segunda-feira, 19 de abril de 2021

Preparação Ficha de Avaliação 10º Ano

          


        Preparação 4ª Ficha de Avaliação

10º Ano

Tema: Filosofia da Acção, Problema do Livre Arbítrio e Filosofia dos Valores.



Estrutura da Ficha de Avaliação:


Grupo I -  Itens de seleção - Escolha múltipla. (50 pontos).
            
Grupo II - Itens de resposta curta. (50 pontos).

Grupo III - Itens de resposta restrita. (50 pontos).

Grupo IV -  Item de resposta extensa - Análise de um texto filosófico. (50 pontos).


Nota: Nos quatros grupos de questões serão avaliados todos os domínios.


Tempo : 50 minutos


Aprendizagens essenciais a avaliar:

A-      Filosofia da Acção

 

1.       Distinguir açcão de acontecimento.

2.       Distinguir Acção e acto do Homem.

3.       Distinguir voluntário de involuntário. 

4.       Explicar e identificar a Análise Clássica do acto voluntário. (Momentos)

5.       Explicar e identificar a Rede Conceptual da Acção. (elementos)

6.       Explicar em que consiste a deliberação. 

7.       Relacionar a deliberação e a decisão racional. 

8.       Será o Homem plenamente livre no agir?

9.       Definir Condicionantes da Acção Humana.

10.    Identificar em exemplos tipos de condicionantes.

11.    Dar exemplos de diferentes fatores que condicionam as ações humanas.

 

B-      Problema do Livre Arbítrio

 

1.       Explicar os conceitos de Determinismo e Livre arbítrio.

2.       Explicar qual o problema do livre arbítrio.

3.       Relacionar os conceitos de livre-arbítrio e responsabilidade moral. 

4.       Distinguir compatibilismo e incompatibilismo.

5.       Apresentar a tese defendida pelo determinismo moderado

6.       Explicar os argumentos a favor do determinismo moderado

7.       Explicar as objecções ao determinismo moderado

 

8.       Apresentar a tese defendida pelo determinismo radical

9.       Explicar os argumentos a favor do determinismo radical

10.    Explicar as objecções ao determinismo radical

11.    Formular a tese do determinismo radical num argumento condicional.

 

12.    Apresentar a tese defendida pelo Libertismo

13.    Explicar os argumentos a favor do Libertismo

14.    Explicar as objecções ao Libertismo.

 

15.    Qual das teorias é mais plausível? Porquê?

16.    Em seu entender há ou não livre-arbítrio?

17.    Defender uma posição pessoal em relação ao problema do livre-arbítrio e às várias teorias estudadas. 

 


C-      Filosofia dos valores

 

1.       Relacionar a ação e os valores. 

2.       Definir valores.

3.       Apresentar tipos de valores.

4.       Enunciar algumas das características fundamentais dos valores. 

5.       Definir Juízo.

6.       Distinguir juízo de facto e juízo de valor. 

7.       Identificar, em exemplos, factos e valores; juízos de facto e juízos de valor. 

8.       Definir Juízo moral.

9.       Distinguir juízos de valor morais (ou éticos) de outros juízos de valor.

10.    Apresentar o problema da natureza dos juízos de valor morais: são subjetivos, culturalmente relativos ou objetivos?

11.    Explicar a resposta do subjetivismo moral ao problema da natureza dos juízos de valor morais.

12.    Explicar o argumento da discordância.

13.    Explicar o argumento do conflito de valores.

14.    Explicar e discutir as objeções ao subjetivismo moral (ao argumento da discordância e conflito de valores).

 

15.    Explicar a resposta do objectivismo moral ao problema da natureza dos juízos de valor morais.

16.    Explicar o argumento da tolerância.

17.    Explicar o argumento da imparcialidade.

18.    Explicar e discutir as objeções ao objectivismo moral (ao argumento da tolerância e imparcialidade).

 

19.    Definir relativismo moral.

20.    Explicar a resposta do relativismo moral / cultural ao problema da natureza dos juízos de valor morais.

21.    Explicar o argumento da diversidade cultural.

22.    Explicar o argumento da tolerância.

23.    Explicar e discutir as objeções ao relativismo moral cultural (ao argumento da diversidade cultural e argumento da tolerância).

