Preparação 2ª Ficha de
Avaliação - 11º Ano
Temas:
O racionalismo de Descartes
(Do Cogito a Deus, Ideias, Provas, Mundo, Críticas).
O empirismo de David Hume
O apriorismo de Kant
Estrutura da Ficha de Avaliação:
Grupo I - Itens de seleção - Escolha múltipla. (50 pontos).
Grupo II - Itens de resposta curta. (50 pontos).
Grupo III - Itens de resposta restrita. (50 pontos).
Grupo IV - Item de resposta extensa - Análise de um texto filosófico. (50 pontos).
Nota: Nos quatro grupos de questões serão avaliados todos os domínios.
Tempo : 50 minutos
Aprendizagens essenciais a avaliar:
- Como chega Descartes a Deus?
- Apresente as provas da existência de Deus.
- Critique o argumento ontológico.
- Qual o papel de Deus na filosofia cartesiana
- Como chega Descartes à existência dos corpos/extensão?
- Apresente as substâncias cartesianas.
- Como é que Descartes explica a teoria do erro?
- Porque se pode afirmar que Descartes é um racionalista dogmático?
- O que é o Racionalismo?
- David Hume: qual o objectivo da sua Filosofia?
- Distinga as posições de Descartes e David Hume quanto ao fundamento metafisico do conhecimento.
- Explique as críticas de Hume a Descartes.
- Quais os elementos do conhecimento?
- O que são impressões?
- O que são ideias?
- Exemplifique uma impressão e uma ideia.
- Qual a origem do conhecimento, para Hume?
- Como se distingue uma ideia verdadeira de uma ficção?
- Porque é que David Hume nega a existência de ideias abstractas?
- Identifique tipos ou modos de conhecimento, segundo Hume.
- Caracterize-os.
- Relacione conhecimento humano com o principio da não contradição.
- O que são proposições contingentes?
- Apresente os princípios de associação de ideias?
- Como se conhecem os factos?
- Justifique a afirmação "Não há conhecimento rigoroso acerca dos factos futuros".
- Qual a posição de Hume em relação à intuição (eu) ?
- E em relação ao Mundo?
- Como explica Hume a ( In) existência de Deus?
- Porque se pode afirmar que David Hume é um empirista céptico?
- O que é o Empirismo?
- Compare as teorias Filosóficas de Descartes e Hume.
- O que é o apriorismo kantiano?
- Quais as fontes do conhecimento para Kant?
- Defina-as.
- De que é resultado o conhecimento em Kant?
- Distinga matéria e forma do conhecimento.
- Porque concorda Kant com os empiristas?
- Porque concorda Kant com os racionalistas?
- Qual o papel da razão em Kant?
- Quais as ideias da Razão?
- O que se pode conhecer, segundo Kant?
- Porque é o númeno incognoscível?
- Qual o papel da razão em Kant?
- Explique a seguinte afirmação "Todo o conhecimento começa com a experiência, mas nem todo deriva dela" (Kant, Critica da Razão Pura)
1. De acordo com Descartes os conteúdos da nossa mente podem classificar-se
como:
A. Ideias inatas; ideias fictícias; ideias adventícias;
B. ideias factícias; ideias complexas; ideias simples,
C. ideias adventícias; ideias inatas; ideias factícias.
D. ideias simples, ideias inatas, ideias claras e distintas.
2. Identifique a afirmação verdadeira:
A. Descartes é céptico porque parte da dúvida.
B. Descartes não é céptico porque a dúvida é metódica.
C. Descartes é céptico porque não procura a verdade e a encontra por acaso.
D. Descartes é céptico porque consegue duvidar de tudo.
3. Identifique a afirmação errada:
A. O principal problema de Descartes é o de encontrar a garantia de que o nosso
conhecimento é absolutamente seguro.
B. A condição necessária para que algo seja declarado conhecimento
absolutamente seguro é resistir completamente à dúvida.
