quinta-feira, 15 de junho de 2017

Ensaio Filosófico - Exemplo





Solidão Acompanhada

Ficamos sós porque usamos as Redes Sociais ou usamos as Redes Sociais porque ficamos sós?


Sumário:
·         Antes de mais...
·         Solidão - que sentido(s)?
·         Solidão acompanhada: as novas tecnologias.
·         A solidão e o imperativo do cuidado
·         A Alegoria da Caverna revisitada
·         Questões póstumas....
·         Referências Bibliográficas


Antes de Mais…

Ao longo da história da Humanidade temos constatado enormes e profundas mudanças, as quais se acentuaram, sobretudo, nos últimos séculos, com a evolução das tecnologias com o qual esse processo de evolução se sentiu, decididamente, acelerado.
Sem nunca desprezarmos o olhar filosófico sobre este e outros problemas da contemporaneidade, vislumbramos-lhe uma constante inquietação acerca do global, desde o real ao metafísico caracterizando-se como uma atividade de pensar sedutora e ininterrupta, satisfatoriamente critica e com a sempre ousada capacidade para colocar o mundo em causa, procurando novos ângulos de interpretação, diferentes e saudáveis abordagens para temas/problemas existencialmente perfurantes, distanciando-nos de uma resposta única e desta forma elevando os nossos horizontes ao nível do misteriosamente desconhecido.
Contudo a filosofia deverá seguir a par com o desenvolvimento humano e, desta forma, sente como atitude humana que é, tudo o que poderá ser questionado na perspetiva existencial da atividade humana, tanto no seu sentido quotidiano como no seu sentido elevadamente filosófica, disfarçado de diversas formas de objetivação e é pelo seu espírito crítico e pela sua génese transgressora e desalinhada de poderes, que a filosofia aborda as redes sociais como um meio de contacto ou distanciamento entre as pessoas que delas se tornam, desmesuradamente, "familiares"…
Nenhuma realidade se materializa sem a ação do Homem e é desta forma que a Filosofia não olvida o envolvimento das novas tecnologias, que se por um lado, possibilita ao homem relacionar-se com o OUTRO, em contrapartida, poderá trazer distancias insolúveis tais como a "emancipação" de padrões morais, libertação do dever e desarticulação moral da responsabilidade convivencial.
Ouçamos, a propósito, uma voz docemente autorizada:

[…]Como qualquer outro fruto do engenho humano, as novas tecnologias da comunicação pedem para ser postas ao serviço do bem integral da pessoa e da humanidade inteira. Usadas sabiamente, podem contribuir para satisfazer o desejo de sentido, verdade e unidade que permanece a aspiração mais profunda do ser humano.”
            (Papa Bento XVI ,45º dia mundial das comunicações sociais)

O tema/problema base deste ensaio filosófico mostra-se de uma importância crescente nos tempos modernos, pois muitos têm sido os acontecimentos e momentos que nos impulsionam a refletir acerca do que devemos ou não fazer nas redes sociais, quais os limites do aceitável e do reprovável, se nelas poderemos ou não encontrar diversos e tenebrosos espelhos de indiferença, olhando, infelizmente, as redes sociais como cidadanias virtuais sem se erigirem como esteios da sempre importante e inevitável solidariedade entre o ser humano!
O tema de si abrangente e, reduzidamente consensual, envolve-nos em diversificadas posições acerca do tenebroso, desconhecido e apetecível mundo gigante das redes sociais que se multiplicam no espaço e no tempo, tornando deveras complexa e difícil quer a sua explicação e muito mais a sua compreensão enquanto meio (ou fim?) na aproximação com o OUTRO!
Torna-se, por isso, cada vez mais, urgente que todos façamos uma reflexão filosófica sobre esse imperioso tema de forma a não adormecermos no desconforto do abandono e da solidão existente por detrás de um simples monitor e, desta foram encontrar algumas narrativas fúteis de esperança que, amargamente, nos causam alguma esperança e saudade de futuros longinquamente agradáveis e existencialmente tranquilos.
Iniciarei o Ensaio Filosófico com a imprescindível apresentação do conceito de solidão, para posteriormente apresentar formas possíveis para ultrapassar essa mesma solidão.
Depois, e porque é apanágio desta nobre arte que é o pensar autonomamente filosófico, refletirei sobre o papel da filosofia no combate desta realidade de incerteza desconhecida existente por detrás de algo que quase todos globalmente usamos, fundamentando e argumentando a minha posição.
Para além disso, o ensaio apresenta um breve paralelismo com a Alegoria da Caverna de Platão que penso ser importante e atual revisitar e termina com uma sugestão de resposta ao problema na base desta reflexão filosófica, que se prenderá com a influência ética e moral das redes sociais na vida do Homem.

Solidão - que sentido(s)?

