A filosofia política
«A filosofia política distingue-se de outras disciplinas, como a ciência
política e a sociologia. Estas disciplinas estudam o modo de organização social
e política das sociedades concretas.
O objectivo do filósofo político é
saber como deve qualquer sociedade organizar-se. Por exemplo,
enquanto o sociólogo quer saber que direitos as pessoas efectivamente têm numa
dada sociedade, o filósofo quer antes saber que direitos as pessoas devem ter,
seja qual for a sociedade. Isto significa que disciplinas como a
sociologia são descritivas, ao passo que a filosofia política
é normativa.
Significa também que a filosofia, ao contrário de disciplinas
empíricas como a sociologia, trata de problemas relativos à organização da sociedade
em geral e não a este ou àquele país, a este ou àquele contexto histórico.
Contudo, isso não implica que a informação empírica facultada por essas
disciplinas não seja importante para os filósofos políticos, pois saber como as
coisas são também ajuda a perceber o que é ou não é possível e o que é ou não é
desejável.
A filosofia política também não se pode confundir com a política. O
político é um executor, cuja função é aplicar ou fazer aplicar medidas concretas que
visam apenas a sociedade a que pertence.
Contudo, os políticos adoptam muitas
vezes princípios gerais inspirados nas ideias dos filósofos políticos».
Aires Almeida e Desidério Murcho,
Textos e Problemas de Filosofia,
Plátano editora, pag. 82.
Relectindo...
- Identifique áreas de abordagem da politica?
- Apresente os objectivos de cada área em relação à politica?
- Qual o objectivo do filosofo politico?
- Distinga Filosofia Politica e Politica?
- Terá a Filosofia Politica uma dimensão prática?
«Pensa por momentos na tua própria sujeição política. Estás continuamente a
ser sujeito a regras de que não és o autor - designadas por "leis" -
que te governam não apenas a ti mas aos outros, que impõe, por exemplo, a
velocidade a que deves andar na auto-estrada, o comportamento que deves ter em
público, que tipo de acções para com os outros são permissíveis, que objectos
contam como "teus" ou "deles" e assim sucessivamente.
Estas regras são impostas por determinadas pessoas que seguem as directivas
daqueles que as criaram definindo também punições para o caso de não serem
cumpridas. Sabes ainda que se não obedeceres a estas regras, é bastante
provável que sofras consequências indesejáveis, que podem ir de pequenas multas
à prisão e até (em certas sociedades) à morte.
A sensação que tens quando és governado é a de que não és subjugado nem
coagido.
Se não aprovamos que um homem aponte uma arma à tua cabeça e que exige que lhe dês o teu dinheiro, então por que havemos de aprovar que qualquer grupo ameace recorrer a multas, ou à prisão, ou à pena de morte para que te comportes de uma certa forma, ou para que lhe dês o teu dinheiro (a que chamam "impostos) ou para que lutes em guerras que eles provocaram?
Se não aprovamos que um homem aponte uma arma à tua cabeça e que exige que lhe dês o teu dinheiro, então por que havemos de aprovar que qualquer grupo ameace recorrer a multas, ou à prisão, ou à pena de morte para que te comportes de uma certa forma, ou para que lhe dês o teu dinheiro (a que chamam "impostos) ou para que lutes em guerras que eles provocaram?
Será esta
sujeição realmente permissível de um ponto de vista moral, especialmente porque
os seres humanos precisam de liberdade para se aperfeiçoarem?»
Jean Hampton, Political philosophy,
Oxford,
Westview Press, pp 3-6.
Relectindo...
- Que vantagem tem a sujeição politica?
- É fácil obedecer a leis exteriores?
- Que vantagens encontra na existência de leis exteriores?
- Que desvantagens?
- Ser governado é ser livre? Justifique.
- Comente o paragrafo sublinhado no texto.
- A existência de um governo é ou não incompatível com a liberdade humana?
Lola
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