KANT E O
PROBLEMA DO CONHECIMENTO
Nem
o racionalismo, nem o empirismo dão respostas totais e definitivas ao problema que
pretendem responder.
É
Kant quem vai estabelecer a mediação, afirmando que todo o conhecimento começa
na e pela experiência, mas não se limita a ela.
« Se todo o conhecimento começa
com a experiência, nem todo deriva dela.» Kant
Ao
afirmar que todo o conhecimento começa com a experiência, Kant rejeita o racionalismo
inatista, mas ao defender que, apesar de começar com a experiência, nem
todo o conhecimento deriva dela, rejeita igualmente o empirismo.
Kant
defendia que tanto as sensações como a razão tinham um papel importante no nosso
conhecimento do mundo.
Está
de acordo com os empiristas ao
defender que devemos todos os nossos conhecimentos às sensações. Mas – e aqui concorda
com os racionalistas – na nossa razão também há condições importantes para
o modo como compreendemos o mundo à nossa volta. Há certas condições em nós
mesmos que contribuem para a nossa concepção do mundo.
Então
os racionalistas tinham esquecido a importância da
experiência e os empiristas não queriam admitir que a nossa razão influencia a
nossa concepção do mundo.
Para Kant, no conhecimento dos
objectos, há sempre elementos que dependem do próprio objecto e constituem a matéria
do conhecimento e outros que dependem do sujeito e constituem a forma.
Para Kant, o conhecimento é fruto de uma colaboração
entre nós e o mundo: nós contribuimos com a forma, o mundo com a matéria.
Kant utiliza o termo matéria,
para designar os dados exteriores captados pelos órgãos sensoriais e o termo forma
para designar as estruturas cognitivas do sujeito ( a sensibilidade capta os
dados; o entendimento organiza-os).
Em
Kant,
há a preponderância do sujeito no processo cognitivo, isto é, o conhecimento resulta da
capacidade receptiva (sensibilidade) e organizadora (entendimento) que o sujeito possui sobre a diversidade
dos dados da experiência.
Conhecer
implica
a actividade de um sujeito que dispõe de sensibilidade e de entendimento. Os
dados do objecto só chegam à consciência depois de passarem pela sensibilidade
e de serem ordenados pelo entendimento do sujeito - para que haja conhecimento, as impressões sensíveis
tem que ser organizadas por algo que pertence ao sujeito e que é anterior e
independente da experiência. (a priori)
EX: O que se passa no computador pode ajudar-nos a
compreender o ponto de vista Kantiano.
Quaisquer que sejam os dados que recebe do
exterior, o computador necessita de estar equipado com um programa prévio para
ser capaz de processar esses dados.
O programa de computador assemelha-se aos
elementos a priori existentes no
sujeito :sensibilidade e entendimento.
Os elementos introduzidos pelo teclado,
comparam-se aos dados provenientes do
mundo: os dados que, sendo captados pelos órgãos sensoriais, vão ser interpretados
pelo entendimento.
É
pela interacção dinâmica estabelecida entre homem e mundo, sujeito e objecto,
que o conhecimento, segundo Kant, se vai constituindo.
Kant
admite a existência de uma realidade exterior ao sujeito que este não conhece
em si mesma (numeno), mas segundo o modo subjectivo da sua percepção (fenomeno).
Não conhecemos a realidade tal como ela é
em si mesma, mas apenas a realidade tal como é para nós.
Se as nossas faculdades de conhecer fossem outras, também seria outra a
representação do real que construiríamos.
A coisa em si, aquilo que será a
realidade considerada independentemente do facto de ser conhecida por um
sujeito, não pode ser conhecida (é incognoscível).
Lola
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