René Descartes e o Racionalismo
O Homem e a Obra
- Filósofo francês (1596-1650), educado no colégio jesuíta de La Fléche, onde aprendeu filosofia escolástica que consistia num misto dos ensinamentos da Bíblia e da Filosofia e Ciência de Aristóteles.
- Obteve uma licenciatura em Direito na Universidade de Poitiers.
- Em 1618 viajou, alguns anos, pela Europa, como soldado e fez as suas primeiras investigações sobre Matemática e Física.
- No ano seguinte, na Alemanha, teve a visão de uma ciência ou método universal.
- Dedicou-se a viajar pela Alemanha, Suiça e França e a resolver problemas matemáticos e físicos, de carácter prático.
- Em 1628 publicou as "Regras para a Direcção do Espirito", sobre o método.
- Em 1629 instalou-se na Holanda e dedicou-se praticamente à Física.
- Escreveu o "Tratado do Mundo" onde defende uma concepção mecanicista do mundo.
- Não publicou a obra, porque teve conhecimento da condenação de Galileu pela Inquisição, por este ter defendido a Teoria Heliocêntrica.
- Em 1637 publicou três ensaios: Dióptrica, Meteoros e Geometria em que expõe o essencial da sua física.
- Os três ensaios foram precedidos de um prefácio chamado "Discurso do Método", onde Descartes explica o percurso intelectual e o método.
Em 1641, publica o obra "Meditações sobre a Filosofia Primeira", onde expõe a Fisica e a Biologia , que é, segundo ele, fundamentada na metafísica.
- Em 1644. publicou os "Principios da Filosofia" onde expôs a sua filosofia e algumas críticas.
- A última obra que publicou foi "Tratado das Paixões da Alma", onde fala acerca da relação alma-corpo.
- Morre em 1650, na Suécia.
A rejeição da filosofia Aristotélico-escolástica
- Em primeiro lugar, Descartes achava as teorias
dos filósofos medievais duvidosas e incertas, isto é, que, uma vez que não
tinham o grau de certeza que ele considerava necessário para que fossem
conhecimento, era possível duvidar da sua verdade.
- Segundo ele, isto seria a uma consequência da teoria do conhecimento que as suportava, que tinha também as suas raízes no pensamento de Aristóteles, e afirmava que todo o conhecimento tem origem na experiência.
- Ao contrário daquilo que pensavam os
medievais, Descartes não pensava que a experiência pudesse garantir a verdade
das nossas crenças e, portanto, julgava que a experiência não constitui uma
base sólida e segura para o conhecimento.
Em segundo lugar, Descartes discordava
completamente da metafísica tradicional. Como a maioria das
pessoas da época, ele aceitava as crenças essenciais do Cristianismo — a
existência de Deus e a imortalidade da alma —, mas recusava o essencial da
metafísica de Aristóteles e dos medievais, que dependia de vários tipos de
causas e de um infindável número de substâncias e de distinções conceptuais, de
que Descartes não via nem a necessidade nem a utilidade.3 Embora não recuse a noção de substância, ele vai
aceitar apenas dois tipos de substâncias e eliminar a maior parte do aparato
conceptual medieval.
Por último, Descartes recusa também a ciência medieval, em particular, a física, que é, no essencial, uma
vez mais, a de Aristóteles. Esta física recorria a diferentes tipos de causas
para explicar os objetos. Uma estátua, por exemplo, tem uma causa formal (a
forma da estátua), uma causa material (a matéria de que é feita), uma causa
eficiente (o artista), e uma causa final (o propósito ou finalidade com que é
feita), que em última instância determina o que ela é. A física de Aristóteles
é, por este motivo, uma física finalista: tudo o que acontece é explicado pelo
seu propósito ou finalidade. Descartes recusa esta explicação por intermédio de
causas finais e substitui-a por uma física mecanicista, que, tal como a física
atual, aceita apenas a causa eficiente e explica os fenómenos a partir de um
número muito reduzido de leis da natureza.
In Critica (adaptado)
E o que nos diz Descartes?
Aprendera aí tudo o que os outros aprendiam, e mesmo, não me tendo contentado com ciências que nos ensinavam, percorrera todos os livros que tratam daquelas que são consideradas as mais curiosas e as mais raras, que vieram a cair em minhas mãos. Além disso, eu conhecia os juízos que os outros faziam de mim; e não via de modo algum que me julgassem inferior a meus condiscípulos, embora entre eles houvesse alguns já destinados a preencher os lugares de nossos mestres. E, enfim, o nosso século parecia-me tão florescente e tão fértil em bons espíritos como qualquer dos precedentes. O que me levava a tomar a liberdade de julgar por mim todos os outros e de pensar que não existia doutrina no mundo que fosse tal como dantes me haviam feito esperar"
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