segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

David Hume



David Hume 

A  conexão necessária


"Quando olhamos para os objetos exteriores à nossa volta e consideramos a operação das causas, nunca somos capazes de identificar, num caso singular, qualquer poder ou conexão necessária, qualquer qualidade que ligue o efeito à causa e torne o primeiro uma consequência infalível da segunda.

O impulso da primeira bola de bilhar é seguido pelo movimento da segunda, e isso é tudo ao que é dado aos nossos sentidos externos. O espírito não sente qualquer impressão ou sentimento interno devido a uma sucessão de objetos. Em consequência, em nenhum caso singular, particular, de causa e efeito, há alguma coisa capaz de sugerir a ideia de poder ou de conexão necessária.


Parece então que esta ideia de conexão necessária entre eventos surge de uma multiplicidade de casos similares de conjunção constante entre esses eventos, e esta ideia nunca pode ser sugerida por qualquer desses casos singulares (…). Mas numa multiplicidade de casos nada há que seja diferente de cada um dos casos individuais que se supõe serem exactamente similares, a não ser que, depois da repetição de casos similares, a mente é levada pelo hábito, quando aparece um dos eventos, a esperar o seu acompanhante usual e a acreditar que ele vai ocorrer.

 Portanto esta conexão que sentimos na mente, esta transição costumeira de um objeto para o seu acompanhante habitual, é o sentimento ou impressão a partir do qual formamos a ideia de conexão necessária".



                 
                                                                 David Hume, 
Investigação sobre o Entendimento Humano



 Lola

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