Preparação 4ª Ficha de
Avaliação - 11º Ano
Temas:
A Filosofia da ciência
O Falsificacionismo de Karl Popper
O Desenvolvimento da Ciência para Thomas Khun
Estrutura da Ficha de Avaliação:
Grupo I - Itens de seleção - Escolha múltipla. (50 pontos).
Grupo II - Itens de resposta curta - definição de conceitos (50 pontos).
Grupo III - Itens de resposta restrita. (50 pontos).
Grupo IV - Item de resposta extensa - Análise de um texto filosófico. (50 pontos).
Nota: Nos quatro grupos de questões serão avaliados todos os domínios.
Tempo : 50 minutos
Aprendizagens essenciais a avaliar:
1.
O que é a Filosofia da
Ciência?
2.
Que problemas aborda?
3.
O que é a ciência?
4.
Quais as características do conhecimento cientifico?
5.
O que é o senso comum?
6.
Características do senso comum.
7.
Será o senso comum o ponto de partida da ciência?
8.
A perspectiva continuista de Karl Popper
9.
A perspectiva descontinuista de Gaston Bachelard
10.
Comente: "O senso comum é comum sem ser geral".
11.
Porque é que o senso comum, mesmo dando informações não rigorosas acerca do
real, continua a ser válido?.
12.
Comente. "O senso comum não é um conhecimento mas um
reconhecimento".
13.
Que garantias nos dá o conhecimento cientifico?
14.
Formular o problema do método científico.
15.
Explicar a perspectiva hipotético dedutiva do método cientifico.
16.
Explicar a perspetiva indutivista do método científico.
17.
Explicar as objeções ao indutivismo
18. O que pensa Karl
Popper do problema da indução?
19. Qual o método defendido por Karl Popper?
20. Em
que consiste o problema da demarcação?
21. O
que entende Popper por pseudociência?
22. Como
é que o falsificacionismo explica o método científico?
23. Em
que consiste a objeção ao falsificacionismo que diz que este não está de acordo
com a prática habitual dos cientistas?
24. Como
responde o verificacionismo ao problema da demarcação?
25. Em
que consiste a objeção das leis da natureza ao verificacionismo?
26. Como
responde o falsificacionismo ao problema da demarcação?
27. Que
tipos de proposições são verificáveis?
28. Que
tipos de proposições são falsificáveis?
29. Porque
é que, segundo o falsificacionismo, a irrefutabilidade não é uma virtude?
30. Porque
é que, segundo o falsificacionismo, a psicanálise, a astrologia e outras
pseudociências não têm um caráter científico?
31. Porque
é que o facto de as proposições particulares não serem falsificáveis origina
uma objeção à falsificabilidade como critério de demarcação?
32. Como
é que, segundo Karl Popper, evolui a ciência?
33.
Será segundo Popper, a ciência objetiva?
34. O que é, segundo Thomas
Kuhn, um paradigma?
35. Qual
é a diferença, segundo Kuhn, entre ciência normal e ciência extraordinária?
36. Porque
é que, segundo Kuhn, os paradigmas científicos são incomensuráveis?
37. Segundo
Kuhn, há ou não evolução na ciência? Porquê?
38. Em
que consiste a objeção a Kuhn que incide na resolução de anomalias?
39. Em
que consiste a objeção a Kuhn que refere que a ciência se vai aproximando da
verdade?
40. Compare
as teorias de Karl Popper e Thomas Kuhn quanto à:
objectividade, verdade e progresso na ciência.
VAMOS, ENTÃO, TESTAR OS CONHECIMENTOS!
A - A Filosofia da Ciência
Leia o texto e responda às questões:
A filosofia da ciência é uma das mais velhas subdivisões da filosofia, remontando pelo menos a Aristóteles. Está hoje em rápido crescimento, uma vez que os grandes avanços científicos do último século têm levado os filósofos a pensar mais cuidadosamente sobre a ciência. Estes filósofos poderão vir a influenciar o futuro da ciência.
A filosofia da ciência implica reflexão filosófica sobre a ciência. Os filósofos da ciência não colocam questões científicas — essa é a tarefa dos cientistas. Em vez disso, os filósofos da ciência enfrentam questões sobre a ciência. Por exemplo: o que é a ciência? O que distingue a ciência da não ciência? Qual o papel da observação na ciência? Como progride a ciência? Outras questões focam-se nos conceitos que a ciência aplica. Por exemplo, o que é uma lei da natureza? Outra preocupação filosófica é a de se saber até que ponto temos justificação para acreditar que as entidades inobservadas são reais. Devemos supor que os electrões existem realmente, ou são apenas “ficções” úteis?
Algumas das questões mais centrais e importantes colocadas por filósofos da ciência dizem respeito ao problema da confirmação. Os cientistas constroem teorias que pensar ser confirmadas pelo que observam. Essa confirmação, no entanto, faz-se por graus. Uma teoria pode ser ligeiramente confirmada por alguma evidência ou pode ser confirmada mais fortemente. Supomos que quanto mais fortemente uma teoria científica for confirmada pela evidência disponível, mais racional se torna nela acreditar. Uma pergunta relativa à confirmação em que podemos pensar é a seguinte: o que faz uma teoria ser mais fortemente confirmada do que outra? Outra pergunta, mais fundamental, é a de saber se as nossas teorias científicas podem ser alguma vez confirmadas.
Stephen Law
1. Qual o tema do texto?
2. Qual a tese do texto?
3. Apresente três questões que sejam abordadas pela filosofia da Ciencia.
4. O que distingue a ciência da não ciência? Qual a resposta de Karl Popper a esta questão?
5. O que é a ciência? Como responde Thomas Khun a esta questão?
Será o senso comum o ponto de partida da ciência?
A. KARL POPPER
"Ainda que deva ser criticado, o senso comum tem de ser sempre o nosso ponto de partida.
