HUSSERL
BIOGRAFIA
Fundador da Fenomenologia. Nasceu a 8 de abril de 1859 em Prossnitz, Moravia, no então Império Austríaco, hoje Prostejov, na República Checa, faleceu em 27 de abril de 1938, em Freiburg im Breisgau, na Alemanha. De origem judaica, completou os primeiros estudos em um ginásio público alemão, na cidade próxima Olmütz, em 1876. Em seguida estudou física, matemática, astronomia e filosofia nas universidades de Leipzig, Berlim, e Vienna. Nesta última passou sua tese de doutorado em filosofia em 1882, com o tema Beiträge zur Theorie der Variationsrechnung ("Contribuição para a Teoria do cálculo de variáveis").
A influência de HUSSERL opera em várias direções. Em primeiro lugar, as penetrantes análises de suas Investigações lógicas representam sério golpe no positivismo e no nominalismo, que imperavam no século XIX. Ao mesmo tempo, seu método, que sublinha o conteúdo e a essência do objeto, contribuiu poderosamente para a elaboração de um pensamento antikantiano. Sob este aspecto, é um dos grandes pioneiros da nova filosofia.
No outono de 1883, Husserl seguiu para Vienna para estudar com o filósofo e psicólogo Franz Brentano. Em Viena Husserl converteu-se à fé evangélica luterana e, um ano depois, em 1887, casou com Malvine Steinschneider, a filha de um professor do ensino secundário de Prossnitz. Esposa energética e competente, ela foi um indispensável apoio para Husserl até a morte dele.
Em 1886, Husserl, com uma recomendação de Brentano, procurou Carl Stumpf, o mais velho dos estudantes de Brentano do qual se tornaria amigo íntimo, e que era professor de filosofia e psicologia na universidade de Halle. Nesta universidade Husserl passou o concurso para professor conferencista em 1887.
O tema da tese de habilitação foi Über den Begriff der Zahl: Psychologische Analysen ("Sobre o conceito de número: análise psicológica"), o que mostra sua transição da pesquisa matemática para uma reflexão sobre as bases psicológicas dos conceitos básicos da matemática. A tese foi uma versão desenvolvida depois no seu Philosophie der Arithmetik: Psychologische und logische Untersuchungen , cujo primeiro volume apareceu em 1891.
O título de sua conferência inaugural em Hale, onde ensinou de 1887 a1901, foi Über die Ziele und Aufgaben der Metaphysik ("Sobre os objetivos e problemas da metafísica"). O objeto tradicional da metafísica é o estudo do Ser. O texto se perdeu, mas é provável que nele Husserl já apresentasse seu método de análise da consciência como o caminho para uma nova e universal filosofia e uma nova metafísica.
Para ele a base filosófica para a lógica e a matemática precisa começar com uma análise da experiência que está antes de todo pensamento formal, tais concepções são apresentadas em sua famosa obra Logische Untersuchungen (1900-01; "Investigações lógicas"), onde apresentou o método de análise que chamou "phenomenologico".
Após a publicação do Logische Untersuchungen , Husserl foi convidado a lecionar na Universidade de Göttingen, onde permaneceu de 1901 a 1916. Nos seus anos em Göttingen, Husserl desenvolveu as linhas gerais da Fenomenologia.
Husserl apresenta, em 1913, Ideen zu einer reinen Phänomenologie und phänomenologischen Philosophie (Idéias; Introdução geral à fenomenologia pura"), obra cuja segunda parte não pode completar devido a romper a Primeira Guerra Mundial.
Em 1916 foi convidado para atuar como catedrático na universidade de Freiburg. Sua aula inicial sobre Die reine Phänomenologie, ihr Forschungsgebiet und ihre Methode ("Fenomenologia pura, sua área de pesquisa e seu método") definia seu programa de trabalho.
Reconhecimento vindo de outros países não lhe faltaram. Em 1919 a Universidade de Bonn conferiu-lhe o título de Doutor honoris causa . Foi convidado e realizou diversas palestras como na Universidade de Londres, na Universidade de Amsterdã e na Sorbonne. Deixou de aceitar um convite da prestigiosa universidade de Berlim a fim de poder dedicar todas as suas energias à Fenomenologia. Estas palestras foram aproveitadas em uma nova apresentação da Fenomenologia, que então apareceu com tradução francesa sob o título Méditations cartésiennes (1931).
Quando se aposentou, em 1928, Martin Heidegger, que haveria de tornar-se um expoente do existencialismo e um dos mais importantes filósofos alemães, foi seu sucessor. Husserl o havia considerado seu herdeiro legítimo. Somente mais tarde viu que a principal obra de Heidegger, Sein und Zei t ("O ser e o tempo"), de 1927, havia dado à Fenomenologia uma reviravolta que a levaria para um caminho totalmente diferente. Seu desapontamento fez que seu relacionamento com Heidegger esfriasse depois de 1930.
