quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Kant e Mill


Kant e Mill


http://s.publico.pt/NOTICIA/1681778

http://s.publico.pt/NOTICIA/1681778 A ética kantiana



Não é possível em seja o que for no mundo, ou até fora dele, que se possa considerar bom sem qualificação excepto a vontade boa. A inteligência, a perspicácia, o discernimento e sejam quais forem os talentos do espírito que se queira nomear são sem dúvida bons e desejáveis, em muitos aspectos, tais como as qualidades do temperamento como a coragem, a determinação, a perseverança. Mas podem também tornar-se extremamente más e prejudiciais se a vontade, que dará uso a estes dons da natureza e que na sua constituição especial se chama "carácter", não for boa. O mesmo acontece com os bens da fortuna; poder, riquezas, honra e até a saúde, e o completo be estar e satisfação relativamente à nossa condição a que se chama "felicidade" suscitam o orgulho e muitas vezes desse modo a arrogância, a não ser que exista uma vontade boa para corrigir a sua influência no espírito e desse modo também rectificar todo o princípio da acção e torná-lo universalmente conforme ao seu fim. Um ser que não seja agraciado por qualquer resquício de uma vontade pura e boa mas que contudo desfrute de uma prosperidade ininterrupta nunca pode deleitar um espectador racional e imparcial. Assim, uma boa vontade parece constituir a condição indispensável até para se ser digno de felicidade. (…)
Há apenas um imperativo categórico, e é este: Age apenas de acordo com aquela máxima que possas ao mesmo tempo querer que se torne uma lei universal.
Ora, se todos os imperativos categóricos podem ser derivados deste imperativo como principio deles, então pode pelo menos mostrar-se o que se entende pelo conceito de dever e o que este conceito significa, apesar de ficar por decidir se o que se chama "dever" não será um conceito vazio.
A universalidade da lei de acordo com a qual os efeitos se produzem constitui o que apropriadamente se chama "natureza" no sentido mais geral (quanto à forma ), isto é, a existência de coisas enquanto determinadas por leis universais. Assim, o imperativo universal do dever pode exprimir-se assim: Age como se a máxima da tua acção se tornasse pela tua vontade uma lei universal da natureza.

Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes


1. Comente:

 " uma vontade boa parece constituir a condição indispensável até para se ser digno de felicidade".

2. Qual  a importância do imperativo categórico.

3. Porque é que o imperativo hipotetico não serve à moralidade?




A concepção utilitarista


É indiscutível que um ser cujas capacidades de prazer sejam baixas tem uma probabilidade maior de as satisfazer completamente e que um ser amplamente dotado sentirá sempre que, da forma como o mundo é constituído, qualquer felicidade que possa esperar será imperfeita.
(...) Tenho de repetir o que os críticos do utilitarismo raramente têm a justiça de reconhecer que a felicidade que constitui o padrão utilitarista daquilo quer está certo na conduta não a felicidade do próprio agente, mas a de todos envolvidos.
(...) O motivo é irrelevante para a moralidade da acção. Aquele que salva um semelhante de se afogar faz o que está moralmente certo, seja o seu motivo o dever, seja a esperança de ser pago pelo seu incómodo; aquele que trai um amigo que confia em si é culpado de um crime, mesmo que o seu objectivo seja servir outro amigo relativamente ao qual tem maiores obrigações.

J. Stuart Mill, Utilitarismo, trad. port., Porto, 
Porto Editora, 2005, pp. 51-59 (adaptado)


1. A partir do texto, apresente  ideias fundamentais do utilitarismo 

2. Apresente uma objecção à teoria utilitarista.

3. Assuma-se defensor do deontologismo Kantiano e responda à frase sublinhada no texto.




                                     Lola

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