Normalmente vista como algo de negativo, a solidão, aos olhos da Filosofia, não desperta assim tanto receio, aliás para a Filosofia estar só é uma necessidade do ser humano, mas mesmo assim, a solidão tem sido uma assombração para milhões de pessoas ao longo dos tempos.
Para alguns, a solidão é um sentimento angustiante que nos coloca diante do nosso pensamento interior em que a chave fundamental é o questionamento acerca sentido da vida e do mundo, o porquê de todas as coisas, e sobretudo as perguntas que fazemos e para as quais não obtemos qualquer respostas.
No entanto, a solidão também pode ser entendida como uma experiência de elevação do nosso pensamento, onde “desaprendemos”, ficamos livres de qualquer filosofia cristalizada e despertamos para a lucidez, ou seja, a solidão poderá contribuir para a evolução interior, pois com maior reflexão, conseguimos perceber os nossos sentimentos e sensações e desta forma superar-nos, aprendendo a viver feliz.
O filósofo alemão Martin Heidegger (1889-1976) afirma em 'Ser e Tempo' que “estar só é a condição original de todo ser humano, cada um de nós é só no mundo”. É como se o nascimento fosse uma espécie de lançamento da pessoa à sua própria sorte, isto é quando nascemos temos de nos procurar estabelecer no mundo encontrando um sentido para este desafio que é VIVER!
Segundo o filósofo, a forma como nos distinguimos uns dos outros é a nossa audácia para lidar com a solidão e com o sentimento de liberdade ou de consequente abandono. A partir daí podemos construir dois estilos de vida diferentes: o autêntico e o inautêntico. O filósofo defende que a autenticidade do Homem depende da sua aceitação perante a solidão como o preço da sua própria liberdade, e a inautenticidade, quando interpreta a solidão como abandono, como uma espécie de desconsideração de alguém ou da vida em relação a ele.
O pensamento do filósofo relativamente à solidão baseia-se na seguinte ideia: cada ser enfrenta a solidão de forma diferente, o que explica o porquê de os distúrbios psíquicos afetarem uns e não outros.
Enquanto algumas pessoas aceitam a condição e através dela percebem a possibilidade de serem independentes, são assim verdadeiras; outras sentem-se desamparadas, culpam a entidade superior e os outros por se sentirem sós, ficam paralisadas e procuram no outro a proteção que deveriam buscar em si mesmas, sacrificando a sua personalidade.
A meu ver, a solidão é uma condição interna do Homem, isto é,faz parte do ser humano, da sua vivência, é um sentimento de carência, é um desejo que se desloca e que gera uma perceção de falta. Do ponto de vista religioso, a solidão é sentimento de desvinculação de alguma coisa que não se pode definir, indica que o ser humano está separado do divino.
Do ponto de vista social, a solidão surge da marginalização social, da exclusão do indivíduo da sociedade ou mesmo até da inadaptação e recusa em seguir determinados parâmetros sociais, pois todos sabemos que, em termos práticos, se uma pessoa não consegue conviver com outras, é expulsa do meio e acaba sozinha e marginalizada.
Contudo, mesmo que muitos não sejam ostracizados, não existe ninguém que não tenha experimentado a solidão, que pode ser amarga em certas circunstâncias e necessariamente fértil para outras pessoas que a preferem e procuram a mesma em diversos momentos de suas vidas.
Anos atrás, desconhecidas que eram as novas tecnológicas, quando alguém não tinha companhia, não existia saída como a conversa pelo telefone, computador e internet, mas somente a própria companhia e estavam condenadas à solidão. Mas atualmente com a evolução das tecnologias e o aparecimento da internet, as redes sociais passaram a fazer parte do dia a dia não se circunscrevendo os seus utilizadores a uma faixa etária, género ou condição social.

Solidão acompanhada: as novas tecnologias.

” É um bairro de fronteiras porosas, em que é difícil saber quem é de dentro e quem é de fora. Nessa localidade, estamos ligados a quê? O que é essa coisa que cada um chama de casa ou lar? Quando olhamos para trás e lembramos como chegamos aqui, que histórias temos em comum?”
(BAUMAN, Zygmund. 44 cartas do mundo líquido moderno, Vera Pereira, 2011, pág. 115)

