Discurso de Obama No Fórum dos
Jovens Líderes Africanos
Delegação moçambicana de Jovens Lideres Africanos (esq. para a dir.) Nadja Remane Gomes, Paulo Lopes Araujo e Quitéria Fernando Guirengane |
Bem-vindos à Casa Branca e aos Estados Unidos da
América. Incluo também os nossos amigos do Gana, que nos derrotaram no Mundial.
(Risos.) Onde é que vocês estão? Aí? Tudo bem. Foi por pouco. Encontramo-nos em
2014. (Risos.)
É uma grande honra para mim dar-vos as boas-vindas a
este Fórum de Jovens Líderes Africanos. Vocês vieram de quase 50 países para
estarem aqui connosco. Vocês reflectem a extraordinária história e diversidade
do CONTINENTE.
Já se distinguiram como líderes — na sociedade e no desenvolvimento civil, nos
negócios e nas comunidades de fé — e têm um extraordinário futuro à vossa
frente.
Na realidade, vocês representam a África que, muitas
vezes, é ignorada — o grande progresso que muitos africanos têm obtido e o
potencial ilimitado que vocês têm à medida que avançam no século XXI.
Convoquei este fórum por uma simples razão. Como
referi quando estive em Acra no ano passado, não considero África um mundo à
parte; considero-a uma parte fundamental do nosso mundo interligado. Quer seja
na criação de postos deTRABALHO numa
economia global ou na disponibilização de educação e cuidados de saúde, no
combate às alterações climáticas, no confronto de extremistas violentos que só
provocam destruição ou na promoção de modelos prósperos de democracia e
desenvolvimento — por tudo isto nós precisamos de uma África forte,
auto-suficiente e próspera. O mundo precisa do vosso talento e da vossa
criatividade. Precisamos de jovens africanos prontos aTRABALHAR não
apenas nos seus próprios países mas em todo o mundo.
E os Estados Unidos querem ser vosso parceiro. Por
isso fico contente de saber que já hoje ouviram a Secretária de Estado Clinton
e que nos acompanham representantes da minha administração que se encontram a
trabalhar para intensificarem essa parceria diariamente.
Acho que não poderia haver um momento melhor do que
este paraREALIZAR esta
reunião. Este ano, povos de 17 países da África Subsariana estão a celebrar com
orgulho o quinquagésimo aniversário da sua independência. Qualquer que seja o
ponto de vista, 1960 foi um ano extraordinário. Do Senegal ao Gabão, de
Madagáscar à Nigéria, os africanos celebraram nas ruas — ao mesmo tempo que as
bandeiras estrangeiras eram retiradas e as suas próprias eram içadas. Assim, em
12 notáveis meses, quase um terço do continente obteve a independência — uma
explosão de autodeterminação que veio a ser conhecida como “o Ano de África”.
Por fim, estes africanos eram livres para decidirem as suas próprias vidas e
para talharem o seu próprio destino.
Mas 1960 foi importante por outra razão. Aqui, nos
Estados Unidos, foi o ano em que um candidato à Presidência propôs, pela
primeira vez, a ideia dos jovens americanos dedicarem um ou dois anos da sua
vida a servir o mundo, no estrangeiro. E esse candidato foi John F. Kennedy, e
essa ideia veio a consolidar-se como o Corpo da Paz — uma das nossas grandes
parcerias com o mundo, incluindo África.
A grande tarefa de construir uma nação nunca termina.
Aqui na América, mais de dois séculos após a independência, ainda estamos a
trabalhar para aperfeiçoar a nossa união. Não se podem negar as privações
diárias enfrentadas actualmente por tantos em todo o continente africano — a
luta para alimentar os filhos, paraENCONTRAR TRABALHO,
para sobreviver mais um dia. E, geralmente, é essa África que o mundo vê.
Mas hoje vocês representam uma visão diferente, uma
visão de África em progresso — uma África que está a pôr cobro a conflitos
antigos, como na Libéria, onde a Presidente Sirleaf me disse que as crianças de
hoje “não sabem o que é uma arma e não têm de fugir”; uma África que se está a
modernizar e aCRIAR oportunidades
— agro-indústrias na Tanzânia, prosperidade no Botswana, progresso político no
Gana e na Guiné; uma África que procura uma revolução de banda larga que pode
transformar o dia-a-dia das gerações futuras.
Esta é uma África que pode fazer grandes coisas, como
organizar o maior evento desportivo do mundo. É por isso que congratulamos os
nossos amigos sul-africanos; e, apesar do último jogo ter sido disputado entre
duas equipas europeias, tem-se dito que foi realmente África que venceu o
Mundial.
Por isso, mais uma vez, África encontra-se num momento
de promessa extraordinária. Como eu disse no ano passado, apesar dos desafios
actuais poderem não ter o dramatismo das lutas de libertação do século XX, no
final podem ser ainda mais significativos porque depende de vós, jovens cheios
de talento e imaginação, a construção da África dos próximos 50 anos.
O futuro de África pertence aos empresários como o
proprietário de umaPEQUENA EMPRESA do
Djibouti que começou a vender gelados e hoje tem uma firma de contabilidade e
presta consultoria a outros empresários — trata-se de Miguil Hasan-Farah. O
Miguil está aqui? Ali está ele. Não seja tímido. Isso mesmo. (Aplausos.)
