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domingo, 26 de novembro de 2023

David Hume e o Empirismo

 


  David Hume e o Empirismo

(1711-1776)

 

"Os filósofos que se dão ares de superior sabedoria e confiança têm uma dura tarefa quando se encontram com pessoas de feitio inquiridor, que os expulsam de todos os cantos onde se refugiam e não podem deixar de acabar por os fazer cair em algum dilema perigoso. O melhor expediente para evitar esta confusão é sermos modestos nas nossas pretensões, e até sermos nós mesmos a apontar as dificuldades antes de elas serem apresentadas como objeções contra nós. Podemos por este meio converter nossa a própria ignorância numa espécie de mérito."

 

David Hume, Tratados I: Investigação sobre o Entendimento Humano, tradução de João Paulo Monteiro, Lisboa, INCM, 2002, pág. 48.

 

A

Antes de mais....

Após o fundacionalismo de Descartes assente no COGITO, como verdade auto evidente em que assenta o edifício do saber, estudaremos agora um outro filósofo que defende, ao contrário dos cépticos, que é possível conhecer.

1. Quem é David Hume?


- Foi um filósofo, historiador, ensaísta e diplomata escocês. 

- Tornou-se conhecido pelo seu sistema filosófico baseado no empirismo, ceticismo e naturalismo.

- Foi considerado um dos mais importantes representantes do empirismo radical e um dos mais destacados filósofos modernos do Iluminismo.

- Foi em França, em 1748, que escreveu sua obra: Ensaio sobre o Entendimento Humano. 

-Faleceu em 1776, com 65 anos em sua cidade natal.

2. Qual o seu projecto filosófico?

Para Hume,  o projeto da ciência do homem, ou a investigação da natureza humana, consiste na análise da mente. Só fazendo essa análise, pensa ele, é possível saber a que questões é a mente capaz de dar resposta e quais as que se encontram fora do seu alcance e das suas capacidades. Recordemos, no entanto, que Hume pensa que este estudo deve basear-se na experiência e na observação. Ora, aquilo de que a mente tem experiência — pelo menos, experiência direta e imediata — é dos seus próprios conteúdos. Por esse motivo, o estudo da natureza humana centra-se nos conteúdos da mente e não nos objetos que lhe são exteriores.

David Hume colocou  a mesma questão de Descartes: Como podemos justificar as nossas crenças?

 

 

Segundo David Hume, as crenças básicas são a posteriori - é um filósofo empirista.

 

Todos os pensamentos ou ideias provêm de sensações ou sentimentos anteriores.

 

Para David Hume qualquer crença acerca do Mundo tem como referencia ou base uma impressão directa: INTERNA (sentimentos) ou EXTERNA (sensações).

 

Isto não significa que David Hume  não suponha a existência de verdades a priori (que são independentes da experiência ....

 

MAS....

 

....estas verdades são desinteressantes, não acrescentam nada, são tautológicas, não adiantam nada acerca do conhecimento do mundo.

 

O principio geral do EMPIRISMO é: toda a ideia vem da experiência.

 

O grande objectivo de David Hume é analisar os conteúdos da mente.

 

  

 

3. O que temos na mente?




Nota: Também as impressões podem ser simples e complexas.


Temos impressões e ideias;

As impressões são mais fortes e violentas do que as ideias;

As impressões distinguem-se das ideias pelo grau de força e vivacidade com que as aprendemos;

Por impressões, David Hume entende as sensações, emoções, paixões, como quando vemos, ouvimos, desejamos, queremos, amamos ou odiamos; 

Como distinguir impressões e ideias?  Basta comparar a impressão visual que temos, por exemplo, da nossa escola com a ideia que formamos dela, quando não está presente aos nossos sentidos;

A ideia da nossa escola é mais fraca e menos viva do que a impressão;

Para distinguir duas percepções basta comparar os respectivos graus de força e vivacidade para sabermos qual é a impressão e qual é a ideia. 


Primeiro uma impressão atinge os nossos sentidos e faz-nos perceber calor ou frio, sede ou fome, prazer ou dor de qualquer espécie. Desta impressão a mente tira uma cópia, a qual permanece depois de desaparecer a impressão: é o que denominamos ideia. Esta ideia de prazer ou de dor, quando regressa à alma, produz novas impressões de desejo e aversão, de esperança e medo, que podem propriamente chamar-se impressões de reflexão, porque derivam dela.

 (Tratado da Natureza Humana)


Relativamente ao conhecimento, David Hume defende;

 

 - O entendimento humano é limitado para conhecer;

- Não há fundamento metafísico para o conhecimento (como em Descartes);

 - O conhecimento tem origem na experiência.

 - Crenças e ideias vêm da experiência, até as ideias mais complexas.

- As ideias derivam das impressões;

- Não há ideias sem impressões prévias;

 - Exemplo:

 A cor do carro é uma impressão sensorial;

A memória da cor do carro é uma ideia (que deriva da impressão);

 


 

4. Quais os elementos do conhecimento?

 

- Para David Hume, há dois elementos no conhecimento: impressões e ideias;

 

5. Como se relacionam as Impressões e as ideias?

 

Todas as nossas ideias simples no seu primeiro aparecimento derivam de impressões simples que lhes correspondem e que elas representam exatamente. 

