Exercícios
A. Escolha a opção correcta:
1 – Segundo Popper, o método científico
começa por
(A) problemas.
(B) observações.
(C) experiências.
(D) generalizações.
2 – Segundo Popper, uma teoria é
falsificável se…
(A) tiver sido falsificada.
(B) ainda não tiver sido empiricamente testada.
(C) não for científica.
(D) for possível conceber um teste empírico que a refute.
3 – Considere os seguintes enunciados
relativos à posição de Karl Popper acerca da natureza das teorias científicas.
1. As teorias científicas são refutáveis
e conjeturais. V
2. A função da experiência consiste em verificar ou em confirmar as teorias
científicas.F
3. As teorias científicas surgem, por indução, a partir de factos e de
observações simples.F
4. O critério de cientificidade de uma teoria é a sua falsificabilidade. V
Deve afirmar-se que
(A) 1, 2 e 3 são corretos; 4 é
incorreto.
(B) 1 e 4 são corretos; 2 e 3 são incorretos.
(C) 2 e 3 são corretos; 1 e 4 são incorretos.
(D) 3 é correto; 1, 2 e 4 são incorretos.
B. Responda às seguintes questões:
1. Explique o que, de acordo com Popper, é requerido para que uma teoria seja aceite pelos cientistas.
Na sua resposta, deve:
• explicitar a conceção indutivista de ciência e a crítica de Karl Popper a essa conceção;
• apresentar uma posição crítica fundamentada.
2. Leia o texto.
As repetidas observações e experiências funcionam como testes das nossas conjeturas ou hipóteses, isto é, como tentativas de refutação.
K. Popper, Conjeturas e Refutações, Coimbra, Almedina, 2003, p. 82
2.1 – Apresente uma crítica à tese de Popper enunciada no texto. Na sua resposta, comece por explicar essa tese.
Tópicos de resposta:
1. – Explicitação da conceção indutivista:
• as hipóteses científicas resultam de generalizações baseadas na experiência;
• as hipóteses científicas não podem ser objeto de uma verificação conclusiva, mas podem ser confirmadas.
– Explicitação da crítica de Karl Popper:
• o ponto de partida da investigação científica são os problemas e não a observação de factos;
• a observação de casos particulares não permite nunca confirmar uma hipótese ou uma teoria;
• o único objetivo dos testes empíricos é falsificar as hipóteses ou teorias, e não verificá-las;
• uma hipótese científica é aceite/corroborada enquanto não for infirmada. – Avaliação crítica da posição de Karl Popper e do carácter conjetural das teorias científicas.
2.1 – Explicação da tese defendida:
– os testes que as hipóteses científicas têm de enfrentar não servem para confirmar a sua verdade;
– os testes e as experiências têm a finalidade de provar que as hipóteses científicas são falsas.
Apresentação de uma crítica à tese defendida:
– a caracterização que Popper faz da atividade científica não corresponde à prática dos cientistas no seu trabalho diário (a prática dos cientistas mostra que os testes e as experiências são tentativas de confirmação das hipóteses/teorias, e não de falsificação); – a perspetiva de Popper acerca da ciência não é descritiva (não caracteriza a prática científica tal como ela ocorre), mas é meramente normativa (diz como a prática científica deveria ser);
OU
– frequentemente, os cientistas interpretam o insucesso dos testes como insucessos experimentais, e não como falhas das hipóteses/teorias;
– mesmo após testes mal sucedidos, os cientistas não abandonam as hipóteses/teorias (e até prosseguem as tentativas experimentais de confirmação das hipóteses/teorias);
OU
– a nossa confiança na ciência depende de as previsões decorrentes das hipóteses/teorias serem frequentemente verificadas e não de não terem sido falsificadas; – previsões verificadas são o que se espera da ciência.
C. Questões de Desenvolvimento:
1. Leia o texto seguinte.
A ciência começa com a observação, afirma Bacon […].
Proponho-me substituir esta fórmula baconiana por outra. A ciência […] começa
por problemas, problemas práticos ou problemas teóricos.
