O Luís e o Pedro (hoje alunos universitários) a ladear a professora numa aula de sensibilização à leitura pela Professora Bibliotecária da escola.
A pedido deles fica a foto e o agradecimento da professora pela ideia e construção do blog que, em muito, ajudou os alunos com materiais de apoio no percurso desta nobre arte que é a FILOSOFIA!.
Ajudaram-me a dar os primeiros passos...
...agora já vou tendo uma relativa "autonomia" para continuar...
Eu que não gostava nada de computadores!
Hoje, porém, discordo da perspectiva de...
NUNO CRATO E OS COMPUTADORES NO ENSINO
É muito
difícil saber se a introdução de computadores no ensino melhora
ou prejudica a aprendizagem. Ou se os jovens que estudam em
casa com recurso a computadores têm, só por esse facto, uma
vantagem significativa.
Tirar
conclusões fiáveis sobre as causas de fenómenos sociais é
notoriamente difícil. O físico Richard Feynman salientava a dificuldade
com que os físicos tiram conclusões a partir de estudos muito rigorosos, feitos
por dezenas de cientistas e nas mais variadas condições laboratoriais. E
contrastava essa dificuldade com o desembaraço com que alguns sociólogos
parecem tirar conclusões a partir de dados vagos e controversos. "Tenho a
vantagem de saber como é difícil descobrir verdadeiramente alguma coisa",
dizia, "como se tem de ser cuidadoso a verificar as experiências, como é
fácil errarmos e enganarmo-nos".
Nos
estudos sociais, uma das razões por que é fácil errarmos e enganarmo-nos é
o facto de os dados misturarem tantas variáveis que o efeito daquelas que
queremos estudar é facilmente ofuscado por outras que lhes vêm associadas. É
muito difícil, por exemplo, saber se a introdução de computadores no ensino
melhora ou prejudica a aprendizagem, pois ao mesmo tempo que são
introduzidos os computadores são feitas outras mudanças e não se sabe se foi
por estes ou por aquelas que as melhorias ou os retrocessos aconteceram.
Também
é difícil saber se os jovens que estudam em casa com recurso a
computadores têm, só por esse facto, uma vantagem significativa. As famílias
com posses para oferecer computadores aos filhos também lhes oferecem outros
recursos de estudo (explicadores, mais acesso à cultura, melhores condições de
vida).
Num estudo recente, um grupo de investigadores da Universidade
Duke, na Carolina do Norte, nos Estados Unidos, procurou ultrapassar
estas dificuldades (www.nber.org/papers/w16078.pdf) . Analisou uma amostra gigantesca, de 150 mil jovens, seguidos ao
longo de cinco anos. Os dados permitiram observar os resultados dos alunos em
matemática e na leitura em dois momentos: antes e depois da introdução de um
computador para o estudo em casa. Desta forma, foi possível estudar o seu
impacto no progresso dos estudos de cada estudante, independentemente do seu
meio social.
Os
resultados são surpreendentes. Após a introdução do computador pessoal
no seu quarto de estudo, os jovens não melhoram os seus conhecimentos. Os
rapazes têm mesmo algum retrocesso escolar, um retrocesso modesto, mas
estatisticamente significativo. Não se sabe a que isso se deve, mas os
investigadores notaram a tendência a usar os computadores não como instrumento
de estudo, mas sim como meio de comunicação e de diversão. O correio
eletrónico, as mensagens instantâneas, os jogos na Internet e
outras atividades tornam-se uma fonte de dispersão constante.
Poder-se-ia
também pensar que a oferta de computadores aos jovens de meios mais
desfavorecidos seria um meio de igualização social. Mas este estudo notou que o
retrocesso subsequente à introdução de computadores é maior precisamente nesses
jovens. Nas famílias com mais dificuldades, o apoio familiar na orientação do
uso dos computadores para objetivos escolares é menor e os jovens dispersam-se
mais.
Quer
isto dizer que não se devem usar computadores no ensino? De forma alguma. Mas quer dizer que as novas tecnologias não são,
por si só, solução para os problemas de aprendizagem. Nada substitui o
professor e o estudo organizado.
In Expresso de 14 de Julho de 2010
LOLA
Nuno
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