Foto André Teixeira |
Críticas à Fenomenologia
Que críticas se poderão fazer à Fenomenologia do conhecimento?
Síntese:
Centremo-nos nos seguintes exemplos:
- O bebé conhece o prato da papa;
- O adolescente conhece as notas da pauta;
- O médico conhece o diagnóstico do doente;
- A cozinheira conhece os ingredientes do prato típico da região.
Nota: Os sujeitos que conhecem têm características diferentes como: idade, género, raciocínio, vivências, contexto, cultura e educação - que não são tidos em conta pela fenomenologia ( pois a fenomenologia só descreve a estrutura comum a todo o acto do conhecimento).
- Ignora o contexto do S (sujeito) e do O (objecto) - descontextualizando-os;
- Limita-se a descrever, quando o essencial da Filosofia é interpretar o que origina várias perspectivas ou teorias - por exemplo, o EMPIRISMO e o RACIONALISMO como respostas ao problema da origem do conhecimento;
- Limita-se a descrever o essencial ou que é comum a todo o conhecimento, não distinguindo tipos de conhecimento;
- Para a fenomenologia, S e O são entidades abstractas, "fora do mundo";
- A fenomenologia vê o conhecimento como um acto, é algo de estático e nós sabemos, desde Jean Piaget, que o conhecimento é um processo dinâmico.
- Poderemos entender a fenomenologia como um método redutor e limitado de análise do conhecimento.
- A fenomenologia é um método que permite encontrar a estrutura comum a qualquer conhecimento, procurando o que é essencial e se encontra em todo o tipo de conhecimento;
- Este método foi desenvolvido por Edmund Husserl para evidenciar o que acontece no acto do conhecimento independente e previamente a qualquer interpretação do mesmo;
- A fenomenologia descrevendo o fenómeno do conhecimento como algo que se apresenta à nossa consciência, pode ser aplicado a vários níveis de cultura nomeadamente à religião, arte e valores.
A quem interessar:
A fenomenologia é um movimento radicalmente oposto ao
positivismo, porque se centra na experiência intuitiva capaz de apreender o
mundo exterior e porque abala a crença mantida pelo homem comum de que os
objectos existiam independentemente de nós mesmos nesse suposto mundo que nos
seria estranho.
Foi graças a Husserl que a fenomenologia se transformou numa
disciplina que se ocupa do estudo dos fenómenos puros, como estudo descritivo
de tudo quanto se revela no campo da consciência transcendental. Husserl afirma
que, ao nível da consciência, podemos ter a certeza sobre a forma como
apreendemos os fenómenos em si mesmos, ilusórios ou reais, mesmo que não exista
evidência sobre a existência independente das coisas.
Toda a consciência é
consciência de alguma coisa, isto é, não há consciência sem um objecto de
referência, porque um pensamento está sempre “voltado para” algum objecto.
O
mundo exterior fica assim reduzido àquilo que se forma na nossa consciência, às
realidades que constituem os puros fenómenos, num processo a que Husserl chama a redução fenomenológica.
Se não pode existir um acto de pensamento consciente sem um objecto de
referência, também não pode existir um objecto sem existir também um sujeito
capaz de o interpretar e apreender.
O que ficar de fora desta correlação
fundamental deve ser excluído porque não está “imanente” à consciência e porque
não é real — os fenómenos são reais enquanto parte do mundo que a nossa
consciência concebe. Isto significa que os fenómenos só existem porque os compreendemos,
na exacta medida em que lhes conseguimos atribuir um significado.
Esta
perspectiva coloca o objecto da filosofia na "experiência vivida" do
sujeito, em vez de concepções metafísicas que escapariam ao trabalho da
consciência e às quais não seria possível atribuir uma intencionalidade.
In Carlos Ceia
E- Dicionario de termos literarios
Lola
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