24.    Comparar e discutir o subjetivismo moral, o relativismo cultural e o objetivismo moral.

25.    Justificar a opinião própria sobre o problema da natureza dos juízos de valor morais.

26.     Aplicar as três teorias estudadas à análise e avaliação de situações concretas. 

 

27.  Identificar num texto argumentativo: o problema filosófico em causa, a tese defendida, argumentos a favor dessa tese e as objeções.

 

 

 

FICHA DE AVALIAÇÃO


I.GRUPO

A. A existência de movimentos físicos numa pessoa…

    1. é condição necessária, embora não suficiente, para considerarmos que ela está a agir.
    2. é condição necessária e suficiente para considerarmos que ela está a agir.
    3. não é condição necessária para considerarmos que ela está a agir.
    4. não é condição necessária, embora seja suficiente, para considerarmos que ela está a agir.

B. Quando digo que uma mulher se suicidou por suspeitar da infidelidade do marido, refiro, respetivamente, …

    1. uma acção e a sua intenção.
    2. uma acção e as suas consequências.
    3. uma acção e o seu motivo.
    4. [nenhuma das alíneas anteriores, porque, se ela se matou, foi porque quis]

C. “Se não somos livres, então não somos responsáveis. / Somos responsáveis.” podem ser as premissas de um argumento…

    1. a favor do determinismo radical.
    2. contra o determinismo radical.
    3. contra o libertismo.
    4. falacioso.

D. O determinismo moderado defende que…

    1. não há valores universais: os valores variam de acordo com as épocas e as culturas.
    2. não há hipótese de agirmos livremente, porque todos os nossos actos são causados e, portanto, determinados.
    3. o nosso quotidiano demonstra que a nossa acção se faz de modo totalmente livre, isto é, sem quaisquer condicionantes.
    4. todos os nossos actos são causados, mas mesmo assim alguns são livres.

E. “Os Homens só continuam a acreditar que são livres porque têm consciência dos seus desejos mas ignoram as causas que os determinam”: eis…

    1. uma objecção ao determinismo radical.
    2. uma objecção ao libertismo.
    3. a tese central do libertismo.
    4. a tese central do determinismo moderado.
II. GRUPO

Justifique brevemente a sua (não) concordância com as seguintes afirmações:

    1. Uma ação pode ser consciente sem ser livre.
    2. Uma ação pode ser livre sem ser consciente.
    3. A afirmação “a cada instante só há exactamente um futuro fisicamente possível” é a tese do libertismo.
    4. Determinismo radical é sinónimo de determinismo moderado.
III. GRUPO

Pense no que se afirma a seguir:

“O facto de sentirmos, no nosso dia a dia, que somos livres não prova que o sejamos: podemos estar enganados.”

    1. O autor deste pequeno texto discorda de um argumento a favor de uma teseExplique essa tese e esse argumento.
    2. Argumente a sua posição relativamente ao que o texto defende, analisando pelo menos um argumento contra a sua tese.
http://omeubau.net/teste-10-acao-liberdade/

IV. GRUPO


CONCEITOS

DEFINIÇÃO

O motivo

 

A intenção

 

A Finalidade

 

A decisão

 

Os meios

 

O resultado

 

As consequências

 

 

 

A.  o modo como o resultado da nossa ação afeta os outros e também a nós próprios

B.  o que o agente realizou ou conseguiu

C.    o que o agente quer fazer ao agir

D.    o momento em que se escolhe um caminho e se verifica o compromisso com um determinado propósito ou fim afastando outros do horizonte

E.  aquilo que se projeta atingir ou realizar, o objetivo para que a acção tende

F.  aquilo que justifica a ação, a sua razão de ser ou o seu porquê

G. aquilo a que recorremos para realizar o que projetámos


V. GRUPO

Complete os espaços com apenas um dos conceitos.

Suponhamos a acão apanhar um táxi. Chegar a horas ao trabalho é a minha INTENÇÃO/DECISÃO; o facto de não ter acordado a horas é o seu MOTIVO/FIM; possível resultado:________________________ ________________; possíveis consequências:_______________________________________ _________________________________________________________________________.

