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terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

Filosofia da Ciência: Teste de Avaliação


by Pedro Noites


Filosofia da Ciência: 

Teste de Avaliação



Seleciona a opção correta.

1.  O problema da demarcação consiste em

A.  
procurar um critério seguro para distinguir ciência de não ciência.

B.  
procurar um critério seguro para validar a credibilidade de atividades não científicas ou pseudocientíficas.

C.  
identificar os paradigmas vigentes em teorias científicas.

D.  
promover a aceitação do conhecimento científico sem críticas.


2.  De acordo com o critério da verificabilidade, uma afirmação empiricamente verificável é aquela

A.  
cujo valor de verdade pode ser estabelecido através da observação.

B.  
que pode ser comprovada por dedução lógica.

C.  
cujo valor de verdade depende de sua definição.

D.  
que não está sujeita a mudanças ao longo do tempo.


3.  O critério de falsificabilidade proposto por Karl Popper afirma que uma teoria é científica se

A.  
estiver de acordo com as teorias previamente estabelecidas.

B.  
for empiricamente falsificável.

C.  
for fundamentada em leis universais da natureza.

D.  
puder ser comprovada por observações diretas.


4.  Por que razão algumas teorias científicas referentes a objetos não diretamente observáveis desafiam o critério de falsificabilidade?

A.  
Porque Popper considerou incorretamente os objetos não observáveis como não científicos.

B.  
Porque a incapacidade de testar diretamente essas teorias não implica a sua não cientificidade.

C. Porque as teorias envolvendo objetos não observáveis são altamente improbabilísticas.

D.  
Porque essas teorias não estão baseadas em leis universais da natureza.


5.  Segundo os seus críticos, a descrição indutivista do método científico comete um erro de raciocínio lógico conhecido como falácia da

A.  
generalização precipitada.

B.  
observação precipitada.

C.  
da negação da antecedente.

D.  
afirmação da consequente.


6.  Qual é a base do método das conjeturas e refutações, conforme descrito pelo falsificacionismo?

A.  
A formulação de problemas.

B.  
Observações puras e isentas de teorias.

C.  
Tentativas de confirmar a teoria através de testes experimentais.

D.  
Refutação da teoria por meio de observações diretas.


7.  Qual das seguintes afirmações caracteriza melhor, segundo Popper, a relação entre o progresso científico e a verdade?

A.  
A ciência progride linearmente em direção à verdade absoluta.

B.  
As teorias científicas atuais são sempre verdadeiras.

C. A ciência progride por eliminação de erros, aproximando-se da verdade, embora esta seja inalcançável.

D. O progresso científico depende exclusivamente da aceitação de teorias previamente estabelecidas.


8.  A função principal do cientista durante o período de ciência normal, de acordo com Kuhn, é

A.  
questionar constantemente o paradigma vigente.

B.  
resolver enigmas desafiadores sem questionar o paradigma.

C.  
buscar uma nova teoria para substituir o paradigma existente.

D.  
mudar de paradigma sempre que surgirem anomalias.


9.  Segundo a teoria das revoluções científicas de Kuhn, o que é que ocorre durante a "ciência extraordinária"?

A.  
 Competição entre diferentes áreas científicas.

B.  
 Escolha de novos paradigmas por cientistas individuais.

C.  
 Aparição de um novo paradigma e divisão da comunidade científica. 

D.  
 Consolidação do paradigma vigente.


10. Qual é a implicação da incomensurabilidade dos paradigmas na visão de Kuhn sobre o progresso científico?

A. 
Afirma que os cientistas avaliam os paradigmas de acordo com um conjunto de regras estritamente objetivas.

B. Sustenta que a mudança de paradigma não garante um progresso cumulativo em direção à verdade objetiva.

C. Defende que os paradigmas representam sempre um progresso em direção à verdade. 

D. Alega que os paradigmas sempre convergem para uma única verdade universal.

 

 

Grupo II

1. Imagina que tens de refutar a perspetiva indutivista do método científico apresentando apenas dois argumentos fortes. Como o farias?

2. Explica por que motivos Karl Popper considera a lógica da ciência como dedutiva e não indutiva.

3. Lê atentamente o diálogo seguinte:

«Qual é, então, o traço distintivo da ciência? Teremos de capitular e concordar que uma revolução científica é uma mudança irracional de adesão, que é uma conversão religiosa? Thomas Kuhn, um distinto filósofo da ciência americano, chegou a esta conclusão depois de descobrir a ingenuidade do falsificacionismo de Popper. Mas se Kuhn tem razão, então não há demarcação explícita entre ciência e pseudociência, não há distinção entre progresso científico e decadência intelectual, não há um padrão objetivo de honestidade. Mas que critérios pode ele então apresentar para demarcar o progresso científico da degenerescência intelectual?»


Imre Lakatos, “Ciência e Pseudociência”, in História da Ciência e suas Reconstruções Racionais, Edições 70, 1998, p.16.