C. Descartes consegue provar que os sentidos não nos enganam.
D. O primeiro conhecimento absolutamente seguro é a existência do sujeito que
tem consciência de que os sentidos e o entendimento o podem enganar.
4. De acordo com a filosofia cartesiana, Deus existe porque:
A. O universo físico tem de ter uma causa;
B. A organização do Universo aponta para um criador inteligente;
C. A própria ideia de ser perfeito implica a sua existência.
D. Nenhuma das respostas anteriores é correta.
5. Segundo Descartes, apenas é verdadeira a seguinte afirmação:
A. Sabemos que o mundo exterior é real porque os sentidos o comprovam;
B. Sabemos que o mundo exterior é real porque sabemos que o sujeito existe;
C. Sabemos que o mundo exterior é real porque o cogito é um princípio
indubitável que garante a sua existência;
D. Sabemos que Deus existe porque o mundo exterior é real.
6. Na filosofia cartesiana, a ideia de Deus que o sujeito possui teve origem:
A. Numa ideia, proveniente dos sentidos, que o sujeito descobriu na sua própria
razão;
B. Na necessidade de encontrar um criador para tudo o que existe;
C. No eu pensante, ao submeter todos os conhecimentos que possui à dúvida
radical;
D. Em Deus, que a deixou em nós como a sua marca.
7. Analise os seguintes termos:
1. 'Sereia'.
2. 'Vela de cera'.
3. 'Ser Perfeito'.
- Escolha a alternativa que identifique corretamente os termos de acordo com a
perspectiva cartesiana:
(A) 1. Ideia inata; 2. ideia adventícia; 3. ideia factícia.
(B) 3. Ideia inata; 2. ideia adventícia; 1. ideia factícia.
(C) 1. Ideia adventícia; 2. ideia adventícia; 3. ideia factícia.
(D) 1. Ideia inata; 2. ideia adventícia; 3. ideia inata.
II - Assinale as afirmações VERDADEIRAS e FALSAS. Justifique as FALSAS.
1. Para Descartes, não existem ideias inatas, todas as nossas ideias têm uma origem empírica, mesmo as mais complexas e abstratas.
2. O cogito é, para Descartes, um modelo e um critério de verdade, já que só será aceite como verdadeiro aquilo que aprendermos de forma tão clara e distinta como este primeiro princípio.
3. O cogito é, segundo Descartes, uma verdade primeira, pois nenhuma verdade lhe pode ser anterior e será a partir dela que a reconstrução do saber vai ser possível.
4. O cogito, o «Penso, logo existo», é uma verdade adventícia porque é uma verdade que não deriva nem depende da experiência, dos sentidos.
5. Com a descoberta do seu primeiro princípio, Descartes chega à certeza de que ele próprio existe, mas a existência de objetos físicos e de outros seres pensantes continua sob suspeita.
6. Para Descartes, conceber Deus como inexistente é tão absurdo como, por exemplo, conceber um triângulo sem três ângulos.
7. Embora a primeira verdade indubitável seja o cogito, Deus é, para o sistema cartesiano, o fundamento metafísico de todo o saber, isto é, de todas as crenças verdadeiras.
8. Descartes é um racionalista, pois considera que só as verdades descobertas pela razão e deduzidas destas merecem o título de conhecimento.
9. Segundo Descartes, aplicando corretamente as nossas faculdades podemos alcançar verdades indubitáveis sobre o mundo físico e sobre realidades que ultrapassam a experiência.
10. Uma das críticas frequentemente dirigida a Descartes é o facto de usar o critério de evidência para provar a existência de Deus e, simultaneamente, usar Deus para fundamentar aquele critério.
III - Defina os seguintes conceitos
1. Argumento Ontológico
2. Res Extensa
3. Ideias inatas
4. Racionalismo
5. Circulo Cartesiano
6. Argumento da regressão Infinita
7. Argumento da marca impressa
8. Cepticismo
9. Evidência
10. Génio Maligno
11. Deus
12. Solipsismo
IV - Apresente respostas curtas às questões.