(Tratado da Natureza Humana)

 - As ideias derivam das impressões.

- Hume designa por Principio da Cópia.

    

6. O que é o Principio da cópia?

- O Princípio da Cópia significa que as ideias derivam das impressões. Não só cada ideia deriva de determinada impressão, como não podem existir ideias das quais não tenha havido uma impressão prévia. 

 -As ideias são cópias das impressões e, por isso não existem ideias inatas.

 

   - Esta ideia é tão importante, que Hume faz dela o primeiro princípio da sua filosofia e é costume chamar-lhe Princípio da Cópia.

 

7. Que tipos de Ideias existem, segundo Hume?

 

- As percepções dividem-se em impressões e ideias,

- As impressões e as ideias em simples e complexas.


 

8. O que distingue as impressões e as ideias simples e complexas?


- David Hume divide as impressões e as ideias em simples e complexas.

- As impressões e as ideias simples são indivisíveis, isto é, não podem ser decompostas em mais simples e são, por isso, as unidades cognitivas mais básicas com que a mente trabalha.

- As ideias e as impressões complexas, pelo contrário, podem ser decompostas em ideias simples e impressões.

- Por exemplo: a impressão e a ideia de Serra da Freita nevada são complexas, uma vez que podem ser decompostas num conjunto de impressões e ideias simples.

- A impressão e a ideia de vermelho são simples porque não podem ser decompostas em outras ideias mais simples.

 

9. Como se distingue uma ideia de uma ficção?


- Será que temos ideias que não derivam de impressões, como por exemplo. A ideia de sereia?

- A ideia de sereia, que possuímos não tem qualquer impressão correspondente.

- Enquanto as ideias simples são cópias e representam exatamente as impressões correspondentes, as ideias complexas podem resultar da associação de ideias pela imaginação.

Não há ideias abstratas mas sim particulares com as quais relacionamos outras semelhantes através do hábito.


 

"Podemos dizer que a ideia que temos de centauro é uma representação exata de um centauro? Não, porque nunca ninguém teve uma impressão de centauro. Podemos afirmar que a nossa ideia de Lisboa é uma representação exata da capital de Portugal? Também não, porque muitos detalhes que percepcionámos não foram incluídos na ideia que temos de Lisboa. Não é verdade, portanto, que todas as ideias tenham origem em impressões que representam exatamente. Há ideias que não derivam de qualquer impressão correspondente (o caso da ideia de centauro); e outras que, embora tenham origem em impressões, não constituem uma representação exata dessas impressões (como é o caso da ideia de Lisboa). No entanto, isto acontece, pensa Hume, apenas com as ideias complexas. As ideias simples são cópias e representam exatamente as impressões correspondentes. 

   Hume pensa que, embora a mente, graças à imaginação, seja capaz de associar ideias e pensamentos muito distintos, como quando pensamos numa montanha de ouro ou num cavalo virtuoso, e assim produzir ideias que não têm correspondência na realidade. " 

(In critica)

 

10. Que tipos ou modos de conhecimento defende David Hume?




 

Hume defende dois tipos de conhecimento:

Relação de Ideias: 

- Está presente na ciência como a geometria, álgebra e matemática; 

- Todos os conhecimentos da lógica e da matemática apresentam-se como evidentes, analíticos, necessários

-  Baseiam-se no principio da não contradição. 

- Constituem as VERDADES NECESSÁRIAS

 

Questões de facto: 

- Não são objecto da razão humana;

- Não têm a mesma natureza da Relação de Ideias;

- Não se baseiam no principio da não contradição;

- Justificam-se pela experiência sensível 

- São proposições contingentes pois é sempre possível afirmar o princípio contrário de um facto

- Constituem as VERDADES CONTINGENTES.


Qual é a natureza daquela evidência que nos assegura de qualquer existência real e questão de facto, além do testemunho presente dos nossos sentidos ou dos registos da nossa memória.

David Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano.

 

Todos os raciocínios relativos a questões de facto parecem assentar na relação de causa e efeito. Somente por meio dessa relação podemos ir além da evidência da nossa memória e dos nossos sentidos. Se perguntássemos a alguém por que acredita em alguma questão de facto que esteja ausente — por exemplo, que um amigo se encontra no campo, ou em França, ele apresentar-nos-ia alguma razão, e essa razão seria algum outro facto, como uma carta recebida desse amigo, ou o conhecimento das suas decisões e promessas anteriores. Alguém que ache um relógio ou qualquer outra máquina numa ilha deserta concluirá que alguma vez estiveram homens nessa ilha. Todos os nossos raciocínios relativos a questões de facto são da mesma natureza. E aqui supõe-se sempre que há uma conexão entre o facto presente e aquele que dele é inferido. 

David Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano.

 

 

 

Tipos de conhecimento

Relações de Ideias

Questões de facto

 

São conhecimentos a priori.

