domingo, 25 de maio de 2014

Verdade e objectividade científicas


Verdade e objectividade científicas



finalidade do conhecimento científico é atingir o estatuto de conhecimento objectivo. O conhecimento objectivo é aquele que se refere exclusivamente ao objecto de estudo, independentemente do sujeito que realizou a investigação. 

Serà possivel afastar o cientista do objecto de estudo?

Para atingir o conhecimento objectivo, o cientista teria de se abstrair da sua subjectividade, isto é, da sua forma pessoal de entender o objecto, da sua afectividade, dos seus valores, dos seus interesses, das suas crenças ideológicas e políticas, dos seus gostos estéticos e outros.


A objectividade segundo o positivismo e o neopositivismo

As correntes positivista e neopositivista atribuem à ciência o estatuto de conhecimento verdadeiro e objectivo. Consideram que os factos são susceptíveis de uma descrição exacta e de uma explicação rigorosa.
A verdade da ciência parecia indubitável, visto que se baseava em verificações, em confirmações, numa multiplicação de observações, que confirmavam sempre os mesmos dados – teoria científica uma construção lógica que reflectia a própria coerência do universo.

A objectividade científica era assegurada pelo rigor da medição e da experimentação. A medida é um elemento poderoso de objectivação e por esse motivo se quantifica.

Paradigma da modernidade: pressupõe uma única forma de conhecimento válido; cuja validade reside na objectividade; reduz o universo dos observáveis ao universo dos quantificáveis; reduz o rigor do conhecimento ao rigor matemático.

Então, o conhecimento era entendido como objectivo, verdadeiro, imparcial e capaz de descrever ou explicar o mundo tal como ele é.

O conhecimento objectivo segundo Karl Popper

 Popper afasta da concepção que atribui à ciência o estatuto de conhecimento objectivo, certo e descritivo dos fenómenos tal como são

O cientista não é um observador indiferente ou descomprometido com o mundo, nem os factos são puros. O investigador é um sujeito ativo, comprometido com ideias, valores e princípios que funcionam como um quadro teórico de referência no seu trabalho.

Tendo por base a crítica e a criatividade, o cientista encontra, por vezes, falhas ou erros nas teorias já existentes e empenha-se na procura de novas respostas. O seu objectivo é encontrar a verdade, ainda que essa tarefa corresponda apenas a uma aproximação à verdade por intermédio de teóricas cada vez melhores.
A ciência não é um sistema de enunciados certos e irrevogavelmente verdadeiros. A ciência nunca alcança a verdade, mas aproxima-se dela propondo sistemas hipotéticos complexos que permitem explicar mais ou menos fenómenos empíricos. Nunca uma teoria científica surge por indução a partir de factos e observações simples.

            Uma vez que a ciência é conjetural, ela não atinge a verdade, apenas se aproxima dela. De uma teoria nunca podemos afirmar que é verdadeira mas apenas que é verosímil.
A verdade é um ideal regulador da ciência!

·        Que contributos Popper apresenta para uma nova forma de entender a ciência?

- substituiu a actividade indutiva pela da conjeturação
- substituiu a verificabilidade pela falsificabilidade
- substituiu a verdade pela verosimilhança, probabilidade de ser verdadeiro

Qual, em seu entender, o Estatuto da ciência?

 As teorias científicas são meras conjeturas que devem ser constantemente postas à prova, isto é, falsificadas, pelo que não se atingem certezas. Nesse sentido, a objectividade e a verdade científicas são apenas aproximações

Uma teoria científica não é verdadeira mas mais ou menos verosímil.


A objectividade na ciência segundo Kuhn

 Para Thomas Kuhn, a evolução da ciência depende essencialmente do trabalho dos cientistas. Ele consida o processo de produção da ciência o ponto central da reflexão epistemológica.

 Kuhn não vê o cientista como um investigador neutro, nem as teorias como construções resultantes da análise de factos em bruto depois de submetidos à experimentação e à matematização. 

O cientista não é um sujeito neutro nem isolado, mas condicionado e contextualizado. A construção de teorias científicas está sempre dependente do conjunto de factos, de conhecimentos, de regras e das técnicas vigentes em dada época e aceites pela maioria dos cientistas.

 A mudança de um paradigma para outro não é cumulativa, antes corresponde a um modo qualitativamente diferente de olhar o real. 


A verdade e a objectividade são relativas ao paradigma em que se inserem: aquilo que é verdadeiro num paradigma pode não ser noutro. 

Um novo modelo explicativo tem de ser aceite pela comunidade científica, pelo que o método científico não se reduz à experimentação, mas está dependente da argumentação. A escolha entre teorias rivais obedece a critérios de dois tipos: critérios partilhados por toda a comunidade científica, dependentes de factores objectivos, isto é, princípios, regras e até valores comummente adoptados; critérios individuais, dependentes de factores subjectivos, relativos ao que individualmente cada cientista sente e pensa – de acordo com a sua história de vida e a sua personalidade – em relação à teoria que elege.

A proposito, que diria Gaston Bachelard ?

Os princípios partilhados são, muitas vezes, aplicados de modos distintos. A escolha individual entre teorias rivais depende de uma mistura de factores objectivos e subjectivos, ou de critérios partilhados e individuais.

 Para Kuhn, a subjectividade está presente não apenas no contexto de descoberta de novas teorias, mas também no contexto da sua justificação. Sujeito e objecto de conhecimento não são puros mas sempre contextualizados. 

Todavia, se a escolha de dada teoria depende (em parte) de factores subjectivos, isso não significa que não seja possível encontrar boas razões que permitam justificar a escolha ou a preferência por uma teoria em detrimento da sua rival.


Lola

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