Com a chegada ao poder de Adolf Hitler na Alemanha, em 1933, Husserl foi excluído da universidade. Porém, recebia a visita de filósofos e intelectuais estrangeiros regularmente. Condenado ao silêncio na Alemanha, ele recebe, na primavera de 1935, um convite para falar para a Sociedade Cultural em Viena, onde discursou por duas horas e meia sobre Die Philosophie in der Krisis der europäischen Menschheit ("A filosofia na crise da humanidade européia").
Desta conferência e de outras que fez em Praga surgiu seu último trabalho Die Krisis der europäischen Wissenschaften und die transzendentale Phänomenologie: Eine Einleitung in die phänomenologische Philosophie ("A crise da ciência européia e a fenomenologia transcendental: uma abordagem da filosofia fenomenológica"), de 1936, da qual somente a primeira parte veio a público.
O método fenomenológico de Husserl propõe-se estabelecer uma base segura, liberta de pressuposições, para todas as ciências e, de modo especial, para a filosofia. A suprema fonte legítima de todas as afirmações racionais é a visão, ou também, como ele se exprime, a consciência doadora originária ( das origindr gebende Bewusstsein ). Devemos avançar para as próprias coisas. Esta é a regra primeira e fundamental do método fenomenológico. Por "coisas" entenda-se simplesmente o dado, aquilo que vemos ante nossa consciência. Este dado chama-se fenômeno , no sentido de que phainetai , de que aparece diante da consciência: haja o que houver, a coisa está aí, é dada.
O método fenomenológico não explica mediante leis nem deduz a partir de princípios, mas considera imediatamente o que está perante a consciência, aquilo que é sabido, posto em dúvida, amado, odiado, etc.
Os positivistas cometem, segundo ele, erros grosseiros, dos quais importa que nos desembaracemos, se quisermos chegar à realidade. Eles confundem o ver em geral com o ver meramente sensível e experimental. Não compreendem que cada objeto sensível e individual possui uma essência , ou, como diz Husserl, um eidos que precisa ser captado diretamente.
A filosofia fenomenológica tem seu objeto constituído não por fatos contingentes, mas por conexões essenciais. É puramente descritiva, e seu método consiste, antes de mais nada, em descrever a essência.
Husselr desenvolve a “redução”, ou um “colocar entre parêntesis”. Para alcançar seu objeto próprio, o eidos, a fenomenologia deve praticar não a dúvida cartesiana, mas a denominada epoché . Quer isto dizer que a fenomenologia "coloca entre parêntesis" buscando libertar-se de preconceitos, dos saberes elaborados pelas doutrinas filosóficas; das teorias das ciências da natureza e do espírito; das opiniões alheias. Para a fenomenologia não interessa senão a essência, colocando de lado todas as outras fontes de informação.
Após esta eliminação preparatória, temos a redução eidética ou transcendental . Esta consiste em por entre parêntesis tudo o que não é correlato da consciência pura. Como resultado desta última redução, nada mais resta do objeto além do que é dado ao sujeito. A redução transcendental é a aplicação do método fenomenológico ao próprio sujeito e a seus atos.
Para bem compreender a teoria da redução é imprescindível entender o fundamento da Intencionalidade , pois somente através deste se tem acesso à consciência, ou seja, entre as vivências sobressaem algumas que possuem a propriedade essencial de ser vivências de um objeto. Estas vivências recebem o nome de "vivências intencionais" ( intentionale Erlebnisse ), e na medida em que são consciências (amor, apreciação, etc.) de alguma coisa , diz-se que tem uma "relação intencional" com esta coisa. Aplicando agora a redução fenomenológica a estas vivências intencionais, chegamos, por um lado, a captar a consciência como um puro centro de referência da intencionalidade, ao qual o objeto intencional é dado, e, por outro lado, chegamos a um objeto que, depois da redução, não tem outra existência senão a de ser dado intencionalmente a este sujeito. Na própria vivência, considera-se o ato puro, que parece ser, simplesmente, a referência intencional da consciência pura ao objeto intencional. Deste modo a fenomenologia converte se na ciência da essência das vivências puras.
Enfermo a partir de 1937, acaba por falecer em abril de 1938 e suas cinzas foram enterradas no cemitério em Günterstal, perto de Freiburg.
Edmund Gustav
Albrecht Hurssel (8 de abril 1859- 26 de abril 1938).
