David Hume
O empirismo céptico
O empirismo céptico
Qual o origem do conhecimento?
O entendimento
humano é limitado para conhecer;
Não há
fundamento metafisico do conhecimento;
O conhecimento
tem origem na experiência - valoriza o objecto a conhecer;
Crenças e
ideias vêm da experiência, até as ideias mais complexas;
Da realidade o
homem tem percepções - as mais importantes são as impressões;
Impressões são:
Sensações, emoções, amor, ódio, revolta, paixão e desejo;
As impressões
representam-se em ideias ou pensamentos;
As ideias
derivam das impressões;
Não há ideias
sem impressões previas:
Ex: A cor do
carro que vemos é uma impressão (sensorial);
A memória da
cor do carro é uma ideia (deriva da impressão)
O que temos na mente?
Temos
Impressões e ideias
As impressões
distinguem-se das ideias pelo grau de força e de vivacidade com que as
apreendemos.
As impressões
são mais fortes e violentas do que as ideias.
Por
"impressões", Hume entende as sensações, as emoções e as paixões,
como quando vemos, ouvimos, desejamos, queremos, amamos, ou odiamos.
As ideias têm
menos força e vivacidade que as respetivas impressões.
A diferença
entre impressões e ideias basta comparar a impressão visual que temos, por
exemplo, da nossa casa com a ideia que formamos dela quando não está presente
aos nossos sentidos.
A ideia da
nossa casa é mais fraca, menos viva, do que a impressão.
Passa-se o
mesmo com todas as impressões e ideias.
Para distinguir
duas percepções, basta comparar os respetivos graus de força e de vivacidade
para sabermos qual é a impressão e qual é a ideia.
As
percepções mais fortes e mais vivas são impressões; as outras são ideias.
Quais os elementos do conhecimento?
Para David Hume há
dois elementos do conhecimento: impressões e ideias;
Todo o conhecimento
deriva da experiência e não de um fundamento metafisico como defendia
Descartes;
Como se distingue uma ideia verdadeira de uma ficção?
Pela existência ou não de uma impressão.
Não há ideias abstractas mas sim particulares com as quais relacionamos
outras semelhantes através do hábito.
Que tipos ou modos de conhecimento defende David Hume?
Hume defende dois tipos de conhecimento:
A- Relações de ideias
Está presente na ciência como geometria, álgebra e matemática
Todos os conhecimentos da lógica e da matemática apresentam-se como
evidentes, analíticos, necessários e baseiam-se no principio da não
contradição.
B- Questões de facto:
Não são objecto
da razão humana;
Não têm a mesma
natureza da relação de ideias;
Não se baseiam
no principio da não contradição;
Justificam-se
pela experiência sensível que fornece impressões;
São proposições
contingentes, pois é sempre possível afirmar o principio de um facto.
O que distingue as Impressões e ideias simples das complexas?
David Hume
divide também as impressões e as ideias em simples e complexas.
As impressões
e as ideias simples são indivisíveis, isto é, não podem ser decompostas em
mais simples e são, por isso, as unidades cognitivas mais básicas com que a
mente trabalha.
As ideias
e as impressões complexas, pelo contrário, podem ser decompostas em
impressões e em ideias simples.
Ex: a
impressão e a ideia de Serra da Freita ou de neve são complexas, uma vez que
podem ser decompostas num conjunto de impressões e de ideias simples,
A
impressão e a ideia de vermelho são simples porque não podem ser
decompostas em outras mais simples.
Como se associam as ideias?
David Hume
defende que existem princípios que regulam a forma como as nossas ideias
se associam entre si. Estes princípios são três:
Semelhança: Ex.
Uma pintura e o original
Contiguidade no tempo
e no espaço: Ex. Uma mesa de sala de aula lembra-nos as outras da mesma sala.
Relação de causa e efeito:
Ex. uma queda leva à dor.
David Hume e o principio da causalidade
" Se afirmamos ter a ideia de ligação necessária deveremos encontrar alguma impressão que esteja na origem desta ideia."
D. Hume,
Ensaio sobre o Entendimento Humano.
Para Hume, como para os outros filósofos a ideia de causalidade está associada à ideia de conexão necessária.
As relações causais estabelecem relações de necessidade entre a causa e o seu efeito, de tal modo que quando a causa ocorre o efeito tem de seguir-se.