São verdades a priori, isto é, independentes

 da

experiência, conhecidas por intuição e por

demonstração

A verdade das proposições e a validade dos

argumentos não dependem da experiência

 

RACIOCINIO DEDUTIVO



 

São conhecimentos a posteriori

A verdade das proposições que se

 referem a

factos

depende do exame empírico





RACIOCÍNIO INDUTIVO

As relações de ideias são 

verdades necessárias

É logicamente impossível

a sua negação

 

A verdade das proposições de facto é

 contingente - verdades contingentes

 

As proposições que exprimem e

combinam

 relações de ideias não nos dão

conhecimento

sobre o que se passa no mundo –

circunscrevem-se

 ao domínio das entidades abstratas

 

As proposições que se referem a factos

visam descobrir coisas sobre o mundo e

dar conhecimento sobre o que nele existe

ou acontece


Exemplos

 

O quadrado da hipotenusa é igual à soma 

dos

 quadrados dos dois lados

 

Três vezes cinco é igual à metade

 de trinta

 

Exemplos

 

Que o Sol não se há-de levantar amanhã

não é uma proposição menos inteligível e não

implica maior contradição do que a afirmação

 de que ele se levantará.

 

 · 

  A experiência é mais confiável que o raciocínio dedutivo.

·David Hume recusa a dedução, valorizando a indução como único processo para conhecer os fenómenos cujo ponto de partida são as impressões.

· 



10. Distinga verdades necessárias e verdades contingentes

 

A negação de uma afirmação acerca de questões de facto não implica contradição alguma;

A negação de uma afirmação acerca de relações de ideias implica contradição.

 

EXEMPLOS:

 

      VERDADE CONTINGENTE: 

      - Fernando Pessoa nasceu em Lisboa (poderia ter nascido no Porto)

      -  Um pedaço de metal dilatou ao ser aquecido

 

       VERDADE NECESSÀRIA: 

      - Nenhum solteiro é casado.

     - O triângulo tem três lados (é impossível que um triângulo tenha outro número de lados)


 

 

11. Distinga Conhecimento a priori e Conhecimento a posteriori






- As verdades contingentes só podem ser conhecidas recorrendo à experiência - são conhecidas a posteriori;

- As verdades necessárias não dependem de como é o mundo pois mesmo que o mundo fosse diferente em muitos aspectos, continuariam a ser verdades. Nem sequer precisamos de olhar para o mundo para as descobrirmos: são conhecidas a priori.

- As verdades matemáticas são relações de ideias e não questões de facto pois podem ser demonstradas apenas pelo raciocínio dedutivo, o qual se limita a tirar conclusões a partir de ideias que já temos.

- O raciocínio usado nas questões de facto é diferente pois trata-se do raciocínio indutivo: observo pegadas na areia e infiro que passou por lá algum ser.

-Segundo Hume, há conhecimento a priori mas este nada nos diz acerca de como são as coisas do mundo, nem o que existe fora do pensamento - algo que só poderemos saber a posteriori.

-Todo o conhecimento acerca do mundo (conhecimento substancial) tem nos sentidos a sua justificação.

 

 

12. Como se associam as ideias?


- David Hume defende que existem princípios que regulam a forma como as nossas ideias se associam entre si. Estes princípios  regulam a forma como as nossas ideias se unem entre si

Estes princípios são 3:

Semelhança- Exemplo: uma pintura e o original (Uma foto leva-nos a pensar no original);

Contiguidade no espaço e no tempo - Exemplo: uma mesa de sala de aula lembra-nos outras da mesma sala ; (tal como um apartamento leva-nos a pensar nos demais apartamentos de um prédio);

-  Relação de causa-efeito - Exemplo: uma queda/um ferimento origina dor.

 

 

13. David Hume e o princípio da causalidade

Se quisermos nos satisfazer a respeito da natureza dessa evidência que nos assegura das questões de facto, precisaremos de investigar como chegamos ao conhecimento das causas e efeitos. 

Investigação sobre o Entendimento Humano.



 "Se afirmamos ter a ideia de ligação necessária devemos encontrar alguma impressão que esteja na origem desta ideia"


 David Hume, Ensaio sobre o Entendimento Humano;


Os raciocínios relativos aos factos são raciocínios causais

Raciocínios que assentam na relação causa-efeito/ relação de causalidade

- Os nossos raciocínios acerca de questões de facto baseiam-se na relação de causa e efeito. A relação de causa e efeito, por sua vez, baseia-se na experiência 


- Para Hume, como para outros filósofos, a ideia de causalidade não é uma conexão necessária, nem um principio objectivo das coisas, mas sim subjectivo pois é fruto do hábito ou costume de associarmos continuamente certos factos a outros e de acreditarmos que o futuro será semelhante ao passado, ou seja, há uma crença na regularidade da natureza;

- Afirmar “Esta barra de metal dilatou por causa do calor” significa que os nossos sentidos nos mostram que a barra de metal dilatou, mas não que dilatou por causa do calor. Através dos sentidos vemos a barra de metal dilatada e descobrimos que está quente – mas os sentidos não nos mostram que uma coisa aconteceu (dilatação) por causa de outra (calor).



