quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Crença Verdadeira Justificada - críticas


Antoine Josse

Crença Verdadeira Justificada - 

críticas


CRÍTICA DE EDMUND GETTIER
À IDEIA DE CONHECIMENTO COMO CRENÇA VERDADEIRA JUSTIFICADA.



  • Num artigo de 1963, Gettier contestou a definição tradicional de conhecimento defendida por Platão.
  • Edmund Gettier contestou a definição tradicional de conhecimento, apresentando contra-exemplos que revelam a possibilidade de termos uma crença verdadeira justificada sem que tal crença equivalha a um efectivo conhecimento, ou seja, ainda que se verifiquem as três condições (crença, verdade e justificação), o sujeito pode não possuir o conhecimento.
  • Gettier apresentou contra-exemplos que mostram que possuir uma crença verdadeira justificada pode não ser conhecimento.
  • Para Gettier, é possível não possuir qualquer conhecimento mesmo que se tenha uma crença verdadeira justificada




Vejamos um exemplo, semelhante aos apresentados por Gettier, que contraria a teoria platónica.


  • »Uma noite encontrei o Rafael no supermercado a comprar dois pastéis de nata.
  • »Ele disse-me que os pastéis eram para oferecer à Ioana no dia seguinte.
  • »Eu cheguei à aula na manhã seguinte e disse ao resto da turma que o Rafael ia oferecer dois pastéis de nata à Ioana.
  • »Eu tinha uma crença verdadeira porque o vi a comprar os pastéis e a colocá-los num saco.
  • »A minha crença verdadeira estava justificada porque o Rafael me disse que os tinha comprado para oferecer à Ioana.
  • »E a verdade é que logo em seguida o Rafael entrou na sala com o embrulho e ofereceu-o à Ioana.
  • »Mas, acontece que durante a noite o Rafael teve fome e comeu os pastéis. Assim, os pastéis desapareceram e ele já não podia oferecê-los.
  • »A aula era logo à primeira hora da manhã e o Rafael veio à pressa, mas encontrou uma vendedora de pastéis junto à porta da escola. Aproveitou e comprou dois para a Ioana.
  • »Ora, apesar de eu acertar ao dizer que aquele aluno chegaria à aula com dois pastéis para a aluna em causa, eu não tinha efectivo conhecimento.
  • »A minha crença mostrou-se verdadeira por acaso, por coincidência.
  • »Além disso, a justificação daquilo que aconteceu sofreu uma alteração sem que eu soubesse.
  • »Se me perguntassem onde foram comprados os pastéis eu não teria uma resposta correcta.

    Portanto, 

apesar de eu ter uma crença verdadeira e de possuir uma  justificação, 

eu não tenho um efectivo conhecimento.

Assim

  • É esta a argumentação apresentada por Gettier nos contra-exemplos que contestam a teoria platónica.
  • Mas é de realçar que esta teoria permaneceu aceitável durante vinte e quatro séculos sensivelmente.





A quem interessar:

A definição de conhecimento como crença verdadeira justificada exclui outras formas de conhecimento que não sejam a ciência



Definitivamente, o conhecimento científico é um conhecimento empírico aposteriori, e não a priori. Penso que há uma grande possibilidade de partir para a busca do conhecimento que não venha a ser necessariamente em bases científicas. 
O conhecimento como causa de uma crença verdadeira justificada, poderia, ou pode, se fundamentar em bases científicas, mas o que falar, por exemplo, de dogmas ditos por conhecimentos incontestáveis? 
No caso da filosofia da ciência em contraposição com a filosofia da religião podemos sustentar uma grande oposição de ideais, onde o conhecimento científico não adere ás crenças religiosas para a explicação de fatos contestados pela própria ciência, por isso penso que há outras formas de conhecimento que não sejam necessariamente em bases científicas. Claro que as teses científicas procuram expor uma clareza necessária. 
Observamos a filosofia cartesiana, onde se procura o método exato onde não há a possibilidade de qualquer erro, procurando-se o conhecimento exato e verdadeiro, como é também o caso da lógica matemática.
O conhecimento científico, penso eu, não pode ser tomado como o conhecimento supremo, pois a ciência não é permanente, ela muda, pode vir outra teoria e derrubar uma que está em evidência. Portanto, a definição de conhecimento como crença verdadeira justificada não exclui outras formas de conhecimento que não seja a própria ciência.

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Lola

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