Mas, logo em seguida, notei que, enquanto queria pensar que tudo era falso, eu, que assim o pensava, necessariamente era alguma coisa. E, notando que esta verdade, eu penso, logo existo, era tão firme e tão certa que todas as extravagantes suposições dos cépticos seriam impotentes para a abalar, julguei que a poderia aceitar, sem escrúpulo, para primeiro princípio da filosofia que procurava.
Descartes, Discurso do Método
1. Quais as substâncias defendidas por Descartes?
2. Como é que Descartes raciocina acerca do argumento céptico da impossibilidade do conhecimento.
3. Explique por que razão «todas as extravagantes suposições dos cépticos seriam impotentes» para abalar a certeza da nossa existência como seres pensantes.
4. Formule um dos argumentos de Descartes a favor da existência de Deus, distinguindo claramente as premissas da conclusão.
5. O argumento anterior é a priori ou a posteriori? Justifique.
Texto A
“(...)Esta verdade, eu penso, logo, existo , era tão firme e tão certa que todas as extravagantes suposições dos cépticos seriam impotentes para a abalar.”
6. Porque é que, de acordo com Descartes, não podemos duvidar da verdade do cogito?
7. Justifique a seguinte afirmação: “O cogito é uma verdade necessária”.
Texto B
“Descartes (...) procurava verdades que nenhum cético pudesse desafiar. Para descobri-las, começou por adotar um método de dúvida cética, rejeitando todas as crenças que poderiam, sob qualquer condição imaginável, ser falsas ou duvidosas. Rejeitou prontamente as crenças baseadas nos sentidos porque estes às vezes nos enganam. Rejeitou as crenças sobre a realidade física porque o que consideramos ser tal realidade pode fazer apenas parte de um sonho. Rejeitou as crenças baseadas no raciocínio porque podemos ser sistematicamente enganados por uma força demoníaca.”
Richard Popkin
8. Será que Descartes conseguiu mesmo refutar o cepticismo? Na sua justificação deve centrar-se no argumento céptico da regressão infinita.
V - Questões de desenvolvimento
Texto A
Tenho outra preocupação: como pode o autor evitar raciocinar em círculo quando diz que estamos certos de que aquilo que percebemos clara e distintamente é verdade apenas porque Deus existe?
Pois podemos estar certos de que Deus existe apenas porque percebemos isso clara e distintamente. Assim, antes de podermos estar certos de que Deus existe, devemos poder estar certos de que aquilo que percebemos clara e evidentemente é verdade.
Antoine Arnauld
1. Apresente o tema, a tese e a critica em forma de um argumento dedutivo.
Texto B
Ora, não sendo Deus enganador, é absolutamente manifesto que ele não introduz em mim essas ideias, nem imediatamente por si próprio, nem também por meio de outra criatura […] Porque, não me tendo Deus dado absolutamente nenhuma faculdade para conhecer isto, mas, pelo contrário, uma grande propensão para crer que elas são emitidas pelas coisas corpóreas, não vejo por que se possa compreender que ele não é enganador, se estas ideias fossem emitidas por outras que não as coisas corpóreas. E, portanto, as coisas corpóreas existem.
Descartes, Meditações sobre a Filosofia Primeira
2. Apresente o tema, a tese e o argumento em forma de premissas e conclusão.
Texto C
“Assim, dado que temos em nós a ideia de Deus ou do ser supremo, com razão podemos examinar a causa por que a temos; e encontraremos nela tanta imensidade que por isso nos certificamos absolutamente de que ela só pode ter sido posta em nós por um ser em que exista efectivamente a plenitude de todas as perfeições, ou seja, por um Deus realmente existente. Com efeito, pela luz natural é evidente não só que do nada nada se faz, mas também que não se produz o que é mais perfeito pelo que é menos perfeito, como causa eficiente e total; e, ainda, que não pode haver em nós a ideia ou imagem de alguma coisa da qual não exista algures, seja em nós, seja fora de nós, algum arquétipo que contenha a coisa e todas as suas perfeições. E porque de modo nenhum encontramos em nós aquelas supremas perfeições cuja ideia possuímos, disso concluímos correctamente que elas existem, ou certamente existiram alguma vez, em algum ser diferente de nós, a saber, em Deus; do que se segue com total evidência que elas ainda existem.”
