quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Conceito


Conceito

(...)
"- Mas, Sócrates, para mim não há dificuldade em dizer. se desejas a virtude do homem, vou dizer-te o que constitui a virtude do homem: saber gerir os negócios do Estado(...) Queres agora a virtude duma mulher? Não é difícil dizer que ela deve administrar bem a casa (...)Outra virtude é a da criança, dum homem velho, dum homem livre, ou dum escravo!

- Ah, Ménon, que felicidade para mim que procuro uma única virtude, encontrar colocada na tua mão um enxame de virtudes! E se, aproveitando a imagem do enxame de abelhas, te perguntassem qual a natureza da abelha e tu me respondesses que hà muitas espécies de abelhas, perguntar-te-ia:
- Pretendes que é pelo facto de serem abelhas que diferem umas das outras ou que por esse mesmo facto não diferem nada?

- Não diferem nada umas das outras porque são abelhas.

- O mesmo acontece em relação às virtudes! Mesmo sendo de varias espécies, possuem pelo menos uma característica idêntica, o que faz com que sejam todas virtudes.

(...)
- Diz-me, então, Ménon, o que é a virtude?

- Que poderia ser senão ser capaz de comandar os homens?

- Contudo, Ménon, na criança e no escravo, a mesma virtude pressupõe que sejam capazes de comandar?

- Eu acho que não, Sócrates!

- Efectivamente, não é provável!

- Quais as virtudes de que falas, Ménon? Nomeia-as?

- Eu acho que é a coragem, a sabedoria, a prudência, a liberdade e outras.

- Eis-nos na mesma situação: quando procuramos uma única virtude, de novo encontramos uma pluralidade.

- Efectivamente, Sócrates, não consigo encontrar uma virtude como a que procuras de cuja unidade as outras participam e que se encontra em todos os casos."


Platão, Ménon




                                                                                                                                         Lola

Sem comentários:

Enviar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...