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sexta-feira, 6 de abril de 2018

Relativismo cultural





Relativismo cultural


 "O relativismo cultural desafia a nossa crença habitual na objectividade e universalidade da verda­de moral. Culturas diferentes têm códigos morais diferentes. Logo, não há uma verdade objecti­va de moralidade. Certo e errado são apenas questões de opinião e as opiniões variam de cultura para cultura. Podemos chamar a isto o argumento das diferenças culturais. Para muitas pessoas é persua­sivo. Mas, de um ponto de vista lógico, será sólido? Não é sólido. O problema é que a conclusão não se segue da premissa - isto é, mesmo que a premissa seja verdadeira a conclusão pode continuar a ser falsa. A premissa diz respeito àquilo em que as pessoas acreditam - em algumas sociedades as pessoas acreditam numa coisa; noutras sociedades acreditam noutra. O erro fundamental do argumento das diferenças culturais é que tenta derivar uma conclusão substancial sobre um tema partindo do mero facto de pessoas discordarem a seu respeito".


James Rachels, Elementos de Filosofia Moral









Pausas para rezar tiram têxteis portugueses de África




A mão de obra proveniente do Bangladesh e Índia é “abundante e qualificada”, motivo pelo qual tem ganho mais adeptos entre os empresários têxteis portugueses
A nova prática das fábricas têxteis portuguesas é a contratação de trabalhadores oriundos do Bangladesh e Índia para fazer face à falta de mão de obra qualificada em Portugal.
Enquanto que até agora a preferência era a deslocalização da produção para países como Marrocos ou Tunísia, a importação de trabalhadores passou a ser a opção favorita porque, naqueles países do Norte de África, os trabalhadores perdem muitas horas a rezar.

In JN
Delfim Machado
15 de Março de 2018

Tarefa:

Analise a notícia tendo em conta o conteúdo do texto de James Rachels.




Lola

Relativismo cultural


Marisa Pires, subcomissária da PSP,  27 anos

Relativismo cultural – James Rachels



O relativismo cultural, como tem sido chamado, desafia a nossa crença habitual na objetividade e universalidade da verdade moral. Afirma, com efeito, que não existe verdade universal em ética; existem apenas os vários códigos morais e nada mais. Além disso, o nosso próprio código moral não tem um estatuto especial: é apenas um entre muitos. […]
A primeira coisa que precisamos de fazer notar é que no âmago do relativismo cultural está uma certa forma de argumento. A estratégia usada pelos relativistas culturais é argumentar, a partir de factos sobre as diferenças entre perspetivas culturais, a favor de uma conclusão sobre o estatuto da moralidade [como se segue].

1. Culturas diferentes têm códigos morais diferentes.
2. Logo, não há uma «verdade» objetiva na moralidade. Certo e errado são apenas questões de opinião e as opiniões variam de cultura para cultura.

Podemos chamar a isto o argumento das diferenças culturais. Para muitas pessoas é persuasivo. Mas, de um ponto de vista lógico, será sólido? Não é sólido. O problema é que a conclusão não se segue da premissa – isto é, mesmo que a premissa seja verdadeira, a conclusão pode continuar a ser falsa. A premissa diz respeito àquilo em que as pessoas acreditam – em algumas sociedades as pessoas acreditam numa coisa; noutras sociedades acreditam noutra. A conclusão, no entanto, diz respeito ao que na verdade se passa. O problema é que este tipo de conclusão não se segue logicamente deste tipo de premissa. […]

Para tornar este aspeto mais claro, considere-se um tema diferente. Em algumas sociedades as pessoas acreditam que a Terra é plana. Noutras sociedades, como a nossa, as pessoas acreditam que a Terra é (aproximadamente) esférica. Segue-se daqui, do mero facto de as pessoas discordarem, que não há «verdade objetiva» em geografia? Claro que não; nunca chegaríamos a tal conclusão, porque percebemos que, nas suas crenças sobre o mundo, os membros de algumas sociedades podem simplesmente estar errados. Não há qualquer razão para pensar que se o mundo é redondo, todos têm de saber disso. Da mesma maneira, não há qualquer razão para pensar que, se existe uma verdade moral, todos têm de conhecê-la. O erro fundamental no argumento das diferenças culturais é que tenta derivar uma conclusão substancial sobre um tema partindo do mero facto de as pessoas discordarem a seu respeito.

