quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Filosofia e Fotografia


Filosofia e Fotografia

 
  



Para visitar, na Maia. Até 5 de Dezembro!





World press foto 2013




Pelo 14,º ano consecutivo, a Maia é sinónimo de fotojornalismo de excelência. Até 5 de dezembro, no Fórum local, estão expostos os trabalhos dos vencedores da 55.ª edição do World Press Photo, entre os quais a imagem captada pelo fotojornalista português Daniel Rodrigues.




Filosofia e Fotografia - Que relação?

Sobreviverá a Filosofia, nas nossas escolas, sem recurso à imagem?

Há, ou não, nas obras dos grandes filósofos, recurso à imagem mental?

A mesa de Russell (Os problemas da Filosofia) é fotografável? E o Imperativo
 categórico de Kant? 

Acerca da Alegoria da Caverna... A minha experiência pessoal:

"Sabemos que os nossos juízos se formam pela imagem. Lembramo-nos, no entanto, que Platão desvalorizou as imagens (eikasia) como forma de conhecimento seguro. Habituamo-nos a lidar mais com o texto do que com a imagem nos filósofos e nos livros.
Se a ligação filosofia/imagem sempre foi complicada esta tem e deverà ser repensada. Sendo os filósofos aqueles que vêem para além da imagem, esta pode ser possibilitadora da pluralidade de leituras, de interpretações, de busca de sentido para o real, num movimento inverso àquele que o velho Sócrates fazia ao partir da experiência para a unificação racional no conceito.
Ouvindo que a verdade é partilhável em riqueza a imagem e a palavra também o são. Pela motivação que desperta no aluno, pela discussão que provoca, pela troca de sentires, pela empatia que pode despoletar, pelo debate reflectido que deverà provocar!
Centremo-nos em dois exemplos:
Escola Secundária de Peniche,1987 – ensinava eu Platão recorrendo ao texto delicioso do livro VII da Républica: A Alegoria da Caverna. No manual apenas a palavra. Descobri, por acaso, na turma, uma aluna com um imenso talento para o desenho e pedi para dar uma leitura cuidada pelo referido texto e posteriormente passá-lo para imagem o que resultou num carinhoso acetato a preto e vermelho realçado por um colorido e estrelado SOL amarelo. Aos outros alunos, e porque não pode haver tratamentos de exclusividade pedagógica, fi-los acompanhar a colega nesta tentativa. Menos agradáveis à vista, mas porque também leituras pessoais, acolhi-os com agrado.
Tudo isto – da palavra à imagem!
Escola Secundária de Arouca, 2009 – o tema é “A dimensão discursiva do trabalho filosófico”. Recorro, vinte anos depois, ao texto eterno de Platão. Desta vez pela imagem do acetato elegantemente colorido pela aluna. É que agora estou perante nativos digitais  e eles pensam olhando a imagem que eu vou acompanhando com palavras de modo a levá-los a encontrar o tema, a tese, o problema, os argumentos e os conceitos. E, sobretudo, para mostrar-lhes a pluralidade de leituras do texto de Platão: antropológica, ética, estética, cosmológica, gnoseológica.
Mas agora – da imagem à palavra!
Depois, outras aulas, outras partilhas, outras imagens. "A Fonte" de  Marcel Duchamp para falar da obra de arte, do seu significado e dos seus limites, a música de Gabriel, o pensador “Lavagem Cerebral” para dar imagens de atitudes face à diversidade cultural ou mesmo o visionamento de partes do filme “A Troca” para ilustrar a relação EU – OUTRO na identificação da circuncisão que, sendo traço cultural, leva a protagonista do filme a rejeitar a criança que ela própria sente não ser o seu próprio filho.
Poderíamos ter seleccionado “A cidade dos Homens” mas assumimos ainda não ter feito esse encontro e, nele, cuidadosamente, apreciar a relação pedagógica que tem como pano de fundo uma aula de História algures leccionada no Brasil favelado.
Aí a imagem transporta-nos para outras vivências, outras partilhas de conhecimento, restando-nos uma certeza: que devemos e temos de investir na imagem aliada ao texto filosófico no sentido de  contribuir para a motivação do aluno que aprende a dizer a sua própria palavra".


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