K. Popper, O Mito do Contexto, Lisboa, Edições 70, 2009, p. 161
2. Concorda com a perspetiva de
Popper expressa no texto? Justifique a sua resposta.
Na sua resposta, deve:
− identificar o problema discutido;
− apresentar inequivocamente a sua posição;
− argumentar a favor da sua posição.
Leia o texto seguinte
O destino de uma teoria, a sua aceitação ou rejeição, é decidido pela
observação e pela
experiência – pelo resultado dos testes. Enquanto uma teoria resistir aos mais
rigorosos testes que conseguirmos conceber, será aceite; quando não resistir,
será rejeitada. Mas não é nunca inferida, em nenhum sentido, das provas
empíricas. […] Só a falsidade da teoria pode ser inferida das provas empíricas,
e essa inferência é puramente dedutiva.
K. Popper, Conjeturas e Refutações, Coimbra, Almedina, 2003, p. 83
«Só a falsidade da teoria pode
ser inferida das provas empíricas, e essa inferência é puramente dedutiva.»
3. Explique esta afirmação de Popper.
RESPOSTA
ÀS QUESTÕES:
1. O que se entende por critério de demarcação e qual é o critério proposto por Popper?
O critério de demarcação
pretende distinguir as ciências das “pseudociências”. Se todo o nosso
conhecimento, tanto o científico como os dogmas religiosos e os palpites
astrológicos, são apenas conjeturas, isto é, hipóteses de explicação e
compreensão do mundo, então qual a diferença entre o conhecimento científico e
os dogmas religiosos ou as “pseudociências”? É que contrariamente a estes
conhecimentos, as teorias científicas estão abertas à refutação e à
falsificação pela experiência podendo, por isso, ser modificadas e corrigidas;
os dogmas, pelo contrário, são tomados como verdades eternas que não são
discutíveis e as teorias astrológicas são tão vagas e imprecisas que seja qual
for a previsão que façam nunca se veem obrigadas a modificar as teorias mesmo
que as previsões se revelem falsas pois encontram sempre forma de as
interpretar à luz das teorias, não podendo, por isso, ser
falsificadas pela experiência.
2. Que método é aquele que explica melhor a lógica das teorias científicas?
O método que se adequa à
lógica científica é o de conjeturas e refutações. Cada teria representa uma
tentativa de resolução de um ou vários problemas Conjetura é uma suposição
validada por experiências, não é uma certeza ou verdade. As teorias científicas
são hipóteses explicativas que foram provisoriamente corroboradas pela
experiência, isto é, que ainda não foram falsificadas ou refutadas. Assim a
ciência funciona com um conjunto de conjeturas, que podem ser futuramente
refutadas. Para Popper, a ciência evolui no sentido de uma aproximação à
verdade na medida em que vai eliminando os erros das teorias, substituindo-as
por outras mais abrangentes e consistentes com os factos observados. A
inferência que os cientistas fazem é dedutiva a partir de um caso de uma
previsão falhada. Tipo: Modus Tollens, uma dedução condicional.
Se todos os corpos
dilatam com o calor, e o tungstato de zircônio é um corpo, então dilata com o
calor
O tungstato de zircônio não
dilatou com o calor
Então nem todos os corpos
dilata com o calor.
3. A ciência não é indutiva para Popper. Porquê?
Popper defende que a indução não é o método que permite a constituição das leis
científicas:
Primeiro porque nenhuma observação se faz sem antes ter um
problema teórico e, segundo; porque as leis são universais e necessárias,
enquanto a conclusão de um raciocínio indutivo é sempre provável.
Embora seja um procedimento
comum a algumas ciências como a Biologia, o método indutivo não permite a
construção de leis universais e necessárias, só permite leis probabilísticas.
Se há leis universais e necessárias em ciência, então, das duas uma, ou não são
científicas, pois não são resultados de generalizações a partir de observações
particulares, ou são científicas mas não são indutivas, são antes resultado de
um método diferente: Hipotético/Dedutivo.
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