quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Acção e Acontecimento






 Acção e Acontecimento
     TEXTO    
      “ Supunhamos que apanhei  o   ___________  e paguei o meu respectivo  ____________ .
        Durante o percurso vou distraído, pensando nas minhas coisas sem me dar conta de que brinco com o pedacito do cartão, enrolo-o e desenrolo-o, até que finalmente o atiro descuidadamente pela janela aberta. Nessa altura aparece-me o ___________ e pede-me o bilhete: desespero e provavelmente a multa. Posso apenas murmurar para me desculpar: “Atirei-o pela janela...sem me aperceber.” O revisor, que é também um pouco filósofo, comenta: ”Bom, se não se apercebeu do que estava a fazer, não pode dizer que o tenha atirado pela janela. É como se ele tivesse caído”. Mas eu não estou disposto a aceitar essa restrição : “Desculpe, mas uma coisa é que me tenha caído o bilhete e outra tê-lo atirado, mesmo que o tenha feito inadvertidamente”. Parece que esta discussão agrada mais ao revisor do que multar-me: “Veja, deitar fora o bilhete é uma acção, algo diferente de que nos caia, que é apenas uma desssas coisas que acontecem. Quando alguém faz uma acção é porque quer fazê-la, não é verdade? Mas em contrapartida as coisas acontecem sem querer. De maneira que como você não quis atirar o bilhete podemos dizer que na realidade ele lhe caiu”. Revolto-me contra esta interpretação mecanicista: “Não e não! Poderíamos dizer que o bilhete me tinha caído se eu tivesse adormecido, por exemplo, ou até se uma rabanada de vento mo tivesse arrancado da mão. Mas eu estava bem acordado, não fazia vento e o que acontece é que atirei o bilhete sem querer”. “Basta! – disse o revisor riscando o seu caderno com o lápis -. E se não o quis fazer, como é que sabe que foi você, exactamente você, quem o atirou? Porquê atirar uma coisa é fazer uma coisa e ninguém pode fazer uma coisa se não quiser fazê-lo”. “Pois sabe o que lhe digo? Atirei a porcaria do bilhete poque me deu na realíssima gana!” Venha a multa”.

Fernando Savater, As perguntas da Vida
Tarefa:

A.       Retire do texto uma ACÇÃO e um ACONTECIMENTO.
B.       Distinga no texto VOLUNTÁRIO e INVOLUNTÁRIO.
C.       O que é uma ACÇÃO HUMANA?
D.       Poderemos distinguir AGIR e FAZER?
E.        Podemos fazer uma coisa sem querer fazê-lo?
F.        O que poderá condicionar as nossas acções?
G.       Agir bem é agir por prazer ou por dever?
H.       O que é o Bem? E o Mal?
I.          O que vale na acção: a intenção ou o resultado?





Lola


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