Desde
novembro de 2014, foram mortas pelo menos 18 pessoas e pelo menos outras cinco
foram raptadas e continuam desaparecidas. Estima-se que os ossos são vendidos a
praticantes de medicina tradicional no Malawi e em Moçambique para uso em
feitiços, amuletos e poções, na crença de que estes trazem riqueza e boa-sorte.
O comércio macabro de partes de corpos de albinos é também alimentado pela
convicção de que os ossos destas pessoas contêm ouro.
A Amnistia
Internacional calcula que o verdeiro número de pessoas com albinismo mortas no
Malawi é muito provavelmente maior, uma vez que muitos rituais secretos feitos
nas zonas rurais nunca são reportados. Acresce que não é feita no Malawi uma
documentação sistemática dos crimes contra pessoas com albinismo.
(…) Além de
atos de violência extrema, as pessoas com albinismo no Malawi enfrentam também
discriminação social generalizada, no que se incluem insultos verbais e
exclusão de acesso a serviços públicos essenciais. Os albinos são discriminados
no sistema de ensino e muitos morrem de cancro da pele em consequência da falta
de acesso a meios de prevenção, como protetores solares e informação sobre o
albinismo.
(…) Mulheres
e crianças com albinismo estão especialmente vulneráveis a serem mortas, às
vezes pelos seus próprios familiares próximos.
Amnistia Internacional –
Portugal, «Vaga de mortes de albinos no Malawi é alimentada por
práticas rituais e falhas nas políticas de policiamento», 07/06/2016, in http://amnistia.pt/index.php/noticias/
[consultado a 13/01/2017].
Camarões–Mutilação dos seios
(…) Uma em
cada quatro adolescentes neste país africano sofre com queimaduras nos seios,
um ato protagonizado pelas próprias mães para atrasar a puberdade e evitar
violações ou gravidezes indesejadas das filhas.
Pedras
quentes, ferro de engomar e outros objetos quentes são os instrumentos mais
usados para mutilar os seios, que é uma tradição já antiga nos Camarões.
A prática
provoca fortes dores físicas, além de traumas e outros problemas psicológicos.
O tema é tabu
no país, embora os médicos alertem para as consequências desta prática – como
feridas, abcessos, infeções e até mesmo cancro de mama. Há cada vez mais
associações internacionais que unem esforços para combater esta tradição, que é
uma violação atroz dos direitos humanos.
Esta forma de
mutilação feminina é uma tradição antiga na África Ocidental e Central –
afetando países como os Camarões, o Chade, o Togo e a Guiné.
Expresso, «Mutilação dos seios cresce nos
Camarões», 12/09/2011 (adaptado), in http://expresso.sapo.pt/actualidade[consultado
a 13/01/2017].
Índia– Dalits
ou intocáveis
Duas jovens
indianas, de 14 e 15 anos, foram encontradas enforcadas numa árvore na aldeia
de Katra, no norte da Índia. As duas menores, que segundo o Times of India eram irmãs, pertenciam a
uma casta inferior e foram violadas por um grupo de indivíduos antes de serem
assassinadas. (…)
As
adolescentes pertenciam aos “dalit”, ou intocáveis, que no complexo sistema de
castas da sociedade hindu se situam na base da pirâmide. São consideradas
pessoas indignas, impuras e, em alguns casos, obrigadas a viver à margem, sem
direito a ter contato físico com os “puros” ou mesmo entrar no interior dos
templos religiosos. (…)
Os familiares
das vítimas queixam-se de não terem recebido ajuda das autoridades. «Quando
cheguei à esquadra, perguntaram-me de imediato qual era a casta a que pertencia
e, quando lhes disse, começaram a fazer pouco de mim», disse à BBC o pai de uma
das raparigas mortas. Segundo o próprio, além de o terem discriminado, ainda se
recusaram a procurar a filha.
O vizinho de
uma das vítimas explicou que é habitual a polícia discriminar pessoas de castas
inferiores na aldeia de Katra, onde ocorreu a tragédia. (…)
As dez mil
pessoas que ali vivem têm de lidar com uma realidade cruel, que se repete em
todo o país: a casta define a importância de cada cidadão na sociedade. Há
divisões profundas entre as diferentes castas, pelo que é frequente membros de
castas superiores exercerem o poder, cometerem abusos e infligirem medo sobre
os que pertencem a castas inferiores. (…)
Expresso, «Duas menores indianas violadas e
enforcadas numa árvore» (adaptado), 30/05/2014, in http://expresso.sapo.pt/internacional[consultado
a 13/01/2017].