A teoria do senso comum é muito simples. Se qualquer um de nós desejar conhecer algo que desconhece sobre o mundo, não terá mais que abrir os olhos e olhar em volta. Temos de dirigir as orelhas e ouvir os ruídos. Os diversos sentidos são pois as nossas fontes de conhecimento - as fontes ou os acessos à nossa mente. Referi-me muitas vezes a esta teoria, designando-a a teoria da mente, como um balde.
A nossa mente é, em princípio, um balde, mais ou menos vazio, que se enche através dos sentidos.
No mundo filosófico esta teoria é designada por teoria da mente como tábua rasa! A nossa mente é um recipiente vazio em que os sentidos gravam as mensagens. A tese importante da teoria do balde é que aprendemos a maioria das coisas, senão todas, mediante a entrada da experiência através das aberturas dos nossos sentidos, de modo que toda a experiência consta de informação recebida através dos sentidos.
A teoria do senso comum está errada em vários pontos. É essencialmente uma teoria sobre a génese do conhecimento: a teoria do balde debruça-se sobre a nossa aquisição de conhecimentos - em grande medida passiva -, pelo que também constitui uma teoria do que denominei o aumento de conhecimento, ainda que como teoria do aumento de conhecimento seja manifestamente falsa. A teoria da tábua rasa é absurda: em cada estádio da evolução da vida temos de supor a existência de algum conhecimento sob a forma de disposições e expectativas.
Posto isto, o aumento de conhecimento consiste na modificação do conhecimento prévio, quer alterando-o, quer destruindo-o.
O conhecimento não parte nunca do zero, pressupõe sempre um conhecimento básico - conhecimento que se dá por suposto num momento determinado - juntamente com algumas dificuldades e alguns problemas. Regra geral surgem do choque entre as expectativas inerentes ao nosso conhecimento básico e algumas descobertas novas, como observações ou hipóteses sugeridas por eles.
A ciência, a filosofia e o pensamento racional surgem todos do senso comum. O senso comum, contudo, não é um ponto de partida seguro: o termo senso comum que aqui emprego é muito vago porque denota algo vago e mutante - os instintos e opiniões das gentes, muitas vezes adequados e verdadeiros, mas muitas outras inadequados ou falsos. Toda a ciência é, tal como a filosofia, senso comum ilustrado.
A minha primeira tese é que partimos do senso comum, sendo a critica o nosso grande instrumento de progresso."
Karl. Popper, Conhecimento Objectivo
• Karl Popper admite que o senso comum é um ponto de partida, ainda que inseguro, para a ciência e para a filosofia. Sendo a crítica o grande instrumento para progredir do senso comum para um conhecimento mais profundo do real.
– Prolongamento – Tese contínuista:
• Defende a continuidade entre o senso comum e a ciência;
• Apesar das diferenças entre eles, têm um grau de parentesco;
• A ciência é o prolongamento do senso comum;
• É um acrescimento e um aperfeiçoamento;
• As suas diferenças são apenas de grau (a ciência é mais desenvolvida);
• Defende que o senso comum é o ponto de partida para todo o conhecimento do real;
• O senso comum tem, no entanto, um caráter inseguro;
• O grande instrumento para progredir (avançar do senso comum para o conhecimento científico) é a crítica.
• Toda a ciência e filosofia são senso comum esclarecido (nelas tudo é sujeito a crítica).
B. GASTON BACHELARD
“Quando nós lemos num livro de química contemporânea que "a estrutura cristalina do gelo é análoga à da wurtzita", que é um sulfureto de zinco, nós sabemos que estamos, evidentemente, numa outra perspectiva de pensamentos em relação ao senso comum. Nós abandonamos a linha das experiências primitivas, dos interesses cósmicos primitivos, dos interesses estéticos. A nossa consciência quando é dirigida sobre um objeto natural dá-nos uma objetividade ocasional. E ao mesmo tempo uma intencionalidade sem grande profundidade, subjetiva e sem alcance verdadeiramente objetivo. Uma tal intencionalidade vai no máximo dar-nos uma revelação da consciência ociosa, da consciência livre precisamente porque ela não encontrou um verdadeiro interesse de conhecimento objetivo, um verdadeiro envolvimento com a realidade.
Precisamente no simples exemplo que nós acabamos de evocar, e que comparávamos o gelo e o sulfureto de zinco, vê-se aparecer a ruptura da intencionalidade do conhecimento científico e da intencionalidade da consciência comum.
A especialização é um penhor de intencionalidade estritamente penetrante. Ela remete, do lado do sujeito, a camadas profundas, onde o racional é mais profundo que o simples consciencial. Numa experiência que envolve a cultura científica, como o quer a aproximação gelo-wurtzita, há, pelo menos, consciência desdobrada da observação e da experimentação.
Mas a vantagem filosófica do trabalho científico para uma meditação deste aprofundamento racionalista da consciência, é que este trabalho é produtivo, é que ele é materialmente inovador: ele determina a criação de matérias novas.
A química moderna não pode nem deve deixar nada no seu estado natural. Nós dissemos que ela deve tudo purificar, tudo retificar, tudo recompor.”
Gaston Bachelard, Le Matérialisme rationnel,
• Gaston Bachelard, pelo contrário, considera o senso comum um obstáculo epistemológico, algo que impede a produção de conhecimento científico e com o qual é necessário fazer um corte epistemológico.
– Ruptura – Tese descontínuista:
• É necessária uma ruptura epistemológica, ou seja, um corte entre o senso comum e a ciência;
• As opiniões a que os cientistas aderem são o principal obstáculo (=senso comum) que impede a chegada a um conhecimento objetivo;
• O conhecimento científico constrói-se em luta contra os obstáculos;
• A opinião traduz necessidades em conhecimentos, ou seja, impede que se veja aquilo que realmente é.
