Conhecimento como crença racional justificada
Platão apresenta uma teoria que explica como ocorre um dos tipos de conhecimento estudados: o "saber que" ( conhecimento proposicional ou conhecimento de verdades).
- Platão defende que o conhecimento parte sempre de uma crença, de uma convicção.
- Uma crença é uma atitude de adesão, é acreditar em algo.
- Qualquer pessoa que sabe alguma coisa tem que acreditar nessa mesma coisa.
- Para Platão, não podemos ter conhecimento de algo em que não acreditamos.
- A crença é, portanto, a primeira condição necessária para o conhecimento, mas não é suficiente.
- A crença é um ponto de partida para o conhecimento.
- Se admitimos que existe a verdade temos que admitir que existe a falsidade.
- A verdade ou a falsidade só existem relativamente a uma crença, opinião ou proposição.
- A verdade ou falsidade de uma crença depende de algo exterior à crença.
- Uma crença pode ser verdadeira ou falsa.
- Uma crença falsa não poderá conduzir a qualquer conhecimento.
- A segunda condição necessária para que ocorra o conhecimento é a verdade.
- Para haver conhecimento, é necessário que uma pessoa acredite em algo e que este algo seja verdadeiro.
- Contudo, podemos ter uma crença verdadeira e não se tratar de conhecimento, pois podemos ter uma crença e ela ser verdadeira por sorte ou por coincidência.
- Assim, uma crença verdadeira ainda não é conhecimento.
- Segundo Platão, é necessário que ocorra uma terceira condição para que haja conhecimento.
- A terceira condição necessária para que aconteça o conhecimento é a justificação.
- Uma opinião verdadeira só por si ainda não é conhecimento, é necessário que se possua uma justificação que comprove a verdade da crença.
- A justificação consiste na razão (ou razões) que suporta a verdade da crença.
- Platão defende que só quando estamos perante as três condições necessárias (crença, verdade e justificação) é que podemos afirmar estar na posse de um efectivo conhecimento.
- Assim, só podemos conhecer aquilo que se pode justificar e não podemos conhecer aquilo que não é possível justificar.
- Consideradas isoladamente, nenhuma das condições é suficiente para que haja conhecimento.
Então...
- Elementos constitutivos do conhecimento: Crença– convicção; opinião; acreditar em algo; Conhecimento e verdade – Factividade (remeter para factos)
- Nenhuma crença falsa pode ser conhecimento - Proposições Verdadeiras e Falsas
- O conhecimento é factivo; so se pode conhecer o que é verdadeiro, ou seja, aquilo que, de facto, acontece;
- A verdade é condição necessària para o conhecimento
- Crença e ilusão: Saber realmente algo ≠pensar que se sabe algo A verdade ou falsidade de uma crença depende de algo exterior à crença ou seja,depende dos factos
- Crença e conhecimento - Para haver conhecimento, é necessário que uma pessoa acredite em algo e que este algo seja verdadeiro.Mas não há conhecimento coincidência ou sorte Eu sabia que ia ganhar!
- A crença verdadeira não é suficiente para o conhecimento.
- Conhecimento e justificação- É necessário uma justificação que comprove a verdade da crença. Têm de existir boas razões que suportem a verdade da crença.A Justificaço é uma condição necessária para o conhecimento
- Justificar e ter justificação Não é necessário que se saiba explicar correctamente quais as razões da justificação. Conhecimento a priori
- O que interessa é que haja uma justificação que torne válida a crença!
- Justificação e verdade - A existência de justificação para acreditar em algo não garante a verdade da crença, simplesmente mostra que há boas razões a seu favor. Assim, também podemos não ter justificação para acreditar em certas verdades.Existência de fantasmas - não há boas razões para acreditar nisso, mesmo que seja verdade. A crença justificada não é suficiente para o conhecimento.