A conexão que estabelecemos entre dois acontecimentos é de natureza subjectiva - trata-se de uma projecção do ser humano sobre a natureza. A ideia de causa efeito  não é uma conexão necessária entre acontecimentos e resulta da observação da sua frequente conjunção constante.

A explicação da causalidade não pode ser encontrada na razão, nem nas próprias coisas, mas sim na experiência humana. Não se trata de uma conexão necessária, mas apenas de uma conjunção constante entre eles.

- As relações causais estabelecem relações de necessidade entre a causa e o efeito  de tal modo que quando a causa ocorre o efeito tem de seguir-se. Por exemplo: O apito do árbitro e o fim do jogo.

- Prevemos que isto vai acontecer em situações futuras;

O princípio da causalidade é o fundamento de toda a investigação científica;

- É o hábito que fundamenta a causalidade - pois leva a nossa mente a projetar no mundo a ideia de conexão necessária entre acontecimentos.


O que é uma Conexão Necessária? E uma conjunção constante?

Há uma conexão necessária entre dois acontecimentos quando um não pode ocorrer sem o outro.

Conjunção constante (a seguir a um facto A ocorreu um facto B)

 

14. Como podemos conhecer as conexões necessárias entre diferentes acontecimentos?

 

 " Atrever-me-ei a afirmar, a título de proposta geral que não admite excepções, que o conhecimento dessa relação em nenhum caso é alcançado por meio de raciocínios a priori mas deriva inteiramente da experiência, ou seja a posteriori, ao descobrirmos que certos objectos particulares se acham, constantemente, conjugados entre si". 

David Hume - Ensaio sobre o entendimento Humano;



- Não podemos dizer que tenhamos conhecimento a priori de causa de um acontecimento ou de um facto;

- Embora Hume tivesse consciência da importância que o Princípio da Causalidade teve na história da humanidade, o filósofo vai submetê-lo a uma crítica rigorosa;

·    O nosso conhecimento dos factos limita-se às impressões actuais e às recordações de impressões passadas;

·    Como não conhecemos as impressões relativas ao que acontecerá no futuro, também não possuímos o conhecimento de factos futuros;

·   Exemplo:

Esperamos que um papel, em contacto com o fogo, se queime. Esta certeza que julgamos ter (que o papel se queime) tem por base a noção de causa, ou seja, atribuímos ao fogo a causa do papel se queimar.

 


15. Poderemos conhecer a ideia de causalidade?




Adão, ainda que supuséssemos que as suas faculdades racionais fossem inteiramente perfeitas desde o início, seria incapaz de inferir da fluidez e transparência da água que ela o sufocaria, nem da luminosidade e calor do fogo que este o poderia consumir. Nenhum objeto jamais revela, pelas qualidades que aparecem aos sentidos, nem as causas que o produziram nem os efeitos que dele provirão; e tampouco a nossa razão é capaz, sem a ajuda da experiência, de fazer qualquer inferência a respeito de questões de facto e existência real.

 David Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano.

 

·   Segundo Hume, não dispomos de qualquer impressão da ideia de causalidade entre os fenómenos;

·    Só a partir da experiência é que se poderá conhecer a relação causa-efeito;

·    As causas e efeitos não podem ser conhecidos pela razão;

·    É um conhecimento a posteriori e não à priori;

·    Para o filósofo escocês não se pode ultrapassar o que a experiência permite;

·   A experiência é, pois, a única fonte de validade do conhecimento dos factos.

·   Só podemos ter conhecimento a posteriori;

·   A única coisa que sabemos é que entre dois fenómenos se verificou, no passado, uma conjunção constante, ou seja, que a seguir a um determinado facto (A) ocorreu sempre outro facto (B);  

·    Exemplo: sempre que a bola de bilhar colide com outra, vemos que a segunda se põe em movimento – temos tendência para concluir que o movimento da primeira bola causou o movimento da segunda, ou seja, concluímos que há uma relação de causalidade entre o primeiro acontecimento e o segundo, com base na conjunção constante entre um e outro;

·  O que nos garante que a conjunção constante observada no passado entre certos acontecimentos se venha a verificar, também, no futuro (por exemplo: que o metal dilate sempre que houver calor), tradicionalmente (antes de Hume) defendia-se que há uma conexão necessária entre causa e efeito, mas uma conexão necessária é algo mais que uma mera conjunção constante.

· Acerca do conhecimento de factos futuros possuímos uma crença, uma probabilidade baseada no hábito ou costume.

 

Mesmo depois de termos experiência das operações de causa e efeito, as conclusões que tiramos dessa experiência não estão fundadas no raciocínio ou em qualquer processo do entendimento. 

David Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano.

