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Kant: o belo e o sublime
Kant distinguiu o belo do sublime. Embora considere que ambos geram comoção e que esta se torna aprazivel, considera, porém que essa comoçao tem uma natureza completamente diferente!
O sublime comove e o belo encanta!
Dentro do sublime, Kant distinguiu três
modalidades:
- O sublime terrível que mistura a admiração da grandiosidade com o temor ou o horror (exemplo:a solidao profunda),
- O sublime nobre em que a admiração da grandiosidade se mistura com a nobreza assente na simplicidade, (exemplo: uma catedral gótica, sem decorações interiores)
- O sublime magnífico (exemplo: um palácio residencial recoberto a oiro e pedras preciosas). ( pp. 33 e 34)
Na obra, "Observaçoes sobre o entendimento do belo e do sublime", ediçoes 70, Kant diz:
"Os carvalhos altos e a sombra solitária no
bosque sagrado são sublimes, as plantações de flores, sebes baixas,
e árvores recortadas, formando figuras, são belos. A noite é sublime,
o dia é belo. Os temperamentos que possuem o sentimento do sublime,
quando a tremulante luz das estrelas rasga a parda sombra da noite e a lua
solitária está no horizonte, são atraídos pouco a pouco pela calma silenciosa
de uma noite de verão, a sensações supremas de amizade, de desprezo do mundo,
de eternidade. O resplendor do dia infunde afãs de actividade e um sentimento
de regozijo. O sublime comove, o belo encanta. O semblante do homem
que se encontra em pleno sentimento do sublime é sério, às vezes rígido e ensombrado.
Pelo contrário, a viva sensação do belo declara-se no olhar pela sua
esplendorosa serenidade, por sorrisos rasgados e por um claro regozijo. " pag.33)
"O sublime há-de ser sempre grande, o belo pode também
ser pequeno. O sublime há-de ser simples, o belo há-de ser limpo e
adornado. Uma grande altura é sublime do mesmo modo que uma grande
profundidade, só que esta vai acompanhada da sensação de estremecimento e
aquela de admiração. Pelo que esta sensação pode ser sublime-terrível, e aquela
nobre. A basílica de São Pedro em Roma é magnífica. Porque no seu
desenho, que é grandioso e simples, está a beleza de tal maneira expandida,
como o oiro, os mosaicos, etc, que, sem embargo, a sensação de sublime
actua maximamente nele, dando um resultado magnífico. Um arsenal há-de ser
nobre e simples, um palácio residencial magnífico, e um palácio de recreio
belo e ornamentado.
Um longo período é sublime. Se se trata de um
tempo passado é nobre; se se prevê para um futuro incalculável, tem então
em si algo de terrível. Um edifício da mais remota antiguidade é venerável." (pp. 34-35)
"A Amizade contém, em particular, o caracter de sublime; o amor sexual o do belo" (p.38)
"O entendimento é sublime, o engenho é belo. A audácia
é sublime e grandiosa, a astúcia é pequena mas bela. Cromwell dizia que a
precaução é virtude de alcaides. A veracidade e a sinceridade são simples e
nobres, a piada e a lisonja complacente são delicadas e belas. (..)
A amizade guarda em si principalmente o carácter
do sublime, mas o amor sexual é do belo. (..)
A tragédia distingue-se, em meu entender, da comédia principalmente porque na
primeira desperta o sentimento do sublime, e na segunda o do belo.» , (pag 37-38)
"Com uma grande estatura ganha-se prestígio e
respeito, com uma pequena gana-se melhor a confiança. Até a cor morena e os
olhos negros estão mais vinculados ao sublime, e os olhos azuis e a cor loira
ao belo. Uma idade um tanto avançada avém-se antes com as
características do sublime, mas a juventude com as do belo. (...)" (p. 39)
Se os velhos são, potencialmente, sublimes, devido à
sua sabedoria, à profundidade da sua reflexão alicerçada em experiência de
vida, há que ter presentes que neles o belo esbate-se, degrada-se, e uma certa
fealdade física os caracteriza. Kant não parece ter sublinhado
explicitamente esta relação inversamente proporcional entre a sublimidade e a
beleza física, ou seja, a proporcionalidade directa entre a
sublimidade e a fealdade, no caso dos seres humanos.
"O Homem, moreno, de olhos negros e idade avançada é sublime; a mulher, loira, de olhos azuis e jovem é bela" (pp.
"A representação matemática da magnitude imensa do
universo, as considerações da metafísica acerca da eternidade, da providência,
da imortalidade da alma contêm certa sublimidade e dignidade. Ao contrário, a
filosofia também se desfigura, em subtilezas muito vazias, e a aparência de
solidez não impede que as quatro figuras de silogismo merecessem ser referidas
como deformações grotescas de escola."
"Entre as qualidades morais só é sublime a
virtude verdadeira. (...) Certo sentimentalismo, que com facilidade
se junta a um sentimento de compaixão, é belo e amável, pois
manifesta uma benévola participação na sorte de outros homens, à qual levam
igualmente os princípios da virtude. Só que esta paixão de bem natural é, sem
embargo, débil e sempre cega." ( pp. 43-44)
A mulher é associada ao belo - basta pensar na
maquilhagem, nos brincos, nos colares e pulseiras, nos cuidados do cabelo, na
exuberância da roupa feminina - e o homem ao sublime - pense-se no homem de
barba por fazer, desalinhado na roupa, mas com o pensamento em altos ideias
abstractos.
"A mulher tem um sentimento inato mais intenso para
tudo o que é belo, lindo e adornado. Já na sua infância, as meninas
desfrutam ao ataviar-se e comprazem-se a embelezar-se. São muito limpas e muito
sensíveis a respeito de tudo o que dá repugnancia. (...) O belo sexo tem sem
dúvida tanta inteligência quanto o masculino, só que é uma inteligência bela;
a nossa deve ser uma inteligência profunda, como expressão para significar o
mesmo que sublime . (pp. 68-69)
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Lola
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