  1. Se vejo uma pessoa a correr, mas não sei porquê nem para quê, desconheço _____________ e _____________.
  2. Tendo fome, como um bolo numa pastelaria. Consigo o que quero, mas mais tarde fico indisposto. Saciei a fome indica ____________ da acção; fiquei indisposto indica ____________ da acção.
  3. “Miguel quer ser ator de cinema” indica a INTENÇÃO/DECISÃO de Miguel; “Miguel sonha com a fama, a adoração do público e, sobretudo, com as belas mulheres que conhecerá” indica a FINALIDADE/os MEIOS.
  4. Miguel quer ser ator. Neste caso, “pedir um empréstimo ao banco, trabalhar durante o Verão para conseguir dinheiro, estudar afincadamente” indica _____________________.
  5. Após alguns filmes em que participou… “Miguel é famoso, recebe convites para participar em vários filmes por ano, tem uma vida social intensa…” indica as DECISÕES/CONSEQUÊNCIAS.
  6. “Miguel conseguiu ser ator, como queria — ao contrário do seu melhor amigo, o João” indica CONSEQUÊNCIAS/RESULTADOS da acção.
http://omeubau.net/a-estrutura-da-acao/

VI. GRUPO


1. O que é uma acção?

2. Por que razão uma acção é um acontecimento?

3. Todas as acções são acontecimentos. Por que razão nem todos os acontecimentos são acções?

4. Imaginemos que, inadvertidamente, escorrego numa casca de banana e acabo por entornar uma garrafa de Coca-Cola em cima do livro de um colega que estudava comigo no bar da escola. Sujar o livro do colega foi algo que eu fiz. Mas será isto uma acção?

5. Uma acção é um acontecimento intencionalmente causado por um agente. Esclareça e dê exemplos.

6. O que se entende por rede conceptual da acção?

7. O que é a intenção?

8. Que relação existe entre a intenção e a explicação de uma acção?

9. Que relação existe entre intenções, desejos e crenças?

10. O que é o motivo de uma acção?

11. Que relação existe entre motivo e intenção?

12.O que é a deliberação?

13. O que é a decisão?

14. O que são as consequências de uma acção?

15. Considere a seguinte acção: Vou à farmácia comprar um medicamento para tratar uma dor de cabeça. Tente descrevê – la e explicá – la usando os conceitos fundamentais que a tornam inteligível ou compreensível (deliberação, decisão, intenção, motivo).

16.Consideremos os dois seguintes acontecimentos: a) José vai a uma clínica médica fazer um exame de rotina e b) um ribeiro transborda e inunda as ruas de uma cidade. Será que podem ser explicadas

17. Em que consiste a responsabilidade (moral)?

18. Em que condições é que uma pessoa é moralmente responsável? Em que condições pode ser considerada moralmente responsável por um acontecimento? Em que condições atribuímos responsabilidade moral a um agente?

19. O que significa dizer que um agente podia não ter feito o que fez?

20. Que relação há entre agir livremente e ser moralmente reponsabilizado pelo que se faz?

21. Por que razão o problema do livre - arbítrio é um problema importante do ponto de vista prático?

Respostas:


1. O que é uma acção?

Uma acção é um acontecimento cujo autor (ou origem) é um agente que o causa voluntaria e intencionalmente. Uma acção é um acontecimento desencadeado pela vontade e intenção de um agente. Não é um simples acontecimento, não é simplesmente algo que um agente faz, é algo que um agente faz acontecer intencional ou propositadamente.

2. Por que razão uma acção é um acontecimento?

Um acontecimento é algo que se verifica num certo momento e num certo lugar. Em linguagem mais técnica, é um evento espacio – temporalmente enquadrado. Imaginemos que o João decide ir à praia. Tem de ir a uma praia situada num certo lugar – Vilamoura no Algarve, Portinho da Arrábida em Setúbal ou Praia do Castelo na Costa da Caparica – e num determinado momento - normalmente no Verão, de manhã ou de tarde. Ficaríamos muito surpreendidos se João dissesse que foi a uma praia em momento algum e que não ficasse em lado nenhum.

3. Todas as acções são acontecimentos. Por que razão nem todos os acontecimentos são acções?

Nem tudo o que acontece é uma acção, ou seja, se todas as acções são acontecimentos nem todos os acontecimentos são acções. Um furacão – uma tempestade, um raio de sol, o arco-íris, etc, - é um acontecimento mas não uma acção porque não tem carácter voluntário ou intencional. Uma acção é algo que acontece devido à vontade e intenção consciente de um sujeito.

4. Imaginemos que, inadvertidamente, escorrego numa casca de banana e acabo por entornar uma garrafa de Coca-Cola em cima do livro de um colega que estudava comigo no bar da escola. Sujar o livro do colega foi algo que eu fiz. Mas será isto uma acção?

