quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Teorias explicativas do conhecimento




 Teorias explicativas do conhecimento


O homem sentiu, desde sempre, necessidade de explicar o mundo que o rodeia. Por isso, o problema do conhecimento foi colocado logo desde o início da filosofia grega.
Embora o conhecimento seja, não um estado mas sim  um processo e, como tal,    necessariamente relacionado com a actividade prática do homem (conhecer não é só possuir uma representação mental do mundo, é também actuar no mundo a partir da representação que dele temos), tradicionalmente, o conhecimento foi descrito como uma relação entre um  sujeito, enquanto agente conhecedor, e um objecto, enquanto coisa conhecida

Em que se distingue a análise fenomenológica do conhecimento das teorias explicativas do conhecimento?

A fenomenologia DESCREVE o conhecimento, procurando a estrutura comum aos elementos do conhecimento.
Há, no entanto teorias que INTERPRETAM o conhecimento respondendo aos grandes problemas do conhecimento, nomeadamente: o problema da natureza, possibilidade e origem do conhecimento.

Quais são os principais problemas colocados na abordagem filosófica do conhecimento? 

Os três grandes problemas filosóficos que se colocam ao conhecimento são:

 Qual a natureza do conhecimento ? O que é que conhecemos? Os próprios objectos, ou as representações, em nós, dos mesmos?  

 Qual a  possibilidade do conhecimento?Pode o sujeito apreender o objecto?  Atingir a verdade, a essência das coisas, ou está condenado às suas múltiplas aparências? 


 Qual a origem do conhecimento: a razão ou a experiência? 





Quais as Teorias que  respondem a esses mesmos problemas?



Acerca da natureza do conhecimento, há duas teorias:

  •        O Realismo O realismo afirma que no acto do conhecimento, o sujeito consegue apreender um objecto que é independente e distinto dele. Afirma a existência do real. O nosso conhecimento corresponde à realidade, mas é da mesma distinto. Conhecer é apreender a realidade existente na experiência interna (actos da consciência) ou na experiência externa (objectos do mundo sensível).Os objectos existem independentemente dos sujeitos.
  •        O  Idealismo: Nega a existência do real. A realidade é reduzida a ideias: o mundo sensível é um mero produto do pensamento. Os objectos só existem enquanto representações, não têm uma existência independente.  
     O idealismo defende que não é o objecto em si que conhecemos mas o objecto tal como se nos representa. Por isso, não podemos saber sequer se há coisas reais, transcendentes ou exteriores ao espírito ou, se pelo contrário, tudo quanto existe está no espírito.


Acerca da possibilidade  do conhecimento, há duas teorias:

  •         O dogmatismo (dogmatikós, em grego significa que se funda em príncípios ou é relativo a uma doutrina)  defende a apreensão absoluta da realidade pelo sujeito. Esta posição assenta numa total confiança na razão humana.

  •     O cepticismo (skeptikós, em grego significa "que observa", que considera") defende a impossibilidade do sujeito apreender a realidade. Esta posição desconfia na razão humana. O cepticismo na sua foram mais radical, foi defendido pela primeira vez por Pirrón (c.270 a.C). Este filósofo afirmava que de nada podemos afirmar ser verdadeiro ou falso, belo ou feio, bom ou mau.Apenas nos resta suspender todos os juízos. Na Idade Moderna  Montaigne e Hume manifestaram igualmente posições cépticas.

   


Acerca da origem  do conhecimento, há duas teorias que procuram responder a questões como:



 Será que  todo o conhecimento procede apenas da experiência? 
Será que alguns dos nossos conhecimentos têm a sua origem na razão? 
Ou será 
que todo o conhecimento resulta de uma elaboração racional a partir dos dados da experiência?




Como é que o racionalismo e o empirismo explicam a origem do conhecimento?



 O racionalismo defende que:
  •  a razão como fonte principal do conhecimento.
  • O conhecimento sensível é considerado enganador. Por isso,
  • as representações da razão são as mais certas, e as únicas que podem conduzir ao  conhecimento logicamente necessário e universalmente válido. 
 A razão é capaz de conhecer a estrutura da realidade a partir de princípios puros da própria razão. A ordenação lógica do mundo permite compreender a sua estrutura de forma dedutiva. O racionalismo segue, neste aspecto, o modelo matemático de dedução a partir de um reduzido número de axiomas.
Os racionalistas consideram que só é verdadeiro conhecimento aquele que for logicamente necessário e universalmente válido, isto é, o conhecimento matemático é o próprio modelo do conhecimento. Assim sendo, o racionalismo tem que admitir que há determinados tipos de conhecimento, em especial as noções matemáticas, que têm origem na razão. Não quer isso dizer que neguem a existência do conhecimento empírico. Admitem-no. Consideram-no porém como simples opinião, desprovido de qualquer valor científico. O conhecimento, assim entendido, supõe a existência de ideias ou essências anteriores e independentes de toda a experiência.
    Descartes defende uma particular posição no interior do racionalismo: o racionalismo inatista - na razão há ideias inatas.

 Os racionalistas:
  •  partem do princípio que o sujeito cognoscente é activo e, ao criar uma representação de qualquer objecto real, está a submete-lo às suas estruturas ideias.
  •  partem do princípio que possuímos  ideias inatas e que
  •  a realidade é uma construção da razão.

Entre os filósofos defensores de uma perspectiva racionalista do conhecimento, destacam-se Platão,  René Descartes (1596-1650), Spinoza (1632 -1677) e Leibniz (1646-1716) 


  O empirismo defende:
  •  A experiência é a fonte de todo o conhecimento, mas também o seu limite.
  • Os empiristas negam a existência de ideias inatas, como defendiam Platão e Descartes.
  • A mente está vazia, é uma espécie de "tábua rasa"  antes de receber qualquer tipo de informação proveniente dos sentidos.
  • Todo o conhecimento sobre as coisas, mesmo aquele em que  se elaboram leis universais, provém da experiência, por isso mesmo, só é válido dentro dos limites do observável. 

 O empirismo considera como fonte de todas as nossas representações os dados fornecidos pelos sentidos. Assim, todo o conhecimento é «a posteriori», isto é, provém da experiência e a ela se reduz. Segundo os empiristas, até as noções matemáticas seriam cópias mentais estilizadas das figuras e objectos que se apresentam à percepção.


    " Os pontos, as linhas, os círculos que cada um tem no espírito são simples cópias dos pontos, linhas e círculos que conheceu na experiência"
                                                                                                                           Stuart Mill

Os empiristas reservam para a razão a função de uma mera organização de dados da experiência sensível, sendo as ideias ou conceitos da razão simples cópias ou combinações de  dados provenientes da experiência.  

 Filosófos representantes da perspectiva empirista:  John Locke (1632 -1704) e David Hume (1711-1776).  

      

NOTA: 


como o programa permite e exige a opção entre um problema do conhecimento e as duas teorias explicativas que lhe respondem, apenas será leccionada a problemática da ORIGEM DO CONHECIMENTO e, consequentemente, o empirismo e o racionalismo.





Lola

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