Validade e Verdade
Os nossos pensamentos têm basicamente a mesma estrutura formal, o que varia é o seu conteúdo. Vejamos os seguintes exemplos:
‘O
João é um bom futebolista’.
‘Ontem
não choveu’.
‘O
homem é um animal racional’.
Se repararmos com atenção, podemos ver
que, apesar de terem um conteúdo diferente, estes três enunciados têm a mesma
estrutura formal:
Conceito-base + Elemento de ligação +
Conceito-atribuído
Na linguagem da Lógica Clássica estes
elementos, que constituem o juízo recebem
a seguinte designação:
Sujeito + Cópula +
Predicado
Um juízo, ou qualquer outro acto do
pensamento, que esteja mal construído em termos formais, ou seja, que viole
qualquer dos Princípios Lógicos ou das Regras deles derivados, diz-se inválido em
termos formais.
Mas já vimos que, para além de uma estrutura
formal, os nossos pensamentos têm que ter um conteúdo (caso
contrário seriam vazios). Ora, o conteúdo dos nossos pensamentos também tem que
estar correctamente estabelecido. Aquilo que determina a correcção do conteúdo
do pensamento não é um conjunto de princípios ou regras de carácter formal, mas
a sua adequação à realidade.
Assim a validade material (ou verdade), corresponde, de acordo com a definição aristotélica, à adequação do pensamento à realidade.
Sendo assim, a validade material (ou verdade) do pensamento está fora do âmbito da Lógica Clássica, que tem como objecto o estudo dos princípios e das regras que permitem a coerência formal do pensamento e não a sua adequação à realidade.
O problema da adequação à realidade não
depende da Lógica Clássica, mas da Gnoseologia (Filosofia do
conhecimento) e da Epistemologia (Filosofia das ciências).
Sendo assim, a partir deste momento não nos iremos preocupar com o conteúdo dos
enunciados com os quais iremos trabalhar, mas apenas com a sua estruturação
formal, com a sua conformidade com os princípios e regras que regem a sua
coerência formal.
Mas com isto não se pense que a Lógica Clássica não se preocupa com a verdade (validade material), antes
pelo contrário: é que o pensamento só pode ser verdadeiro se estiver
correctamente estruturado.
Podemos, então, concluir o seguinte:
Podemos, então, concluir o seguinte:
A validade formal é uma condição necessária da validade material, quer dizer: os
enunciados só podem verdadeiros se forem
válidos em termos formais.
Mas
um enunciado pode ser válido em termos formais,
sem que seja verdadeiro!
- os enunciados inválidos em termos formais são necessariamente falsos;
- os enunciados verdadeiros não podem ser inválidos em termos formais;
- os enunciados válidos em termos formais podem ser ou verdadeiros ou falsos, consoante a sua adequação ou não adequação à realidade.
Lola


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