Descartes, Princípios da Filosofia, I Parte, p. 64.
1. Apresente o tema, a tese e os argumentos.
1. Hume considera que:
(A) as impressões são cópias das ideias.
(B) as ideias são cópias das impressões.
(C) não há distinção entre impressões e ideias.
(D) não há relação entre impressões e ideias.
2. De acordo com Hume, as ideias acerca da natureza só estão adequadamente
justificadas quando se apoiam
(A) no princípio da uniformidade da natureza.
(B) na razão.
(C) na experiência.
(D) em argumentos indutivos fortes.
3. Hume distinguiu as questões de facto das relações de ideias. De acordo
com esta distinção,
(A) as questões de facto apenas podem ser decididas
pela experiência.
(B) as verdades matemáticas são questões de
facto.
(C) todos os raciocínios sobre causas e efeitos
exprimem relações de ideias.
(D) negar uma questão de facto resulta numa
contradição.
4. Identifique a afirmação verdadeira.
a) Todos os conteúdos da mente são percepções e estas reduzem-se às
ideias.
b) A experiência sensível é a
única fonte dos nossos conhecimentos.
c) As ideias são puras e
simples criações da nossa razão.
5. Identifique a afirmação errada.
a) As
proposições do tipo 2 + 3 = 5 são conhecimentos de facto.
b) As
proposições que consistem na relação entre ideias são proposições cuja validade
não depende da experiência.
c) As
proposições factuais são aquelas cujo valor de verdade é aferido pela
experiência.
6. Identifique a afirmação verdadeira:
a) A
mente humana trabalha com ideias inatas.
b) "O
ouro é amarelo" é uma proposição válida, independentemente de qualquer
recurso à observação.
c) Só
as proposições que não dependem da confirmação da experiência e respeitam o
princípio de não contradição são absolutamente certas.
7. Identifique as afirmações verdadeiras.
a) A
pretensa relação causal nada mais é do que uma conjunção constante de factos,
que gera uma ficção mental que catalogamos como necessária.
b) A
inferência causal é um raciocínio que vai para além do testemunho imediato dos
sentidos.
c) A
interferência causal não se baseia na razão, mas sim no costume (hábito).
d) A sucessão
temporal constante entre dois fenómenos não é sinónimo de conexão necessária ou
causal entre eles.
e) O hábito não é
fonte de conhecimento científico, mas sim de crença.
f) A razão é
um fenómeno psicológico, com base orgânica, que gera ficções úteis para a nossa
sobrevivência.
8. Segundo Hume, há ideias:
a) Inatas.
b) Que são produtos
exclusivos da razão.
c) A que não
corresponde qualquer impressão sensível.
d) Há ideias que resultam de impressões.
9. Na perspectiva de Hume, as conclusões
dos nossos raciocínios acerca de questões d de facto são:
a) Quando muito,
prováveis, mas nunca certas.
b) Demonstrativas.
c) Necessariamente
verdadeiras.
10. O empirismo de Hume é um cepticismo porque:
a) Afirma que
o conhecimento deriva da experiência e não alcança objectos fora do campo da
experiência.
b) Reduz o
conhecimento científico do conhecimento matemático.
c) Afirma que
o conhecimento deriva da experiência, mas não podemos ter qualquer certeza
acerca do comportamento futuro dos objectos.