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«Talvez um exemplo concreto possa ajudar a compreender o modo como David Hume abordou o problema da causalidade.
Imagine um bebé a quem os pais sempre tenham dado brinquedos macios e moles para se entreter. Esse bebé atira frequentemente os brinquedos para fora do berço, e eles caem no chão com um baque surdo. Um dia, o tio dá-lhe uma bola de borracha. O bebé examina-a de todos os ângulos, cheira-a, mete-a na boca, apalpa-a, depois deixa-a cair. Não obstante o exame cuidadoso a que submeteu a bola, o menino não tem maneira de saber que, em vez de cair suavemente no chão como os outros brinquedos, ela salta. Só pelo exame de uma coisa, diz-nos Hume constantemente, não poderemos dizer quais os efeitos que ela pode produzir. Só podemos determinar as suas consequências em resultado da experiência.
Imagine agora que o tio do menino ficou à espera de ver como brincaria ele com o seu presente. Quando o tio vê a bola cair, espera que ela salte. Se você lhe perguntar o que fez a bola saltar, ele responderá: ‘O meu sobrinho deixou-a cair’; ou ainda: ´Há uma conexão necessária entre deixar cair uma bola e ela saltar’.
Mas Hume faz uma pergunta mais profunda. Qual é a experiência que o tio tem e que falta à criança? O tio faz uso de conceitos como ´causa’ e ‘conexão necessária’. Se não se tratar apenas de palavras vazias, têm de se reportar de algum modo à experiência. Mas qual é, no caso presente, a experiência? A experiência do tio difere da experiência do sobrinho em quê?
A diferença consiste, para Hume, num facto simples. Ao contrário do sobrinho, o tio pôde observar, num grande número de casos, primeiro uma bola de borracha cair ao chão e, depois, o salto que ela dá. Na verdade, nunca na sua experiência houve um só caso em que uma bola de borracha tenha sido deixada cair numa superfície dura sem saltar, ou uma bola de borracha tenha começado a saltar sem primeiro ter caído ou ter sido atirada. Segundo Hume, há uma ‘conjunção constante’ entre a queda da bola e o salto que dá.
Mas como é que essa diferença de experiências entre o tio e o sobrinho engendra conceitos como ´causa’ e ‘conexão necessária’? O tio viu uma bola de borracha cair ao chão e saltar em muitas ocasiões, enquanto o sobrinho só viu isso acontecer uma vez. Todavia, o tio não viu nada que o sobrinho não tivesse visto também, apenas teve mais vezes a mesma sequência de experiências. Ambos observam que uma bola cai e depois salta – nada mais. O tio, porém, acredita que há uma conexão necessária entre a bola cair e saltar. E isto não é alguma coisa que ele encontre na sua experiência; a sua experiência é a mesma que a do sobrinho, só que se repetiu muitas vezes. Então, donde vem a ideia de uma conexão necessária, de uma ligação causal, se nunca foi directamente observada?
A ideia de que existem conexões causais entre os acontecimentos tem um papel importante no modo como compreendemos o mundo. Mas, quando vamos atrás desta ideia com seriedade , descobrimos que a conexão causal não é uma coisa que tenhamos alguma vez observado concretamente. Podemos dizer que o acontecimento A causa o acontecimento B , mas, quando examinamos a situação, descobrimos que é o acontecimento A seguido do acontecimento B aquilo que de facto observámos. Não existe uma terceira entidade, uma ligação causal, que também seja observada. Donde vem então essa ideia?»
 
Adapatado a partir de: Bryan Magee, 

Os grandes filósofos, Editorial Presença, Lisboa, 1989, pp. 141-143.

 

16. Qual o papel do hábito para David Hume?

·  O hábito leva-nos a inferir uma relação de causa-efeito entre dois fenómenos;

·  Se no passado ocorreu sempre um determinado facto a seguir a outro, então nós esperamos que no presente e no futuro também ocorra assim.

·  O hábito ou costume permite-nos, a partir de experiências passadas e presentes, dirigirmo-nos ao futuro.

·  O nosso conhecimento de factos futuros não é um conhecimento rigoroso, é apenas uma convicção que se baseia num princípio psicológico/subjectivo: o hábito ocostume.

· O hábito é um guia importante para o nosso dia a dia.

· Como ainda não vivemos o futuro, o hábito permite-nos esperar o que poderá acontecer e leva-nos a ter prudência, cuidado ou boas expectativas.

· Como seres humanos, temos vontade, criando a ideia de que o futuro seja previsível e, portanto, controlável.

 

17. O que é o princípio da regularidade da natureza?

· Segundo Hume, a mente associa um fenómeno a outro através do hábito.

· O que nos leva a pensar que o futuro se pareça ao passado é o Princípio da Regularidade da Natureza.

· O que é?

· Não é uma lei objectiva que esteja na própria natureza mas, tal como a causalidade, é algo que o ser humano projecta na natureza com base numa regularidade que é sentida por ele.

· Um exemplo: Se até hoje a água ferveu a 100ºC, é natural que no futuro tal venha a acontecer.

· Toda a inferência causal assenta na crença de que a natureza se comporta de modo uniforme pois a não existir esta crença a vida seria um caos.

· A correspondência ou harmonia entre a mente e o mundo deriva do hábito ou costume que é necessário à vida humana.

· A experiência é mais confiável que o raciocínio dedutivo.

18.David Hume e o problema da Indução.