3.1. O autor do texto refere que Kuhn deu conta da «ingenuidade do falsificacionismo de Popper». A que crítica ao falsificacionismo se está ele a referir?

3.2.  Responde à última questão que o autor do texto apresenta acerca da visão de Kuhn. Justifica.

4.  Explica o conceito de verosimilhança proposto por Karl Popper para avaliar as teorias científicas. Como é que este conceito se relaciona com a ideia de progresso científico no falsificacionismo popperiano?

 

 

Grupo III

1. Considerando o debate entre o verificacionismo e o falsificacionismo na resposta ao problema da demarcação do conhecimento científico, apresenta uma análise crítica destes dois critérios de demarcação, apresentando as suas definições, fundamentos e objeções.

 

COTAÇÕES

 

Grupo

Item (cotação em pontos)

 cotação

I

1 a 10

10 × 08 pontos

80 pontos

II

1.

20

2.

20

3.1

20

3.2

20

4.

20

100 pontos

III

Item único

20 pontos

TOTAL

200 pontos

 

 

 Sugestão de correcção

 

Grupo I

1.  A.

2.  A.

3.  B.

4.  B.

5.  D.

6.  A.

7.  C.

8.  B.

9.  C.

10. B.

Grupo II

1. Refutar a perspetiva indutivista do método científico requer argumentos convincentes que questionem as suas premissas fundamentais. Apresento de seguida dois argumentos fortes que podem ser usados para contestar a perspetiva indutivista.

A perspetiva indutivista sugere que a ciência parte de uma observação pura e imparcial, sem influência de teorias prévias. Contudo, é desafiador ou até mesmo impossível realizar uma observação completamente isenta de suposições ou teorias. Os cientistas são inerentemente influenciados pelos seus conhecimentos prévios, expectativas e pressupostos teóricos, o que pode distorcer suas observações. Este argumento levanta dúvidas sobre a viabilidade da observação pura como ponto de partida para a formulação científica de teorias.

Por outro lado, podemos apresentar o problema da indução. A base do método indutivista reside na generalização de observações particulares para enunciados gerais ou leis universais. No entanto, essa generalização levanta um dilema: como podemos justificar a extensão de padrões observados para casos não observados? Mesmo com um grande número de observações consistentes, não há garantia lógica de que a próxima observação confirmará a generalização. Esta objeção decorre do problema clássico da indução de David Hume, que questiona a justificação lógica para assumir que eventos futuros seguirão padrões observados no passado.

Estes argumentos levantam sérias preocupações sobre a fundamentação da indução como método válido para a construção do conhecimento científico, questionando a sua confiabilidade e validade lógica como base para a formulação de teorias científicas.


2. Popper acreditava que a lógica da ciência é dedutiva porque os métodos científicos não podem justificar-se apenas através da indução. Ele argumentava que a indução, ao tentar generalizar a partir de observações particulares para enunciados gerais, é logicamente inválida. Em vez disso, Popper defendia que a ciência avança por meio de dedução, através do método de falsificação. A lógica dedutiva permite testar a validade de uma teoria por meio de experiências ou observações que possam potencialmente refutá-la.

O problema da indução levantado por Hume questiona a justificação lógica para assumir que eventos futuros seguirão padrões observados no passado. Hume argumentava que a indução não pode fornecer certeza sobre o futuro, pois baseia-se em inferências que extrapolam de observações limitadas para conclusões gerais.

Popper aborda esse problema negando a ideia de que a ciência depende da indução para justificar as suas teorias. Ele concorda com Hume, ao afirmar que a indução é inválida logicamente, mas propõe o método de falsificação como uma alternativa. Em vez de tentar confirmar teorias por meio de observações indutivas, Popper sugere que as teorias científicas devem ser testadas por meio de tentativas de refutação. Isso implica deduzir previsões específicas das teorias e submetê-las a testes experimentais rigorosos, procurando ativamente evidências que possam contradizê-las.

A visão de Popper sobre a atividade científica como uma atividade racional está fundamentada na ideia de que a ciência avança por meio da refutação de teorias. Ele argumenta que a racionalidade na ciência não deriva da confirmação ou verificação de teorias, mas sim da disposição em submeter essas teorias à possibilidade de falsificação por meio de testes empíricos. Enquanto a lógica indutiva facilmente nos faz cair na falácia da afirmação da consequente [supondo que um teste positivo verifica, comprava, a teoria], a lógica dedutiva do falsificacionismo baseia-se na inferência modus tollens [a única garantia definitiva que podemos ter é que um teste negativo refuta, falsifica, a teoria].

Em resumo, para manter a racionalidade da atividade científica, Popper considera a lógica da ciência como dedutiva, rejeitando a indução como uma base lógica para a validação das teorias científicas. Ele propõe um método de falsificação que consiste na dedução de previsões específicas das teorias e na submissão dessas previsões a testes rigorosos.

      

3.

