domingo, 29 de janeiro de 2017

Diversidade cultural



Petra- Jordânia
Foto by João Pedro Martins


Diversidade cultural




Malawi - Pessoas com albinismo

Desde novembro de 2014, foram mortas pelo menos 18 pessoas e pelo menos outras cinco foram raptadas e continuam desaparecidas. Estima-se que os ossos são vendidos a praticantes de medicina tradicional no Malawi e em Moçambique para uso em feitiços, amuletos e poções, na crença de que estes trazem riqueza e boa-sorte. O comércio macabro de partes de corpos de albinos é também alimentado pela convicção de que os ossos destas pessoas contêm ouro.
A Amnistia Internacional calcula que o verdeiro número de pessoas com albinismo mortas no Malawi é muito provavelmente maior, uma vez que muitos rituais secretos feitos nas zonas rurais nunca são reportados. Acresce que não é feita no Malawi uma documentação sistemática dos crimes contra pessoas com albinismo.
(…) Além de atos de violência extrema, as pessoas com albinismo no Malawi enfrentam também discriminação social generalizada, no que se incluem insultos verbais e exclusão de acesso a serviços públicos essenciais. Os albinos são discriminados no sistema de ensino e muitos morrem de cancro da pele em consequência da falta de acesso a meios de prevenção, como protetores solares e informação sobre o albinismo.
(…) Mulheres e crianças com albinismo estão especialmente vulneráveis a serem mortas, às vezes pelos seus próprios familiares próximos.
Amnistia Internacional – Portugal, «Vaga de mortes de albinos no Malawi é alimentada por práticas rituais e falhas nas políticas de policiamento», 07/06/2016, in http://amnistia.pt/index.php/noticias/ [consultado a 13/01/2017].


Camarões–Mutilação dos seios

(…) Uma em cada quatro adolescentes neste país africano sofre com queimaduras nos seios, um ato protagonizado pelas próprias mães para atrasar a puberdade e evitar violações ou gravidezes indesejadas das filhas.
Pedras quentes, ferro de engomar e outros objetos quentes são os instrumentos mais usados para mutilar os seios, que é uma tradição já antiga nos Camarões.
A prática provoca fortes dores físicas, além de traumas e outros problemas psicológicos.
O tema é tabu no país, embora os médicos alertem para as consequências desta prática – como feridas, abcessos, infeções e até mesmo cancro de mama. Há cada vez mais associações internacionais que unem esforços para combater esta tradição, que é uma violação atroz dos direitos humanos.
Esta forma de mutilação feminina é uma tradição antiga na África Ocidental e Central – afetando países como os Camarões, o Chade, o Togo e a Guiné.
Expresso, «Mutilação dos seios cresce nos Camarões», 12/09/2011 (adaptado), in http://expresso.sapo.pt/actualidade[consultado a 13/01/2017].


Índia– Dalits ou intocáveis

Duas jovens indianas, de 14 e 15 anos, foram encontradas enforcadas numa árvore na aldeia de Katra, no norte da Índia. As duas menores, que segundo o Times of India eram irmãs, pertenciam a uma casta inferior e foram violadas por um grupo de indivíduos antes de serem assassinadas. (…)
As adolescentes pertenciam aos “dalit”, ou intocáveis, que no complexo sistema de castas da sociedade hindu se situam na base da pirâmide. São consideradas pessoas indignas, impuras e, em alguns casos, obrigadas a viver à margem, sem direito a ter contato físico com os “puros” ou mesmo entrar no interior dos templos religiosos. (…)
Os familiares das vítimas queixam-se de não terem recebido ajuda das autoridades. «Quando cheguei à esquadra, perguntaram-me de imediato qual era a casta a que pertencia e, quando lhes disse, começaram a fazer pouco de mim», disse à BBC o pai de uma das raparigas mortas. Segundo o próprio, além de o terem discriminado, ainda se recusaram a procurar a filha.
O vizinho de uma das vítimas explicou que é habitual a polícia discriminar pessoas de castas inferiores na aldeia de Katra, onde ocorreu a tragédia. (…)
As dez mil pessoas que ali vivem têm de lidar com uma realidade cruel, que se repete em todo o país: a casta define a importância de cada cidadão na sociedade. Há divisões profundas entre as diferentes castas, pelo que é frequente membros de castas superiores exercerem o poder, cometerem abusos e infligirem medo sobre os que pertencem a castas inferiores. (…)
Expresso, «Duas menores indianas violadas e enforcadas numa árvore» (adaptado), 30/05/2014, in http://expresso.sapo.pt/internacional[consultado a 13/01/2017].