· David Hume recusa a dedução, valorizando a indução como único processo para conhecer os fenómenos cujo ponto de partida são as impressões.

· Este conhecimento – a indução -  não é absolutamente certo mas apenas provável - pois é uma generalização de casos particulares.


E David Hume exemplifica: 

 

O pão que antes comi alimentou-me, isto é, um corpo com determinadas qualidades sensíveis estava, naquele momento, dotado de determinados poderes secretos. Mas segue-se daí que outro pão deva igualmente alimentar-me em outra ocasião, e que qualidades sensíveis idênticas devam estar sempre acompanhadas de idênticos poderes secretos? É uma consequência que de modo algum parece necessária. É preciso, pelo menos, reconhecer que aqui houve uma consequência tirada pela mente, que se deu um certo passo: um processo de pensamento e uma inferência que estão a exigir uma explicação.

 David Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano

 

Será que é possivel afirmar. se....

Sempre que no passado comi pão ele alimentou-me.

Portanto, da próxima vez que comer pão ele alimentar-me-á -  poderá não ser verdade!

O que é a Indução?

A indução consiste numa inferência que decorre da observação de um ou vários casos e das respectivas generalizações e previsões.

Mas, afinal, o que é o problema da Indução?

Apesar da base da indução ser a causalidade, esta baseia-se numa mera repetição de eventos o que não significa que tal relação seja necessária e, por isso, é difícil de prever que tal ocorra no futuro.

Quando se pergunta Qual é a natureza de todos os nossos raciocínios acerca de questões de facto? a resposta adequada parece ser que eles assentam na relação de causa e efeito. Quando em seguida se pergunta Qual é o fundamento de todos os nossos raciocínios e conclusões acerca dessa relação? pode-se dar a resposta numa palavra: experiência. Mas se ainda continuarmos com o nosso espírito inquiridor e perguntarmos Qual é o fundamento de todos os nossos raciocínios a partir da experiência? Isto implica uma nova questão, que pode ser de ainda mais difícil solução e esclarecimento.

 David Hume. Investigação sobre o Entendimento Humano.

 



O princípio da indução:         

· Não é a priori (não é uma verdade necessária e nenhum argumento dedutivo pode justificar as crenças indutivas

Parte da experiencia mas ultrapassa-a na medida em que a conclusão se refere a casos não observados.

Exemplo: até hoje vi cisnes brancos. Posso cosso concluir que todos os cisnes são brancos, se ainda não os vi todos?

Na indução dá-se um salto de alguns para todos como previsão de casos futuros.

Segundo Hume, o raciocinio indutivo baseia-se no principio da uniformidade da natureza pois entende-se que esta é regular e se comporta de modo invariável.

- O principio da regularidade da natureza poderá ser justificado? Não pode ser justificado a priori - e se recorrermos à experiencia para justificar  teriamos de usar o raciocinio indutivo....

A crença na uniformidade da natureza justificava-se de forma indutiva afirmando que: se até agora a natureza se tem comportado de determinado modo, acreditamos que ela se irá comportar, no futuro, sempre do mesmo modo.

- A indução também não pode ser justificada a posteriori. (implicaria observar toda a natureza, sempre e em qualquer lugar).

- A indução não pode ser justificada racional nem empiricamente -  O raciocínio indutivo não é justificável.

- Raciocinando indutivamente, geralmente tem-se chegado a conclusões corretas

Mas continuará a indução a ser fiável?

- Acreditamos que sim mas não podemos justificar - não é possível justificá-la a priori (não é uma verdade necessária)

· Se não é possível justificar o Princípio da Uniformidade da Natureza também não temos razão para pensar que as nossas crenças acerca de acontecimentos futuros são verdadeiras.

Este é o famoso problema da indução, de que Hume foi o primeiro a dar conta. E porquê?

· Até Hume, os filósofos e os cientistas pensavam que o nosso conhecimento do mundo estava racionalmente justificado, ou por raciocínios a priori, como os racionalistas pensavam, ou por raciocínios com base na experiência, como os empiristas anteriores a Hume pensavam. 

·Hume mostrou que tanto os racionalistas como os empiristas estavam enganados e que não podemos justificar racionalmente, nem a priori nem a posteriori, os princípios que estão na base das nossas crenças acerca do mundo. 

· Portanto, as nossas crenças sobre o mundo não constituem conhecimento.

·Significa isto que estas nossas crenças sejam totalmente injustificadas? 

· Hume não o pensa, embora a justificação que encontra para elas não tenha origem na razão, mas na natureza humana.

19. Poderemos considerar David Hume um céptico moderado?

·  Sim, porque defende que a nossa razão é incapaz de formular leis da natureza de que é exemplo a Ideia de Causalidade.

· Não é possível alcançarmos a certeza acerca do mundo pois o conhecimento de factos, com base em raciocínios indutivos e em crenças, apenas permite um conhecimento provável.

· O cepticismo moderado é, segundo Hume,  útil e aceitável pois prepara o estudo da Filosofia.

20. Que críticas se podem apresentar a David Hume ?

- Hume tem sido frequentemente acusado de ceticismo e de irracionalismo.

