A extensão cartesiana
Pela aplicação da dúvida metódica,Descartes, assumiu a existência do cogito, isto é, da sua existência como ser pensante. Contudo, levantava-se a questão de existência do mundo que o rodeava. A negação do valor dos sentidos como meio de acesso ao conhecimento verdadeiro colocava-o, de facto, perante a situação de ter que duvidar da existência da árvore que estava naquele momento a ver.
Revelado o cogito ou ser pensante, mostrada a existência de Deus, o filosofo continua a interrogar-se com o objectivo de descobrir se não existirão outras coisas além de si e de Deus.
Passando em revista o conteúdo evidente da razão, descobre para além das ideias claras e distintas de Deus e do pensamento, uma outra ideia que se lhe impõe como evidente: a ideia de extensão, tal como era entendida pelos geómetras:
"Se bem que estejamos persuadidos de que há corpos que estão realmente no mundo, contudo, como tínhamos duvidado até aqui, (...) é necessário que encontremos razões que nos permitam ter sobre isto um conhecimento certo. Em primeiro lugar, experimentamos em nós próprios que tudo o que sentimos em nós vem de qualquer coisa distinta do nosso pensamento. (...) É verdade que poderíamos indagar se seria Deus ou qualquer outro ser diferente; mas porque os nossos sentidos nos excitam apercebemo-nos clara e distintamente de uma matéria extensa em comprimento, largura e profundidade cujas partes tem figuras e movimentos diversos, donde procedem os sentimentos que temos das cores, dos odores, da dor, etc. , se fosse Deus a apresentar imediatamente por si próprio a ideia dessa matéria extensa, ou pelo menos, permitisse que fosse causada em nós por qualquer coisa que não tivesse extensão, figura e movimento, não poderíamos encontrar razões que nos impedissem de crer que ele tinha prazer em nos enganar. Porque concebemos essa matéria como uma coisa diferente de Deus e do nosso pensamento, parece-nos que a ideia que temos dela se forma em nós em contacto com os corpos de fora, aos quais é inteiramente semelhante. Ora, como Deus não nos engana, porque isso repugna à sua natureza (...), temos de concluir que há uma certa substância extensa (...) que existe presentemente no mundo com todas as propriedades que sabemos manifestamente pertencer-lhe. E esta substância extensa é o que chamamos propriamente corpo, ou a substância das coisas materiais."
Agora, Descartes, encontrou uma outra substancia: a rés extensa.
E o que é a extensão?
E a caracteristica dos corpos em comprimento, largura e altura!
Descartes, Princípios de Filosofia
Agora, Descartes, encontrou uma outra substancia: a rés extensa.
E o que é a extensão?
E a caracteristica dos corpos em comprimento, largura e altura!
Ora, a substância extensa (ou matéria), possui propriedades primárias que são essenciais dos corpos (extensão e movimento) e propriedades secundárias (cores, cheiros,), sendo estas últimas atributos não essenciais :
"Há apenas uma única matéria em todo o universo e conhecemo-la só pelo facto de ser extensa; porque todas as propriedades que percebemos distintamente nelas referem-se à divisibilidade e ao movimento relativamente às suas partes e à possibilidade de perceber todas as diversas disposições que notamos poderem dar-se pelo movimento das partes."
Descartes, Princípios de Filosofia
Lola
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