Albânia–O código de Kanun
O código de Kanun,
instituído há seis séculos na Albânia, abriga a lei Gjakmarrja (em português
“vingança de sangue”), onde as disputas entre famílias são resolvidas com o
“derrame de sangue”. Quando uma pessoa é assassinada, os seus familiares têm o
direito – e,segundo este código, a responsabilidade social – de matar um membro
da família do assassino. Apesar de ser um código antigo e não estar
oficialmente em vigor, a sua tradição mantém-se, principalmente no norte da
Albânia, como sinal da manutenção dos valores morais albaneses. Grande parte
das mortes ocorre após disputas sobre dinheiro ou propriedades. Apesar de a lei
proteger mulheres, crianças e idosos, qualquer pessoa corre o risco de ser
assassinada, violada ou raptada, caso esteja fora da sua casa, o único espaço
seguro, onde a lei de Kanun não se aplica. Para estas comunidades, o perdão não
é a norma, mas a exceção. (…) Para a cultura albanesa, a honra é o fator mais
importante na relação entre o indivíduo e a comunidade. Qualquer ato de desonra
é julgado como um crime. E, segundo o Kanun, esse ato só pode ser vingado - com
“sangue derramado” - ou perdoado - através de um ritual de
reconciliação.Stefano conheceu famílias de ambos os lados: umas que procuram
matar para obter a sua vingança e outras que receiam essa vingança. No último
caso, as histórias variam pouco. Os anos fechados em casa é que mudam. Marku
Pietri tem 70 anos e o seu irmão foi preso por cometer um homicídio, apesar de
estar inocente. Desde 1997 que Marku não sai de casa. Nusha é uma adolescente
de 17 anos e o seu pai, após matar uma mulher numa discussão, foi preso. Há
dois anos que Nusha não vai à escola. Mas as histórias das famílias que
procuram a vingança não são mais simples. Há oito anos que os dois filhos de
Behije Kadri, uma mulher de 73 anos, foram mortos. Os rapazes planeavam fugir,
sem casar, com duas raparigas da família vizinha. Quando o tio delas descobriu
matou-os e fugiu para o estrangeiro. Behije ainda espera a sua vingança. Mas
nem todas as famílias são a favor do código Kanun. O marido de Lina Hili, de 42
anos, foi morto durante um assalto em 1999. Lina ficou viúva com duas crianças.
Hoje em dia, estão todos dispostos a perdoar o assassino, mas numa cidade
pequena, o perdão é sinal de falta de orgulho e de respeito pelos fundamentos
da sociedade albanesa.
Público, «Quando o perdão não é regra, mas
excepção» (adaptado), 03/02/2016, in https://www.publico.pt/multimedia/fotogaleria[Consultado
a 13/01/2017].
Nepal–Ritual Chaaupadi
Roshani
Tiruwa é a segunda jovem nepalesa a morrer este mês na cidade de Gajra, a 440
quilómetros da capital Katmandu, devido ao ritual Chaaupadi – prática hindu que
consiste em isolar as raparigas/mulheres em estábulos de animais durante a sua
menstruação, porque se acredita que durante este período estão impuras. Além
disto, estas mulheres estão ainda proibidas de beber leite e são-lhes
fornecidas menores quantidades de comida.
Tal acontece
porque algumas das comunidades nacionais acreditam que se não mantiverem as
mulheres isoladas, essas comunidades acabarão amaldiçoadas com desastres
naturais e outras adversidades.
Apesar de
esta antiga prática hindu ter sido banida em 2005, mulheres e adolescentes
continuam em diversas zonas mais arcaicas da zona oeste do país a ser
submetidas ao ritual. Nalguns casos acabam por morrer devido a ataques de
animais selvagens ou mordidelas de serpentes venenosas; mas também há registos
de casos de violações enquanto se encontram isoladas.
Expresso, «Adolescente nepalesa morre
sufocada devido a rituais hindus», 21/12/2016, in http://expresso.sapo.pt/internacional[Consultado
a 13/01/2017].
Obrigado à Areal Editores
pelo apoio aos alunos
de Filosofia!
Lola
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