As novas tecnologias são responsáveis pela transformação do mundo humano e social pois se ,  por um lado,  procrastinam, por outro, potencializam o desenvolvimento humano, trazem a desumanização das relações sociais, a facilidade de comunicação que a vida online nos traz também nos pode levar à solidão e à depressão, pois embora a internet permita um maior contacto (ainda que virtual) entre pessoas, que fisicamente não têm essa possibilidade, o comodismo e a facilidade da mesma também distanciam as pessoas, levando-as a ter a sua vida social por vias digitais, substituindo as atividades de proximidade o que pode levar ao isolamento social.
Na atualidade, são imensas as redes sociais, que são apresentadas/usadas como um espaço informal, onde qualquer indivíduo pode comunicar e interagir assumindo-se como um meio de partilha de ideias, notícias, gostos, informação e discussão de temas. Para além disso a sua utilização permite reencontrar amigos, colegas e (des)conhecidos, com quem se perdeu o contacto, com a entrada no mercado de trabalho e com a mudança de contactos e deslocação geográfica que daí advém.
Podemos reparar que desde a criação da internet e o consequente aumento da sua utilização coincidem com aumento do nível de solidão nas populações, ou seja a solidão está entranhada na sociedade, sendo que as redes sociais são, muitas vezes, enganosas, pois parece que quanto maior é o numero de amigos virtuais, menos só se sentirá o indivíduo, mas isto não impede a solidão,já que para a combater são necessárias interações presenciais, físicas e de proximidade de olhares. De certa forma as redes sociais conduzem a uma falsa integração, que culmina, não raras vezes, num maior isolamento.
Contudo, nem sempre estar só significa experienciar sentimentos ligados à solidão, pois o indivíduo pode escolher estar só e não sentir necessidade de estabelecer determinada relação de interação ou conjunto de relações/interações, ou seja, a chamada solitude, que consiste em estar só por opção própria.
Desta forma, torna-se pertinente referir que a solidão não é apenas uma questão de condições externas, mas um certo estado psíquico, uma decisão, apesar da importância que o estabelecimento de relações sociais tem para o individuo.
Se despendemos menos tempo para estar com os outros, os laços estabelecidos são menos significativos e, como tal, há uma diminuição da qualidade de relacionamento e da interação social. Uma das consequências deste facto é a diminuição dos amigos “fisicamente autênticos” de cada indivíduo, que, por vezes, acabam por ser substituídos por psicólogos e outros terapeutas e tal acontece porque a solidão constitui-se, nos tempos atuais, como um problema de saúde, assumindo muitas vezes um lado lunar e extremamente negativo para a saúde, sobretudo a níveis psicológicos

“Permanece a questão controversa de saber se é possível conceber a solidariedade de grupo sob qualquer outra forma que não por meio das redes instáveis e desgastadas, sobretudo virtuais, impulsionadas e continuamente remodeladas pela interação de indivíduos conectados e desconectados, que fazem chamadas e se recusam a respondê-las.”
(BAUMAN, Zygmund. 44 cartas do mundo líquido moderno, pág. 115)

Todos nos apercebemos de que o nosso mundo quotidiano tem sido emoldurado e mapeado pelos conceitos de encontro, contacto, reunião, comunicação, comunidade e amizade, todos referentes a relações interpessoais e sociais que influenciam o nosso viver quotidiano, e que tem sido gradualmente e de forma continua transportados do espaço offline para o espaço online.
Por um lado, todos nós deveríamos saber que quando entramos para as redes sociais é libertada uma dose de dopamina pelos nossos corpos, o mesmo acontece quando consumimos álcool, drogas ou quando jogamos e é algo que nos faz sentir bem. Dopamina é a mesma substancia que chega aos nossos corpos quando encontramos algo que procuramos, o sentimento de orgulho. Ao utilizar as redes sociais recebemos essa dose quando o nosso telemóvel vibra, toca e é por isso que temos a necessidade de enviar mensagens aos nossos amigos sociais e caso algum responda sentir-nos-emos melhor. Mas, por outro lado, o excesso dessa substância causado pelas redes sociais causa-nos a sensação de stress e ansiedade.
Infelizmente, para grande parte da população, a necessidade das redes sociais começa a estabelecer-se desde a adolescência e, consequentemente, quando crescem, invés de se tornarem indivíduos transformam-se numa máquina controlada pelo vício. Procuramos conforto nas redes sociais, procuramos saber quantos likes temos numa publicação e, em certos casos, o nosso número de seguidores (pode elevar) a nossa autoestima. E isto torna-se um problema grave para os “animais-sociais”(Homem enquanto animal político - Aristóteles) que precisam uns dos outros. Para além disso, ao utilizarmos este tipo de meio, as nossas competências sociais ficam estagnadas, não existe a possibilidade de deslizar para a direita ou para a esquerda quando estamos numa conversa presencialmente. As redes sociais permitem-nos utilizar filtros que nos permitem criar a nossa própria vida, apresentar o mundo da maneira que a vimos, conseguimos, por exemplo, fazer o clima parecer bom. E o pôr-do-sol é sempre mais bonito no Instagram do que na realidade. Não apresentamos o mundo como ele é, mas sim como desejamos que ele seja e do qual transparece uma imagem de segurança.
No mundo virtual tudo é instantâneo, temos a satisfação imediata. O problema desta sociedade que utiliza as redes sociais é a impaciência, damos o primeiro passo para escalar uma montanha, desistimos e chamamos um helicóptero que nos leve até ao topo.
Em suma podemos afirmar que a geração social tem dificuldades em estabelecer relações profundas e significativas, grande parte dos amigos sociais são superficiais, não existe uma verdadeira relação de confiança.
Existe algo que observo nas redes sociais que acho fantástico, apesar de não perceber...
 Por exemplo, no dia do Pai, o número de pessoas que publica fotos de quando eram crianças com o pai e a dizer “Feliz dia do Pai. Tu és o melhor pai de sempre” é absurdo, pois os pais dessas pessoas não têm Instagram! Porque não, apenas ligar ao pai e desejar-lhe um Feliz Dia do Pai? Porque não fazer-lhe uma visita, dizer “Gosto muito de ti” e depois publicar a tal foto se for mesmo necessário. Devemos sim estar próxima da pessoa em questão, preocuparmo-nos com ela, demonstrar a nossa empatia, ajudá-la.
Outra situação que me deixa de alguma forma constrangido é estar a falar com alguém que esteja a usar o telemóvel, ou até com alguém que esteja a segurar o telemóvel. Por vezes, eu vejo pessoas que estão frente a frente e passam o tempo todo a olhar para os telemóveis, sem que se estabeleça qualquer tipo de contacto presencial, no entanto essas pessoas estão nas redes sociais, o que faz com que pareça que estão sós. O simples utilizar do telemóvel faz com que o nosso subconsciente nos faça pensar que não somos importantes para a outra pessoa.
Se queres ir rápido, vai sozinho. Se queres ir longe, vai em grupo” (Provérbio Africano)

