segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Margarida





Margarida


Tem o nome de flor e a delicadeza das pétalas frageis;
tem um sorriso discreto e uma bondade que transborda o seu sentir
vive a simplicidade de momentos que foi percorrendo
 ao logo de caminhos e atalhos de dedicação.

Vive a sensibilidade dos que lhe são proximos no olhar e no sangue!

Tenho presente que...

No dia mais triste da minha existência
quis dar-me palavras grandes nos afectos envolvendo a minha dor!

Acompanham a minha DIANA desde esse dia!
O momento em que, pela ultima vez beijei o seu rosto jà gelado pela partida...

Um dia destes colocou no facebook um belo poema do extrordinàrio Jose Gomes Ferreira!

Fala da finitude humana... de que tanto reflectimos ao longo das aulas de FILOSOFIA!

E eu pensei...

Agora é a sua luta diària num diàlogo com a vida que a esperança desenha e a racionalidade deseja!

A minha querida aluna continua um ser ético de excelência
uma doutora com um sorriso colorido que humaniza a nobre arte 
que decididamente abraçou!

A finitude vivida, agora, numa proximidade que corrompe mas não deixa desistir...
porque a vida està ai... 
a cada momento, a cada instante num pequeno espaço de mundo que é nosso!

Mas eu também, sei que...



"Devia morrer-se de outra maneira.

Transformarmo-nos em fumo, por exemplo.
Ou em nuvens.
Quando nos sentíssemos cansados, fartos do mesmo sol
a fingir de novo todas as manhãs, convocaríamos os amigos mais íntimos com um cartão de convite ´
para o ritual do Grande Desfazer:


"Fulano de tal comunica a V. Exa. que vai transformar-se em nuvem hoje às 9 horas. Traje de passeio".
E então, solenemente, com passos de reter tempo, fatos escuros, olhos de lua de cerimónia, viríamos todos assistir à despedida. 
Apertos de mãos quentes. 
Ternura de calafrio. 
"Adeus! Adeus!" 
E, pouco a pouco, devagarinho, sem sofrimento, numa lassidão de arrancar raízes... (primeiro, os olhos... em seguida, os lábios... depois os cabelos... ) a carne, em vez de apodrecer, começaria a transfigurar-se em fumo... tão leve... tão subtil... tão pòlen... como aquela nuvem além (vêem?) — nesta tarde de outono ainda tocada por um vento de lábios azuis..."


                                                                                                               José Gomes Ferreira


Por isso perguntei à Margarida:

- Reminiscências da Filosofia? Saudades em beijos doces!

E a minha querida Margarida respondeu deste modo:

Professora, são mais do que reminiscências. Quando nos apresentou à Filosofia há uns anos atrás, deixou logo na primeira aula uma provocação que não mais esqueci: "A Filosofia não serve para nada". Na altura incomodou-me aquilo e pensei "Serve sim. Serve para pensarmos.". Atualmente o meu entendimento sobre a Filosofia mudou. De facto ela não "serve", não é instrumento com utilidade. Não é substantivo, é predicado de vida. Linha mestra de construção. Aceita todos os traçados sem se angustiar com a sua multiplicidade, mas antes abraçando essa liberdade de se ser o que se quiser. Não é caminho, é caminhar. Não é pensamento, é o próprio pensar.


Tão simplesmente elaborado quanto isto!


Obrigada, querida doutora!




São todas para si!.....






                                                Lola


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