Críticas a John Rawls
- Michael Sandel
Lola
- Michael Sandel, um filósofo comunitarista, defende que é à comunidade que permite encontrar, em conjunto, o modo de vida que define uma vida boa, ou seja, o bem comum.
- Para este, o bem comum não resulta da combinação das preferências individuais, pois os comunitaristas caracterizam o bem comum como aquilo em nome do qual se avaliam as preferências individuais.
- O bem comum tem prioridade moral sobre as preferências das pessoas e não é o resultado do conjunto dessas preferências.
- As pessoas não se autodeterminam pois há escolhas que decorrem de laços comunitários preexistentes que moldam as nossas preferências.
- Exemplo: cada um de nós não escolhe a sua família mas esta molda, muitas vezes, as nossas escolhas, opções, preferências e outros.
- É no âmbito da vida social comunitária que se vai construindo a nossa identidade: quem somos e como nos definimos, e assim pertencemos, não só a nós próprios, mas também à comunidade em que estamos enraizados.
- Segundo Michael Sandel o modo que John Rawls propõe para encontrar os princípios da justiça falha completamente, no que concerne à "posição original" e ao "véu de ignorância" que, como sabemos, visavam garantir a imparcialidade na escolha de princípios de justiça.
- Para Michael Sandel não basta que as nossas escolhas sejam imparciais para serem boas pois avaliar uma escolha como boa ou má é uma questão moral, mas o véu de ignorância coloca as pessoas numa situação anterior a qualquer moral, já que exige que as escolhas sejam feitas por seres racionais que têm em conta apenas os seus interesses pessoais.
- Esta crítica de Sandel mostra-nos que o véu de ignorância transforma as nossas escolhas em escolhas amorais.
- Sandel acusa o liberalismo igualitário de John Rawls de criar uma espécie de vazio moral no que diz respeito à escolha dos princípios de justiça.
- Não será perigoso, defende Sandel, deixar as questões morais entregues aos moralistas?
- Mesmo que as pessoas cheguem a acordo, este não é justo só porque as partes livremente acordaram nesse facto. Um acordo é justo quando é bom, pelo que o que é bom é anterior à noção do que é justo.
- Segundo Sandel, a a noção do que é bom não pode ser dada pelas preferências individuais de seres completamente desenraizados de uma comunidade concreta.
- Sandel defende que o véu de ignorância defendido por Rawls nos transforma em seres fictícios, uma espécie de fantasmas desencarnados e desprendidos de qualquer laço social.
- Deste modo, Sandel sustenta a tese de que as escolhas feitas por hipotéticos seres desprendidos que não são moralmente credíveis já que como defende qualquer noção do que é bom decorre do nosso enraizamento prévio numa comunidade concreta onde criamos laços comunitários como associações religiosas, profissionais, sindicatos, clubes e outras.
- Em qualquer situação moralmente credível, cada um de nós faz parte de uma comunidade e assim Rawls ao falar do véu de ignorância mais não faz de que nos fazer esquecer da nossa condição- do nosso eu que é, socialmente, construído.
- Exigir que as pessoas se esqueçam dos seus laços sociais concretos é o mesmo que exigir-lhes que se "esqueçam e desprendam"de si mesmas.
(Texto elaborado com base no manual 50 Lições de Filosofia,
pp. 110 e 111)
"A Filosofia política do liberalismo político cria um vazio moral que abre caminho para os moralismos intolerantes, triviais e mal direcionados".
Michael Sandel
Lola
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