quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Qual o sentido da vida?






Qual o sentido da vida?


O astrofísico Neil deGrasse Tyson fazia uma palestra no Wilbur Theatre, de Boston, quando Jack, de 6 anos, perguntou a ele qual era o sentido da vida e foi ovacionado pela plateia.





Vejamos a resposta de um homem da Ciência:








Revisitemos, agora,  um homem da Filosofia:



 O Absurdo e a Revolta como procura do Sentido


Segundo Albert Camus, a condição humana é caracterizada pelo sentimento do absurdo (do latim surdus, surdo).
Qual o fundamento deste sentimento? A incompatibilidade entre os desejos e aspirações do homem e a realidade, o mundo. A realidade não foi feita à nossa medida, há uma desadequação, uma não-correspondência (o mundo não responde aos nossos apelos): aspiramos a um mundo justo, mas o mundo nada quer saber dos nossos sonhos de justiça ou as sociedades humanas estão aptas a realizá-los; nascemos inocentes, preparados para o amor e para a vida, mas o mundo não é bom. Somos vítimas da sua incontrolável insanidade; queremos promover valores absolutos — liberdade, justiça — e no palco do mundo verificamos o malogro dessas aspirações. O mundo em que vivemos é um universo privado de claridade, de bondade, de sentido. A tragédia da existência, o sentimento de estarmos exilados neste mundo, é ilustrada de forma tremendamente dolorosa pelo sofrimento dos inocentes, sobretudo das crianças. Esse sofrimento inadmissível e incompreensível é a imagem mais atroz do mal. Torna revoltante que se diga que Deus, o misericordioso e o bondoso, existe. Um mundo sórdido e a existência de Deus são incompatíveis. Se Deus existisse e tivesse criado um mundo no qual tanta desumanidade impera, não teria desculpa.
Ao carácter revoltante do sofrimento, da injustiça e da tortura acrescenta-se a tirania do tempo e da morte. A condição humana é uma absurda aventura: vivemos em vão e temos os dias contados. A experiência de um mundo mudo e cego, a monotonia de uma vida em que repetimos com regularidade quase mecânica as mesmas tarefas e a ameaça constante e clandestina da morte ensinam-nos que a vida é um fracasso.
Face ao absurdo — ao sem sentido da nossa condição — que atitude adoptar? Não podemos fugir-lhe nem por meio do suicídio nem por meio da fé numa outra vida no reino de Deus (no qual Camus não acredita). Devemos aceitá-lo, mas o pensamento de Camus, baseado na revolta contra um mundo de rosto desumano, não equivale a um niilismo passivo (ao “nada vale a pena!”, “tudo é inútil”, logo, fiquemos quietos, “deixemos andar”). Segundo Camus, o sentimento do absurdo da nossa condição é um estímulo para os esforços daquele que considera o sofrimento e a morte como revoltantes.
Se a morte é inelutável, contra o mal o homem não pode fazer outra coisa senão revoltar-se e renovar incessantemente a sua luta para diminuir as injustiças e os sofrimentos. Nessa luta ele afirma a sua vontade de viver e não capitula perante a morte inevitável.
A filosofia de Camus é uma declaração pessoal de guerra contra o mundo absurdo em que o homem vive. 

A resposta ao carácter absurdo da condição humana é a revolta. Esta significa a recusa em cooperar com uma sociedade desonesta, injusta e com um mundo que esmaga os nossos sonhos. Revoltando-se, o homem afirma dramaticamente a sua inocência, o facto de não ser o culpado da sua miserável condição e procura viver e criar “no meio do deserto”.


Como diz Camus:

 “Aceitar o carácter absurdo de tudo o que nos rodeia é um momento, uma experiência necessária. Mas não deve tornar-se um ponto de chegada. Deve despertar uma revolta que possa tornar-se frutuosa e permitir-nos descobrir os meios de dar um relativo sentido à existência.”

In Luis Rodrigues, Teorias e Argumentos




                                                
                                               Lola

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