B - O Falsificacionismo de Karl Popper
1. Quem foi Karl Popper?
Karl Popper foi um filósofo nascido na Áustria e naturalizado inglês. A sua indiscutível reputação como pensador está, fundamentalmente, associada à sua filosofia da ciência. Neste campo, foi opositor feroz da perspetiva indutivista, defendendo que a observação não é o ponto de partida da atividade científica, que existem alternativas à indução e que o papel da experimentação é falsificar ou refutar hipóteses e não confirmá-las.
2. Como se posiciona Karl Popper face ao problema da indução?
O problema da indução, tal como foi formulado por Hume, existe e não é solucionável: serão sempre injustificáveis as nossas tentativas de ir de enunciados singulares ou particulares para enunciados gerais. Porém, Popper considera que existem alternativas à indução. Segundo este filósofo, os cientistas devem submeter as suas teorias a testes que visem falsificá-las (refutá-las), e não verificá-las (confirmá-las). A lógica subjacente à falsificação de um enunciado universal é dedutiva e não indutiva. Vejamos porquê. Pensemos no enunciado geral «todos os peixes têm escamas». É possível verificá-lo? Não, pois isso implicaria observar todos os peixes, sem exceção. Contudo, sabemos que se todos os peixes têm escamas, então não existem peixes sem escamas. Imaginemos que somos confrontados com um peixe sem escamas. Daqui deriva, necessariamente, que é falso que todos os peixes tenham escamas. Este exemplo mostra que é possível, recorrendo a inferências puramente dedutivas, concluir acerca da falsidade de enunciados universais: S implica P; não acontece P; logo, não acontece S.
3. Em que consiste o método de Popper?
Em alternativa ao verificacionismo e ao indutivismo, Popper propõe um método falsificacionista e hipotético-dedutivo, o método das conjeturas e refutações. Em primeiro lugar, para Popper, já vimos, a investigação científica não começa pela observação, mas pelo problema, que surge quando uma dada observação põe em causa a teoria estabelecida e as expectativas do cientista. Face ao problema, a imaginação do cientista cria uma hipótese ou conjetura para explicá-lo. Segue-se a refutação. A hipótese é sujeita a testes empíricos rigorosos, que têm por objetivo falsificá-la ou refutá-la, isto é, mostrar que é falsa, e não verificar a sua verdade. Se a hipótese for refutada, a teoria é substituída por outra, mais forte e mais resistente. Se a hipótese resistir aos testes, dizemos que se trata de uma explicação provisoriamente corroborada.
4. Corroboração e verdade são sinónimos?
Não, para Popper as hipóteses nunca perdem o seu carácter conjetural. Verdade e corroboração não são a mesma coisa. A corroboração é um indicador temporal. Uma teoria corroborada é uma teoria que resistiu aos testes a que foi sujeita num determinado momento, mas isto não faz dela uma verdade, apenas indica que, até ao momento, é a melhor teoria. Nada garante, porém, que ela não venha a ser refutada, ou parcialmente refutada num próximo momento de falsificação.
5. Que diferença existe entre uma teoria falsificada e uma teoria falsificável?
Uma teoria falsificável ou refutável é uma teoria que tem a propriedade (uma importante propriedade, na perspetiva de Popper) de poder ser sujeita a testes empíricos que a possam refutar. Uma teoria falsificada ou refutada é uma teoria que já se provou ser falsa, isto é, que foi sujeita a testes e não resistiu.
Porque tem o erro, para Popper, um lugar central?
Popper defende que há progresso em ciência e que o erro é o motor desse progresso. Sempre que sujeitamos uma teoria a testes e descobrimos que ela inclui erros ou está efetivamente errada eliminamos os erros e, assim, aproximamo-nos da verdade. Podemos estar seguros de alguma vez termos alcançado a verdade? Não, mas, de eliminação de erro em eliminação de erro, caminhamos na sua direção.
6. Existe progresso em ciência, para Popper?
Sim. A ciência progride por conjeturas e refutações, eliminando erros. O erro é o motor de progresso em ciência. De cada vez que se eliminam erros, aproximamo-nos da verdade, embora não tenhamos forma de saber se alguma vez a alcançaremos. Popper estabelece, neste ponto, uma analogia com o evolucionismo e a ideia de seleção natural.
7. Será a ciência objetiva, para Popper?
Sim, na medida em que se afasta progressivamente do erro e dado que possuímos um método que nos permite comparar teorias e afirmar que a teoria X está mais próxima da verdade do que a teoria Y. A objetividade advém do método utilizado e não, por exemplo, da forma como são elaboradas as hipóteses.
8. Existem objeções ao falsificacionismo de Popper?
Sim, na medida em que, por exemplo, se valorizam apenas os resultados negativos da prática científica. Popper não considera uma dada descoberta, mas sim as fragilidades e fracassos do trabalho dos cientistas. Por outro lado, na prática, os cientistas não procedem como Popper diz.
A. Escolha a opção correcta:
1 – Segundo Popper, o método científico começa por
(B) observações.
(C) experiências.
(D) generalizações.
2 – Segundo Popper, uma teoria é falsificável se…
(A) tiver sido falsificada.
(B) ainda não tiver sido empiricamente testada.
(C) não for científica.
(D) for possível conceber um teste empírico que a refute.
3 – Considere os seguintes enunciados relativos à posição de Karl Popper acerca da natureza das teorias científicas.
1. As teorias científicas são refutáveis e conjeturais. V
2. A função da experiência consiste em verificar ou em confirmar as teorias científicas.F
3. As teorias científicas surgem, por indução, a partir de factos e de observações simples.F
4. O critério de cientificidade de uma teoria é a sua falsificabilidade. V
(A) 1, 2 e 3 são corretos; 4 é incorreto.
(B) 1 e 4 são corretos; 2 e 3 são incorretos.
(C) 2 e 3 são corretos; 1 e 4 são incorretos.
(D) 3 é correto; 1, 2 e 4 são incorretos.
