quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Apriorismo de Kant




O apriorismo de Kant


O debate histórico entre racionalistas e empiristas, em final do século XVIII, conduziu ao criticismo/apriorismo que procurou conciliar e superar as limitações de ambas as correntes filosóficas.

Porquê?

Nem o racionalismo, nem o empirismo são respostas totais e fechadas aos problemas que pretendem responder.

É, pois,  Kant quem vai estabelecer a mediação, afirmando que todo o conhecimento começa na e pela experiência, mas não se limita a ela.


« Se todo o conhecimento começa com a experiência, nem todo deriva dela.»
Kant (Critica da Razão Pura)



Ao afirmar que todo o conhecimento começa com a experiência, Kant rejeita o racionalismo inatista, mas ao defender que, apesar de começar com a experiência, nem todo o conhecimento deriva dela, rejeita igualmente o empirismo.


Kant defendia que, quer  as sensações quer a razão desempenhavam um papel fundamental  no nosso conhecimento do mundo.

Está de acordo com os empiristas ao defender que devemos todos os nossos conhecimentos às sensações.


Mas...

concorda, também, com os racionalistas – na nossa razão também há condições importantes para o modo como compreendemos o mundo à nossa volta.

Porquê?

Há certas condições em nós mesmos que contribuem para a nossa concepção do mundo.

Se os racionalistas tinham esquecido a importância da experiência,  os empiristas não queriam admitir que a nossa razão influencia a nossa concepção do mundo.



Segundo Kant, no conhecimento dos objectos, há sempre elementos que dependem do próprio objecto e constituem a matéria do conhecimento e outros que dependem do sujeito e constituem a forma do conhecimento.

Então...


conhecimento é fruto de uma colaboração entre nós e o mundo: nós contribuimos com a forma, o mundo com a matéria.

Kant utiliza o termo matéria, para designar os dados exteriores captados pelos órgãos sensoriais e o termo forma para designar as estruturas cognitivas do sujeito ( a sensibilidade capta os dados; o entendimento organiza-os).

Em Kant, há a preponderância do sujeito no processo cognitivo, isto é, o conhecimento resulta da capacidade receptiva e organizadora que o sujeito possui sobre a diversidade dos dados da experiência.

Conhecer implica a actividade de um sujeito que dispõe de sensibilidade e de entendimento. Os dados do objecto só chegam à consciência depois de passarem pela sensibilidade e de serem ordenados pelo entendimento do sujeito. Ou seja, para que haja conhecimento, as impressões sensíveis tem que ser organizadas por algo que pertence ao sujeito e que é anterior e independente da experiência. (a priori)

EX: O que se passa no computador pode ajudar-nos a compreender o ponto de vista Kantiano.
Quaisquer que sejam os dados que recebe do exterior, o computador necessita de estar equipado com um programa prévio para ser capaz de processar esses dados.
 O programa de computador assemelha-se aos elementos a priori existentes no sujeito :sensibilidade e entendimento.
Os elementos introduzidos pelo teclado, comparam-se aos dados provenientes do mundo: os dados que, sendo captados pelos órgãos sensoriais, vão ser interpretados pelo entendimento.

É pela interacção dinâmica estabelecida entre homem e mundo, sujeito e objecto, que o conhecimento, segundo Kant, se vai constituindo.

Kant admite a existência de uma realidade exterior ao sujeito que este não conhece em si mesma, mas segundo o modo subjectivo da sua percepção



 Não conhecemos a realidade tal como ela é em si mesma, mas apenas a realidade tal como é para nós. 

 A coisa em si, ou NUMENO aquilo que será a realidade considerada independentemente do facto de ser conhecida por um sujeito, não pode ser conhecida (é incognoscível). 

Para Kant só o FENÓMENO pode ser conhecido.



Então, o que é o apriorismo?



O apriorismo é uma posição gnoseológica que concilia o empirismo e o racionalismo. Se o  empirismo defende que a fonte de todo conhecimento é a experiência, o racionalismo vê a  razão como fonte única do conhecimento.

 O apriorismo entende que ambos os factores, experiência e razão, intervém no conhecimento.

Kant  é o iniciador desta posição, afirmando que não há dúvida de que o ponto de partida do conhecimento humano é a experiência. Diz ele: "Mas se é verdade que todos os nossos conhecimentos começam com a experiência, nem todos, derivam dela".

Distingue  entre matéria e forma do conhecimento, sendo matéria o elemento proveniente da experiência - a posteriori -, e forma, o do pensamento - a priori. O primeiro fornece a matéria do conhecimento, enquanto o segundo, a forma. Por isso, há dois elementos no conhecimento , um material e outro formal.  

Para Kant não existe conhecimento sem a intervenção da experiência nem  sem as formas a priori, daí ele próprio afirmar que  "os conceitos sem as intuições são vazios, as intuições sem os conceitos são cegas".

                                                           
   Lola

5 comentários:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...