Filosofia e mercado
Os trunfos da Filosofia no mercado: reflexão e contacto humano
O aumento da procura dos cursos superiores de Filosofia “não está a ser
determinada pelo mercado de trabalho”. A avaliação é de Amândio da Fonseca,
administrador do Grupo Egor, uma consultora de recursos humanos, segundo o qual
a empresa não recebe pedidos para contratação de licenciados em Filosofia “há
muito tempo”. Ainda assim, este especialista vê numa formação nesta área
mais-valias que podem ser aproveitadas por empresas de áreas distintas.
Capacidade de reflexão e contacto humano podem ser trunfos para os futuros
diplomados.
Uma licenciatura em Filosofia esteve quase sempre ligada a uma carreira na
docência ou na Academia. Nos últimos anos, porém, tem havido alguma tendência
para que pessoas vindas das áreas das Letras ou das Humanidades sejam
recrutadas para outras funções, aponta Amândio da Fonseca: “são profissionais
com características a que as empresas estão hoje receptivas, sobretudo para
funções na área comercial”, defende. “No mercado anglo-saxónico já era comum
haver pessoas de áreas muito diversas a assumir cargos de gestão por exemplo”,
acrescenta, Nuno Troni, director de recrutamento especializado da Randstad,
outra empresa especializada em recursos humanos. A tendência, acredita, tem
chegado a Portugal gradualmente na última década.
Exceptuando áreas muito técnicas, as empresas procuram hoje determinado
tipo de competências mais do que uma formação de base determinada, defende
Troni. A capacidade de “colocar questões em perspectiva” e de construir uma
“abordagem holística” aos problemas são aptidões “muito interessantes” que um
licenciado em Filosofia pode levar para dentro das firmas. A estas acrescenta o
“contacto humano” que nunca vai desaparecer da economia, por maior que seja a
automação. “Há coisas que não podem ser substituídas por uma máquina ou um
algoritmo”, defende o director da Randstad.
Amândio da Fonseca concorda com esta ideia e elenca outras virtudes que
encontra em muitos licenciados em Filosofia que são valorizadas pelos seus
clientes: bom discurso, capacidade de reflexão e facilidade de relacionamento.
“Saem do perfil introvertido e pouco orientado à acção, que podíamos associar a
um filósofo”, ilustra.
In Publico
18 de Dezembro de 2016, 7:07


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