B. Responda às seguintes questões:
1. Explique o que, de acordo com Popper, é requerido para que uma teoria seja aceite pelos cientistas.
Na sua resposta, deve:
• explicitar a conceção indutivista de ciência e a crítica de Karl Popper a essa conceção;
• apresentar uma posição crítica fundamentada.
2. Leia o texto.
As repetidas observações e experiências funcionam como testes das nossas conjeturas ou hipóteses, isto é, como tentativas de refutação.
K. Popper, Conjeturas e Refutações, Coimbra, Almedina, 2003, p. 82
2.1 – Apresente uma crítica à tese de Popper enunciada no texto. Na sua resposta, comece por explicar essa tese.
1. – Explicitação da conceção indutivista:
• as hipóteses científicas resultam de generalizações baseadas na experiência;
• as hipóteses científicas não podem ser objeto de uma verificação conclusiva, mas podem ser confirmadas.
– Explicitação da crítica de Karl Popper:
• o ponto de partida da investigação científica são os problemas e não a observação de factos;
• a observação de casos particulares não permite nunca confirmar uma hipótese ou uma teoria;
• o único objetivo dos testes empíricos é falsificar as hipóteses ou teorias, e não verificá-las;
• uma hipótese científica é aceite/corroborada enquanto não for infirmada. – Avaliação crítica da posição de Karl Popper e do carácter conjetural das teorias científicas.
2.1 – Explicação da tese defendida:
– os testes que as hipóteses científicas têm de enfrentar não servem para confirmar a sua verdade;
– os testes e as experiências têm a finalidade de provar que as hipóteses científicas são falsas.
Apresentação de uma crítica à tese defendida:
– a caracterização que Popper faz da atividade científica não corresponde à prática dos cientistas no seu trabalho diário (a prática dos cientistas mostra que os testes e as experiências são tentativas de confirmação das hipóteses/teorias, e não de falsificação); – a perspetiva de Popper acerca da ciência não é descritiva (não caracteriza a prática científica tal como ela ocorre), mas é meramente normativa (diz como a prática científica deveria ser);
OU
– frequentemente, os cientistas interpretam o insucesso dos testes como insucessos experimentais, e não como falhas das hipóteses/teorias;
– mesmo após testes mal sucedidos, os cientistas não abandonam as hipóteses/teorias (e até prosseguem as tentativas experimentais de confirmação das hipóteses/teorias);
OU
– a nossa confiança na ciência depende de as previsões decorrentes das hipóteses/teorias serem frequentemente verificadas e não de não terem sido falsificadas; – previsões verificadas são o que se espera da ciência.
C. Questões de Desenvolvimento:
1. Leia o texto seguinte.
A ciência começa com a observação, afirma Bacon […].
Proponho-me substituir esta fórmula baconiana por outra. A ciência […] começa por problemas, problemas práticos ou problemas teóricos.
K. Popper, O Mito do Contexto, Lisboa, Edições 70, 2009, p. 161
2. Concorda com a perspetiva de Popper expressa no texto? Justifique a sua resposta.
Na sua resposta, deve:
− identificar o problema discutido;
− apresentar inequivocamente a sua posição;
− argumentar a favor da sua posição.
O destino de uma teoria, a sua aceitação ou rejeição, é decidido pela observação e pela experiência – pelo resultado dos testes. Enquanto uma teoria resistir aos mais rigorosos testes que conseguirmos conceber, será aceite; quando não resistir, será rejeitada. Mas não é nunca inferida, em nenhum sentido, das provas empíricas. […] Só a falsidade da teoria pode ser inferida das provas empíricas, e essa inferência é puramente dedutiva.
K. Popper, Conjeturas e Refutações, Coimbra, Almedina, 2003, p. 83
«Só a falsidade da teoria pode ser inferida das provas empíricas, e essa inferência é puramente dedutiva.»
3. Explique esta afirmação de Popper.
RESPOSTA ÀS QUESTÕES:
1. O que se entende por critério de demarcação e qual é o critério proposto por Popper?
O critério de demarcação pretende distinguir as ciências das “pseudociências”. Se todo o nosso conhecimento, tanto o científico como os dogmas religiosos e os palpites astrológicos, são apenas conjeturas, isto é, hipóteses de explicação e compreensão do mundo, então qual a diferença entre o conhecimento científico e os dogmas religiosos ou as “pseudociências”? É que contrariamente a estes conhecimentos, as teorias científicas estão abertas à refutação e à falsificação pela experiência podendo, por isso, ser modificadas e corrigidas; os dogmas, pelo contrário, são tomados como verdades eternas que não são discutíveis e as teorias astrológicas são tão vagas e imprecisas que seja qual for a previsão que façam nunca se veem obrigadas a modificar as teorias mesmo que as previsões se revelem falsas pois encontram sempre forma de as interpretar à luz das teorias, não podendo, por isso, ser falsificadas pela experiência.
2. Que método é aquele que explica melhor a lógica das teorias científicas?
O método que se adequa à lógica científica é o de conjeturas e refutações. Cada teria representa uma tentativa de resolução de um ou vários problemas Conjetura é uma suposição validada por experiências, não é uma certeza ou verdade. As teorias científicas são hipóteses explicativas que foram provisoriamente corroboradas pela experiência, isto é, que ainda não foram falsificadas ou refutadas. Assim a ciência funciona com um conjunto de conjeturas, que podem ser futuramente refutadas. Para Popper, a ciência evolui no sentido de uma aproximação à verdade na medida em que vai eliminando os erros das teorias, substituindo-as por outras mais abrangentes e consistentes com os factos observados. A inferência que os cientistas fazem é dedutiva a partir de um caso de uma previsão falhada. Tipo: Modus Tollens, uma dedução condicional.
Se todos os corpos dilatam com o calor, e o tungstato de zircônio é um corpo, então dilata com o calor
O tungstato de zircônio não dilatou com o calor
Então nem todos os corpos dilata com o calor.