Amália nasceu em Lisboa Verdade Contingente
Nenhum preto é branco Verdade Necessária
Um pedaço de metal dilatou ao ser aquecido Verdade Contingente
Um triângulo tem três lados Verdade Necessária
Identifique QUESTÕES DE FACTO e RELACÕES DE IDEIAS:
Deus existe ou não existe RELAÇÃO DE IDEIAS
Deus existe QUESTÃO DE FACTO
Três morangos são mais que dois RELAÇÃO DE IDEIAS
O sol vai nascer amanhã QUESTÃO DE FACTO
As coisas velhas não são novas RELAÇÃO DE IDEIAS
Os planetas têm órbitas elipticas QUESTÃO DE FACTO
A relação de causa e efeito é uma relação de CAUSALIDADE
Habitualmente concluimos que há uma relação de causa e efeito com base NUMA CONJUNÇÃO CONSTANTE
Há uma conexão necessária entre dois acontecimentos quando UM NÃO PODE OCORRER SEM O OUTRO
A conexão necessária entre dois acontecimentos é algo que não CONSEGUIMOS OBSERVAR
Conjunção constante e conexão necessária são COISAS DIFERENTES
A nossa convicção de que há uma conexão necessária entre acontecimentos é apenas fruto do HÁBITO
re relações de ideias …
- Empirismo
- Impressões
- Ideias
- Relações de Ideias
- Questões de facto
- Principios de associação de ideias
- Principio da causalidade
- Conexão Necessária
- Conjunção constante
- Hábito
- Indução
- Principio da regularidade da natureza
Em suma, todos os materiais do pensamento são derivados do nosso sentimento externo e interno. Apenas a mistura e a composição destes materiais competem à mente e à vontade. Ou, para me expressar em linguagem filosófica, todas as nossas ideias ou perceções mais fracas são cópias das nossas impressões, ou perceções mais vívidas.
[…] Se acontecer, devido a algum defeito orgânico, que uma pessoa seja incapaz de experimentar alguma espécie de sensação, verificamos sempre que ela é igualmente incapaz de conceber as ideias correspondentes. Um cego não pode ter a noção das cores, nem um surdo dos sons. Restitua se a qualquer um deles aquele sentido em que é deficiente e, ao abrir-se essa nova entrada para as suas sensações, abrir-se-á também uma entrada para as ideias, e ele deixará de ter qualquer dificuldade em conceber esses objetos.
Leia o texto A
Existe uma espécie de ceticismo, anterior a qualquer estudo ou filosofia, muito recomendado por Descartes e outros como sendo a soberana salvaguarda contra os erros e os juízos precipitados.
Este ceticismo recomenda uma dúvida universal, não apenas quanto aos nossos princípios e opiniões anteriores, mas também quanto às nossas próprias faculdades, de cuja veracidade, diz ele, nos devemos assegurar por meio de uma cadeia argumentativa deduzida de algum princípio original que seja totalmente impossível tornar-se enganador ou falacioso. Mas nem existe qualquer princípio original como esse, […] nem, se existisse, poderíamos avançar um passo além dele, a não ser pelo uso daquelas mesmas faculdades das quais se supõe que já suspeitamos.
2. Explicite a crítica de Hume, apresentada no texto, ao ceticismo «recomendado por Descartes».
3. Distinga, no que respeita à fundamentação do conhecimento, a perspetiva racionalista de Descartes da perspetiva empirista de Hume.
Leia o texto B
Em suma, todos os materiais do pensamento são derivados do nosso sentimento externo e interno. Apenas a mistura e a composição destes materiais competem à mente e à vontade. Ou, para me expressar em linguagem filosófica, todas as nossas ideias ou perceções mais fracas são cópias das nossas impressões, ou perceções mais vívidas.
[…] Se acontecer, devido a algum defeito orgânico, que uma pessoa seja incapaz de experimentar alguma espécie de sensação, verificamos sempre que ela é igualmente incapaz de conceber as ideias correspondentes. Um cego não pode ter a noção das cores, nem um surdo dos sons. Restitua se a qualquer um deles aquele sentido em que é deficiente e, ao abrir-se essa nova entrada para as suas sensações, abrir-se-á também uma entrada para as ideias, e ele deixará de ter qualquer dificuldade em conceber esses objetos.
D. Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 2002, pp. 35-36 (adaptado)
4. Explicite as razões usadas no texto para defender que a origem de todas as nossas ideias reside nas impressões dos sentidos.