Não, porque não tive intenção de sujar o livro do meu colega, não o fiz de propósito. Estamos perante algo que eu fiz sem querer e assim sendo o livro foi estragado pelo que me aconteceu e não propriamente por mim. Ter sujado o livro do meu colega nada tem de voluntário. O agente não o podia evitar.

5. 'Uma acção é um acontecimento intencionalmente causado por um agente'. Esclareça e dê exemplos.

Uma acção tal como é habitualmente definida é um comportamento desencadeado, dirigido e controlado por um agente. O que fazemos involuntariamente – seja de forma consciente ou inconsciente – não conta como acção.
 Os exemplos são muitos: empurrar alguém para que caia na piscina, estudar para o teste de modo a obter bom resultado, cozinhar, treinar intensamente para ser campeão olímpico, ser fiel para não destruir o casamento, etc
.

6. O que se entende por rede conceptual da acção?

A rede conceptual da acção é o conjunto de conceitos que usados nas frases que descrevem e explicam acções nos permitem compreender e explicar as acções. Os conceitos mais importantes a este respeito são conceitos como agente, motivo, intenção e consequências da ação.

7. O que é a intenção?

A intenção é o propósito ou o objectivo da acção. Voltando a um exemplo dado: alguém escorrega e deixa cair a comida do tabuleiro em cima dos livros de um colega, danificando – os. O agente deste acontecimento pode alegar que não tinha a intenção – que não era seu propósito ou objectivo – causar esses estragos. Não foi para isso que se desequilibrou.

8. Que relação existe entre a intenção e a explicação de uma acção?

Explicar uma acção é indicar a sua causa. A causa de uma acção é a intenção ou o propósito do agente ao realizá – la. Se poupo dinheiro com o objectivo de inscrever o meu filho no Instituto Britânico, essa intenção é que explica a minha acção.

9. Que relação existe entre intenções, desejos e crenças?

As intenções são estados mentais frequentemente associados a outros estados psicológicos que são as crenças e os desejos do agente. Voltemos ao exemplo anterior: poupo dinheiro com o objectivo de inscrever o meu filho no Instituto Britânico, essa intenção é que explica a minha acção. Na origem da minha intenção está um desejo que pretendo realizar – quero inscrever o meu filho no I.B. Poupo dinheiro para isso porque acredito – crença – que esse e não um empréstimo bancário ou a ajuda de um familiar é o melhor meio para atingir esse fim ou objectivo. O desejo de inscrever o meu filho no I.B. é condição necessária para ter a intenção de fazer tal inscrição. Mas não chega, não é condição suficiente para explicar a acção. Com efeito, há outros institutos onde inscrever o meu filho para aprender Inglês. Aqui entra em jogo outro factor psicológico: a crença ou convicção.
É por acreditar que a melhor forma de aprender Inglês é inscrever o meu filho no I.B. que opto por fazê – lo em vez de o matricular noutros institutos.

10. O que é o motivo de uma acção?

O motivo é a justificação, o porquê ou a razão de ser da acção. Tenho a intenção de inscrever o meu filho no I.B. e desejo fazê – lo julgando que é onde aprenderá melhor essa língua. Qual é a razão de ser fundamental da acção, qual a sua motivação? Podemos supor que é a crença de que dominar a língua inglesa é um requisito essencial no actual mundo do trabalho e da investigação científica - «Não vai longe se não souber bem Inglês» - e o desejo de que o meu filho seja bem sucedido profissionalmente, de que não lhe falte um instrumento de trabalho muito importante. Este desejo e esta crença acompanham e esclarecem o motivo da minha acção, explicam – na, dão a conhecer a sua razão de ser. Como se vê as crenças e os desejos do sujeito estão associados à intenção e à motivação do sujeito que age.


NOTA - Por vezes é difícil distinguir entre o que me move a agir (o motivo) e o que quero conseguir ao agir (o fim). Há quem resolva o problema distinguindo o motivo como causa do motivo como fim. Motivo como causa: o motivo pelo qual vou ao multibanco levantar dinheiro é o facto de não ter dinheiro nenhum na carteira; o motivo pelo qual entro num restaurante é o facto de ter fome. Motivo como fim: o motivo pelo qual vou levantar dinheiro ao multibanco é querer comprar um par de sapatos; o motivo pelo qual entro num restaurante é o de, ao almoço, ir tratar de um negócio importante com um cliente da minha empresa.