3. A ciência não é indutiva para Popper. Porquê?
Popper defende que a indução não é o método que permite a constituição das leis científicas:
Primeiro porque nenhuma observação se faz sem antes ter um problema teórico e, segundo; porque as leis são universais e necessárias, enquanto a conclusão de um raciocínio indutivo é sempre provável.
Embora seja um procedimento comum a algumas ciências como a Biologia, o método indutivo não permite a construção de leis universais e necessárias, só permite leis probabilísticas. Se há leis universais e necessárias em ciência, então, das duas uma, ou não são científicas, pois não são resultados de generalizações a partir de observações particulares, ou são científicas mas não são indutivas, são antes resultado de um método diferente: Hipotético/Dedutivo.
C - O Desenvolvimento da Ciência para
Thomas Khun
Quem foi Thomas Kuhn?
Thomas Kuhn foi um pensador norte-americano e um dos filósofos contemporâneos mais importantes, cujas ideias marcaram a reflexão sobre a ciência na segunda metade do séc. XX.
Qual é o padrão habitual de desenvolvimento de uma ciência?
Para Thomas Kuhn, as transições em ciência acontecem segundo um processo cíclico, em que se alternam três fases sucessivas: fase normal, fase crítica e fase revolucionária.
Podemos afirmar que, segundo Kuhn, o desenvolvimento da ciência processa-se do seguinte modo:
Pré-ciência → Paradigma → Ciência normal → Crise do paradigma/Ciência extraordinária → Revolução científica → Paradigma → …
11. O que é uma revolução científica, para Thomas Khun?
A revolução científica corresponde a uma mudança profunda nas convicções e no trabalho dos cientistas. Trata-se de um episódio não cumulativo, no qual a comunidade científica abandona o caminho até então seguido a favor de outra abordagem da sua disciplina, em geral incompatível com a anterior, alterando-se a forma como olha para o mundo e pratica ciência.
As grandes mudanças no desenvolvimento científico associadas a nomes como Copérnico, Newton, Lavoisier ou Einstein são episódios que espelham revoluções científicas. As alterações revolucionárias de uma dada tradição científica são relativamente raras.
1 Em que consiste a prática da ciência normal?
Ciência normal é a ciência que a maioria dos cientistas pratica no seu dia a dia. É a ciência em que o paradigma é encarado como um dado adquirido, que não deve ser desafiado. A ciência normal articula e desenvolve o paradigma. Kuhn descreve a ciência normal como a atividade de resolver enigmas, dirigida pelas regras do paradigma. Durante a atividade científica normal, a comunidade científica procede a reajustamentos e ao aumento da abrangência e precisão do paradigma. Trata-se, por esta razão, de uma atividade essencialmente cumulativa, conservadora e, por conseguinte, pouca dada à inovação.
1 Qual a importância do paradigma para a prática da ciência normal?
Desde logo, a existência de um paradigma é o que distingue a ciência da não ciência. É o paradigma que dá os suportes teóricos e práticos gerais da atividade da ciência normal.
Do mesmo modo, o paradigma estabelece as normas necessárias para tornar legítimo o trabalho dentro dessa ciência e forja a comunidade científica. Por fim, ele é também fundamental, pois coordena e dirige a atividade de resolver os problemas com que os cientistas se deparam na fase de ciência normal, fornecendo um critério para escolher aqueles que sejam solucionáveis. Em boa medida, como diz Kuhn, estes são os únicos problemas que a comunidade considerará científicos ou merecedores de atenção.
O que caracteriza o estado de crise?
As crises são uma pré-condição necessária para a emergência de novas teorias e paradigmas. Começam a formar-se quando se dá um acumular de anomalias que, pela sua quantidade e grau, põem em causa os fundamentos do paradigma. As anomalias levam a um esforço suplementar, por parte da comunidade científica, para tentar preservar a visão do mundo que o paradigma lhes garante. 45. O que se entende por ciência extraordinária? A crise provocada pela acumulação de anomalias pode originar alterações na prática científica, entrandose num período de ciência extraordinária. Aqui, os cientistas procuram encontrar soluções para as anomalias, uns dentro do paradigma vigente (ciência normal), outros fora desse modelo (ciência extraordinária). A ciência extraordinária é, portanto, a prática científica que acontece à margem do paradigma dominante.
Como terminam as crises?
Todas as crises terminam, segundo Kuhn, de uma de três maneiras: - A ciência normal acaba por ser capaz de lidar com o problema que gerou a crise. - O problema é etiquetado, mas abandonado e deixado para uma geração futura. - Emerge um novo candidato a paradigma e batalha-se pela sua aceitação.
Quais são as consequências de uma revolução científica?
A principal consequência de uma revolução científica é a mudança de paradigma, com tudo o que isso implica: novas práticas da ciência normal, porque novos serão os problemas e as soluções avançadas, novos pressupostos, novas teorias, etc. O novo paradigma será muito diferente do velho e incompatível com ele. No fundo, o que a revolução científica impõe é uma nova visão do mundo.
1 O que significa dizer que os paradigmas são incomensuráveis entre si?
Ao dizer que são incomensuráveis, Kuhn pretende dizer que eles não são comparáveis, nem tão-pouco podem servir de medida um para o outro, pois o novo paradigma não é melhor do que o anterior, é apenas diferente. Os proponentes de paradigmas rivais praticam a sua atividade em mundos completamente distintos, discordam sobre a lista de problemas a resolver e sobre os critérios a adotar e comunicam de forma forçosamente parcial: termos idênticos ganham novos significados e novos termos são adotados. A nova representação do real que o novo paradigma traz consigo não se acrescenta à precedente, pelo contrário, substitui-a. O que antes se via como um coelho passa a ser visto como um pato.