A solidão e o imperativo do cuidado

Na contemporaneidade, a desvairada velocidade do quotidiano no mundo capitalista é impressa no andar das pessoas stressadas e apressadas que, com olhares evasivos e fugidios,já não se cruzam. Numa altura em que existem exaustivas cargas de trabalho, que aumentam as jornadas do trabalhador, cansando os corpos, afastando as mentes, dispersando amigos, torna-se mais do que uma inegável urgência a possibilidade de despertar e questionar os métodos de socialização.
A perceção de que a preocupação exclusiva com interesses individuais não nos satisfaz revela o sofrimento causado pela escassez de contacto humano, este que é, em si mesmo, a condição que nos faz humanos -  o facto de estarmos neste mundo com o OUTRO.
” … a necessidade mais insistente hoje em dia, das pessoas em geral e dos jovens em particular, continua a ser a necessidade de ligação humana, uma ligação que transcenda o isolamento do egoísmo pessoal e em que o pensar sobre si próprio se encontre inextricavelmente ligado com o pensar sobre um outro” 
(BLOOM, Alan, Amor e Amizade, 1993, p. 14  Amor e amizade (A P. Curado, Trad..Lisboa, Portugal: Europa- América.).”

A contemporânea fragilidade dos laços humanos produz, ao mesmo tempo, sentimento de insegurança no Homem, que incute desejos e sentimentos ambíguos de estreitamento e frouxidão dos laços. Diante da precariedade, há um esforço para relacionar-se, porém os relacionamentos a longo prazo que envolvem compromisso e empenho mútuo são vistos com desconfiança e ameaça.
Ao procuramos atenciosamente refletir sobre a amizade dos nossos tempos surgem questões como o cooperativismo e o cuidado.A questão do cuidar tem adquirido, nos últimos tempos, uma profunda valorização com o aumento da solidão. O cuidar é uma forma existencial de estar no mundo em relação com o outro, que muito contribuiu para o desenvolvimento de atitudes e gestos concretos de proximidade e de encontro.
O cuidado apresenta-se como dinâmica experiencial, que fomenta o crescimento e o desenvolvimento da comunidade, através de algumas atitudes essenciais: sair para fora de nós próprios; compreender; tomar sobre nós e assumir o destino, os desgostos e as tarefas dos outros; dar, como força generosa e fiel ao amor e à amizade. É pela comunicação e pela atenção aos outros e à comunidade, que o conceito de cuidar se desenvolve em íntima relação com a liberdade, enquanto escolha pelo bem do OUTRO.A preocupação e o interesse pelo outro, constituem a base da responsabilidade social na dinamização da uma comunidade fraterna e de proximidade por excelência. A responsabilidade é a estrutura essencial, para a vivência do ser humano, ou seja, a “responsabilidade como responsabilidade pelo OUTRO”.
Desta forma, a relação humana tem que ter por base a responsabilidade concreta pelo outro. A responsabilidade, na relação de cuidado que exerce para com o outro, tem que ser de serviço, diálogo e, sobretudo, de proximidade
A questão central da "ética de cuidar" reside na preocupação pelo outro, que pressupõe uma atitude ativa e criativa, na valorização do diálogo e no acolhimento da dignidade ética e volitiva do outro; é pela forma como cada um, individualmente, atualiza essa condição comum a todos os seres humanos que uns se diferenciam dos outros.
A reciprocidade, de facto, só fica completa na relação de amizade, onde se estima o outro como a si mesmo. Esta pode advir da fragilidade do outro, do seu sofrimento ou da sua dor, de modo que é tarefa da compaixão e respeito restabelecer a reciprocidade, na medida em que, pela compaixão, aquele que parece ser o único a dar, recebe mais do que dá, por via da gratidão e do reconhecimento.
O cuidar apresenta-se, assim, como possível solução para esse problema que enfrentamos diariamente, criando em nós o desejo de ir ao encontro dos outros e de situações concretas, que necessitam de atenção e de proximidade. Por isso, cuidar é amar, acolher, reconhecer a vulnerabilidade humana e desenvolver atitudes que fomentem a cultura do encontro. O cuidado é o meio eficaz para a valorização das relações humanas no mundo em que existimos e crescemos. Daí que o isolamento e a solidão, em nós mesmos ou nos próprios interesses, não sejam os caminhos eficazes para a fortalecer uma sociedade.
A humanização implica que o cuidado seja traduzido em atitudes que potencializem o Homem, para a relação interpessoal. Por isso, o cuidado é uma moralidade que se aplica ao Homem por este ser um ser relacional, no qual as emoções, os afetos e as disposições tem extrema importância.
Ao relacionarmo-nos com as pessoas e pondo em prática o princípio inquebrantável do cuidado, adquirimos capacidades de melhorar a vida moral e social. O desenvolvimento da ação de cuidar requer uma reflexão ética, que vá ao encontro da relação com os outros e com o mundo, segundo valores imprescindíveis que criam atitudes concretas de cuidar. Segundo a perspetiva ética, o cuidar requer respeito pela liberdade do outro, requer esforço, compaixão, piedade e sobretudo dedicação pelo outro.