O Filósofo Alemão
fundador do movimento fenomenológico e discípulo de Franz Bretano e Carl
Stumpf. O primeiro foi um filósofo, psicólogo e sacerdote católico alemão que
definiu a tese da intencionalidade da conciência e da experiência geral e o
segundo foi um de seus primeiros seguidores.
BIOGRAFIA
Fundador da Fenomenologia. Nasceu a 8 de abril de 1859 em Prossnitz, Moravia, no então Império Austríaco, hoje Prostejov, na República Checa, faleceu em 27 de abril de 1938, em Freiburg im Breisgau, na Alemanha. De origem judaica, completou os primeiros estudos em um ginásio público alemão, na cidade próxima Olmütz, em 1876. Em seguida estudou física, matemática, astronomia e filosofia nas universidades de Leipzig, Berlim, e Vienna. Nesta última passou sua tese de doutorado em filosofia em 1882, com o tema Beiträge zur Theorie der Variationsrechnung ("Contribuição para a Teoria do cálculo de variáveis").
A influência de HUSSERL opera em várias direções. Em primeiro lugar, as penetrantes análises de suas Investigações lógicas representam sério golpe no positivismo e no nominalismo, que imperavam no século XIX. Ao mesmo tempo, seu método, que sublinha o conteúdo e a essência do objeto, contribuiu poderosamente para a elaboração de um pensamento antikantiano. Sob este aspecto, é um dos grandes pioneiros da nova filosofia.
No outono de 1883, Husserl seguiu para Vienna para estudar com o filósofo e psicólogo Franz Brentano. Em Viena Husserl converteu-se à fé evangélica luterana e, um ano depois, em 1887, casou com Malvine Steinschneider, a filha de um professor do ensino secundário de Prossnitz. Esposa energética e competente, ela foi um indispensável apoio para Husserl até a morte dele.
Em 1886, Husserl, com uma recomendação de Brentano, procurou Carl Stumpf, o mais velho dos estudantes de Brentano do qual se tornaria amigo íntimo, e que era professor de filosofia e psicologia na universidade de Halle. Nesta universidade Husserl passou o concurso para professor conferencista em 1887.
O tema da tese de habilitação foi Über den Begriff der Zahl: Psychologische Analysen ("Sobre o conceito de número: análise psicológica"), o que mostra sua transição da pesquisa matemática para uma reflexão sobre as bases psicológicas dos conceitos básicos da matemática. A tese foi uma versão desenvolvida depois no seu Philosophie der Arithmetik: Psychologische und logische Untersuchungen , cujo primeiro volume apareceu em 1891.
O título de sua conferência inaugural em Hale, onde ensinou de 1887 a1901, foi Über die Ziele und Aufgaben der Metaphysik ("Sobre os objetivos e problemas da metafísica"). O objeto tradicional da metafísica é o estudo do Ser. O texto se perdeu, mas é provável que nele Husserl já apresentasse seu método de análise da consciência como o caminho para uma nova e universal filosofia e uma nova metafísica.
Para ele a base filosófica para a lógica e a matemática precisa começar com uma análise da experiência que está antes de todo pensamento formal, tais concepções são apresentadas em sua famosa obra Logische Untersuchungen (1900-01; "Investigações lógicas"), onde apresentou o método de análise que chamou "phenomenologico".
Após a publicação do Logische Untersuchungen , Husserl foi convidado a lecionar na Universidade de Göttingen, onde permaneceu de 1901 a 1916. Nos seus anos em Göttingen, Husserl desenvolveu as linhas gerais da Fenomenologia.
Husserl apresenta, em 1913, Ideen zu einer reinen Phänomenologie und phänomenologischen Philosophie (Idéias; Introdução geral à fenomenologia pura"), obra cuja segunda parte não pode completar devido a romper a Primeira Guerra Mundial.
Em 1916 foi convidado para atuar como catedrático na universidade de Freiburg. Sua aula inicial sobre Die reine Phänomenologie, ihr Forschungsgebiet und ihre Methode ("Fenomenologia pura, sua área de pesquisa e seu método") definia seu programa de trabalho.
Reconhecimento vindo de outros países não lhe faltaram. Em 1919 a Universidade de Bonn conferiu-lhe o título de Doutor honoris causa . Foi convidado e realizou diversas palestras como na Universidade de Londres, na Universidade de Amsterdã e na Sorbonne. Deixou de aceitar um convite da prestigiosa universidade de Berlim a fim de poder dedicar todas as suas energias à Fenomenologia. Estas palestras foram aproveitadas em uma nova apresentação da Fenomenologia, que então apareceu com tradução francesa sob o título Méditations cartésiennes (1931).