11. Que relação existe entre motivo e intenção?

A relação é a seguinte: saber qual o motivo da acção, o seu porquê ou razão de ser, clarifica a intenção do agente, torna possível e é necessário para que compreendamos a intencionalidade da acção. Se um agente tem a intenção de fazer algo – inscrever o filho no I.B. – saber o que o motiva torna mais claro o seu propósito e esclarece – nos quanto a opções que podia tomar e não tomou. Teremos por outras palavras a justificação da intenção. As noções de motivo e de intenção estão extremamente próximas umas da outra porque só falamos de acções intencionais se elas forem determinadas por um motivo ou razão que as justifique: uma acção é realizada intencionalmente quando é realizada por algum motivo.
A íntima ligação entre motivo e intenção pode exemplificar-se: dizer que o motivo pelo qual Miguel quer ser actor de cinema é viver uma vida mais plena é aproximadamente o mesmo que dizer que a sua intenção é a de exercer uma profissão que lhe permitirá ser ele próprio e, ao mesmo tempo, sob a forma de representação, outros seres humanos. Quando perguntamos "0 que quer fazer aquele que age?", referimo-nos à intenção, ao que o agente pretende ser ou fazer. A intenção de Miguel é ser actor de cinema.
Quando perguntamos "Por que razão quer Miguel ser actor de cinema", a resposta apresentar-nos-á o motivo dessa decisão, tomando-a inteligível ou compreensível: quer ser actor de cinema por esta ou por aquela razão (porque satisfaz o seu desejo de fantasia, de libertação face à rotina da vida real ou comum).


12. O que é a deliberação?

A deliberação é um processo reflexivo que, em princípio, ou seja, em muitos casos antecede a decisão. Orientados por determinadas razões, ponderamos qual a melhor opção a tomar entre várias alternativas possíveis. Quero que o meu filho aprenda Inglês num instituto de línguas. O motivo que esclarece essa intenção é: tenho dinheiro para pagar a despesa (motivo como causa) ou quero que esteja bem preparado para enfrentar o mundo do trabalho (motivo como fim). Há várias alternativas, ou seja, vários institutos onde pode aprender. Ao deliberar pondero os prós e os contras da decisão que vou tomar. Escolho o I.B. após deliberar e concluir que esse instituto é o melhor para o efeito pretendido.

13. O que é a decisão?

A decisão é um acto que resulta frequentemente de um processo denominado deliberação. O motivo pelo qual agimos ou a intenção que nos orienta para um determinado fim implica também a decisão de o alcançar. Na maior parte dos casos, decidir supõe escolher entre vários rumos possíveis de acção, entre várias possibilidades ou alternativas.
É o que acontece com alguém que no momento de decidir o seu futuro profissional decide tornar-se aquilo que escolheu (ser actor de cinema), considerando isso preferível a outra possibilidade em aberto (ser gestor de empresas). A decisão incide no que é possível ao agente, no que está ao seu alcance e é realizável.


14. O que são as consequências de uma acção?

As consequências de uma acção são o modo como o resultado da nossa acção afecta os outros e também a nós próprios.
Alguém quis tornar – se actor de cinema e tornou - se um actor de cinema famoso. Que consequências teve esse facto? Tomou-se admirado quer no estrangeiro quer no seu país, saiu (por boas razões) do anonimato a que milhões de seres humanos parecem destinados, recebeu vários convites para trabalhar no seu país, etc.
E nele próprio, o que aconteceu? Podemos imaginar que sentiu que valeu a pena, que tomou a opção correcta, ao não seguir quem lhe dizia "Vem por aqui". E, por que não, sentiu orgulho em si próprio.


15. Considere a seguinte acção: Vou à farmácia comprar um medicamento para tratar uma dor de cabeça. Tente descrevê – la e explicá – la usando os conceitos fundamentais que a tornam inteligível ou compreensível (deliberação, decisão, intenção, motivo).

 - Devo ir à farmácia ou não? Será que não há alguém que possa ir por mim? A aspirina não irá fazer – me mal ao estômago? Se calhar isto passa sem tomar medicamentos, dormindo um pouco. Trata – se do momento da deliberação que antecede habitualmente a decisão e consiste em ponderar diferentes possibilidades de acção.
Vou à farmácia. Esta dor de cabeça tem de ser tratada com medicamentos e não vou poder dormir. Não acredito que duas ou três aspirinas me vão causar problemas de estômago. E quero mesmo ver – me livre desta dor incómoda. Tenho de trabalhar.
Trata – se da decisão, do momento em que se escolhe uma das alternativas ou possibilidades de acção, preferindo uma delas.