Algumas questões, no entanto, nos surgem:
Como se refletirá a praticabilidade e a eficácia do cuidado enquanto resolução da problemática do abandono?
Como entende e aceita a sociedade a importância do cuidar?
Qual o estatuto moral e legal dos cuidadores?
Como responsabilizar aqueles que se demitem de cuidar?
Teremos que exigir que princípios morais como o cuidar tenham que ser coercivamente em normas jurídicas?

Desci as escadas da vida real e fui ao seu encontro!
Maria, 66 anos, doente oncológica!

"Eu: O que é a solidão para si?
Maria: Eu, para mim não tenho solidão, tenho momentos de solidão, porque estou doente, mas antes não tinha, há 2 anos não tinha solidão, não existe para mim solidão porque tenho muitas atividades. Mas sei que existe solidão, porque as pessoas não estão preparadas desde novas para momentos sozinhos ou muitos dias sozinhos. Porque hoje temos amizades, família, mas amanhã não temos ninguém. Porque eu estando bem comigo própria não tenho solidão.

Eu:Eentão está a falar de solidão e solitude?(Explico o que é a solitude)  
Maria: Não por opção, a minha opção não é estar sozinha, só que se eu te for a desbravar a minha vida, realmente. Que não é o caso de agora. Eu estou sozinha não por opção, mas como estou sozinha arranjei uma maneira de estar bem sem estar com solidão, não sinto a solidão.

Eu: Utiliza bastante as redes sociais e a internet?
Maria: As redes sociais ,para mim ,é o Facebook e os E-mails. Vou ver muita coisa à internet. O Facebook, para mim, neste momento, como estive com um cancro, estive a passar por um cancro, bem já não o tenho ficou na mesa de operações, mas estou em recuperação. O Facebook foi a página melhor que eu tenho para estar acompanhada e falar sem abrir a boca, falar escrevendo e depois o meu cancro a mim também me deu vontade de escrever, já escrevia quando era criança, fazia uns poemas, mas agora escrevo a pensar naquelas pessoas que estão com cancro e precisam de uma palavra amiga, e então eu penso o que vou dizer, como sinto, como acho. É sempre em frente nunca olhando para trás. O nosso passado serve para alguma coisa, mas não para olhar muito para ele, é o presente e o futuro devagarinho. O Presente é contornando aquilo que menos gostamos, uma doença, um aborrecimento, um pagamento, qualquer coisa que não gostemos, a gente tem que contornar a situação porque senão andamos sempre tao mal, tao mal que ganhamos uma doença grave. Quando as perdas não se fazem vem a solidão, a depressão, a ansiedade e depois temos que ir ao médico.

Eu: Então para si o Facebook é a solidão acompanhada:
Maria: Para mim, o Facebook não é solidão é um bom acompanhamento, eu escrevo o que gosto, e é só à noite, durante o dia tenho outras coisas a fazer. Há noite é para me sentir acompanhada. Não podes dizer que é solidão, porque eu não tenho. Se eu não tiver o facebook arranjo outras coisas para fazer, estou aqui a fazer o meu croché e não me sinto mal.Agora se tiver o facebook estou ali e estou a conversar muda com as amizades que tenho. E depois como há muita gente da minha idade. Porque estamos numa época em que crianças há poucas, há só jovens e pessoas de idade. Tu vais na rua e só vês pessoas de idade e jovens, pouco mais vês, porquê? Porque envelhecemos e as crianças não nasceram há 10/15 anos atras, estão a nascer hoje aos poucos. E só vejo jovens quando vocês saem da escola porque depois não vejo, porque os jovens querem é estar dentro de casa, ou a falar/conviver com os amigos ou ir à discoteca e nós vimos para casa porque esta frio e vamos ao café falar com outras pessoas da nossa idade.

