a que se perca um bem maior. É um mal sem sentido ou gratuito.
  • William Rowe dá o exemplo de um veado que, devido a uma descarga eléctrica, fica horrivelmente queimado e sofre terrivelmente durante cinco dias, antes de morrer. O veado como não tem livre arbítrio não fez um uso inadequado deste. Será que Deus não poderia ter evitado, com facilidade, o sofrimento do veado?
  • Mal gratuito - pelo menos alguns dos males do nosso mundo parecem gratuitos ( como é o caso do sofrimento  do veado)
  • A que se deve o mal gratuito?
  • Teísmo: há um designer sobrenatural omnipotente, omnisciente e moralmente perfeito.
  • Ateísmo: não há um designer sobrenatural omnipotente, omnisciente e moralmente perfeito.
Então:
  • A existência do mal gratuito que encontramos no mundo é muito improvável segundo o teísmo e não é improvável segundo o ateísmo.
  • E porquê?
  • Se o Deus teísta existe, sendo omnipotente, omnisciente e moralmente perfeito , ele sabe, quer e tem o poder para eliminar os males gratuitos ou sem sentido
  • Se esse mal gratuito continua a existir isso parece evidenciar que Deus provavelmente não existe.
  • Então, poderemos concluir que a existência do mal gratuito fornece fortes razões para se preferir o ateísmo ao teísmo.
Formulando o argumento de William Rowe:

1. Pelo menos alguns dos males do nosso mundo parecem gratuitos (Exemplo: o sofrimento do veado)
2. Logo, provavelmente, alguns dos males do nosso mundo são gratuitos (De 1 por indução)
3. Mas se Deus existe não há males gratuitos (Há males gratuitos)
4. Logo, provavelmente, Deus não existe. (de 2 e 3 por Modus Tollens)

Será este um bom argumento?
  • Mesmo que a conclusão seja Verdadeira, isso não negará qualquer tipo de designer sobrenatural. Por exemplo, ainda que esse argumento seja bom, isso não constitui uma refutação da existência de um designer sobrenatural que seja apenas omnisciente e moralmente perfeito mas que não seja omnipotente.
  • Portanto, o argumento não consegue dar razões para uma versão forte de ateísmo que nega qualquer tipo de designer sobrenatural.
Texto elaborado com base no livro Filosofia, exame 11, 
Domingos Faria e Luis Verissimo, Leya Educação, 2020
(adaptado)

Freita by Fernando Brito

                                              Lola

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