- Cada uma das condições - crença, verdade e justificação - é necessária, mas não suficiente, para a existência de conhecimento. Mas, uma condição necessária e suficiente para haver conhecimento é ter uma crença verdadeira justificada.
- S sabe que P se, e só se, - S acredita que P. - P é verdadeira. - S tem uma justificação para acreditar que P
"A temática do conhecimento é uma das mais
discutidas na Filosofia desde a antiguidade, as questões sobre o que é
conhecimento e como nós podemos conhecer suscitam e norteiam significativas
discussões e foram temas de grandes obras. Mas, como mencionado, já na filosofia clássica antiga
esse tema era motivo de discussões, e foi Platão por volta do ano 400 a. C que deu a
primeira definição de conhecimento, essa definição é o conhecimento como crença
verdadeira e justificada. Na
qual a crença ‘é considerada a primeira condição necessária para o
conhecimento’, porém, não é suficiente. A segunda condição necessária para o
conhecimento é a verdade. Para haver conhecimento é necessário que uma pessoa
emita juízo sobre determinado assunto ou objeto, e esse juízo corresponda com a
verdade. A verdade, por conseguinte, é algo que já está em nós, de acordo com
Platão, assim como as ideias verdadeiras e universais, está no nosso intelecto
e o que se deve fazer é associar a verdade com o objeto a ser conhecido. E por
fim é colocada a necessidade de que o conhecimento seja uma opinião verdadeira
que possa ser justificada. Portanto, a justificação consiste em apresentar as
razões de “o porquê a crença” é verdadeira. A partir do momento em que se fizer
uma explicação racional de uma opinião se dará chances para torná-la
verdadeira. A razão é capaz de se referir e abstrair as essências, aquilo que
há de comum entre os conhecimentos. Tal definição não teve refutações tão
relevantes a ponto de superá-la e por isso é a mais aceita até hoje, no entanto
apareceram algumas objeções, as quais iremos apresentar. A principal delas é os
contra exemplos apresentados por Edmund
Gettier, na obra “É a crença verdadeira justificada conhecimento?” de 1963. O sucesso de tais objeções dá-se pela
forma de como os contra exemplos são estruturados, onde aparecem crenças
verdadeiras e supostamente justificadas, mas que não podem ser consideradas
conhecimento.
Os contra-exemplos de Gettier estruturam-se mais ou menos nos seguintes moldes: um sujeito “A” observa por várias vezes que um indivíduo “B” anda com um carro vermelho. O indivíduo “A” trabalha na mesma empresa que o indivíduo “B”, e percebe todos os dias o indivíduo “B” chegar dirigindo o carro, e com um indivíduo “C” de carona. O indivíduo “A” infere a partir das suas evidências que, dentre os funcionários da empresa, um é dono de um carro vermelho. Nesse caso, ele tem uma crença verdadeira e justificada. Mas o indivíduo “A” infere que “B” é o dono do carro, sendo que na verdade o carro é do indivíduo “C”, e o “B” o utilizava porque o indivíduo “C” estava com sua habilitação apreendida. Assim, o indivíduo “A” possui uma crença justificada, mas que é falsa. Percebe-se claramente que o ponto de ataque de Gettier é a justificação, ou seja, como explicar casos como esse do exemplo.
Por outras palavras, em que medida a justificação será de fato suficiente?
Por fim, abordaremos Bertrand Russell, utilizando-nos do Fundacionismo moderado como uma possível solução para as críticas de Gettier.
Os contra-exemplos de Gettier estruturam-se mais ou menos nos seguintes moldes: um sujeito “A” observa por várias vezes que um indivíduo “B” anda com um carro vermelho. O indivíduo “A” trabalha na mesma empresa que o indivíduo “B”, e percebe todos os dias o indivíduo “B” chegar dirigindo o carro, e com um indivíduo “C” de carona. O indivíduo “A” infere a partir das suas evidências que, dentre os funcionários da empresa, um é dono de um carro vermelho. Nesse caso, ele tem uma crença verdadeira e justificada. Mas o indivíduo “A” infere que “B” é o dono do carro, sendo que na verdade o carro é do indivíduo “C”, e o “B” o utilizava porque o indivíduo “C” estava com sua habilitação apreendida. Assim, o indivíduo “A” possui uma crença justificada, mas que é falsa. Percebe-se claramente que o ponto de ataque de Gettier é a justificação, ou seja, como explicar casos como esse do exemplo.