Eu: Considera que os jovens passam muito tempo dentro de casa? Os jovens deixaram-se ir pelo facilitismo e comodismo da amizade?
Maria: Exatamente porque têm a Internet. Antes havia mais aquela idade dos 40 anos. Onde está a idade dos 35 e 45? Estão a trabalhar, mas como há pouco trabalho também eles envelheceram rápido. Estão nos jardins sentados, mas parecem velhos. É como vocês os jovens quando não têm trabalho. Acabam o curso depois há ali uma fase onde parece que não há trabalho para ninguém. E os jovens estão a envelhecer muito rápido e novos.

Eu: Porque não estão habituados a confrontar essas situações?
Maria: Eu acho é que os jovens estão a ficar solitários. Antes havia dinheiro e os jovens saiam mais. E agora não é bem assim, porque podem dinheiro e os pais dizem não posso, porque os pais que forem como deve ser não vão roubar para vos dar. E explicam as coisas. E vocês então estão entretidos em casa na internet. Agora é tudo pela internet.

Eu: Agora compra-se pela internet e chega no dia seguinte?
Maria: Na minha idade não é bem assim, eu falo com as minhas colegas e as minhas amizades e ainda gostam de ir comprar, gostam de ir à loja, gostam de ver, gostam de tocar, gostam de apalpar. Eu leio muito. E tu dizes: mas a senhora pode ler no computador? E eu digo: eu quero o Livro, eu transponho-me para a história do livro e depois cheiro o papel e passo a pagina e passo e no computador não passo, é frio. Já as conversinhas da noite não é aquilo que eu desejo, eu desejava conversar, estar aqui desde as 16 até às 24 com alguém a conversar. Então estou ali.

Eu: É como um refúgio?
Maria: É, a internet é um refugio. O Facebook é um refúgio, é um meio de me comunicar com alguém que gosto e mais, e eu estando frente a frente não me aprofundo tao bem como na internet. Eu tenho uma alma que é a energia e há coisas que eu converso contigo ou com uma amiga, mas ali na internet é mais profundo, eu mostro-me mais, não escondo tanto. Não escondo os sentimentos.

Eu: (Explicação da Alegoria da Caverna). Os jovens estão habituados a estar na gruta. Será que não têm a força?
Maria: O jovem tem uma coisa boa que a pessoa idosa não tem, que é a idade e depois o jovem vai mais depressa buscar energia, força de vontade do que a pessoa idosa. Não é o meu caso, eu estou a enfrentar um cancro praticamente sozinha. Quando um cancro diz é preciso mimo, é preciso família, é preciso muitos amigos e eu praticamente não tenho ninguém. O filho está a trabalhar, não tenho marido, os irmãos cada um tem a sua vida, os amigos estão lá e aqui em Arouca arranja-se bons amigos. E vocês jovens quando vão para um país. Eu digo ao meu afilhado: vai para fora, vai. Porquê? Novos horizontes, nova linguagem, nova e muita informação. Eu quando viajo é isso que vou buscar, mas quando chega ao fim da viagem digo: eu prefiro Portugal. Porque em Portugal vive-se melhor, não parece, mas vives, tu comes, tu tens tudo em Portugal, não tens é o poder económico e outra coisa: a cultura. A cultura ficou para trás, os nossos governantes não querem saber. Não põem uma criança a ouvir música clássica, eu adoro, não poem a ler, ou os pais serem obrigados a ler para a criança, são poucos. Deveria ser exatamente como em outros países onde é tudo feito de tal ordem que não é uma obrigação.

Eu: Atualmente estamos num meio de: Economia, Tecnologia, Ambiente e Saúde.
Maria: é, são as 4 palavras mais importantes que devemos ter.

Eu: Temos a amizade, que é um patamar superior.
Maria: Uma pessoa não pode nem deve viver sozinho, mas quanto à primeira pergunta que fizeste relacionada com a solidão. Há muitas pessoas em lares que não sentem a solidão. Há pessoas, tal como hoje estive a falar com uma amiga minha e ela disse: eu adoro estar em casa e eu disse: Não me diga, mas você tem o marido e os filhos; e ela: não, o marido pode ir dar uma volta e eu posso estar uma semana sozinha em casa; e eu antes de estar doente diria o mesmo, porque sei que bato à porta e tenho os meus amigos e se estivesse numa ilha deserta baterias à porta de quem? Aí é que eu sentia solidão, agora aqui não. Sabes porquê? Tenho uma boca para pedir. Vou-te dar um conselho, se fores um dia para fora: Humildade, não humilhação, estão a falar contigo e tu dizes sim, obrigado, sempre com educação. Não é a berrar e a discutir. Porque se nós também não gostamos que os migrantes venham para aqui e venham mandar em nós.
Falando dos países nórdicos: tu vais à Dinamarca e onde estão os velhinhos? Nos apartamentos minúsculos onde as pessoas vivem? Sabes porque os apartamentos são minúsculos? Porque saem de manhã e entram à noite, é só para dormir. Os velhinhos estão nas redondezas da Dinamarca, em aldeias e estão em casas na aldeia. E estão na aldeia. Agora o que é para ti: eu falar da tua avó e da tua bisavó? Tu não a conheceste porque a aldeia é longínqua. Agora tu na aldeia ou na cidade estás perto do avô/avó e tu sabes que os tens lá. Agora o nosso país é muito lindo.
A solidão vem muitas vezes de nos prendermos de mais. O meu filho não me liga todos os dias, nem eu sou de lhe ligar todos os dias, porque um dia parto e o meu filho vai sofrer muito, assim não sofre tanto".

