domingo, 1 de dezembro de 2019

Descartes e David Hume



Descartes e David Hume


"Hume aceita a perspectiva de que o nosso sistema de convicções precisa de um tipo qualquer de fundamento. No entanto, nega que esse fundamento possa ter o tipo de estatuto racional que Descartes queria". 

Simon Blackburn


Tema
DESCARTES
DAVID HUME

Posição acerca do conhecimento

Há conhecimento a priori acerca do mundo. Esse é o fundamento do conhecimento a posteriori.

Todo o conhecimento substancial  (acerca do mundo) é a posteriori. Há conhecimento a priori mas não é substancial (apenas relaciona ideias ou conceitos)

Fonte do conhecimento

Pensamento ou razão




Os sentidos

Fundamento do conhecimento

Racional




Empírico

Tipo de raciocínio para o conhecimento


Raciocínio Dedutivo

Raciocínio Indutivo


Validade do conhecimento

O conhecimento dedutivo é certo e infalível desde que se parta de premissas verdadeiras




O raciocínio indutivo não é absolutamente certo, mesmo que se parta de premissas verdadeiras.
(Problema da indução)





O que podemos conhecer





Somos seres pensantes, Deus existe, Temos corpo e o mundo existe 

  
 - 
     - Só podemos saber o que tem origem nas impressões sensíveis.
- Quando ultrapassamos o testemunho dos sentidos e da memória, apoiamo-nos em suposições que não podemos justificar.

      - Não podemos conhecer as relações de causa e efeito (não podemos justificar a crença na uniformidade da natureza)



Modelo de conhecimento

Matemáticas

Ciências da Natureza


Posição em relação aos cepticismo

Os céticos foram refutados (recorrendo à própria dúvida cética).

O cepticismo sistemático é impraticável.
Temos que moderar as nossas pretensões ao conhecimento. (ceticismo moderado).


Tarefa:

Leia o texto e responda à questão.


"Em suma, todos os materiais do pensamento são derivados do nosso sentimento externo e interno. Apenas a mistura e a composição destes materiais competem à mente e à vontade. Ou, para me expressar em linguagem filosófica, todas as nossas ideias ou perceções mais fracas são cópias das nossas impressões, ou perceções mais vívidas.
[…] Se acontecer, devido a algum defeito orgânico, que uma pessoa seja incapaz de experimentar alguma espécie de sensação, verificamos sempre que ela é igualmente incapaz de conceber as ideias correspondentes. Um cego não pode ter a noção das cores, nem um surdo dos sons. Restitua se a qualquer um deles aquele sentido em que é deficiente e, ao abrir-se essa nova entrada para as suas sensações, abrir-se-á também uma entrada para as ideias, e ele deixará de ter qualquer dificuldade em conceber esses objetos".

D. Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 2002, pp. 35-36 (adaptado)
1. Concordaria Descartes com a tese segundo a qual «todas as nossas ideias […] são cópias das nossas impressões»?
Justifique a sua resposta.

– Descartes não concordaria com a tese apresentada.
Justificação:
– temos ideias que não poderiam ter tido origem nos sentidos, como o cogito / «eu penso», cuja origem é a priori / só pode ser o próprio ato de pensar;
– temos ideias inatas, (como a ideia de Deus,) que possuímos desde que nascemos, sem qualquer intervenção dos sentidos




"Descartes parece dizer que o melhor das ideias claras e distintas é que, quando as temos, não podemos duvidar delas. Isto não é, propriamente, uma certificação pela razão, mas antes o mesmo tipo de poder natural que Hume atribui às convicções empíricas básicas".

Simon Blackburn

                                                Lola

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