O que pretendo com a acção? Neste caso a intenção é tratar uma dor de cabeça. Quando perguntamos "O que quer fazer aquele que age?", referimo-nos à intenção, ao que o agente pretende ser ou fazer.

"Por que razão quero ir à farmácia comprar um medicamento para tratar uma dor de cabeça?» A resposta apresentar-nos-á o motivo dessa decisão, tomando-a compreensível. O motivo pode ser acabar com o desconforto físico e poder trabalhar em melhores condições.

16.Consideremos os dois seguintes acontecimentos: a) José vai a uma clínica médica fazer um exame de rotina e b) um ribeiro transborda e inunda as ruas de uma cidade. Será que podem ser explicadas da mesma maneira?


Em a) descreve – se uma acção. 

Em b) descreve – se um acontecimento natural. 

Sabemos que uma acção é um acontecimento. Acreditamos também que se o acontecimento natural descrito acima tem uma causa – choveu muito, por exemplo – a acção descrita também terá uma causa. Ninguém vai a uma clínica médica por nada. Mas será que explicamos os dois acontecimentos da mesma forma? Será que a causalidade que está na origem da acção é idêntica à que provoca um acontecimento natural?
 Uma coisa é falar da causa dos eclipses do Sol e da Lua, da queda dos corpos ou dos tsunamis. Outra bem diferente é falar das causas de acções realizadas por nós. No primeiro caso, dizemos que foram as leis da natureza. No segundo caso, procuramos outro tipo de explicação. Vários filósofos como, por exemplo, John Searle e Donald Davidson acreditam que as acções são causadas, ou seja, que acontecem por alguma razão. Assim, as acções são causadas pelas intenções, desejos e crenças dos agentes, são acontecimentos intencionais cuja razão de ser são as crenças e desejos de quem age. Voltemos ao exemplo a). José vai a uma clínica médica fazer um exame de rotina. A que se deve a sua acção? Qual a sua causa ou razão de ser? O que o fez ir à clínica? Dizer por que razão aconteceu este facto – José foi à clínica fazer um exame – é associar a acção a uma intenção: José foi à clínica fazer um exame com o propósito ou objectivo de saber como está a sua saúde. É também referir que há uma ou mais crenças na base dessa acção: aquela clínica presta um bom atendimento ou é aconselhável estar a par do modo como o nosso organismo está a funcionar (se bem, se mal). Pode – se apresentar também como razão explicativa da acção o desejo de saber que se está em forma ou o de tratar a tempo algum problema de saúde se for esse o caso.
Passemos ao exemplo b) um ribeiro transborda e inunda as ruas de uma cidade. Para o explicar basta pensar, por exemplo, numa precipitação intensa que aumentou muitíssimo o caudal do ribeiro. Não falamos neste caso de intenção do ribeiro, nem de desejos e crenças que estivessem na origem do que aconteceu. Por outras palavras, ir à clínica é algo que o José faz acontecer. Transbordar é algo que acontece ao ribeiro mas não algo que ele faz intencionalmente. As acções são acontecimentos mas nem tudo o que acontece é uma acção. A diferença, para quem defende uma explicação causal da acção, está no modo como um acontecimento é causado. Se um acontecimento é causado por intenções, desejos e crenças temos uma acção. E só nesse caso se pode falar de acção.

17.Em que consiste a responsabilidade moral?


A responsabilidade moral é a capacidade que um agente tem de responder pelos seus actos, de assumir a sua autoria, assumindo as suas consequências e efeitos. Em suma não se demite de prestar contas pelo que faz e pelos resultados dos seus actos.
A responsabilidade designa a possibilidade de imputarmos uma acção a alguém que consideramos ser seu autor, que teve a última palavra na decisão que desencadeou a acção.


18. Em que condições é que uma pessoa é moralmente responsável? Em que condições pode ser considerada moralmente responsável por um acontecimento? Em que condições atribuímos responsabilidade moral a um agente?