Quando se aposentou, em 1928, Martin Heidegger, que haveria de tornar-se um expoente do existencialismo e um dos mais importantes filósofos alemães, foi seu sucessor. Husserl o havia considerado seu herdeiro legítimo. Somente mais tarde viu que a principal obra de Heidegger, Sein und Zei t ("O ser e o tempo"), de 1927, havia dado à Fenomenologia uma reviravolta que a levaria para um caminho totalmente diferente. Seu desapontamento fez que seu relacionamento com Heidegger esfriasse depois de 1930.
Com a chegada ao poder de Adolf Hitler na Alemanha, em 1933, Husserl foi excluído da universidade. Porém, recebia a visita de filósofos e intelectuais estrangeiros regularmente. Condenado ao silêncio na Alemanha, ele recebe, na primavera de 1935, um convite para falar para a Sociedade Cultural em Viena, onde discursou por duas horas e meia sobre Die Philosophie in der Krisis der europäischen Menschheit ("A filosofia na crise da humanidade européia").
Desta conferência e de outras que fez em Praga surgiu seu último trabalho Die Krisis der europäischen Wissenschaften und die transzendentale Phänomenologie: Eine Einleitung in die phänomenologische Philosophie ("A crise da ciência européia e a fenomenologia transcendental: uma abordagem da filosofia fenomenológica"), de 1936, da qual somente a primeira parte veio a público.
O método fenomenológico de Husserl propõe-se estabelecer uma base segura, liberta de pressuposições, para todas as ciências e, de modo especial, para a filosofia. A suprema fonte legítima de todas as afirmações racionais é a visão, ou também, como ele se exprime, a consciência doadora originária ( das origindr gebende Bewusstsein ). Devemos avançar para as próprias coisas. Esta é a regra primeira e fundamental do método fenomenológico. Por "coisas" entenda-se simplesmente o dado, aquilo que vemos ante nossa consciência. Este dado chama-se fenômeno , no sentido de que phainetai , de que aparece diante da consciência: haja o que houver, a coisa está aí, é dada.
O método fenomenológico não explica mediante leis nem deduz a partir de princípios, mas considera imediatamente o que está perante a consciência, aquilo que é sabido, posto em dúvida, amado, odiado, etc.
Os positivistas cometem, segundo ele, erros grosseiros, dos quais importa que nos desembaracemos, se quisermos chegar à realidade. Eles confundem o ver em geral com o ver meramente sensível e experimental. Não compreendem que cada objeto sensível e individual possui uma essência , ou, como diz Husserl, um eidos que precisa ser captado diretamente.
A filosofia fenomenológica tem seu objeto constituído não por fatos contingentes, mas por conexões essenciais. É puramente descritiva, e seu método consiste, antes de mais nada, em descrever a essência.
Husselr desenvolve a “redução”, ou um “colocar entre parêntesis”. Para alcançar seu objeto próprio, o eidos, a fenomenologia deve praticar não a dúvida cartesiana, mas a denominada epoché . Quer isto dizer que a fenomenologia "coloca entre parêntesis" buscando libertar-se de preconceitos, dos saberes elaborados pelas doutrinas filosóficas; das teorias das ciências da natureza e do espírito; das opiniões alheias. Para a fenomenologia não interessa senão a essência, colocando de lado todas as outras fontes de informação.
Após esta eliminação preparatória, temos a redução eidética ou transcendental . Esta consiste em por entre parêntesis tudo o que não é correlato da consciência pura. Como resultado desta última redução, nada mais resta do objeto além do que é dado ao sujeito. A redução transcendental é a aplicação do método fenomenológico ao próprio sujeito e a seus atos.
Para bem compreender a teoria da redução é imprescindível entender o fundamento da Intencionalidade , pois somente através deste se tem acesso à consciência, ou seja, entre as vivências sobressaem algumas que possuem a propriedade essencial de ser vivências de um objeto. Estas vivências recebem o nome de "vivências intencionais" ( intentionale Erlebnisse ), e na medida em que são consciências (amor, apreciação, etc.) de alguma coisa , diz-se que tem uma "relação intencional" com esta coisa. Aplicando agora a redução fenomenológica a estas vivências intencionais, chegamos, por um lado, a captar a consciência como um puro centro de referência da intencionalidade, ao qual o objeto intencional é dado, e, por outro lado, chegamos a um objeto que, depois da redução, não tem outra existência senão a de ser dado intencionalmente a este sujeito. Na própria vivência, considera-se o ato puro, que parece ser, simplesmente, a referência intencional da consciência pura ao objeto intencional. Deste modo a fenomenologia converte se na ciência da essência das vivências puras.
Enfermo a partir de 1937, acaba por falecer em abril de 1938 e suas cinzas foram enterradas no cemitério em Günterstal, perto de Freiburg.
In Filoparavavai.blospot.com
Lola
Sem comentários:
Enviar um comentário