segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Martin L. King


Martin Luther King


I have a dream

Já fazem 50 anos que Martin Luther King proferiu o discurso profético "I Have a Dream", nos degraus do Lincoln Memorial, em Washington. O discurso, fez parte da Marcha de Washington por Empregos e Liberdade, e foi um momento decisivo na história do Movimento Americano pelos Direitos Civis. Realizado para uma platéia de mais de duzentas mil pessoas que apoiavam a causa, o discurso é considerado um dos maiores na história e foi eleito o melhor discurso estadunidense do século XX numa pesquisa feita no ano de 1999.


"Eu estou contente em unir-me com vocês no dia que entrará para a história como a maior demonstração pela liberdade na história de nossa nação.

Cem anos atrás, um grande americano, na qual estamos sob sua simbólica sombra, assinou a Proclamação de Emancipação. Esse importante decreto veio como um grande farol de esperança para milhões de escravos negros que tinham murchado nas chamas da injustiça. Ele veio como uma alvorada para terminar a longa noite dos seus cativeiros.

Mas cem anos depois, o Negro ainda não é livre.

Cem anos depois, a vida do Negro ainda é tristemente inválida pelas algemas da segregação e as cadeias de discriminação.

Cem anos depois, o Negro vive numa ilha só de pobreza no meio de um vasto oceano de prosperidade material. Cem anos depois, o Negro ainda adoece nos cantos da sociedade americana e  encontram-se exilados em sua própria terra. Assim, nós viemos aqui hoje para dramatizar a sua vergonhosa condição.


De certo modo, nós viemos à capital da nossa nação para trocar um cheque. Quando os arquitetos da nossa república escreveram as magníficas palavras da Constituição e a Declaração da Independência, eles estavam a assinar uma nota promissória do qual todo americano seria seu herdeiro. Esta nota era uma promessa que todos os homens, sim, os homens negros, como também os homens brancos, teriam garantidos os direitos inalienáveis de vida, liberdade e da busca da felicidade. Hoje é óbvio que aquela América não apresentou esta nota promissória. Em vez de honrar esta obrigação sagrada, a América deu para o povo negro um cheque sem fundo, um cheque que voltou marcado com "fundos insuficientes".


Mas nós recusamo-nos a acreditar que o banco da justiça é falível. Nós recusamo-nos a acreditar que há capitais insuficientes de oportunidade nesta nação. Assim nós viemos trocar este cheque, um cheque que nos dará o direito a reclamar as riquezas, a liberdade e a segurança da justiça.


Nós também viemos para recordar à América dessa cruel urgência. Este não é o momento para descansar no luxo refrescante ou tomar o remédio tranqüilizante do gradualismo.

Agora é o tempo para transformar em realidade as promessas de democracia.

Agora é o tempo para subir do vale das trevas da segregação ao caminho iluminado pelo sol da justiça racial.

Agora é o tempo para erguer a nossa nação das areias movediças da injustiça racial para a pedra sólida da fraternidade. Agora é o tempo para fazer da justiça uma realidade para todos os filhos de Deus.


Seria fatal para a nação negligenciar a urgência desse momento. Este verão sufocante do legítimo descontentamento dos Negros não passará até termos um renovador outono de liberdade e igualdade. Este ano de 1963 não é um fim, mas um começo. Esses que esperam que o Negro agora estará contente, terão um violento despertar se a nação votar aos negócios de sempre


. Mas há algo que eu tenho que dizer ao meu povo que se dirige ao portal que conduz ao palácio da justiça. No processo de conquistar o nosso legítimo direito, nós não devemos ser culpados de ações e de injustiças. Não vamos satisfazer a nossa sede de liberdade bebendo da xícara da amargura e do ódio. Nós sempre temos que conduzir nossa luta num alto nível de dignidade e disciplina. Nós não devemos permitir que nosso criativo protesto  degenere em violência física. Novamente e novamente nós temos que subir às majestosas alturas da reunião da força física com a força de alma. Nossa nova e maravilhosa combatividade mostrou à comunidade negra que não devemos ter desconfiança para com todas as pessoas brancas. Muitos de nossos irmãos brancos, como comprovamos pela presença deles aqui hoje, vieram entender que o destino deles é amarrado ao nosso destino. Eles vieram perceber que a liberdade deles està ligada indissoluvelmente à nossa liberdade. Nós não podemos caminhar só.


E como nós caminhamos, nós temos que fazer a promessa de que  sempre marcharemos à frente. Nós não podemos retroceder. Há alguns  que estão perguntando para os devotos dos direitos civis, "Quando é que vocês estarão satisfeitos?"


Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto o Negro for vítima dos horrores indizíveis da brutalidade policial. Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto nossos corpos, pesados com a fadiga da viagem, não puderem ter hospedagem nos motéis das estradas e nos hotéis das cidades. Nós não estaremos satisfeitos enquanto um Negro não puder votar no Mississipi e um Negro em Nova Iorque acreditar que ele não tem motivo para votar. Não, não, nós não estamos satisfeitos e nós não estaremos satisfeitos até que a justiça e a retidão rolem abaixo como águas de uma poderosa correnteza.


Eu não esqueci que alguns de vocês vieram até aqui após grandes testes e sofrimentos. Alguns de vocês vieram recentemente de celas estreitas das prisões. Alguns de vocês vieram de áreas onde a sua busca pela liberdade lhe deixaram marcas pelas tempestades das perseguições e pelos ventos de brutalidade policial. Vocês são os veteranos do sofrimento. Continuem trabalhando com a fé que sofrimento imerecido e redentor. 
Voltem para o Mississippi, voltem para o Alabama, voltem para a Carolina do Sul, voltem para a Geórgia, voltem para Louisiana, voltem para as ruas sujas e guetos das nossas cidades do norte, sabendo que de alguma maneira esta situação pode e será mudada. 
Não se deixem caiar no vale de desespero.