Uma pessoa pode ser considerada moralmente responsável por um acontecimento quando podia não ter feito o que fez. Assim, se decido invadir o quintal do vizinho para me apropriar de algumas laranjas apetitosas, posso ser responsabilizado porque podia não ter feito o que fiz. Quando alguém me censura dizendo «Não devias ter feito o que fizeste!» está precisamente a dizer – me que havia outra alternativa.Mas se o que aconteceu se verificou em estado de sonambulismo não posso ser responsabilizado porque momentaneamente perdi o controlo dos meus actos e não podia não ter feito oque fiz. Podia ter tido outra intenção.

19. O que significa dizer que um agente podia não ter feito o que fez?

Significa que podia ter agido de modo diferente se a sua intenção – as suas crenças e os seus desejos – tivesse sido diferente. Se eu acreditasse seriamente que o risco que iria correr ao invadir o quintal do vizinho não se justificava e desejasse evitar problemas, mudaria de intenção e não realizaria a acção anteriormente descrita. Assim, agir intencionalmente parece implicar a ideia de que o agente fez o que fez livremente.

20. Que relação há entre agir livremente e ser moralmente reponsabilizado pelo que se faz?


A relação é esta: a)ser responsável implica ser livre. Não se pode responsabilizar uma pessoa por uma acção se ela não agiu livremente. Que um agente seja responsabilizável por uma acção implica que podia ter agido de modo diferente, não ter feito o que fez ou que podia ter evitado fazer o que fez (fosse a acção boa ou má).
b)Ser livre implica ser responsável.Se alguém pratica livremente uma acção então faz algo que podia não ter feito. Se o fez nestas condições é o autor da acção e por ela pode responder. Se agiu livremente não pode evitar ter de enfrentar e responder pelas consequências dos seus actos. Se forem boas pode ser elogiado. Se forem más pode ser censurado e mesmo sentir remorso.

NOTA IMPORTANTE - No próximo ponto a questão será a seguinte: Será que há boas razões para acreditar que somos livres e que por isso mesmo podemos ser responsabilizados pelo que fazemos livremente? Haverá argumentos bons a favor da ideia de que há acções que forma praticadas com livre arbítrio?

21. Por que razão o problema do livre - arbítrio é um problema importante do ponto de vista prático?


O interesse por este problema não é apenas teórico. Não se trata apenas de satisfazer a nossa curiosidade. O problema do livre-arbítrio tem importantes implicações práticas, a principal das quais relacionada com a responsabilidade moral. Tudo parece indicar que se não houver livre-arbítrio, então também não é possível responsabilizar moralmente um agente pelas acções que pratica e, consequente, puni-lo ou recompensá-lo. Será possível construir a vida social sem a ideia de responsabilidade moral? Se não houver livre – arbítrio não estará o nosso sistema penal todo errado.Não será que o criminoso, de modo análogo à pessoa que sofre de asma e assim vê o seu organismo prejudicado, não deve ser punido, mas sim tratado de modo a deixar de ser prejudicial à sociedade? Só faz sentido responsabilizar moralmente alguém (e por extensão punir ou recompensar) se a pessoa puder escolher entre diferentes acções alternativas possíveis, isto é, se for livre. Se não o for, isto é, se estiver determinado a fazer o que fez, então não há qualquer razão para a responsabilizar — e punir ou recompensar —, uma vez que não podia deixar de proceder como procedeu. Quer o assassino que tenha cometido o crime mais hediondo quer o herói que tenha realizado o acto mais altruísta que seja possível imaginar não podem ser responsabilizados pelos seus actos. Que diferença moral haveria entre um criminoso como Hitler e o Dalai Lama?

VII. GRUPO

Identifique os seguintes juízos:

  1. Beethoven compôs mais de oito sinfonias.
  2.  A Nona Sinfonia de Beethoven é sublime.
  3. Alguns estados norte-americanos aboliram a pena de morte.
  4.  A pena de morte devia ser abolida.
  5. O holocausto foi moralmente horrível.
  6. A justiça é mais importante do que a liberdade
  7. Muitas pessoas valorizam a liberdade
  8. É bom que muitas pessoas valorizem a liberdade.
  9. Há quem julgue que não é bom que muitas pessoas valorizem a liberdade
  10. Paris é a capital de Portugal. 