1 Podemos falar em objetividade em ciência, para Kuhn?
Os critérios que Kuhn considera para avaliar uma teoria são de dois tipos: objetivos e subjetivos. Os critérios objetivos são partilhados por toda a comunidade científica e são os seguintes: exatidão, consistência, alcance, simplicidade e fecundidade. Os critérios subjetivos, dada a natureza humana dos cientistas, também existem e devem ser considerados, pois, perante uma mesma realidade, a interpretação e as convicções podem fazer dois cientistas trabalharem de maneira diversa e adotarem paradigmas diferentes. Pelo facto de a escolha entre paradigmas estar sujeita a critérios subjetivos relevantes, não é possível falar em objetividade em ciência. Esta posição foi alvo de duras críticas, tendo sido frequentemente classificada como sendo, além do mais, contraditória.
Existem objeções a Kuhn?
Sim. Kuhn foi frequentemente acusado de defender uma posição relativista. Kunh rejeitou a crítica, considerando-a injusta e redutora. Todavia, não há dúvida de que algumas das suas afirmações a propósito do progresso científico parecem aproximar Kuhn da tentação relativista. Se os paradigmas são incomensuráveis, se não podemos comparar paradigmas nem concluir que um é superior ao outro, se não podemos estar certos de que nos aproximamos da verdade, o que nos resta? Para alguns, apenas o relativismo.
A. Questões de Escolha Múltipla:
1 – Kuhn considera que há períodos de consenso e períodos de divergência na comunidade científica. O fim de um período de consenso e a consequente entrada num período de divergência devem-se:
(A) ao aprofundamento do paradigma.
(B) à acumulação de anomalias.
(C) à resolução de enigmas.
(D) à atitude crítica própria da ciência normal.
Leia o texto:
Considere-se, para usar outro exemplo, os homens que chamaram louco a Copérnico por este proclamar que a Terra se movia. Eles não estavam simplesmente errados, nem completamente errados. Para eles, a ideia de posição fixa fazia parte do significado de «Terra». […] De modo correspondente, a inovação de Copérnico não se limitava a mover a Terra. Era, em vez disso, todo um novo modo de olhar para os problemas da física e da astronomia, um modo de olhar que mudava necessariamente o significado quer de «Terra», quer de «movimento».
T. Kuhn, A Estrutura das Revoluções Científicas, Lisboa, Guerra & Paz, 2009, p. 205
2. Para Kuhn, exemplos como o do texto anterior apoiam a ideia de que paradigmas diferentes são:
(A) extraordinários.
(B) comparáveis.
(C) incomensuráveis.
(D) revolucionários.
3 – Segundo Kuhn, quando uma comunidade científica se dedica sobretudo à resolução de enigmas, a ciência encontra-se num período:
(A) revolucionário.
(B) não paradigmático.
(C) de ciência extraordinária.
(D) de ciência normal.
B. Questão de Desenvolvimento:
Leia o texto.
Nenhum empreendimento de solução de enigmas pode existir a menos que os seus praticantes partilhem critérios que, para esse grupo e para essa época, determinem quando é que um enigma particular foi resolvido. Os mesmos critérios determinam necessariamente o fracasso em obter uma solução, e quem quer que tenha de escolher poderá ver nesse fracasso o fiasco de uma teoria submetida à prova. [Mas] normalmente […] não se vê assim o assunto. Só o praticante é censurado, não os seus instrumentos. Mas em circunstâncias especiais que provocam uma crise na profissão (por exemplo, um grande fracasso, ou fracassos repetidos dos profissionais mais brilhantes), a opinião do grupo pode mudar. Um fiasco que anteriormente fora pessoal pode então acabar por parecer o insucesso de uma teoria submetida a testes.
T. Kuhn, A Tensão Essencial, Lisboa, Edições 70, 1989, pp. 331-332
4. De acordo com Kuhn, como se explica a passagem da ciência normal para a ciência extraordinária?
Na sua resposta:
– esclareça as noções de ciência normal e de ciência extraordinária;
– integre adequadamente a informação do texto.
5. Apresente uma crítica à perspetiva de Kuhn acerca do desenvolvimento da ciência.
Na sua resposta, comece por explicitar o aspeto da perspetiva de Kuhn a que a crítica apresentada diz respeito.
C. Leia o texto de Thomas Khun e responda às questões:
[...A] «ciência normal» refere-se à investigação firmemente baseada numa ou mais realizações científicas passadas, realizações essas que uma certa comunidade científica reconhece por um tempo como base do trabalho que realiza. Essas realizações aparecem hoje em dia descritas nos manuais científicos, sejam eles elementares ou avançados, embora raramente na sua forma original. Estes manuais expõem o corpo teórico aceite, exemplificam muitas ou todas as suas aplicações bem-sucedidas e comparam estas aplicações com observações e experiências científicas exemplares. Antes de estes livros se tornarem populares no início do século XIX (e mais recentemente nas ciências que atingiram a maturidade mais tarde), muitos dos clássicos famosos da ciência desempenhavam uma função semelhante. A Física de Aristóteles, o Almagesto de Ptolomeu, os Principia e a Óptica de Newton, a Electricidade de Franklin, a Química de Lavoisier e a Geologia de Lyell – estas e muitas outras obras serviram durante um tempo para definir implicitamente os problemas e métodos legítimos dentro de um campo de pesquisa para as gerações subsequentes de investigadores. Estas obras desempenharam este papel porque tinham em comum duas características essenciais. A realização científica que representavam era suficientemente inovadora para atrair um grupo de aderentes estável, afastando-os de formas rivais de actividade científica. Simultaneamente, eram de tal modo indefinidas que uma grande variedade de problemas eram deixados em aberto, ficando o grupo de investigadores que entretanto se reorganizara com a tarefa de procurar resolvê-los.