3.1. O autor do texto refere-se à crítica de que a premissa principal do falsificacionismo, centrada na ideia de refutação como critério fundamental para o avanço científico, é ingénua e simplista. Kuhn argumenta que o método de conjetura e refutação de Popper, baseado na rejeição de teorias apenas por falharem em testes experimentais, é limitado. Ele destaca a necessidade de considerar outros fatores. Kuhn sugere que o contexto social, os instrumentos utilizados, fatores subjetivos e pessoais também desempenham um papel significativo na prática científica. Portanto, a crítica aponta para a falta de consideração desses elementos no método falsificacionista de Popper.

 

3.2. O autor do texto questiona os critérios de Kuhn para diferenciar o progresso científico da decadência intelectual, sugerindo que a visão de Kuhn torna difícil ou mesmo impossível demarcar objetivamente o verdadeiro progresso científico da decadência intelectual. Kuhn defende a ideia de que a escolha entre teorias depende não apenas de critérios objetivos, mas também de fatores subjetivos, o que pode tornar a ciência menos objetiva do que se presume. Embora reconheça a existência de critérios objetivos, como fecundidade, alcance, consistência, exatidão e simplicidade, Kuhn enfatiza que esses critérios não são suficientes para determinar a escolha entre teorias concorrentes. Ele argumenta que os cientistas frequentemente divergem na aplicação desses critérios, revelando assim uma subjetividade inerente à escolha entre teorias científicas. Portanto, a visão de Kuhn enfatiza que, além dos critérios objetivos, fatores subjetivos também desempenham um papel crucial na construção do conhecimento científico, tornando a demarcação entre progresso científico e decadência intelectual mais complexa e subjetiva.

 

4. Karl Popper introduziu o conceito de verosimilhança como uma medida de avaliação das teorias científicas. A verosimilhança de uma teoria refere-se à sua plausibilidade ou probabilidade de ser verdadeira, com base na sua capacidade de resistir à refutação. De acordo com Popper, uma teoria é mais verosímil do que outra se implicar um menor número de falsidades e explicar um maior número de fenómenos naturais. Isso significa que uma teoria com maior verosimilhança é considerada um avanço em relação às suas antecessoras, mesmo que não possa ser provada como verdadeira. No contexto do falsificacionismo popperiano, o progresso científico ocorre quando teorias mais verosímeis substituem aquelas que foram refutadas por testes ou observações, mesmo que não seja possível determinar a verdade absoluta das teorias.

Grupo III

1. O debate entre verificacionismo e falsificacionismo no contexto da demarcação do conhecimento científico oferece perspetivas distintas para discernir teorias científicas de não científicas. Os positivistas lógicos propuseram o critério da verificabilidade como uma condição central para a cientificidade de uma teoria. Este critério defende que uma teoria é científica somente se as suas afirmações forem empiricamente verificáveis, isto é, se o seu valor de verdade puder ser estabelecido por meio da observação ou experiência. No entanto, esta abordagem apresenta limitações consideráveis.

As objeções ao critério da verificabilidade são diversas. Uma delas surge ao confrontar a impossibilidade de verificar universalizações, como as leis naturais que expressam generalizações amplas e irrevogáveis, como "todos os corvos são pretos". Seria necessário observar todos os corvos existentes para confirmar essa afirmação, o que é impraticável. Ademais, o critério não consegue distinguir entre uma afirmação científica e uma tautologia, pois nem toda a proposição verificável é científica, como, por exemplo, “todos os triângulos têm três lados”.

Por outro lado, o falsificacionismo de Karl Popper estabelece que uma teoria é científica se for empiricamente falsificável. Uma teoria deve fazer afirmações que possam ser refutadas por meio da experiência ou observação, permitindo a possibilidade de ser contraditada por testes empíricos. Isso implica que uma teoria científica é aquela que possui a coragem de ser testada e potencialmente rejeitada.

No entanto, mesmo sendo uma proposta intrigante, o critério de falsificabilidade também enfrenta objeções significativas. Por exemplo, algumas teorias científicas lidam com fenómenos que não são diretamente observáveis, como partículas subatómicas, tornando complicada a definição de testes que possam falsificar essas teorias. Além disso, nem sempre uma falha na previsão de uma teoria resulta na sua rejeição imediata; frequentemente, são feitas modificações na teoria ou nos procedimentos experimentais para lidar com a discrepância.

Ao avaliar criticamente esses critérios, é necessário reconhecer que, embora o verificacionismo e o falsificacionismo tenham contribuído para o entendimento da ciência, ambos apresentam limitações. O verificacionismo pode rejeitar como não científicas muitas teorias legítimas, enquanto o falsificacionismo, embora mais flexível, nem sempre consegue lidar com teorias que envolvem fenómenos inobserváveis ou falhas nas previsões.


Susana Teles de Sousa

Isabel Pinto Ribeiro

Rui Areal

Muito Obrigada aos autores do projecto ÁGORA!

 

by Avelino Vieira.

LOLA

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