Valores e a objectividade
Objetividade dos valores
Por conseguinte, dos valores pode-se
discutir, e se se pode discutir dos valores é porque na base da discussão está
a convicção profunda de que são objetivos, de que estão aí e de que não são
simplesmente o resíduo de agrado ou desagrado, de prazer ou de dor, que fica na
minha alma depois da contemplação do objeto.
De outra parte, poderíamos acrescentar que os
valores se descobrem. Descobrem-se como se descobrem as verdades científicas.
Durante um certo tempo o valor não é conhecido como tal valor, até que chega na
história um homem ou um grupo de homens que de repente têm a possibilidade de intuí-lo, e então o descobrem, no "sentido pleno da palavra
"descobrir". E aí está. Mas então não aparece diante deles como algo
que antes não era e agora é, mas como algo que antes não era intuído e agora é
intuído.
De modo que a dedução ou consequência que
contra a objectividade dos valores se extrai do fato de não serem os valores
coisas, é uma conseqüência excessiva; porque pelo fato de os valores não serem
coisas, não estamos autorizados a dizer que sejam impressões puramente
subjetivas da dor ou do prazer. Isto, porém, nos apresenta uma dificuldade
profunda.
De um lado, vimos que, como quer que os
juízos de valor se distinguem dos juízos de existência, porque os juízos de
valor não enunciam nada acerca do ser, resulta que os valores não são coisas.
Mas acabamos de ver, de outra parte, que os valores também não são impressões
subjetivas. Isto parece contraditório. Parece que há uma disjuntiva férrea que
nos obriga a optar entre coisas ou impressões subjetivas. Parece como se
estivéssemos obrigados a dizer: ou os valores são coisas, ou os valores são
impressões subjetivas. E resulta que não podemos dizer nem fazer nenhuma dessas
duas afirmações.
Fundamentos
de Filosofia de Manuel Garcia Morente
Lições Preliminares
- Como conciliar as teses defendidas na frase sublinhada no texto?
Lola
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