Conceito
(...)
"-
Mas, Sócrates, para mim não há dificuldade em dizer. se desejas a virtude do
homem, vou dizer-te o que constitui a virtude do homem: saber gerir os negócios
do Estado(...) Queres agora a virtude duma mulher? Não é difícil dizer que ela
deve administrar bem a casa (...)Outra virtude é a da criança, dum homem velho,
dum homem livre, ou dum escravo!
-
Ah, Ménon, que felicidade para mim que procuro uma única virtude, encontrar
colocada na tua mão um enxame de virtudes! E se, aproveitando a imagem do
enxame de abelhas, te perguntassem qual a natureza da abelha e tu me
respondesses que hà muitas espécies de abelhas, perguntar-te-ia:
-
Pretendes que é pelo facto de serem abelhas que diferem umas das outras ou que
por esse mesmo facto não diferem nada?
-
Não diferem nada umas das outras porque são abelhas.
-
O mesmo acontece em relação às virtudes! Mesmo sendo de varias espécies,
possuem pelo menos uma característica idêntica, o que faz com que sejam todas
virtudes.
(...)
-
Diz-me, então, Ménon, o que é a virtude?
-
Que poderia ser senão ser capaz de comandar os homens?
-
Contudo, Ménon, na criança e no escravo, a mesma virtude pressupõe que sejam
capazes de comandar?
-
Eu acho que não, Sócrates!
-
Efectivamente, não é provável!
-
Quais as virtudes de que falas, Ménon? Nomeia-as?
-
Eu acho que é a coragem, a sabedoria, a prudência, a liberdade e outras.
-
Eis-nos na mesma situação: quando procuramos uma única virtude, de novo
encontramos uma pluralidade.
-
Efectivamente, Sócrates, não consigo encontrar uma virtude como a que procuras
de cuja unidade as outras participam e que se encontra em todos os casos."
Platão, Ménon
Lola


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