segunda-feira, 24 de março de 2014

Descartes: cogito



O Cogito Cartesiano



"Dei conta que se queria pensar que tudo era falso, era absolutamente necessário que eu, que o pensava, fosse alguma coisa. E observando que esta verdade: Penso, logo existo era tão firme e segura que as mais extravagantes suposições dos cépticos não eram capazes de a abalar, considerei poder recebê-la sem escrúpulo para primeiro princípio da Filosofia que buscava."



René Descartes, Discurso do Método




    O COGITO (PENSO, LOGO, EXISTO)

    A dúvida irá conduzir a razão a uma primeira verdade incontestável.
    Mesmo que se duvide ao máximo, não se pode duvidar da existência daquele que duvida.
    A dúvida é um acto do pensamento e não pode acontecer sem o sujeito que duvida.

    No entanto, ao pôr tudo em dúvida, e enquanto o faz, descobre que a única verdade que resiste à própria duvida é o pensamento - alguém consegue duvidar sem pensar?
    Descartes reconhece que, aquele que duvida, tem que existir - esta é a primeira certeza, evidência a que o filosofo chega depois de ter tomado a atitude teorica e metodologica da duvida!

    Chegamos então ao primeiro principio da sua Filosofia: «penso, logo, existo» (cogito ergo sum).
    Como? Por intuição jà que esta ideia lhe surge ao espirito de forma clara e distinta, assim,
    a verdade, para Descartes, deve obedecer aos critérios da clareza e distinção.
    A verdade «eu penso, logo, existo» é uma evidência. Trata-se de um conhecimento claro e distinto que irá servir de modelo para todas as verdades que a razão possa alcançar.
    Este tipo de conhecimento deve-se exclusivamente ao exercício da razão e não dos sentidos.

    Ouçamos o proprio filosofo:

    “Não podemos duvidar de que existimos quando duvidamos; e este é o primeiro conhecimento que obtemos filosofando com ordem.
     Assim, rejeitando todas aquelas coisas de que podemos duvidar de algum modo, e até mesmo imaginando que são falsas, facilmente supomos que não existe nenhum Deus, nenhum céu, nenhuns corpos; e que nós mesmos não temos mãos nem pés, nem de resto corpo algum; mas não assim que nada somos, nós que tais coisas pensamos: pois repugna que se admita que aquele que pensa, no próprio momento em que pensa, não exista. E, por conseguinte, este conhecimento, eu penso, logo existo, é o primeiro e mais certo de todos, que ocorre a quem quer que filosofa com ordem.”

    Descartes, Princípios da Filosofia, I Parte, p. 55.


    O cogito é, assim, a expressão final intuitiva do processo de aplicação metódica da dúvida. Com efeito, é através desta estratégia filosofica que se atinge a substância pensante, da alma como puro pensamento (res cogitans) e que se define a essência do homem : eu penso, logo existo (cogito ergo sum). 

         Para Descartes, essa seria uma verdade absolutamente firmecerta e segura, que, por isso mesmo, deveria ser adotada como princípio básico de toda sua filosofia. 
      
          Assim, o ser humano é, para ele, uma substância essencialmente pensante.


    "En el siglo XVII francés los escritos de René Descartes dejan en sus puras carnes una escisión más profunda y primordial. Este pensador plantea el tema en Discours de la méthode —parte cuarta—, en Meditationes de prima philosophia segunda meditación— y en Principia philosophiae —parte primera—
    .
    Je pense, donc je suis.
    Cógito, ergo sum.
    S’il me trompe, je suis, j’existe.
    Si je doute, je pense, donc je suis".


      Octavi Fullat y Génis, Filosofo da Educação da Universidade Autonoma de Barcelona







    Cogito, ergo sum - “Penso, logo existo”

    Cogito, ergo sum significa "penso, logo existo"; ou ainda Dubito, ergo cogito, ergo sum"Eu duvido, logo penso, logo existo", (em latim, quando não funciona como verbo de ligação, o verbo sum - ser/estar - pode ser traduzido como 'haver', ou 'existir', com um sentido aproximado da sua ocorrência na construção "Era uma vez uma princesa...", equivalente aproximada de "Existiu, certa vez, uma princesa..."). A citação é uma conclusão do filósofo e matemático francês René Descartes alcançada após duvidar da sua própria existência, mas comprovada ao ver que pode pensar e, desta forma, conquanto sujeito, ou seja, conquanto ser pensante, existe indubitavelmente. Descartes pretendia fundamentar o conhecimento humano em bases sólidas e seguras (em comparação com as fundamentações do conhecimento medievais, cujas bases não eram claras e distintas). Para tanto, questionou e colocou em dúvida todo o conhecimento aceite como correto e verdadeiro (utilizando-se assim do ceticismo como método, sem, no entanto, assumir uma posição cética). Ao pôr em dúvida todo o conhecimento que, então, julgava ter, concluiu que apenas poderia ter certeza que duvidava. Se duvidava, necessariamente então também pensava, e se pensava necessariamente existia (sinteticamente: se duvido, penso; se penso, logo existo). Por meio de um complexo raciocínio baseado em premissas e conclusões logicamente necessárias, Descartes então concluiu que podia ter certeza de que existia porque pensava. A frase "Cogito, ergo sum" aparece na tradução latina do trabalho escrito por Descartes, Discours de la Méthode (1637), escrito originariamente em francês e traduzido para latim anos mais tarde. O trecho original era "Puisque je doute, je pense; puisque je pense, j'existe" e, em outro momento, "je pense, donc je suis".


    Apesar de Descartes ter usado o vocábulo "logo" (donc), e portanto um raciocínio semelhante ao silogismo aristotélico, a idéia de Descartes era anunciar a verdade primeira "eu existo" de onde surge todo o desejo pelo conhecimento. 
    Hà simultaniedade entre pensar e existir




    O que é o solipsismo do cogito?


    Do latim solus que significa so e ipse que tem o sentido de ele mesmo, é um termo de sentido negativo, mesmo pejorativo que designa o isolamento da consciência individual em si mesma, tanto em relação ao mundo externo como em relação a outras consciências.

    Poderemos dizer que, do cogito cartesiano nasce o solipsismo que so é superado quando o filosofo encontra Deus. 

    Ora, a certeza da existencia do cogito ou ser pensante nada garante em relação  ao conteudo do pensamento que a duvida suspendeu.

    Que saida para o solipsismo do cogito?




    Lola

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