Filosofia e Fotografia
Para visitar, na Maia. Até 5 de Dezembro!
World press foto 2013
Pelo 14,º ano consecutivo, a Maia é sinónimo de fotojornalismo de excelência. Até 5 de dezembro, no Fórum local, estão expostos os trabalhos dos vencedores da 55.ª edição do World Press Photo, entre os quais a imagem captada pelo fotojornalista português Daniel Rodrigues.
Sobreviverá a Filosofia, nas nossas escolas, sem recurso à imagem?
Há, ou não, nas obras dos grandes filósofos, recurso à imagem mental?
A mesa de Russell (Os problemas da Filosofia) é fotografável? E o Imperativo
categórico de Kant?
Acerca da Alegoria da Caverna... A minha experiência pessoal:
"Sabemos que os nossos juízos se formam pela imagem. Lembramo-nos, no entanto, que Platão desvalorizou as imagens (eikasia) como forma de conhecimento seguro. Habituamo-nos a lidar mais com o texto do que com a imagem nos filósofos e nos livros.
Se a
ligação filosofia/imagem sempre foi complicada esta tem e deverà ser repensada. Sendo os filósofos aqueles que vêem para
além da imagem, esta pode ser possibilitadora da pluralidade de leituras, de
interpretações, de busca de sentido para o real, num movimento inverso àquele
que o velho Sócrates fazia ao partir da experiência para a unificação racional
no conceito.
Ouvindo
que a verdade é partilhável em riqueza a imagem e a palavra também o são. Pela
motivação que desperta no aluno, pela discussão que provoca, pela troca de
sentires, pela empatia que pode despoletar, pelo debate reflectido que deverà provocar!
Centremo-nos
em dois exemplos:
Escola Secundária de Peniche,1987 –
ensinava eu Platão recorrendo ao texto delicioso do livro VII da Républica: A
Alegoria da Caverna. No manual apenas a palavra. Descobri, por acaso, na turma,
uma aluna com um imenso talento para o desenho e pedi para dar uma leitura
cuidada pelo referido texto e posteriormente passá-lo para imagem o que resultou
num carinhoso acetato a preto e vermelho realçado por um colorido e estrelado
SOL amarelo. Aos outros alunos, e porque não pode haver tratamentos de
exclusividade pedagógica, fi-los acompanhar a colega nesta tentativa. Menos
agradáveis à vista, mas porque também leituras pessoais, acolhi-os com agrado.
Tudo
isto – da palavra à imagem!
Escola Secundária de Arouca, 2009 – o
tema é “A dimensão discursiva do trabalho filosófico”. Recorro, vinte anos
depois, ao texto eterno de Platão. Desta vez pela imagem do acetato
elegantemente colorido pela aluna. É que agora estou perante nativos digitais e eles pensam olhando a imagem que eu vou acompanhando com
palavras de modo a levá-los a encontrar o tema, a tese, o problema, os
argumentos e os conceitos. E, sobretudo, para mostrar-lhes a pluralidade de
leituras do texto de Platão: antropológica, ética, estética, cosmológica, gnoseológica.
Mas
agora – da imagem à palavra!
Depois,
outras aulas, outras partilhas, outras imagens. "A Fonte" de Marcel Duchamp para falar
da obra de arte, do seu significado e dos seus limites, a música de Gabriel, o
pensador “Lavagem Cerebral” para dar imagens de atitudes face à diversidade
cultural ou mesmo o visionamento de partes do filme “A Troca” para ilustrar a
relação EU – OUTRO na identificação da circuncisão que, sendo traço cultural,
leva a protagonista do filme a rejeitar a criança que ela própria sente não ser
o seu próprio filho.
Poderíamos
ter seleccionado “A cidade dos Homens” mas assumimos ainda não ter feito esse
encontro e, nele, cuidadosamente, apreciar a relação pedagógica que tem como
pano de fundo uma aula de História algures leccionada no Brasil favelado.
Aí a
imagem transporta-nos para outras vivências, outras partilhas de conhecimento,
restando-nos uma certeza: que devemos e temos de investir na imagem aliada ao texto filosófico no sentido de contribuir para a motivação do aluno que
aprende a dizer a sua própria palavra".
Texto da minha autoria
A não perder:
Lola
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