Referir-me-ei daqui em diante às realizações científicas que partilham estas duas características como «paradigmas», um termo muito próximo de «ciência normal». Ao escolhê-lo, quis sugerir que alguns exemplos aceites de prática científica concreta – exemplos que reúnem leis, teorias, aplicações e instrumentos – fornecem modelos que dão lugar a uma determinada tradição de investigação científica coerente. Falo das tradições que os historiadores descrevem sob rubricas como «astronomia ptolomaica» (ou «coperniciana»), «dinâmica aristotélica» (ou «newtoniana»), «óptica corpuscular» (ou «óptica ondulatória»), e assim por diante. O estudo dos paradigmas, incluindo muitos que são bastante menos especializados do que aqueles a que me referi acima, é aquilo que prepara fundamentalmente o estudante para se tornar membro da comunidade científica no seio da qual exercerá a sua prática. Pelo facto de se associar a homens que aprenderam as bases do seu campo de trabalho com os mesmos modelos, a sua prática subsequente dificilmente suscitará discordância aberta sobre questões fundamentais. Os homens cuja investigação se baseia em paradigmas partilhados empenham-se em seguir as mesmas regras e critérios de prática científica. Esse comprometimento e o consenso aparente que ele produz são requisitos da ciência normal, isto é, do nascimento e continuação de uma determinada tradição de estudo científico.
Thomas S. Khun, A estrutura das revoluções científicas (1963)(Lisboa, Guerra e Paz, 2009), pp. 31-32.
1. O que é e como funcionam os cientistas no período de "Ciência normal"?
2. Quais os critérios pelos quais determinadas obras teóricas constituem paradigmas de investigação?
3. O que é um Paradigma? Dê exemplos.
4. Qual a função destes Paradigmas?
5. A ciência evolui, então, de forma descontínua. Explique.
Comparação entre as teorias da Ciência para
Karl Popper e Thomas Khun
Temas/Problemas
|
Karl Popper
|
Thomas Khun
|
Como entende a ciência?
|
Processo contínuo
|
Processo descontínuo
|
Como
progride a ciência?
|
A ciência evolui por conjeturas e refutações;
Qualquer conclusão
obtida por indução pode ser sempre revelar-se falsa;
A melhoria das
teorias dá-se por eliminação de erros;
Uma teoria é tanto
melhor quanto mais suscetível for de falsificação;
O erro é o motor de
progresso em ciência;
A ciência é uma aproximação
sucessiva à verdade;
Não temos forma de
saber se alguma vez alcançaremos a verdade;
A verdade é um ideal
regulador da ciência;
O conhecimento é
possível através de um método de falsificação de teorias (Falsificacionismo);
Elaboração de uma analogia com o evolucionismo e a ideia de seleção natural
As teorias que
melhor resistirem ao erro são as que se mantêm.
|
O conhecimento não evolui continuamente (por acumulação);
O desenvolvimento da
ciência não é uma aproximação à verdade;
O conhecimento
científico evolui através de revoluções científicas;
1º-Período de pré-
ciência- período antes de o paradigma estar devidamente constituído;
2º- Período da ciência normal- Surge
o paradigma como um modelo de
investigação através do qual os cientistas desenvolvem a sua atividade.
Neste período, a
atividade científica consiste em resolver problemas de acordo com as normas
do paradigma.
Os cientistas tentam
aumentar a credibilidade dessa teoria e aumentar o maior número de
explicações fornecidas pelo paradigma;
3º- Período
de crise - surgem demasiadas anomalias e problemas e o paradigma
torna-se incapaz de os solucionar, diminuindo a confiança no mesmo.
4º-Ciência
extraordinária- Corresponde ao fim de uma crise e só poderá ocorrer quando surgir
um novo paradigma.
No entanto, a instauração de um novo paradigma não é tarefa fácil. Para que
seja possível o seu aparecimento, é preciso que surja primeiro uma nova
teoria.
O paradigma é a base da
teoria de Kuhn e funciona como um dado adquirido, que não deve ser desafiado;
Os paradigmas
são incomensuráveis;
Não há critérios objetivos que permitam
comparar paradigmas e considerar um paradigma melhor que o outro - são
incompatíveis, rivais, ruptura, não aperfeiçoamento, revelam uma nova visão
do mundo.
|
Será a ciência é
objetiva?
|
Não.
Uma teoria não
corresponde à verdade absoluta;
A teoria científica
é apenas uma conjetura temporária;
Só sobrevive
enquanto for corroborada e resista aos testes de falsificação;
Uma teoria, mesmo
quando corroborada, deve ser sempre posta à prova pela comunidade científica.
|
Não.
A ciência não é
imune à subjetividade;
O consenso entre
cientistas e a partilha de crenças e ideias definem a verdade de uma teoria
num determinado período;
Os cientistas não se
libertam da realidade criada pelo paradigma;
Uma mesma realidade
pode fazer cientistas trabalharem de maneira diferente e adotar paradigmas
diferentes;
A subjetividade está
presente na escolha dos paradigmas;
Os paradigmas não são comparáveis, só se
substituem e só podemos afirmar que são distintos um do outro.
|
O que separa Popper de Kuhn?
Popper e Kuhn respondem de forma divergente ao problema do progresso em ciência. Popper crê que a eliminação de erros conduz, por aproximação, à verdade. O autor estabelece, neste ponto, uma analogia com o evolucionismo e a ideia de seleção natural: as teorias que melhor resistirem ao erro são as que se mantêm. Já para Kuhn, não existe progresso em ciência, nem por acumulação, nem por eliminação de erros. A transição sucessiva de um paradigma para outro ocorre por meio de revoluções científicas, nada garantindo que o novo paradigma seja mais verdadeiro que o anterior. Popper e Kuhn respondem também de forma relativamente distinta ao problema da objetividade em ciência. Popper crê que a ciência é objetiva, na medida em que se afasta progressivamente do erro e dado que existe um método que nos permite comparar teorias e afirmar que a teoria X está mais próxima da verdade do que a teoria Y. Para Kuhn, embora existam critérios objetivos na escolha de teorias, a ciência não é imune à subjetividade, já que esta desempenha um papel decisivo na escolha de um determinado modelo em detrimento de outro.