Por outras palavras, em que medida a justificação será de fato suficiente?
Por fim, abordaremos Bertrand Russell, utilizando-nos do Fundacionismo moderado como uma possível solução para as críticas de Gettier.
Russell continua sustentando que a melhor definição do
que é conhecimento é aquela apresentada no Teeteto de
Platão, mas para que uma crença seja considerada
conhecimento, ela precisa ser verdadeira, estar justificada e, além disso, não haver novas
informações que o contradigam até o presente momento, ou seja, estar
justificada dentro de um determinado tempo e contexto".
Leonardo De Bortoli, Cristina de Moraes Nunes
A quem interessar:
A definição
de conhecimento como crença verdadeira justificada exclui outras formas de
conhecimento que não sejam a ciência?
A definição de conhecimento como crença verdadeira
justificada exclui outras formas de conhecimento que não sejam a ciência
Definitivamente, o conhecimento científico é um conhecimento empírico aposteriori, e não a priori. Penso que há uma grande possibilidade de partir para a busca do conhecimento que não venha a ser necessariamente em bases científicas. O conhecimento como causa de uma crença verdadeira justificada, poderia, ou pode, se fundamentar em bases científicas, mas o que falar, por exemplo, de dogmas ditos por conhecimentos incontestáveis? No caso da filosofia da ciência em contraposição com a filosofia da religião podemos sustentar uma grande oposição de ideais, onde o conhecimento científico não adere ás crenças religiosas para a explicação de fatos contestados pela própria ciência, por isso penso que há outras formas de conhecimento que não sejam necessariamente em bases científicas. Claro que as teses científicas procuram expor uma clareza necessária. Observamos a filosofia cartesiana, onde se procura o método exato onde não há a possibilidade de qualquer erro, procurando-se o conhecimento exato e verdadeiro, como é também o caso da lógica matemática.
O conhecimento científico, penso eu, não pode ser tomado como o conhecimento supremo, pois a ciência não é permanente, ela muda, pode vir outra teoria e derrubar uma que está em evidência. Portanto, a definição de conhecimento como crença verdadeira justificada não exclui outras formas de conhecimento que não seja a própria ciência.
Definitivamente, o conhecimento científico é um conhecimento empírico aposteriori, e não a priori. Penso que há uma grande possibilidade de partir para a busca do conhecimento que não venha a ser necessariamente em bases científicas. O conhecimento como causa de uma crença verdadeira justificada, poderia, ou pode, se fundamentar em bases científicas, mas o que falar, por exemplo, de dogmas ditos por conhecimentos incontestáveis? No caso da filosofia da ciência em contraposição com a filosofia da religião podemos sustentar uma grande oposição de ideais, onde o conhecimento científico não adere ás crenças religiosas para a explicação de fatos contestados pela própria ciência, por isso penso que há outras formas de conhecimento que não sejam necessariamente em bases científicas. Claro que as teses científicas procuram expor uma clareza necessária. Observamos a filosofia cartesiana, onde se procura o método exato onde não há a possibilidade de qualquer erro, procurando-se o conhecimento exato e verdadeiro, como é também o caso da lógica matemática.
O conhecimento científico, penso eu, não pode ser tomado como o conhecimento supremo, pois a ciência não é permanente, ela muda, pode vir outra teoria e derrubar uma que está em evidência. Portanto, a definição de conhecimento como crença verdadeira justificada não exclui outras formas de conhecimento que não seja a própria ciência.
Lola
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