Texto
"Segundo um filósofo grego que viveu há mais de dois mil anos, a
filosofia surgiu da capacidade que os homens têm de se surpreender. O homem
acha tão estranho viver, que as perguntas filosóficas surgem por si
mesmas.(...)
A capacidade de nos surpreendermos é a única coisa de que precisamos para
nostornarmos bons filósofos.
Todas as crianças possuem essa capacidade, isso é óbvio. Com poucos meses
de vida, começam a aperceber-se de uma realidade completamente nova. Mas quando
crescem, esta capacidade parece diminuir.(...)
Muito antes que a criança aprenda a falar correctamente(...)o mundo tornou-se
para ela algo habitual. É pena.
(...)Perdemos durante a nossa infância a capacidade de nos surpreendermos
com o mundo. Mas com isso, perdemos algo essencial - algo que os filósofos
querem reavivar.
Porque em nós algo nos diz que a vida é um grande mistério. Já tivemos essa
sensação muito antes de termos aprendido a pensar nisso.
(...)Apesar de todas as questões filosóficas dizerem respeito a todos os homens,
nem todos os homens se tornam filósofos. Por diversos motivos, a maior parte
está presa de tal forma ao quotidiano que o espanto perante a vida é muito
escasso.(...)
Para as crianças, o mundo - e tudo o que existe nele - é uma coisa nova,
uma coisa que provoca estupefacção.
*Os adultos não o vêem assim.A maior parte dos adultos vê o mundo como
qualquer coisa completamente normal.
Os filósofos constituem uma excepção notável. Um filósofo nunca se
conseguiu habituar completamente ao mundo.
Para um filósofo ou para uma
filósofa o mundo é ainda incompreensível, inclusivamente enigmático e
misterioso.
Os filósofos e as crianças pequenas possuem uma importante qualidade em
comum. Podes dizer que um filósofo permanece durante toda a sua vida tão capaz
de se surpreender como uma criança pequena."
Jostein Gaarder, O Mundo de Sofia
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Lola
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