Karl Popper
A ciência é um processo contínuo e progressivo
As conjeturas e refutações são os pilares da evolução da ciência
As teorias são melhoradas a partir da eliminação de erros
Para Popper, uma teoria é tanto melhor quanto mais suscetível for de falsificação, ou seja, a melhor teoria é aquela que, tendo maior conteúdo empírico, pode ser testada e falsificada
A ciência é uma aproximação sucessiva à verdade (a meta a atingir)
A verdade é um ideal regulador da ciência
O Falsificacionismo (método que permite falsificar teorias e eleger as que mais se adequam à realidade) faz com que seja possível a objetividade da ciência
Thomas Kuhn
A ciência é um processo descontínuo
O conhecimento não evolui de forma contínua
Os paradigmas são incomensuráveis, ou seja, não são comparáveis entre si e não possuem uma medida comum
As teorias não evoluem com o propósito de se aproximarem da verdade
O consenso entre cientistas e a consequente partilha de crenças e ideais definem a verdade de uma teoria num determinado período
O cientista é sempre influenciado pela visão do mundo fornecida pelo paradigma e não se consegue libertar dela. Assim, o conhecimento científico não é objetivo.
Karl Popper e Thomas Kuhn
- Karl Popper critica o método indutivo e propõe o método hipotético dedutivo - os cientistas não devem começar pela observação e chegar a teorias gerais: generalização;
- Segundo Popper a ciência começa por uma teoria, ou seja, uma conjectura que posteriormente vai ser comparada com observações para ver se ela resiste aos testes;
- Se os testes estiverem de acordo copm a teoria, a conjectura não é refutada. Se os testes não estiverem de acordo com a teoria, os cientistas têm de procurar outra alternativa;
- O raciocínio que interessa à ciência são as refutações - a ciência não precisa da indução;
- Um único exemplo contrario basta para uma refutação e um numero de verificações elevado não basta para tornar a prova conclusiva;
- Sete mil gansos brancos não prova que todos os gansos são brancos, mas um único ganso preto prova que nem todos os gansos são brancos!
- A ciência é uma sequência de conjecturas e refutações;
- Em vez do método indutivo, Popper propõe o método hipotético dedutivo: as teorias cientificas são hipóteses e são substituíveis por outras quando são falsificadas;
- As teorias cientificas são sempre conjecturas ou hipóteses;
- As teorias cientificas não são provadas pela observação- quanto mais uma teoria resistir à falsificação, mais cientifica é;
- Popper chama demarcação à diferença entre a ciência e outras crenças - a ciência é falsificável, as superstições, não;
- Uma crença como a astrologia é vaga e é impossível afirmar que está errada pois é imprecisa;
- O critério de falsificabilidade distingue ciência de pseudociência - as pseudociências (astrologia, marxismo e psicanálise) são irrefutàveis;
- Thomas Khun não concorda com o indutivismo nem com o falsificacionismo de Popper;
- A ciência avança por saltos e revoluções;

- Um paradigma é uma teoria mental que classifica a realidade antes de qualquer investigação mais profunda.
- No momento em que o fenómeno é explicado pelo paradigma vive-se um período de ciência normal;
- Por vezes surgem anomalias que o paradigma não consegue explicar, a ciência entra num período de crise o que vai originar ao surgimento de um novo paradigma;
- A isto dá-se o nome de Revolução Cientifica: mudança de paradigma porque o anterior é insuficiente para explicar o real;
- Um paradigma tem de ser aceite pela comunidade cientifica e este inclui leis, suposições teóricas, forma de aplicar as leis e os instrumentos necessários para explicar o real;
- Segundo Thomas Kuhn, o paradigma tem aspectos de ordem metafisica e cientifica;
- Kuhn designa ciência normal um período de tempo em que uma comunidade cientifica adopta um determinado paradigma que permite explicar problemas;
- Neste período poderemos afirmar que a ciência tem um carácter cumulativo, constrói instrumentos mais potentes e eficazes para medir com exactidão e precisão - vive-se um período de calma em que não há novidades;
- Quanto maior for o conteúdo informativo de um paradigma mais facilmente ele poderá ser desmentido;
- Não é qualquer anomalia que leva a uma crise na ciência;
- A ciência entra em crise quando as falhas são tão sérias que o paradigma tem de ser substituído por outro, os cientistas tentam adaptar o seu paradigma às anomalias quando este resiste, a comunidade cientifica tem de remover.
- Se surgem muitas anomalias a ciência vive um período de crise pois já não há confiança no velho paradigma.
- Então o novo paradigma será muito diferente e até incompatível com o velho paradigma;
- Revolução cientifica significa a substituição de um velho paradigma por um novo;
- O período de revolução cientifica é, assim, um periodo de mudança de paradigmas - uma nova maneira de olhar o mundo.
- Os paradigmas são incompatíveis;
- Há critérios para a alteração do paradigma: a exactidão e a previsão quantitativa;
- A ciência desenvolve-se por revoluções cientificas, ou seja, o abandono por parte da comunidade cientifica de um velho paradigma e o aparecimento de um novo paradigma;
E como entendem os dois epistemólogos o avanço da ciência?
- Popper entendia o avanço da ciência através de conjecturas ou formulação de hipóteses para serem refutadas - é um crescimento continuo e constante das ciências.
- Para Kuhn o avanço da ciência é descontinuo e avança por rupturas.
Que concepção de verdade defendem Karl Popper e Thomas Khun?
- Embora o falsificacionismo de Popper pareça ter como preocupação de atingir a verdade, no entanto, o autor afirma a impossibilidade de formular um critério de verdade - a verdade é uma espécie de real revelado;
- Para atingir a verdade tem de se eliminar os erros, a ciência é verosímil pois chega a verdades aproximadas e nunca absolutas.
- A verdade não é o objectivo da ciência, só há verdade no interior do paradigma;
- Ao contrário da ciência moderna baseada no método indutivo e no progresso cumulativo, em Kuhn o progresso cientifico significa revolução cientifica!

Lola
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