Fenomenologia do Conhecimento
O que é a fenomenologia?
A palavra venha do grego phainomenón, que significa o que aparece, o que se mostra.
É a análise do conhecimento como acto que se dá entre quem conhece e aquilo que é conhecido. Para a fenomenologia interessa a essência ou estrutura comum a todo o conhecimento independentemente de quem seja o Sujeito e o Objecto.
É a análise do conhecimento como acto que se dá entre quem conhece e aquilo que é conhecido. Para a fenomenologia interessa a essência ou estrutura comum a todo o conhecimento independentemente de quem seja o Sujeito e o Objecto.
A fenomenologia descreve ou faz um relato objectivo do essencial do conhecimento independente ou anteriormente a qualquer interpretação.
Analisemos o texto de Nicolai Hartmann:
Fenomenologia do conhecimento
(análise fenomenológica do acto de conhecer)
(análise fenomenológica do acto de conhecer)
I. Em todo o conhecimento, um «cognoscente» e um «conhecido», um sujeito e um objecto encontram-se face a face. A relação que existe entre os dois é o próprio conhecimento. A oposição dos dois termos não pode ser suprimida: esta oposição significa que os dois termos são originariamente separados um do outro, transcendentes um ao outro. (...)
2.Os dois termos da relação não podem ser separados dela sem deixar de ser sujeito e objecto. O sujeito só é sujeito em relação a um objecto e o objecto só é objecto em relação a um sujeito. Cada um deles apenas é o que é pela sua relação com o outro. Estão ligados um ao outro por uma estreita relação; condicionam-se reciprocamente. A sua relação é uma correlação.
3. A relação constitutiva do conhecimento é dupla, mas não reversível. O facto de desempenhar o papel de sujeito em relação a um objecto é diferente do facto de desempenhar o papel de objecto em relação a um sujeito. No interior da correlação, sujeito e objecto não são, portanto, intermutaveis; a sua função é essencialmente diferente. (...)
2.Os dois termos da relação não podem ser separados dela sem deixar de ser sujeito e objecto. O sujeito só é sujeito em relação a um objecto e o objecto só é objecto em relação a um sujeito. Cada um deles apenas é o que é pela sua relação com o outro. Estão ligados um ao outro por uma estreita relação; condicionam-se reciprocamente. A sua relação é uma correlação.
3. A relação constitutiva do conhecimento é dupla, mas não reversível. O facto de desempenhar o papel de sujeito em relação a um objecto é diferente do facto de desempenhar o papel de objecto em relação a um sujeito. No interior da correlação, sujeito e objecto não são, portanto, intermutaveis; a sua função é essencialmente diferente. (...)
4. A função do sujeito consiste em apreender o objecto; a do objecto consiste em poder ser captado pelo sujeito e sê-lo efectivamente.
5. Considerado do lado do sujeito, esta "apreensão" pode ser descrita como uma saída do sujeito, da sua própria esfera fazendo uma incursão na esfera do objecto, a qual é para o sujeito transcendente e heterogénea. O sujeito apreende as determinações do objecto e captando-as, introdu-las ou fá-las entrar na sua própria esfera.
6. O sujeito só pode captar as propriedades do objecto fora de si mesmo, porque a oposição do sujeito e do objecto não desaparece na união que o acto de conhecimento estabelece entre eles: mas ela permanece indestrutível. A consciência desta oposição é um aspecto essencial da consciência do objecto. O objecto, mesmo quando é apreendido, permanece , para o sujeito, algo de exterior; é sempre "o objectum", quer dizer, o que está diante dele. O sujeito não pode captar o objecto sem sair de si (sem se transcender); mas não pode ter consciência do que é apreendido, sem reentrar em si, sem se reencontrar na sua própria esfera. O conhecimento realiza-se, pois, por assim dizer, em três tempos: o sujeito sai de si, está fora de si e regressa finalmente a si.
7. O facto de que o sujeito saia de si para apreender o objecto não muda nada neste. O objecto não se torna por isso imanente. As características do objecto, se bem que sejam apreendidas e como que introduzidas na esfera do sujeito, não são, contudo, deslocadas.
Nicolai Hartmann, (1945) Les principes d´une méthaphisique de la connaissance, Vol. I, pp. 87-88, Aubier, Editions Montaigne, Paris
Análise do texto
1. S e O - face a face;
O conhecimento é uma relação
S e O são: separados, opostos e transcendentes (um está para além do outro)
O conhecimento é uma relação
S e O são: separados, opostos e transcendentes (um está para além do outro)
2. S e O nunca desaparecem na relação do conhecimento
Um é-o em relação ao outro
O S só o é em relação ao O e vice versa;
S e O condicionam-se: é uma correlação (relação com...)
3. A relação é dupla mas não reversível:
Um é-o em relação ao outro
O S só o é em relação ao O e vice versa;
S e O condicionam-se: é uma correlação (relação com...)
3. A relação é dupla mas não reversível:
S→O Certo
S←O O←S
Errado
S
e O têm papeis/funções diferentes
Não
podem “trocar de posição” - não são permutáveis
4. (...) porque se não for, não há conhecimento!
5. O S ao conhecer entra na esfera do O
↓
O Objecto
permanece transcendente e heterogéneo
O S apreende as determinações, características e propriedades do O e fá-las entrar na sua própria esfera.
6. O conhecimento dá-se em três momentos:
O S sai de si (para conhecer)
Está fora de si (enquanto está a conhecer)
Regressa a si (com a consciência ou imagem do O)
Mesmo depois de o S ter consciência do O, estes continuam a ser opostos.
Depois de ser apreendido, o O permanece imutável - Objectum (o que está para além de....)
O S sai de si (para conhecer)
Está fora de si (enquanto está a conhecer)
Regressa a si (com a consciência ou imagem do O)
Mesmo depois de o S ter consciência do O, estes continuam a ser opostos.
Depois de ser apreendido, o O permanece imutável - Objectum (o que está para além de....)
7. Após o conhecimento, o O permanece imutável - nunca se torna imanente (permanece transcendente);
As características do O apesar de apreendidas não são deslocadas;
O S fica com as determinações do O;
No S nasce a imagem do O ou representação mental na consciência.
As características do O apesar de apreendidas não são deslocadas;
O S fica com as determinações do O;
No S nasce a imagem do O ou representação mental na consciência.
Pelo conhecimento, só o S se altera pois nele surgem
as: determinações, características, propriedades, conteúdo, imagem, representação
ou consciência do O.
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