5. Concordaria Descartes com a tese segundo a qual «todas as nossas ideias […] são cópias das nossas impressões»?
Justifique a sua resposta
4. Explicitação das razões usadas no texto:
– se as ideias não derivassem das impressões dos sentidos, os cegos e os surdos seriam capazes de formar ideias das cores e dos sons, respetivamente;
– os cegos e os surdos são incapazes de formar ideias das cores e dos sons, respetivamente.
OU
– se as ideias não derivassem das impressões dos sentidos, as pessoas com uma incapacidade que as priva de um certo tipo de sensações poderiam, ainda assim, ter as ideias correspondentes;
– as pessoas com uma incapacidade que as priva de um certo tipo de sensações não podem ter as ideias correspondentes.
5. Identificação da posição de Descartes:
– Descartes não concordaria com a tese apresentada.
Justificação:
– temos ideias que não poderiam ter tido origem nos sentidos, como o cogito / «eu penso», cuja origem é a priori / só pode ser o próprio ato de pensar;
– temos ideias inatas, (como a ideia de Deus,) que possuímos desde que nascemos, sem qualquer intervenção dos sentidos
Leia o texto C de Hume e o texto D de Descartes
A geometria ajuda-nos a aplicar leis do movimento, oferecendo-nos as dimensões corretas de todas as partes e grandezas que podem participar em qualquer espécie de máquina, mas apesar disso a descoberta das próprias leis continua a dever-se simplesmente à experiência […]. Quando raciocinamos a priori, considerando um objeto ou causa apenas tal como aparece à mente, independentemente de qualquer observação, ele jamais poderá sugerir-nos a ideia de qualquer objeto distinto, tal como o seu efeito, e muito menos mostrar-nos a conexão inseparável e inviolável que existe entre eles.
D. Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano, Lisboa, IN-CM, 2002, pp. 46-47 (texto adaptado).
As coisas corpóreas podem não existir de um modo que corresponda exatamente ao que delas percebo pelos sentidos, porque, em muitos casos, a perceção dos sentidos é muito obscura e confusa; mas, pelo menos, existem nelas todas as propriedades que entendo clara e distintamente, isto é, todas aquelas que, vistas em termos gerais, estão compreendidas no objeto da matemática pura.
R. Descartes, Meditações sobre a Filosofia Primeira, Coimbra, Livraria Almedina, 1985, p. 210 (texto adaptado).
6. Haverá conhecimento a priori do mundo? Confronte as respostas de Hume e de Descartes a esta questão
Leia o texto E
“[…] Quando analisamos os nossos
pensamentos ou ideias, por mais complexos ou sublimes que possam ser, sempre
constatamos que eles se decompõem em ideias simples copiadas de alguma sensação
ou sentimento precedente. Mesmo quanto àquelas ideias que, à primeira vista,
parecem mais distantes dessa origem, constata-se, após um exame mais apurado,
que dela são derivadas.
A ideia de Deus, no sentido de
um Ser infinitamente inteligente, sábio e bondoso, deriva da reflexão sobre as
operações da nossa própria mente e de aumentar sem limites aquelas qualidades
de bondade e de sabedoria.”
4. Segundo David Hume podemos considerar o cogito um conhecimento
a priori? Justifique.
Leia o texto F
Todas as ideias são copiadas de impressões ou
de sentimentos precedentes e, onde não pudermos encontrar impressão alguma,
podemos ter a certeza de que não há qualquer ideia. Em todos os exemplos
singulares das operações de corpos ou mentes, não há nada que produza qualquer
impressão e, consequentemente, nada que possa sugerir qualquer ideia de poder
ou conexão necessária. Mas quando aparecem muitos casos uniformes, e o mesmo
objeto é sempre seguido pelo mesmo evento, começamos a ter a noção de causa e
de conexão.
Hume,
Investigação sobre o Entendimento Humano
1. A partir do texto, exponha a tese
empirista de Hume sobre a origem da ideia de conexão causal. Na sua resposta,
integre, de forma pertinente, informação do texto.


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