Ceptismo, porquê?

- Em primeiro lugar, o facto de Hume ter mostrado que não existe uma justificação racional para as nossas inferências causais - muitos filósofos pensam que Hume provou não haver razão para preferir a ciência à superstição.

- Em segundo lugar, ter substituído a justificação racional pelo hábito, uma espécie de instinto natural sobre o qual a razão não tem poder ou seja, ter substituído a razão pelos instintos.

- No entanto, Hume pensa que existem razões para preferir a ciência à superstição -  As teorias da ciência são suportadas pela observação e pela experiência, pela uniformidade da natureza, ao contrário do que acontece com as crenças supersticiosas.

Irracionalismo, porquê?

- Hume não considera, por isso, a sua filosofia uma forma de irracionalismo, mas sim daquilo a que chamamos hoje naturalismo, e não duvida de que estabelecemos relações causais e raciocínios indutivos e de que devemos confiar nas suas conclusões. Mas pensa que a causa para essa confiança não é a razão mas sim a natureza.

- Hume vê nesta necessidade natural a justificação adequada e suficiente das nossas crenças sobre o mundo.

- Embora não possamos justificar racionalmente essas crenças, a natureza fez-nos de modo a termos uma propensão para que certas experiências passadas nos levem inevitavelmente a ter certas crenças sobre o futuro.

Isto é tudo o que precisamos para confiarmos na verdade destas crenças e para demarcar a ciência da superstição.

- O  resultado último da filosofia de Hume foi ter mostrado que, ao contrário do que acreditamos, não temos conhecimento do mundo, seja no sentido de verdade indubitável seja no sentido de crença racionalmente justificada.

- Hume chamou à atenção para o problema da indução, problema este que está na base do debate filosófico contemporâneo, em particular, na Filosofia da Ciência. 

Outras críticas....

A. Segundo Hume os conhecimentos matemáticos são apriori e necessários mas não são substanciais e nada nos dizem acerca do mundo.

Será mesmo assim?

- Os conhecimentos matemáticos são substanciais na medida em que apresentam algo de novo e não se limitam a explicitar ideias.

- Os conhecimentos matemáticos aplicam-se ao mundo (ajudam a descrever o mundo) como por exemplo quando usamos o raciocínio matemático para dividir o bolo pelos meninos da turma.

B. A concepção de causalidade de Hume tem consequências absurdas

Porquê?

1. Se aceitamos a concepção de Hume como conjunção constante teremos de aceitar consequências falsas, como por exemplo que o dia é causa da noite e a noite causa do dia (um segue-se ao outro) - o que é falso.

- Este caso referido anteriormente mostra poder haver uma conjunção constante sem existir causalidade.

2. Se identificarmos causalidade e conjunção constante, não poderemos afirmar que, por exemplo a criação do universo foi um caso de causalidade já que ocorreu uma vez e não houve repetição.

-  A teoria do Big Bang (defende o começo do Universo há cerca de 14 mil milhões de anos a partir de um ponto compacto e quente que se expandiu arrefecendo com o tempo) segundo David Hume resultaria de uma mera conjunção  e não uma conexão necessária entre os dois fenómenos. 

- Ora, como não aconteceu uma conjunção constante, não seria, segundo Hume, um caso de causalidade - será que a origem do universo não foi um caso de causalidade sem existir uma conjunção constante?

 

· 




 

EXERCÍCIOS 

 

Segundo David Hume, o que temos na mente?

Na mente, temos Impressões e Ideias

– Impressões, percepções que apresentam maior grau de força e vivacidade.
• Nas Impressões estão incluídas as sensações, as emoções e as paixões, enquanto experiências vividas pelo sujeito.
• A percepção de algo presente aos sentidos é sempre mais viva do que a sua representação.

– Ideias, representações das impressões, ou seja, são as imagens enfraquecidas das impressões, nunca alcançando vivacidade, intensidade e força iguais às destas últimas.


O que é o Princípio da Cópia?

As ideias derivam das impressões –  Princípio da Cópia. Não só cada ideia deriva de determinada impressão, como não podem existir ideias das quais não tenha havido uma impressão prévia. As ideias são cópias das impressões e, por isso não existem ideias inatas.

– Exemplo:
• Impressão: Cor de uma flor que os olhos veem; Dor de dentes vivida.
• Ideia: Memória dessa cor; Lembrança da dor de dentes.


Em que consiste o problema da causalidade, segundo Hume?

Ao raciocinarmos sobre questões de facto estabelecemos relações de causalidade. A ideia de causalidade como conexão necessária é, assim, a base dos nossos conhecimentos sobre o mundo. Acontece que esta ideia não pode ser justificada a priori (não pode ser inferida apenas com base na razão, independentemente da experiência), nem tão pouco a posteriori (pois isso implicaria que tivéssemos a impressão correspondente, o que não acontece). A causalidade resulta de uma tendência psicológica, não existe nos objetos. Forma-se na nossa mente em virtude do costume ou do hábito de observarmos repetidamente que dois fenómenos ocorrem conjunta e sucessivamente. Porque o passado me mostrou existir uma conjunção constante entre A e B, tendo a imaginar que existe uma conexão necessária, uma relação de causalidade, isto é, que um é necessária e inevitavelmente a causa do outro. Contudo, esta crença não está justificada. Nunca observamos qualquer conexão necessária, apenas conjunções constantes, que podem ser arbitrárias e casuais. Nisto consiste o problema da causalidade.