Albânia–O código de Kanun

O código de Kanun, instituído há seis séculos na Albânia, abriga a lei Gjakmarrja (em português “vingança de sangue”), onde as disputas entre famílias são resolvidas com o “derrame de sangue”. Quando uma pessoa é assassinada, os seus familiares têm o direito – e,segundo este código, a responsabilidade social – de matar um membro da família do assassino. Apesar de ser um código antigo e não estar oficialmente em vigor, a sua tradição mantém-se, principalmente no norte da Albânia, como sinal da manutenção dos valores morais albaneses. Grande parte das mortes ocorre após disputas sobre dinheiro ou propriedades. Apesar de a lei proteger mulheres, crianças e idosos, qualquer pessoa corre o risco de ser assassinada, violada ou raptada, caso esteja fora da sua casa, o único espaço seguro, onde a lei de Kanun não se aplica. Para estas comunidades, o perdão não é a norma, mas a exceção. (…) Para a cultura albanesa, a honra é o fator mais importante na relação entre o indivíduo e a comunidade. Qualquer ato de desonra é julgado como um crime. E, segundo o Kanun, esse ato só pode ser vingado - com “sangue derramado” - ou perdoado - através de um ritual de reconciliação.Stefano conheceu famílias de ambos os lados: umas que procuram matar para obter a sua vingança e outras que receiam essa vingança. No último caso, as histórias variam pouco. Os anos fechados em casa é que mudam. Marku Pietri tem 70 anos e o seu irmão foi preso por cometer um homicídio, apesar de estar inocente. Desde 1997 que Marku não sai de casa. Nusha é uma adolescente de 17 anos e o seu pai, após matar uma mulher numa discussão, foi preso. Há dois anos que Nusha não vai à escola. Mas as histórias das famílias que procuram a vingança não são mais simples. Há oito anos que os dois filhos de Behije Kadri, uma mulher de 73 anos, foram mortos. Os rapazes planeavam fugir, sem casar, com duas raparigas da família vizinha. Quando o tio delas descobriu matou-os e fugiu para o estrangeiro. Behije ainda espera a sua vingança. Mas nem todas as famílias são a favor do código Kanun. O marido de Lina Hili, de 42 anos, foi morto durante um assalto em 1999. Lina ficou viúva com duas crianças. Hoje em dia, estão todos dispostos a perdoar o assassino, mas numa cidade pequena, o perdão é sinal de falta de orgulho e de respeito pelos fundamentos da sociedade albanesa.
Público, «Quando o perdão não é regra, mas excepção» (adaptado), 03/02/2016, in https://www.publico.pt/multimedia/fotogaleria[Consultado a 13/01/2017].


Nepal–Ritual Chaaupadi

Roshani Tiruwa é a segunda jovem nepalesa a morrer este mês na cidade de Gajra, a 440 quilómetros da capital Katmandu, devido ao ritual Chaaupadi – prática hindu que consiste em isolar as raparigas/mulheres em estábulos de animais durante a sua menstruação, porque se acredita que durante este período estão impuras. Além disto, estas mulheres estão ainda proibidas de beber leite e são-lhes fornecidas menores quantidades de comida.
Tal acontece porque algumas das comunidades nacionais acreditam que se não mantiverem as mulheres isoladas, essas comunidades acabarão amaldiçoadas com desastres naturais e outras adversidades.
Apesar de esta antiga prática hindu ter sido banida em 2005, mulheres e adolescentes continuam em diversas zonas mais arcaicas da zona oeste do país a ser submetidas ao ritual. Nalguns casos acabam por morrer devido a ataques de animais selvagens ou mordidelas de serpentes venenosas; mas também há registos de casos de violações enquanto se encontram isoladas.

Expresso, «Adolescente nepalesa morre sufocada devido a rituais hindus», 21/12/2016, in http://expresso.sapo.pt/internacional[Consultado a 13/01/2017].




Homem Jordano
Foto by João Pedro Martins

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de Filosofia!
 Lola

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