A coragem de pensar
A coragem de pensar de modo independente
A foto acima foi
tirada em 1936, no porto de Hamburgo, durante o batismo do navio-escola alemão
Horst Wessel. No meio de centenas de pessoas que faziam a saudação romana
(adotada pelos nazistas), um trabalhador hamburguês agiu conforme a sua
consciência e cruzou os braços.
Acredita-se que esse homem era August Landmesser, um trabalhador nos estaleiros de Hamburgo que foi preso por se casar com uma judia, Irma Eckler.
Acredita-se que esse homem era August Landmesser, um trabalhador nos estaleiros de Hamburgo que foi preso por se casar com uma judia, Irma Eckler.
Irma Eckler e suas filhas (Irene e Ingrid ) |
Magdalene. Em
1931, se filiou ao Partido Nazista, com o objetivo de arrumar um emprego.
Em 1935 casa-se com a judia Irma Eckler e, por conta disso, é expulso do partido. Em 29 de
outubro do mesmo ano nasce sua primeira filha, Ingrid. Em 1937 ele tenta fugir
para a Dinamarca mas acaba sendo preso. É julgado e condenado por rassenschande
(desonrar a raça). Ele recorre da sentença alegando que nem ele nem Irma sabiam
que ela era judia e acaba sendo solto quase um ano depois por falta de provas.
August e Irma
continuam seu relacionamento abertamente e, em julho de 1938, ele é preso
novamente e condenado a 2,5 anos de prisão no campo de Börgermoor. Irma é presa
pela Gestapo e mandada para Fuhlsbüttel, onde nasce sua segunda filha, Irene.
Depois de passar pelos campos de Oranienburg, Lichtenburg e Ravensbrück, acredita-se
que Irene Eckler tenha sido uma das 14 mil pessoas assassinadas no Campo de
Extermínio de Bernburg.
August sai da
prisão em 19 de janeiro de 1941 e começa a trabalhar como capataz na empresa de
transportes Püst. Em fevereiro de 1944 ele foi convocado para um batalhão
penal, o 999º Batalhão de Infantaria (Bewährungsbataillon 999). É declarado
desaparecido (presumivelmente, foi morto durante uma batalha na Croácia em 17
de outubro de 1944).
O casamento
entre August e Irene só foi reconhecido em 1951 e declarado válido
retroativamente, o que permitiu que Ingrid assumisse o nome do pai.
Em 1996, a filha
de August, Irene Eckler, publicou o livro Die Vormundschaftsakte 1935–1958 :
Verfolgung einer Familie wegen “Rassenschande” (A Lei Tutelar 1935-1958:
Perseguição de uma família por “desonrar a raça”), onde reúne uma grande
quantidade de documentos da época. No Brasil, o livro recebeu o título de
“Irene Eckler: Uma Família Separada pela Vergonha Racial”.
A foto em
questão foi publicada pelo Die Zeit (O Tempo)
em 22 de março de 1991.
in Revista Pazes -
maio 14, 2016
August Landmesser |
Lola
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