Ex. O apito do arbitro e o fim do jogo.
Prevemos que isto vai acontecer em situações futuras;
O principio da causalidade é o fundamento de toda a investigação cientifica.
O que nos diz o principio da causalidade?
Há uma ligação ou conexão necessária entre dois fenomenos: ocorrendo A (causa), podemos prever ou antecipar B (efeito);
Ex: O aumento da temperatura (A) origina a dilatação dos corpos (B);
David Hume faz uma analise detallhada do principio da causalidade e apresenta uma teoria do conhecimento:
- Todas as nossas ideias derivam de impressões sensiveis;
- Sem impressão sensível não há conhecimento;
- Haverá impressão sensível da ideia de conexão necessária?
Como poderemos conhecer as conexões necessárias entre diferentes acontecimentos?
Há duas resposta possíveis a esta questão: pela razão, isto é, a priori, ou pela experiência.
"Atrever-me-ei a afirmar, a título de proposta geral que não admite exceções, que o conhecimento dessa relação em nenhum caso é alcançado por meio de raciocínios a priori, mas deriva inteiramente da experiência, ao descobrimos que certos objetos particulares se acham constantemente conjugados entre si."
David Hume,
Investigação sobre o Entendimento Humano, p. 43.
Não podemos dizer que tenhamos conhecimento a priori da causa de
um acontecimento, ou de um facto.
Embora tendo consciência da importância que o princípio de causalidade teve na
história da humanidade, Hume vai submetê-la a uma crítica rigorosa.
Segundo David Hume, o nosso conhecimento dos factos restringe-se às impressões
actuais e às recordações de impressões passadas.
Se não dispomos de impressões relativas ao que acontecerá no futuro,
também não possuímos o conhecimento dos factos futuros.
Não podemos dizer o que acontece no futuro porque um facto futuro ainda não
aconteceu.
Há muitos factos que esperamos que se verifiquem no futuro.
Por
exemplo, esperamos que um papel se queime sempre que o atirarmos ao fogo.
Esta certeza que julgamos ter (que o papel se queima), tem por base a noção de
causa (nós realizamos uma inferência causal), ou seja, atribuímos ao fogo a
causa de o papel se queimar.
Poderemos conhecer a ideia de causalidade ou conexão necessária?
Segundo Hume, não dispomos de qualquer impressão da ideia de
causalidade ou conexão necessária entre os fenómenos.
Só a partir da experiência é que se pode conhecer a relação
entre a causa e o efeito.
É um conhecimento a posteriori e não à priori;
Para o autor escocês, não se pode ultrapassar o que a experiência nos permite.
A experiência é, pois, a única fonte de validade dos conhecimentos de factos.
Só podemos ter um conhecimento a posteriori.
A única coisa que sabemos é que entre dois fenómenos se verificou, no passado,
uma sucessão constante, ou seja, que a seguir a um determinado facto ocorreu
sempre um mesmo facto.
Sobre o conhecimento de factos futuros possuímos uma crença, uma proposição, uma probabilidade baseados no hábito ou costume.
Qual o papel do hábito?
O hábito que
nos leva a inferir uma relação de causa e efeito entre dois fenómenos.
Se no passado ocorreu sempre um determinado facto a seguir a outro, então nós
esperamos que no presente e no futuro também ocorra assim.
O hábito e o costume permitem-nos partir de experiências passadas e presentes
em direcção ao futuro.
O nosso conhecimento de factos futuros não é um conhecimento
rigoroso, é apenas uma convicção que se baseia num princípio psicológico: o
hábito.
O hábito é, no entanto, um guia importante na vida prática e no dia-a-dia.
Porque ainda não vivemos o futuro, o hábito permite-nos esperar o que
poderá acontecer e leva-nos a ter prudência e cuidado ou boas expectativas.
Como seres humanos, temos vontade, criando a ideia de que o futuro
seja previsível e, portanto, controlável.
Cepticismo Moderado
David Hume é considerado um céptico moderado porque defende que o conhecimento dos factos – presentes e passados – é possível. Quando afirma que não possuímos nenhuma faculdade que nos permita conhecer factos futuros defende que a nossa razão é incapaz de formular leis da natureza de que é exemplo a “lei de causalidade”.
A quem interessar:
in http://www.the-philosophy.com/hume-impressions-ideas
Lola
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