(Fim da entrevista)

A Alegoria da Caverna revisitada - Platão e a caverna digital

Há cerca de 2500 anos Platão escreveu na “A República”, um relato em que imaginou uma caverna com homens que nasceram e cresceram lá dentro. Os prisioneiros não se podiam mexer e eram forçados a observar uma parede do fundo da caverna, onde eram projetadas sombras de objetos que passavam.
Certo dia um desses homens libertou-se da corrente que o prendia e fugiu para o exterior, acabando por perder os sentidos com a luz. Quando recupera os sentidos, o homem observa que as sombras não eram a verdadeira realidade e que vislumbrava cores e imagens nunca antes vistas ou sequer imaginadas. O homem que conseguiu libertar-se descobriu um universo novo, que é a Verdade, mas quando volta para a caverna é ignorado quando fala sobre o mundo exterior, acabando por ser considerado louco.
A alegoria inventada por Platão descreve a busca da essência das coisas para além do mundo considerado sensível, o autor considera que as pessoas estão presas a determinados paradigmas e que ao fugirmos deles e querer mostrar o mundo de uma maneira diferente corremos o risco de sermos punidos por expressarmos o nosso pensamento. Isto é quase como se o ser humano nascesse a ver o mundo de uma determinada maneira e surgisse alguém que dissesse que aquilo era falso, parcial, e tentasse mostrar um mundo totalmente diferente.
Assim, Platão divide o mundo em duas realidades: a sensivel e a real. Desta forma retrata a ideia de que o mundo real não é a caverna em que se vive, esse lugar não é a realidade, mas sim uma ilusao. As pessoas não se conseguem libertar da corrente, preferem não enfrentar a luz, pelo que, ao longo do tempo, a Alegoria da Caverna nunca deixou de acompanhar o Homem sendo um relato de uma realidade sempre atual. Na Alegoria da Caverna, Platão exprime a diferença entre a atitude crítica e acrítica, sublinhando que cada um de nós é livre de escolher ficar preso ou libertar-se.
Podemos estabelecer uma relação entre o modo acrítico com que algumas pessoas usam as redes sociais com os prisioneiros, que são igualmente possuidores de uma atitude acrítica e dogmática.
As relações sociais podem ser bem mais difíceis no mundo real que no virtual. Mas não será preferível a verdade à ilusão?
Hoje mais do que nunca consome-se muita informação e a todo o momento, mas muito pouca dessa informação é transformada em aprendizagem, o excesso e a facilidade para a obter torna-a algo de pouco interesse. Atualmente, o ensinar transformou-se em entreter e cada vez mais somos quase como bombardeados com informação que nada vale. Os telemóveis permitem enviar e-mails, fazer video-conferências, os carros de hoje em dia já mostram a previsão do tempo e o Homem acaba por somente restringir-se a essa informação e não procura saber como se faz.
Nunca poderemos esquecer o  uso abusivo das redes socias, que sendo  entendido por alguns como um avanço nas relações sociais, poderá ter um efeito nefasto levando-nos, de volta, para o fundo escuro e sombrio da caverna.
Porquê?
Se as facilidades provenientes da evolução do mundo digital em algumas ações das quais menos gostamos podem ser vistas como um meio para aumentar a qualidade de vida, o uso do mundo digital em nada reduz o nivel de ansiedade. Neste sentido, as redes socias são consideradas como uma adição, que nos engana e nos faz sentir um elemento integrante de algo muito especial - o internauta está a ser conduzido ao mundo sensivel,  sem qualquer potencial de transformação e não oferecendo poder de resistência.
Deste modo,  no "mundo que está lá fora", utilizando uma expressao feliz de Almada Negreiros,“as pessoas estão acorrentadas acreditando ver o mundo real numa aparência  que as aliena”. A evolução tecnológica, embora muito importante, marginaliza o homem da verdadeira realidade e afasta-o da convivencialidade, ao fazer um uso inadequado das redes sociais, pondo em causa a DIGNIDADE HUMANA!

Questões póstumas

Se o Ensaio Filosófico se foi construindo tendo como pilar o tema/problema “Ficamos sós porque usamos as Redes Sociais ou usamos as Redes Sociais porque ficamos sós?", porém, outras questões vieram ter comigo no decorrer da reflexão que empreendi, muitas das vezes, frente ao computador de modo interessado..., mas solitário nas leituras que fazia de autores para quem as consequências do surgimento das novas tecnologias não é um assunto a menosprezar!

Quem é o meu «próximo» neste novo mundo virtual?
Existirá o perigo de estar menos presente na vida diária?
Quantos "amigos virtuais" se tornam amigos reais?
Existe o risco de estarmos mais distraídos, porque a nossa atenção é fragmentada e absorvida por um mundo «diferente» daquele onde vivemos?
Temos tempo para refletir criticamente sobre as nossas opções e alimentar relações humanas que sejam verdadeiramente profundas e duradouras?

