Valores e Realidade
Examinemos, porém, agora, mais de perto, este fenómeno da realização dos valores. A primeira coisa que se nos depara é esta: os valores, que começam por ser algo de ideal, por pertencer a uma esfera de ser ideal e de valer, como vimos, penetram em certo momento na esfera do real. O valor irreal torna‑se real, isto é, assume existência, encarna. Mas como se passa isto? Evidentemente não no sentido de o valor se tornar real em si mesmo, de passar a ser aquilo que era, de passar a existir independentemente, como uma coisa, ou de assumir uma força de ser substancial. Não consiste num ser em si mesmo, mas num ser que está noutro ser.
Assim, por exemplo, um valor estético converte‑se em existencial no quadro do pintor; o valor ético, na acção do homem virtuoso. O quadro do pintor passa então a chamar‑se 'belo', a acção do homem, a chamar‑se 'boa'. Isto é: os valores, portanto, só podem tornar‑se existenciais sob a forma de qualidades, características, modos de ser. Não possuem um ser independente, mas são de certo modo 'trazidos', sustentados' pelos objectos nos quais se realizam; estes objectos tornam‑se seu 'suporte', as coisas são então 'portadoras' dos valores."
Assim, por exemplo, um valor estético converte‑se em existencial no quadro do pintor; o valor ético, na acção do homem virtuoso. O quadro do pintor passa então a chamar‑se 'belo', a acção do homem, a chamar‑se 'boa'. Isto é: os valores, portanto, só podem tornar‑se existenciais sob a forma de qualidades, características, modos de ser. Não possuem um ser independente, mas são de certo modo 'trazidos', sustentados' pelos objectos nos quais se realizam; estes objectos tornam‑se seu 'suporte', as coisas são então 'portadoras' dos valores."