À medida que vocês criam postos de trabalhoE OPORTUNIDADES, a
América trabalhará convosco, promovendo o comércio e investimento dos quais
depende o crescimento. É por isso que nos orgulhamos de realizar o Fórum AGOA
esta semana para alargarmos o comércio entre os nossos países. E hoje também me
vou encontrar com os ministros dos negócios, comércio e agricultura de vários
países da África Subsariana. Também é por isso que a nossa histórica Iniciativa
de Segurança Alimentar não se limita a distribuir alimentos; envolve também a
partilha de novas tecnologias para aumentar a produtividade e auto-suficiência
do continente.
Ninguém deveria ter de pagar um suborno paraOBTER um
emprego ou para que o governo disponibilize serviços básicos. Por isso, como
parte da nossa estratégia de desenvolvimento, salientamos a transparência, a
responsabilização e uma forte sociedade civil — o tipo de reforma que pode
ajudar a despoletar uma mudança transformativa. Por isso o futuro de África
também pertence aos responsáveis por esse tipo de transparência que encaram com
seriedade as medidas anticorrupção.
O futuro de África pertence aos que cuidam da sua
saúde, como a conselheira de VIH/SIDA do Malawi que ajuda os outros partilhando
corajosamente a sua própria experiência de seropositividade — trata-se de
Tamara Banda. Onde está a Tamara? Ali está ela. Obrigado, Tamara. (Aplausos.)
Por isso, a nossa Iniciativa Global de Saúde não se limita apenas a tratar
doenças; está a intensificar a prevenção e os sistemas de saúde pública
africanos. Quero ser muito claro. Continuamos a aumentar os fundos destinados à
luta contra o VIH/SIDA para os mais altos níveis de sempre, e continuaremos a
fazer o que for necessário paraSALVAR vidas
e investir num futuro mais saudável.
O futuro de África também pertence às sociedades que
protegem os direitos de todo o seu povo, especialmente as mulheres, como a
jornalista da Costa do Marfim que tem defendido os direitos das mulheres e das
raparigas muçulmanas — Aminata Kane-Kone. Onde está a Aminata? Aí está ela.
(Aplausos.) Você e todos os africanos, saibam que os Estados Unidos vos apoiam
na luta pela justiça, pelo progresso, pelos direitos humanos e pela dignidade
das pessoas.
Assim, a mensagem é esta: o futuro de África pertence
aos seus jovens, incluindo uma mulher que inspira os jovens no Botswana com o
seu popular programa de rádio, “A Verdadeira Enchilada”, e ela chama-se Tumie
Ramsden. Onde está a Tumie? Está aqui — “A Verdadeira Enchilada”. (Aplausos.)
À medida que todos vocês perseguem os vossos sonhos, à
medida que regressam à escola, que encontram um trabalho, que fazem ouvir as
vossas vozes, que mobilizam as pessoas — os Estados Unidos querem apoiar os
vossos desejos. Assim, vamosCONTINUAR a
capacitar a juventude africana — apoiando a educação, aumentando os
intercâmbios educacionais como os que trouxeram o meu pai do Quénia nos tempos
em que os quenianos rejeitavam o poder colonial e procuravam um novo futuro. E
estamos a colaborar na promoção das redes comunitárias de jovens que acreditam
— como diziam hoje no Quénia — que “Yes, Youth Can!”, “Yes, Youth Can!” (Sim, a
juventude pode!). (Risos e aplausos.)
Isto é um fórum, por isso dedicámos algum tempo para
que eu responda a algumas perguntas. Não quero ser só eu a falar. Quero que me
digam quais são os vossos objectivos e como podemos estabelecer parcerias mais
eficazes para vos ajudar a concretizá-los. E queremos que isto seja o início de
uma nova parceria e que crie redes que promovamOPORTUNIDADESpor
muitos anos.
Mas gostava de vos deixar com isto. Vocês são os
herdeiros da geração da independência que celebramos este ano. Por causa do seu
sacrifício, vocês nasceram em nações africanas independentes. Da mesma forma
que as conquistas dos últimos 50 anos vos inspiram, oTRABALHO que
vocês fizerem hoje inspirará gerações futuras.
Assim — Tumie, sei que gostas de Tweet. (Risos.) E ela
partilhou palavras que motivaram tanta gente — isto é o que a Tumie disse: “Se
as tuas acções inspiram outros a SONHAR mais,
a aprender mais, a fazer mais e a tornarem-se mais, então és um líder”.
Por isso, cada um de vós está aqui hoje porque é um
líder. Vocês inspiraram outros jovens nos vossos países; vocês inspiraram-nos
aqui nos Estados Unidos. O futuro é o que vocês fizerem dele. Assim, se
continuarem a sonhar e continuarem a trabalhar e continuarem a aprender e não
desistirem, então, tenho a certeza que os vossos países e todo oCONTINENTE e
o mundo inteiro serão muito melhores.
Obrigado a todos. (Aplausos.)
05.08.2010
00:00
Lola
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