A Filosofia, como atitude crítica perante o que nos envolve, desde o mundano até ao mais intimo, passando pelo metafísico, podendo ser sinteticamente descrita como a ininterrupta inquietação perante o mundo, já que cada resposta nunca encerra a pergunta inicial, permite-nos evoluir sempre no pensamento e na pesquisa de novas formas de analisar a questão inicial, sendo um saber minuciosamente reflexivo
Infelizmente, nos dias de hoje, cada vez mais se fala em palavras como abandono e violência,  numa sociedade global como a nossa, em tempos onde nos encontramos mergulhados na palavra crise, seja ela educacional, económica, financeira, energética, de sustentabilidade ou mesmo de paradigmas. E, para além disso e não menos importante, de confiança, axiológica, sendo obrigatório não esquecer valores como os de paz, tolerância, união, confiança e sobretudo dar o melhor de nós pelos outros de forma a criar uma sociedade em que se valorizem as relações interpessoais humanamente saudáveis.
A reflexão realizada ao longo deste ensaio pretende, por isso, mostrar a necessidade de repensar a forma como as redes sociais nos desligam dos demais, tornando clara a importância da forma como cuidamos daqueles que nos são próximos, a forma como valorizamos as nossas relações e a necessidade de apresentar o cuidado como solução para este problema que afeta a nossa sociedade, relembrando os desastres ecológicos, os doentes e abandonados, o fundamentalismo do Estado Islâmico, as perseguições aos cristãos e o difícil problema do acolhimento dos refugiados.
O cuidar é a principal solução para os problemas que atravessamos diariamente, criando em nós o desejo de ir ao encontro dos outros fisicamente, quando eles necessitam de atenção e de proximidade. Por isso, cuidar é amar, acolher, reconhecer a vulnerabilidade humana e desenvolver atitudes em prol do respeito pelo OUTRO. O cuidado é o meio mais eficaz para a valorização das relações humanas na sociedade em que existimos e crescemos. Daí que o isolamento e a solidão, em si mesmos ou nos próprios interesses, não sejam os caminhos eficazes. É essencial que no nosso quotidiano se promova uma cultura do diálogo que abra o homem ao encontro construtivo, à compreensão e valorização das riquezas do outro, considerando-o não com indiferença ou receio, mas como elemento integrador de vida.
Ao longo deste ensaio relevei que o cuidado é uma máxima fundamental para a valorização da responsabilidade pelo outro e cria critérios de crescimento e de humanização, que reconfiguram a fragilidade presente em cada homem, combatendo as necessidades humanas.
Neste sentido, o sociólogo norte-americano Richard Sennett critica as tecnologias, argumentando que nos distanciam cada vez mais da inteligência e da complexidade social. Segundo ele, a tecnologia está a tornar-se cada vez mais primitiva socialmente, pois estamos a utilizá-la de forma incorreta, pois usamos a tecnologia para dizer às pessoas o que fazer, em vez de lhe proporcionarmos opções. O exemplo dado pelo sociólogo baseia-se no principio de cooperação, que para o Google é quanto mais cooperativo qunato mais as pessoas concordam, enquanto que para as pessoas, quanto mais as pessoas cooperam uns com os outros, mais problemas encontram à medida que se aprofundam nas discussões.
A tecnologia pode permitir-nos obter respostas mais complexas e superar as nossas limitações, mas não temos de pensar se, quando e como está a ser (bem) utilizada.
Com a atenta e progressiva envolvência na narrativa que suporta este meu Ensaio Filosófico fui notando que há uma profunda necessidade de olhar e sentir tudo aquilo que nos rodeia, problemas e situações concretas, que precisam de ser tratadas com cuidado, para que a sua resolução seja operante de vida em abundância.
 Neste sentido, ou mais precisamente por causa disso, o cuidado apresenta-se como mais do que uma relação; apresenta-se como uma conduta que traduz uma atitude de entrega desmedida pelo outro.
Porque se agora somos todos globalmente vizinhos...
será de crucial importância evitar que nos tornemos... solitariamente distantes!


Referências Bibliográficas

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SENNETT, Richard, Entrevista Fronteiras do Pensamento, 2013
VICENTIM, Fabiana, SOLIDÃO E A NOÇÃO FILOSÓFICA DE ANGÚSTIA in http://lounge.obviousmag.org

Notas

A entrevista foi gravada, com prévia informação à pessoa, a qual consentiu e autorizou a sua publicação neste Ensaio Filosófico.


Ensaio elaborado pelo aluno Luís Martins, do 12° Ano, apresentado à "Sociedade Portuguesa de Ética e Filosofia Pratica" de Braga! Ficou em 3° lugar!
O ano passado o Luís Martins foi o vencedor!


Obrigado Luís por gostar tanto de 

reflectir criticamente os 

temas/problemas da 

contemporaneidade!


                                                
                                                Lola 

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