VIII. GRUPO

Analise o seguinte texto: 

Vou provar aos meus leitores, apelando ao seu senso comum e ao seu conhecimento comum, que a vontade não é livre; e que é governada pela hereditariedade e pelo meio. Para começar, o homem comum estará contra mim. Ele sabe que escolhe entre dois percursos a toda a hora, e frequentemente a todo o minuto, e pensa que a sua escolha é livre. Mas isso é uma ilusão; a sua escolha não é livre. Ele pode escolher e, de facto, escolhe. Mas pode apenas escolher como a sua hereditariedade e o seu meio o fazem escolher. Nunca escolhe e nunca escolherá a não ser como a sua hereditariedade e o seu meio ― o seu temperamento e a sua formação ― o fazem escolher. E a sua hereditariedade e o seu meio fixaram a sua escolha antes de ele a fazer. O homem comum diz "Sei que posso agir como desejo agir." Mas o que o faz desejar? O partido do livre-arbítrio diz "Nós sabemos que um homem pode e efetivamente escolhe entre dois atos". Mas o que decide a escolha? Há uma causa para todo o desejo, uma causa para toda a escolha; e toda a causa de todo o desejo e escolha tem origem na hereditariedade ou no meio. Pois um homem age sempre devido ao temperamento, que é hereditariedade, ou devido à formação, que é meio. E nos casos em que um homem hesita ao escolher entre dois atos, a hesitação é devida a um conflito entre o seu temperamento e a sua formação ou, como alguns o exprimem, "entre o seu desejo e a sua consciência." Um homem está a praticar tiro ao alvo com uma arma quando um coelho se atravessa na sua linha de fogo. O homem tem os olhos postos no coelho e o dedo no gatilho. A vontade humana é livre. Se carregar no gatilho, o coelho é morto. Ora, como é que o homem decide se dispara ou não? Decide por intermédio do sentimento e da razão. Gostaria de disparar apenas para ter a certeza de que é capaz de acertar. Gostaria de disparar porque gostaria de ter coelho para o jantar. Gostaria de disparar porque existe nele o antiquíssimo instinto caçador de matar. Mas o coelho não lhe pertence. Ele não tem a certeza de que não se mete em sarilhos se o matar. Talvez ― se for um tipo de homem fora do comum ― sinta que seria cruel e covarde matar um coelho indefeso. Bem, a vontade do homem é livre. Se quiser, pode disparar; se quiser, pode deixar ir o coelho. Como decidirá? De que depende a sua decisão? A sua decisão depende da força relativa do seu desejo de matar o coelho, dos seus escrúpulos acerca da crueldade e da lei. Além disso, se conhecêssemos o homem muito bem, poderíamos adivinhar como o seu livre-arbítrio agiria antes que tivesse agido. O desportista britânico comum mataria o coelho. Mas sabemos que há homens que nunca matariam uma criatura indefesa. De um modo geral, podemos dizer que o desportista desejaria disparar e que o humanitarista não desejaria disparar. Ora, como as vontades de ambos são livres, deve ser alguma coisa fora das vontades que faz a diferença. Bem, o desportista matará porque é um desportista; o humanitarista não matará porque é um humanitarista. E o que faz de um homem um desportista e de outro um humanitarista? Hereditariedade e meio: temperamento e formação. Um homem é, por natureza, misericordioso e outro cruel; ou um é, por natureza, sensível e outro insensível. Esta é uma diferença de hereditariedade. A um pode ter sido ensinado durante toda a vida que matar animais selvagens é "desporto"; a outro pode ter sido ensinado que é inumano e errado; esta à uma diferença de meio. Ora, o homem por natureza cruel ou insensível, que foi treinado para pensar que matar animais é um desporto, torna-se aquilo a que chamamos um desportista, porque a hereditariedade e o meio fizeram dele um desportista. A hereditariedade e o meio do outro homem fizeram dele um humanitarista. O desportista mata o coelho porque é um desportista e é um desportista porque a hereditariedade e o meio fizeram dele um desportista. Isso é dizer que o "livre-arbítrio" é realmente controlado pela hereditariedade e pelo meio.

Robert Blatchford, Not Guilty, Albert and Charles Boni, Inc., 1913. 

(Tradução de Álvaro Nunes, adaptada).

 


                                                Lola

2 comentários:

  1. Boa tarde Professora,
    Será que poderia disponibilizar as restantes soluções da ficha?
    Atenciosamente,
    Bárbara Moreira da Silva

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    Respostas
    1. Olá, Bárbara.
      Nas questões que tiver dúvidas, envie, por favor, para o mail que eu respondo.
      Como compreenderá, ainda não poderei colocar aqui as respostas para que os alunos façam algum esforço nas suas aprendizagens e não encontrem tudo já com as respostas....
      Abracinho
      LOLA

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