terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Discurso Politico





O Discurso Politico





O discurso da propaganda política também representa uma outra forma de captar a atenção do auditório. A propaganda política que pretende ser eficaz vai ao encontro ou responde às necessidades e preocupações manifestadas pela chamada opinião pública. 

A opinião pública é o conjunto de pensamentos, conceitos e representações gerais dos cidadãos sobre as questões de interesse colectivo. A um 1º nível, pode ser entendida como a voz da sociedade civil ou a expressão da vontade colectiva, Assim, a opinião pública influencia a política e pode, inclusive, derrubar governos.





Actualmente, opinião pública é muito mais opinião de massas, na medida em que ela é cada vez mais a opinião (de) formada pelos meios de comunicação social, instrumento privilegiado de informação de massas.

As principais características da propaganda política são:
  1. Dirige-se a vários auditórios particulares;

  2. É sedutor;

  3. É muitas vezes manipulador e demagógico;

  4. Utiliza como técnicas discursivas as interrogações retóricas, as expressões ambíguas e as repetições;

  5. Reforça opiniões prévias;

  6. Forma e é formada pela opinião pública.




Qual o sentido da politica?

"A pergunta sobre o sentido da política e a desconfiança em relação à política são muito antigas, tão antigas quanto a tradição da filosofia política. Elas remontam a Platão e talvez até mesmo a Parménides e nasceram de experiências muito reais de filósofos com a polis:significa a forma de organização do convívio humano, que determinou, de forma tão exemplar e decisiva, aquilo que entendemos hoje por política que até mesmo a nossa palavra para isso, em todos os idiomas europeus, deriva daí.

Tão antigas quanto a pergunta sobre o sentido da política são as respostas que justificam a política; quase todas as classificações ou definições da coisa política que encontramos na nossa tradição são, quanto ao seu conteúdo original, justificações. 

Falando de maneira bastante geral, todas essas justificações ou definições têm como objectivo classificar a política como um meio para um fim mais elevado, sendo a determinação dessa finalidade bem diferente ao longo dos séculos. Contudo, essa diferença também pode ser reduzida a algumas poucas respostas básicas, e o facto de assim ser indica a simplicidade elementar das coisas com as quais temos de lidar aqui.







A política, assim aprendemos, é algo como uma necessidade imperiosa para a vida humana e, na verdade, tanto para a vida do indivíduo como da sociedade. Como o homem não é autárquico, porém depende de outros na sua existência, precisa haver um provimento da vida relativo a todos, sem o qual não seria possível justamente o convívio. Tarefa e objectivo da política é a garantia da vida no sentido mais amplo. 

Ela possibilita ao indivíduo procurar os seus objectivos, em paz e tranquilidade, ou seja, sem ser incomodado pela política — sendo antes de mais nada indiferente em quais esferas da vida se situam esses objectivos garantidos pela política, quer se trate, no sentido da Antiguidade, de possibilitar a poucos a ocupação com a filosofia, quer se trate, no sentido moderno, de assegurar a muitos a vida, o ganha-pão e um mínimo de felicidade. Como além disso, conforme Madison observou um dia, trata-se nesse convívio de homens e não de anjos, o provimento da vida só pode realizar-se através de um Estado, que possui o monopólio do poder e impede a guerra de todos contra todos.

Comum a essas respostas é o fato de elas se julgarem naturais, de que a política existe e existiu sempre e em toda parte, onde os homens convivem num sentido histórico-civilizacional. Para esse carácter natural, costuma-se recorrer à definição aristotélica do homem enquanto ser político, e esse recurso não é indiferente porque a polis determinou de maneira decisiva, tanto em termos de idioma como de conteúdo, a concepção europeia do que seria política originalmente e que sentido ela tem. Tampouco é indiferente porque a citação de Aristóteles baseia-se num equívoco também bastante antigo, embora pós-clássico.

Aristóteles, para quem a palavra politikon era de fato um adjectivo da organização da polis e não uma designação qualquer para o convívio humano, não achava, de maneira nenhuma, que todos os homens fossem políticos ou que a política, ou seja, a polis, houvesse em toda parte onde viviam homens. Da sua definição estavam excluídos não apenas os escravos, mas também os bárbaros asiáticos, os reinos de governo despótico, de cuja qualidade humana não duvidava, de maneira alguma. Ele julgava ser apenas uma característica do homem o facto de poder viver numa polis e que essa organização da polis representava a forma mais elevada do convívio humano; por conseguinte, é humana num sentido específico, tão distante do divino que pode existir apenas para si em plena liberdade e independência, e do animal cujo estar junto, onde existe, é uma forma da vida na sua necessidade. 

Portanto, a política na acepção de Aristóteles — e Aristóteles não reproduz aqui, como em muitos outros pontos dos seus escritos políticos, a sua opinião sobre a coisa, mas sim a opinião compartilhada por todos os gregos da época, embora em geral não articulada — não é, de maneira nenhuma, algo natural e não se encontra, de modo algum, em toda parte onde os homens convivem. 
Ela existiu, segundo a opinião dos gregos, apenas na Grécia e mesmo ali num espaço de tempo relativamente curto.

Hannah Arendt, Qual o sentido da política







Lola


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