terça-feira, 3 de outubro de 2017

Validade e Verdade








Validade e Verdade

Os nossos pensamentos têm basicamente a mesma estrutura formal, o que varia é o seu conteúdo. Vejamos os seguintes exemplos:

            ‘O João é um bom futebolista’.
            ‘Ontem não choveu’.
            ‘O homem é um animal racional’.

Se repararmos com atenção, podemos ver que, apesar de terem um conteúdo diferente, estes três enunciados têm a mesma estrutura formal:
Conceito-base + Elemento de ligação + Conceito-atribuído

Na linguagem da Lógica Clássica estes elementos, que constituem o juízo recebem a seguinte designação:
Sujeito + Cópula + Predicado

Um juízo, ou qualquer outro acto do pensamento, que esteja mal construído em termos formais, ou seja, que viole qualquer dos Princípios Lógicos ou das Regras deles derivados, diz-se inválido em termos formais. 

Portanto, a validade formal do pensamento corresponde à sua coerência ou estruturação formal.

Mas já vimos que, para além de uma estrutura formal, os nossos pensamentos têm que ter um conteúdo (caso contrário seriam vazios). Ora, o conteúdo dos nossos pensamentos também tem que estar correctamente estabelecido. Aquilo que determina a correcção do conteúdo do pensamento não é um conjunto de princípios ou regras de carácter formal, mas a sua adequação à realidade. 

Assim a validade material (ou verdade), corresponde, de acordo com a definição aristotélica, à adequação do pensamento à realidade.

 Sendo assim, a validade material (ou verdade) do pensamento está fora do âmbito da Lógica Clássica, que tem como objecto o estudo dos princípios e das regras que permitem a coerência formal do pensamento e não a sua adequação à realidade.

O problema da adequação à realidade não depende da Lógica Clássica, mas da Gnoseologia (Filosofia do conhecimento) e da Epistemologia (Filosofia das ciências). Sendo assim, a partir deste momento não nos iremos preocupar com o conteúdo dos enunciados com os quais iremos trabalhar, mas apenas com a sua estruturação formal, com a sua conformidade com os princípios e regras que regem a sua coerência formal.

Mas com isto não se pense que a Lógica  Clássica não se preocupa com a verdade (validade material), antes pelo contrário: é que o pensamento só pode ser verdadeiro se estiver correctamente estruturado.

 Podemos, então, concluir o seguinte:

A validade formal é uma condição necessária da validade material, quer dizer: os enunciados só podem verdadeiros se forem válidos em termos formais.
Mas 
um enunciado pode ser válido em termos formais, sem que seja verdadeiro!

Então:

  • os enunciados inválidos em termos formais são necessariamente falsos; 
  • os enunciados verdadeiros não podem ser inválidos em termos formais; 
  • os enunciados válidos em termos formais podem ser ou verdadeiros ou falsos, consoante a sua adequação ou não adequação à realidade.

in Filosofar Liberta



                                           Lola



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