Filosofar espontâneo e filosofar sistemático
Texto
A
“
O que importa é incitar toda a gente a servir-se do seu raciocínio. Sempre que
alguém procura forjar a sua própria opinião, incitá-lo a argumentar. É
irrelevante, pois, saber se, ao agir desse modo, essa pessoa está, ou não, a
filosofar. Em contrapartida, o que me parece relevante é que esse exercício do
espírito não se torne o domínio reservado de uns tantos privilegiados. Reservar
a Filosofia aos que se dizem filósofos seria tão ridículo como proibir de
cozinhar os que não são cozinheiros profissionais.”
Albert Jacquard
Texto
B
“Creio
que todos os homens são filósofos, ainda que uns mais do que outros (...).
Todos
os homens são filósofos. Mesmo quando não têm consciência de terem problemas
filosóficos, têm, em todo o caso, preconceitos filosóficos. A maior parte
destes preconceitos são as teorias que aceitam como evidentes: receberam-nas do
seu meio intelectual ou por via da tradição.
Dado
que só tomamos consciência de algumas dessas teorias, elas constituem
preconceitos no sentido de que são defendidas sem qualquer verificação crítica,
ainda que sejam de extrema importância para a acção prática e para a vida do
homem.
Uma
justificação para a existência da filosofia profissional ou académica é a
necessidade de analisar e de testar criticamente estas teorias muito divulgadas
e influentes.”
Karl Popper.
Qual o tema/problema
comum aos dois textos?
Respostas
ao tema/ problema:
SIM porque...
|
NÃO porque...
|
Então,
há que distinguir..
.
FILOSOFAR ESPONTÂNEO
|
FILOSOFAR
|
E agora
leia, com atenção os
textos, retirando deles:
O TEMA, a TESE, os ARGUMENTOS e
a CONCLUSÃO.
Texto C
“Tomando
a noção de útil no sentido prático, aplicável, eficaz, a filosofia é sem
dúvida um saber, uma actividade inútil, ou melhor, utilizando uma bela sugestão
de Valéry, frágil. E, no entanto - ponto que é decisivo – a força dessa
fragilidade marcou épocas, falhou teorias, suscitou visões do mundo; criou
conceitos, articulou saberes, inventou mundos. A filosofia foi sempre uma
actividade que se singularizou pelos imensos efeitos da sua ausência de
utilidade.”
M.
M. Carrilho – Filósofos, para quê?
Texto D
“Iludem-se,
então, os que procuram a verdade na filosofia? Iludem-se, por certo, se
procuram na filosofia a verdade total e definitiva, a fórmula completa, nítida
e inalterável da lei suprema das coisas, esse segredo transcendente que, uma
vez conhecido, se isso fosse possível, os tornaria deuses, segundo a expressão
bíblica, ou, segundo o nosso modo de ver, os tornaria inertes ininteligíveis…
Uma
filosofia definitiva, feita e assente uma vez para todo o sempre, implicaria a
imobilidade do pensamento humano: o absoluto anestesiá-lo-ia.”
Antero
de Quental – Tendências Gerais da
Filosofia na segunda metade do século XIX
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