segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Richard Zimler



AO ENCONTRO DE RICHARD ZIMLER


Richard

(permita-me que o trate com este modo familiar pois afinal somos sensivelmente da mesma idade) não o conhecia até há oito dias atrás. No corredor de acesso à sala de professores cruzava-me diariamente com o seu rosto e ainda não tinha parado um pouco para o observar com a delicadeza que suscita.
Há poucos dias disseram-me que teria a tarefa nobre de o conhecer e de o apresentar aos alunos da escola, que o lêem e aos potenciais apreciadores das suas obras onde as palavras se entrelaçam num jogo harmonioso de personagens, espaços, tempos, descrições, cores e afectos.
Depois…bem, depois, fui ler com muito cuidado alguma informação sobre o escritor, olhando-o mais profundamente e procurando nele, não simplesmente uma cronologia que a todos está acessível mas, e sobretudo, os gostos, ideais, paixões, desafios, projectos, tempos livres,  figuras de referência a nível mundial e os livros novos que vai sonhando!
Folheei a “Ilha Teresa” e nele encontrei a pergunta pela morte, pelo sentido das flores que oferecemos, o desconforto doloroso das lágrimas e a saudade da ausência!
Adorei a camisa que o escritor vestiu à Henriqueta na personagem do ZeZé que tinha um avô carpinteiro com um coração grande mas muito fraquinho que um dia parou…arrancando, deste modo, bruscamente neto do colo, do cheiro e do conforto dos abraços protectores!
Querido escritor
Quis comparar os nossos dois mundos e …
…fui descobrindo que toca guitarra e pinta e eu gosto de Carlos Santana e de Van Gogh; que tem uma preferência pela cor azul e eu gosto de vermelho, mas tenho os meus filhos com olhos azuis: Gosta de meias e eu de sapatos, adora cachecóis e eu chapéus, não tem especial apreço por roupa de marca,exactamente como eu, defende valores como a AMOR, a solidariedade, o ambiente e a liberdade, mas abomina fundamentalismos, a tortura eo desprezo pelos animais. Admira, tal como eu, esse modelo de vida que é Nelson Mandela e espera um mundo mais igual quer a nível de oportunidades quer a nível de remunerações.Não tem partido político mas está satisfeito com a vitória de Barack Obama…e eu também!



Ouve Rolling Stones, Beatles e, provavelmente, Doors, Leonard Cohen e Simon &Garfunkel que me agradam particularmente, até porque temos o privilégio de pertencer a uma geração de música de excelência que, com alguma resistência, por vezes, vamos partilhando com os alunos mais novos.
Jovem aventureiro em S. Francisco, confessa que se não fosse escritor seria uma estrela de rock e agrada-lhe especialmente a fidelidade dos leitores portugueses.
Tem no pensamento um livro para crianças “O cão que comia a chuva” e um próximo romance “O guarda-nocturno” e isto traz-me à memória a velha motorizada do Sr. Leandro, o guarda nocturno, que nos meus tempos de faculdade passava, diariamente, junto à minha casa, no Porto, e que, sem saber, estabelecia o limite temporal de estudo entre duas disciplinas.
Por tudo isto…
… um destes dias, vou começar a ler, com mais atenção, com um sentido mais intenso e prazeroso, com  um encanto mais reconfortante, com uma envolvência colorida, as palavras do homem cujo desafio é “escrever um romance excelente”, que interrompeu a sua jardinagem da casa de Caminha para estar, hoje, aqui, à conversa connosco  e cujo lema de vida é simplesmente “seguir as nossas paixões”.


Afinal, Richard, não são os afectos,e as palavras que os vestem,os grandes suportes de uma existência vivida com autenticidade?




No final, jà em periodo de perguntas, quis saber o segredo de uma relação duradoura como a que mantém com Alexandre Quintanilha. 
O escritor não pensou muito e respondeu:
Os meus pais viveram dezenas de anos juntos e não eram felizes

 Segredo para manter uma relação?

Quando cada um de nos se sente mais feliz sozinho que acompanhado, é sinal de ruptura na relação!

Tão simples como isto, Richard !...



A quem interessar:





LOLA


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