domingo, 15 de março de 2015

Aristóteles e o Estado







 A Legitimação da autoridade do Estado em Aristóteles 

A insuficiência da ética e a necessidade política: Porque é que a ética e insuficiente? Em que medida é que a  politica reforça a ética?
Segundo Aristóteles o homem é um ser incompleto e tem o dever de se esforçar continuamente para se tornar pessoa de bem. Para isso, não basta conhecer teoricamente a virtude, é preciso aplica-la.
A maioria das pessoas não age moralmente bem por vontade natural, apenas por medo de castigos. Mas mesmo assim, existem soluções para a falta da moralidade intencional dos homens. A educação e o hábito podem transformar o homem numa pessoa de bem. Contudo, estas nem sempre se mostram eficazes, então aqui reside a necessidade de leis que obriguem o homem a agir moralmente bem e a ter uma vida honesta e digna.

A politica como ética social

O que tem a política e a ética em comum? Em que diferem? Qual é que tem maior valor na comunidade?

A política liga-se a moralidade  pois ambas têm como fim último (objectivo/finalidade) fornecer à sociedade os meios necessários à sua virtude. Contudo, não é possível afirmar que moralidade e política são o mesmo.
A moralidade é dedicada ao indivíduo. É ele que cria e aplica as suas próprias normas morais, validando a sua eficácia com a consciência, o remorso e a crítica social. Assim, a moralidade só é aplicada na esfera privada. O social é responsabilidade do Estado.
Por outro lado, a política destina-se à comunidade. Através das leis jurídicas, tenta formar civicamente e moralmente os cidadãos, com a ajuda de instituições como os Tribunais e Polícia que punem os que não cumprem. Desta forma, a política encontra-se na esfera do público e do colectivo.
Em suma, o Estado é superior ao cidadão visto que o colectivo é superior ao individual e o bem comum superior ao bem individual.

Condições da Realização Humana: comunicação, amizade e justiça

Em que medida é que a comunicação afecta a realização do Homem? Qual é a função da comunidade?
Para Aristóteles, o Homem só desenvolve a razão (logos) através da comunicação que só pode acontecer no seio de uma comunidade dialógica onde a convivência social permite ao homem tornar-se um ser verdadeiramente humano. 
Podemos então concluir que a comunidade é uma condição necessária e imprescindível (sine qua non) ao desenvolvimento do Homem.
A comunidade pode apresentar problemas atendendo à tendência dos indivíduos se apresentarem avessos ao que é diferente. Como manter a comunidade estável e unida? Para Aristóteles, a amizade e a justiça solucionam o problema.
A amizade (laço orgânico), baseada nos laços afectivos criados entra a família (oikos) tem de existir também entre todas as famílias da aldeia, formando a cidade. Assim há coesão social, cooperação e empenhamento no bem comum, evitando revoltas.
A justiça (laço funcional) permite o desenvolvimento harmonioso da cidade (pólis). É pelo conhecimento da justiça que se ordena a comunidade e se julga com base nessa ordenação.
Quais os fins da cidade Estado?
A Grécia Antiga de Aristóteles não corresponde àquilo que conhecemos hoje. Naquela época, apenas alguns podiam votar, os Homens Livres. Contudo, para Aristóteles, cuja afinidade era a formação de bons cidadãos (com dimensão política) que se pudessem tornar Homens Livres, os Homens Livres que conhecia não correspondiam às características que pretendia. Assim, para ele, os Homens Livres deviam ser Homens de bem (com dimensão ética) e devia na formação destes que se devia apostar.
Assim, com o intuito de evitar que os cidadãos fossem enganados pela retórica sofística (discursos enganadores), Aristóteles apelava ao legislador para legislar em função da moralidade social.
Desta forma, o fim último da Cidade deve ser a formação de Homens livres que devem valer o mesmo que Homens de bem e não fazer do seu fim último a alimentação de guerras e rivalidades com outras cidades.
Afinal, o que legitima a autoridade do estado da Cidade?
Como ser vivo, o ser humano necessita de uma comunidade e só através dela é que  desenvolve a sua realização.
Além disso, o Estado proporciona aos indivíduos os meios necessários à virtude e a vida em comunidade oferece vantagens à vida individual.
Assim, o que legitima a autoridade do estado são as potencialidades oferecidas pela vida em comunidade organizada.
 







Aristóteles

1 - O ser humano não tem, normalmente, normas morais correctas. Sendo assim a politica serve de reforço á ética individual.

2 - É uma ética social, pois são as normas de uma sociedade gerais e iguais para todos.

3 - “O ser humano é por natureza um ser político”. O ser humano rege-se por leis, vive em comunidade, em comunicação.

4 - A amizade e a justiça. A amizade é a base da coesão social, da cooperação e do empenhamento cívico na realização do bem comum. Os laços afectivos que mantêm a Cidade unida, são do mesmo tipo dos que unem a família (a parte inicial da comunidade aquilo que a torna possível).

5 - O fim último da Politica é a virtude, ou seja, a formação moral dos cidadãos. Já o fim último do Estado é proporcionar os meios para que essa formação seja possível.

6 - A Cidade é uma comunidade de diálogo, auto-suficiente, orientada por um fim, organizada politicamente, coesa e estável. O fim promove a qualidade de vida e o bem comum, satisfaz os cidadãos dos seus interesses comuns. A Cidade é coesa e estável devido a laços afectivos de amizade e á prática da justiça.

7 - É do interesse comum a existência da instituição política - Estado. Este confere uma boa organização da vida em comunidade (condição sine qua non – condição necessária e imprescindível) para que se realize o bem comum. Em suma, o que legitima a autoridade do Estado são as potencialidades oferecidas pela vida em comunidade organizada. 

                                           Lola


                                                                                                     

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