Eu digo a vocês, hoje, meus amigos, que embora nós enfrentemos as dificuldades de hoje e amanhã, eu ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano.


Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença,  nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos -  que os homens são criados iguais.


Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos desdentes dos donos de escravos poderão se sentar junto à mesa da fraternidade.


Eu tenho um sonho que um dia, até mesmo no estado de Mississippi, um estado que transpira com o calor da injustiça, que transpira com o calor de opressão, será transformado
num oásis de liberdade e justiça.


Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver  numa nação onde  não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. 

Eu tenho um sonho hoje!


Eu tenho um sonho que um dia, o Alabama, com seus racistas malignos, com o seu governador que tem os lábios gotejando palavras de intervenção e negação; nesse justo dia no Alabama meninos negros e meninas negras poderão unir as mãos com meninos brancos e meninas brancas como irmãs e irmãos. Eu tenho um sonho hoje!


Eu tenho um sonho que um dia todo o vale será exaltado e todas as colinas e montanhas virão abaixo, os lugares ásperos serão aplainados e os lugares tortuosos serão endireitados e a glória do Senhor será revelada e toda a carne estará junta.


Esta é nossa esperança. Esta é a fé com que regressarei para o Sul. Com esta fé nós poderemos cortar da montanha do desespero uma pedra de esperança. Com esta fé nós poderemos transformar as discórdias estridentes de nossa nação numa bela sinfonia de fraternidade. Com esta fé nós poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, para ir encarcerar juntos, defender liberdade juntos e, quem sa, nós seremos um dia livres. Este será o dia, este será o dia quando todas as crianças de Deus poderão cantar com um novo significado.


"Meu país, doce terra de liberdade, eu te canto.


Terra onde meus pais morreram, terra do orgulho dos peregrinos,


De qualquer lado da montanha, ouço o sino da liberdade!"


E se a América é uma grande nação, isto tem que se tornar verdadeiro.


E assim ouvirei o sino da liberdade no extraordinário topo da montanha de New Hampshire.


Ouvirei o sino da liberdade nas poderosas montanhas poderosas de Nova York.


Ouvirei o sino da liberdade nos engrandecidos Alleghenies da Pennsylvania.


Ouvirei o sino da liberdade nas montanhas cobertas de neve Rockies do Colorado.


Ouvirei o sino da liberdade nas ladeiras curvas da Califórnia.


Mas não é só isso. Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Pedra da Geórgia.


Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Vigilância do Tennessee.


Ouvirei o sino da liberdade em todas as colinas do Mississipi.


Em todas as montanhas, ouvirei o sino da liberdade.


E quando isto acontecer, quando nós permitirmos soar o sino da liberdade, quando nós deixarmos ele soar em toda moradia e todo o vilarejo, em todo o estado e em toa cidade, nós poderemos acelerar aquele dia quando todas as crianças de Deus, homens pretos e homens brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão unir mãos e cantar nas palavras do velho espiritual negro:


"Livre afinal, livre afinal.


Agradeço ao Deus todo-poderoso, nós somos livres afinal."




Analise do Texto:

1. TEMA: Segregação e discriminação racial dos negros.

2. TESE: Denúncia da situação dos negros da América de há 50 anos.

3. ARGUMENTOS
  • Vivem em condições de pobreza extrema ;
  • Não têm acesso a cuidados de saúde;
  • Estão exilados na sua própria terra,
  • Embora a constituição e a Declaração da Independência defenda a igualdade de todos os Homens - este principio ainda não se verifica na prática;
  • Martin Luther King vem à capital americana reivindicar os direitos do Homem: vida, liberdade e busca da felicidade;
  • Porquê? Porque passados 100 anos  a promessa não foi cumprida;
  • O orador (MLK) contesta a injustiça, reclama riqueza, liberdade, segurançe e justiça - mostra o seu inconformismo;
  • Como deverá ocorrer esta mudança? Com urgência, não gradualmente, uma viragem, uma alteração, uma inovação.
  • Defende a justiça social e a fraternidade (até porque a marcha integrava pessoas brancas)
  • Compara  as TREVAS à segregação racial  e o SOL à libertação - Lembra o percurso dos prisioneiros na Alegoria da Caverna de Platão.
  • Anuncia que este momento de ruptura não se torna urgente , a América não poderá viver com esta situação pois há um destino comum para brancos e negros.
  • Renuncia à violência física.

4. ESTRATÉGIAS: 
  • Escolhe um espaço emblemático para pronunciar o discurso;
  • Apresenta os grandes princípios dos Direitos Humanos como objectivo da sua luta.
  • Refere os seus filhos e outras crianças numa conivência saudável;
  • Apela a que  sentimentos de ódio e desconfiança  não façam parte desta luta;
  • Utiliza uma linguagem poética e repleta de imagens: "Areias movediças da injustiça racial e a pedra sólida da fraternidade";
  • Usa comparações (raciocínio analógico) como, por exemplo, as trevas como segregação e o Sol como  libertação - lembra-nos  a Alegoria da Caverna.
  • Considera os Homens FILHOS DE DEUS,
  • Chama ao seu protesto um protesto criativo;
  • Refere os irmãos brancos alguns integram a marcha de protesto;
  • Há um destino comum a percorrer;
  • Aposta numa frase chave que repete a partir do meio do discurso do discurso: I HAVE A DREAM.
  • Usa uma linguagem acessível ao auditório;
  • Percorre as regiões da América.
  • É uma mensagem de esperança na liberdade de todos os cidadãos da América. 

A não perder:


http://www.publico.pt/temas/jornal/ele-teve-um-sonho-26930400



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Lola

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