Descartes
A filosofia como árvore
A insatisfação com a educação recebida em La Fléche, levou Descartes a estabelecer como objetivo substituir a conceção aristotélico-medieval do mundo — empirista, finalista e geocêntrica — por uma nova conceção do mundo — racionalista, mecanicista e heliocêntrica.
Para concretizar este objetivo, ele formula um conjunto de teorias de caráter científico sobre o mundo, o homem e os animais, que depois procura fundamentar com uma teoria do conhecimento e uma metafísica radicalmente diferentes das medievais.
Esta conceção do saber, em que as diferentes ciências são justificadas pela metafísica, é bem ilustrada pela famosa metáfora da árvore:
[A] Filosofia é como uma árvore, cujas raízes são a Metafísica, o tronco a Física, e os ramos que saem do tronco são todas as outras ciências que, se reduzem a três principais: a Medicina, a Mecânica e a Moral. (…)Ora, como não é das raízes nem do tronco das árvores que se colhe os frutos, mas apenas das extremidades dos ramos, a principal utilidade da Filosofia depende daquelas suas partes que são aprendidas em último lugar. (Princípios de Filosofia, p. 22.)
Assim, para ele, a metafísica constitui o fundamento último de todo o conhecimento. É da metafísica que se deduzem os princípios fundamentais da física, da qual derivam, por sua vez, todas as outras ciências. Note-se, no entanto, que a utilidade da Filosofia está nas ciências cujos conhecimentos têm uma aplicação prática. A metafísica e a filosofia do conhecimento podem fornecer os fundamentos indubitáveis do conhecimento, mas a importância da filosofia está nos conhecimentos que permitem melhorar a forma como os seres humanos vivem.
In Critica
(o sublinhado é nosso).
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