 

Em que consiste o problema da indução, segundo Hume?

O problema da causalidade cruza-se, na proposta de Hume, com um outro problema, o da indução. As inferências indutivas são a base do nosso conhecimento sobre o mundo. Estarão elas justificadas? Segundo Hume, não. Só poderíamos confiar na indução se partíssemos do princípio de que a natureza é uniforme e regular, sem lugar para imprevistos. Acontece que a nossa crença na regularidade da natureza é ela própria fundada na indução. Estamos, pois, encerrados numa petição de princípio, numa justificação circular que nada justifica: todos os nossos argumentos indutivos pressupõe a crença de que a natureza é regular, crença esta que, por sua vez, foi construída com base em inferências indutivas. A ideia de que a natureza é uniforme é uma verdade contingente, pois é perfeitamente possível que a natureza não seja uniforme e que o futuro não repita o passado. O exemplo do ornitorrinco é revelador de que o número de observações que serve de base a uma indução é logicamente independente da verdade da conclusão.

 

Identifique VERDADES NECESSÀRIAS e VERDADES CONTINGENTES

Amália nasceu em Lisboa 
Verdade Contingente
Nenhum preto é branco 
Verdade Necessária
Um pedaço de metal dilatou ao ser aquecido 
Verdade Contingente
Um triângulo tem três lados 
Verdade Necessária


Identifique QUESTÕES DE FACTO e RELACÕES DE IDEIAS:

Deus existe ou não existe 
RELAÇÃO DE IDEIAS
Deus existe 
QUESTÃO DE FACTO
Três morangos são mais que dois 
RELAÇÃO DE IDEIAS
O sol vai nascer amanhã 
QUESTÃO DE FACTO
As coisas velhas não são novas 
RELAÇÃO DE IDEIAS
Os planetas têm órbitas elípticas 
QUESTÃO DE FACTO
Pedro Abrunhosa é um musico português 
QUESTÃO DE FACTO

 

Complete de acordo com a filosofia de David Hume

A relação de causa e efeito é uma relação de 
CAUSALIDADE
Habitualmente concluímos que há uma relação de causa e efeito com base 
NUMA CONJUNÇÃO CONSTANTE
Há uma conexão necessária entre dois acontecimentos quando 
UM NÃO PODE OCORRER SEM O OUTRO
A conexão necessária entre dois acontecimentos é algo que não 
CONSEGUIMOS OBSERVAR
Conjunção constante e conexão necessária são 
COISAS DIFERENTES
A nossa convicção de que há uma conexão necessária entre acontecimentos é apenas fruto do 
HÁBITO

 

 

 Selecciona a alternativa correcta:

 

1. Hume defende que ...

A. as impressões são cópias menos vívidas de ideias.

B. as impressões são cópias mais vívidas de ideias.

C. as ideias são cópias mais vívidas de impressões.

D. as ideias são cópias menos vívidas de impressões.

 

2. Hume defende que ...

A. todas as nossas ideias têm origem empírica.

B. apenas as ideias simples têm origem empírica.

C. apenas as ideias complexas têm origem empírica.

D. nenhuma ideia tem origem empírica.

 

3. Hume defende que as afirmações sobre questões de facto …

A. exprimem verdades necessárias.

B. exprimem verdades contingentes.

C. não exprimem verdades.

D. não têm sentido.

 

4. Hume defende que as afirmações sobre relações de ideias …

A. exprimem verdades necessárias.

B. exprimem verdades contingentes.

C. não exprimem verdades.

D. não têm sentido.

 

5. Hume defende que as inferências causais …

A. baseiamse na observação de conjunções constantes.

B. não se baseiam na observação.

C. baseiamse na observação de conexões necessárias.

D. têm um carácter demonstrativo. 

 

6. Segundo Hume, a ideia de conexão necessária entre causa e efeito … 

A. resulta da observação. 

B. resulta de um sentimento interno. (O Hábito)

C. tem uma origem desconhecida.

D. não existe.


Analise o seguinte texto:

“[…] Quando analisamos os nossos pensamentos ou ideias, por mais complexos ou sublimes que possam ser, sempre constatamos que eles se decompõem em ideias simples copiadas de alguma sensação ou sentimento precedente. Mesmo quanto àquelas ideias que, à primeira vista, parecem mais distantes dessa origem, constata-se, após um exame mais apurado, que dela são derivadas.

 A ideia de Deus, no sentido de um Ser infinitamente inteligente, sábio e bondoso, deriva da reflexão sobre as operações da nossa própria mente e de aumentar sem limites aquelas qualidades de bondade e de sabedoria.”


David Hume, «Investigação sobre o Entendimento Humano», in Tratados Filosóficos I, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2002



 LOLA

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