James Rachels, Elementos de Filosofia Moral,
 trad. port. F. J.  Azevedo Gonçalves, Lisboa,
Gradiva, 2002, pp. 36-39





Lola

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Relativismo Cultural





Relativismo Cultural


O meu nome é Ana Relativista. Aderi ao relativismo cultural ao compreender a profunda base cultural que suporta a moralidade.
Fui educada para acreditar que a moral se refere a factos objetivos. Tal como a neve é branca, também o infanticídio é um mal. Mas as atitudes variam em função do espaço e do tempo. As normas que aprendi são as normas da minha própria sociedade; outras sociedades possuem diferentes normas. A moral é uma construção social. Tal como as sociedades criam diversos estilos culinários e de vestuário, também criam códigos morais distintos. Aprendi-o ao estudar antropologia e vivi-o no México quando estive lá a estudar.

Considere a minha crença de que o infanticídio é um mal. Ensinaram-me isto como se se tratasse de um padrão objetivo. Mas não é; é apenas aquilo que defende a sociedade a que pertenço. Quando afirmo "O infanticídio é um mal" quero dizer que a minha sociedade desaprova essa prática e nada mais. Para os antigos romanos, por exemplo, o infanticídio era um bem. Não tem sentido perguntar qual das perspetivas é "correta". Cada um dos pontos de vista é relativo à sua cultura, e o nosso é relativo à nossa. Não existem verdades objectivas acerca do bem ou do mal. Quando dizemos o contrário, limitamo-nos a impor a nossas atitudes culturalmente adquiridas como se se tratassem de "verdades objectivas".
"Mal" é um termo relativo. Deixem-me explicar o que isto significa. Quero dizer que nada está absolutamente "à esquerda", mas apenas "à esquerda deste ou daquele" objecto. Do mesmo modo, nada é um mal em absoluto, mas apenas um mal nesta ou naquela sociedade particular. O infanticídio pode ser um mal numa sociedade e um bem noutra.
Podemos expressar esta perspetiva claramente através de uma definição: "X é um bem" significa "a maioria (na sociedade em questão) aprova X". Outros conceitos morais como "mal" ou "correcto", podem ser definidos da mesma forma. Note-se ainda a referência a uma sociedade específica. A menos que o contrário seja especificado, a sociedade em questão é aquela a que pertence a pessoa que formula o juízo. Quando afirmo "Hitler agiu erradamente" quero de facto dizer "de acordo com os padrões da minha sociedade".
O mito da objetividade afirma que as coisas podem ser um bem ou um mal de uma forma absoluta — e não relativamente a esta ou àquela cultura. Mas como poderemos saber o que é o bem ou o mal em termos absolutos? Como poderíamos argumentar a favor desta ideia sem pressupor os padrões da nossa própria sociedade? As pessoas que falam do bem e do mal de forma absoluta limitam-se a absolutizar as normas que vigoram na sua própria sociedade. Consideram as normas que lhes foram ensinadas como factos objectivos. Essas pessoas necessitam de estudar antropologia, ou viver algum tempo numa cultura diferente.
Quando adotei o relativismo cultural tornei-me mais recetiva a aceitar outras culturas. Como muitos outros estudantes, eu partilhava a típica atitude "nós estamos certos e eles errados". Lutei arduamente contra isto. Apercebi-me de que o outro lado não está "errado" mas que é apenas "diferente". Temos, por isso, que considerar os outros a partir do seu próprio ponto de vista; ao criticá-los, limitamo-nos a impor-lhes padrões que a nossa própria sociedade construiu. Nós, os relativistas culturais, somos mais tolerantes.

Através do relativismo cultural tornei-me também mais recetiva às normas da minha própria sociedade. O RC dá-nos uma base para uma moral comum no interior da cada cultura — uma base democrática que abrange as ideias de todos e assegura que as normas tenham um amplo suporte. Assim, posso sentir-me solidária com pessoas que partilham comigo uma mesma comunidade, ainda que outros grupos possuam diferentes valores.

Harry Gensler,  

Ethics: A contemporary introduction





Lola
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